quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Para Ministério do Trabalho, país já é aberto para mão de obra estrangeira


Por João Villaverde | De Brasília
O Brasil é um país aberto à entrada de trabalhadores estrangeiros e o ritmo superior a 16% de avanço na concessão de vistos de trabalho a imigrantes neste ano evidencia essa abertura, diz Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Conselho Nacional de Imigração (CNIG), órgão responsável pela concessão de vistos a trabalhadores estrangeiros.
Na semana passada, uma das ideias discutidas entre especialistas do Ministério da Fazenda para combater a elevação nos preços dos serviços, que pressionam a inflação, seria aumentar a importação de mão de obra. O Valor apurou que a proposta não foi apresentada ao Ministério do Trabalho, ao qual o CNIG é vinculado, ou a outro ministério. Trata-se apenas de uma ideia embrionária.
As normas que regem o CNIG foram construídas para evitar a sobreposição de empregos, isto é, que estrangeiros venham ao Brasil desempenhar funções para as quais trabalhadores brasileiros estão habilitados a ocupar. "A importação de mão de obra é analisada como a importação de bens e serviços", diz Almeida, "ou seja, só deve entrar no país se não tiver equivalente nacional."
No ano passado, 56 mil vistos de trabalho foram concedidos a estrangeiros. Este ano, o ritmo deve ser 20% maior. No primeiro semestre, o CNIG concedeu 26,5 mil autorizações para trabalhar no Brasil - 16,4% mais que em igual período do ano passado.
À frente do CNIG desde 2005, e presidente do conselho desde 2007, Almeida viu a concessão de vistos de trabalho dobrar no período - de 25 mil em 2005 para 56 mil no ano passado. Este ano, a previsão é chegar a 67 mil vistos. As autorizações podem ser concedidas ao mesmo trabalhador mais de uma vez, no caso de uma vaga temporária, como a de tripulante em embarcação estrangeira que vem mais de uma vez ao Brasil no mesmo ano.
Uma empresa estrangeira, que queira trazer ao país técnicos para prestação de serviços a uma companhia brasileira, precisa dar entrada em um ofício no CNIG, o que pode ser feito por via eletrônica ou por meio de documentos em papel.
Em média, o CNIG leva 23 dias para conceder o visto de trabalho, a partir do momento em que os documentos são protocolados no Ministério do Trabalho. Para casos de artistas ou desportistas, a concessão de visto ocorre em três ou quatro dias. Após a autorização, o CNIG envia uma nota eletrônica ao Itamaraty, que então dá sinal verde ao consulado do país de onde vem o trabalhador estrangeiro.
A partir do ano que vem, diz Almeida, os técnicos do conselho esperam trabalhar quase que exclusivamente com a certificação digital, de forma a acabar com o uso do papel. "É muito mais fácil, para a empresa estrangeira, operar apenas pela internet", afirma o presidente do CNIG.
Países que pertencem ao Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina), Chile e Bolívia mantêm um acordo de "livre intercâmbio" de mão de obra com o Brasil. Ou seja, trabalhadores desses países podem trabalhar legalmente no país sem precisar requisitar vistos no CNIG. Assim, segundo Almeida, "não é possível ampliar mais a importação de trabalhadores desses países, cujos salários são, em sua maior parte, inferiores aos pagos no Brasil".


'Escravos' em confecção abalam moda Rede Zara é investigada por manter fornecedores que exploram funcionários

São Paulo - Ministério Público do Trabalho de Campinas (SP) abriu inquérito para investigar denúncias de que fornecedores da rede Zara de roupas, do grupo espanhol Inditex, mantêm trabalhadores em condições análogas à escravidão. Auditores do Ministério do Trabalho fizeram inspeções em oficina de Americana, no interior paulista, e encontraram situações degradantes: alojamentos irregulares, falta de banheiros e dormitórios inadequados. 
Após denúncia anônima de trabalhador boliviano, os auditores acharam 52 funcionários emambiente insalubre, com jornada de 14 horas por dia e recebendo de R$ 0,12 a R$ 0,20 por peça confeccionada.

Segundo a fabricante Zara, o flagrante trata de “terceirização não autorizada”, que “atenta contra seu Código de Conduta e a qual o Grupo Inditex repudia absolutamente”. Em nota, a empresa informou que cerca de 50 fornecedores nacionais produzem peças para sua linha, com mais de 7 mil trabalhadores na produção.

“O Grupo Inditex agradece pelo desempenho do MTE brasileiro neste caso e pela sua disponibilidade em colaborar com a Inditex na promoção de melhores condições para a indústria têxtil no Brasil”, declarou a rede no comunicado. A Inditex destacou que as auditorias serão ampliadas para coibir o uso de mão de obra irregular.



http://odia.terra.com.br/portal/economia/html/2011/8/escravos_em_confeccao_abalam_moda_185668.html

TJ avaliará cotas raciais em concurso Ação proposta por deputado estadual pede a suspensão da reserva de vagas


POR PRISCILA BELMONTE
Rio - Contrário à política de cotas raciais para concursos públicos, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ) fez coro com o PSDB nacional e ingressou com ação no Tribunal de Justiça do Rio alegando inconstitucionalidade da norma em vigor no estado do Rio. 

O processo tem como relatora a desembargadora Maria Inês Gaspar que, antes de apreciar o pedido de liminar para suspender os efeitos do decreto estadual, pediu ao Ministério Público e ao governo estadual que se pronunciem. Conforme O DIA mostrou ontem, o PSDB planeja entrar na Justiça contra o sistema de cotas. 

A polêmica em torno das cotas raciais para seleções públicas fez o PSDB se dividir. Um dia após admitir posição contrária ao decreto assinado pelo governador Sérgio Cabral, que estipula 20% das vagas para índios e negros, e que entraria com ação judicial no STF (Supremo Tribunal Federal) por meio da advogada Roberta Kaufmann, a presidência do partido preferiu não se pronunciar sobre o assunto. 

Rodrigo Neves, da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, cita as políticas afirmativas implementadas nas universidades do Rio como bom exemplo para as cotas raciais. “Estamos tranquilos e seguros quanto ao cumprimento da legislação em vigor, sobretudo em relação à constitucionalidade e o cumprimento do estatuto”, afirma. 

Acesso igual para todos os candidatos 

As ações contrárias à reserva de cotas foram duramente criticadas. Para a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir-PR), Luiza Bairros, a intenção de derrubar o decreto é considerada lamentável: “Os diferenciais de inserção social e econômica entre negros e brancos devem ser eliminados”. 

Presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine), Paulo Roberto dos Santos afirma que há uma dívida de anos de exclusão com essa população: “Facilitar o acesso é o mínimo que podem fazer”.

Frei: 'Anular o decreto é como voltar ao tempo colonial'

Diretor-executivo da Educafro, rede de curso pré-vestibular destinada à comunidade carente, Frei David reforça que a ausência de negros e índios nos altos escalões só se muda com políticas públicas de reparação. “Há dados que confirmam a capacidade acadêmica dos cotistas nas universidades. Inclusive, o índice de evasão dessa parcela é menor que o dos não cotistas”, diz.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, informou que mantém sua posição pelas cotas e lamenta iniciativas isoladas para tentar dificultar o acesso aos concursos públicos.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

PROCESSO AJUIZADO NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO CONTRA COTAS PARA NEGRO E ÍNDIOS: PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO DECRETO N. 43007/ 2011


Consulta a Processos de Inconstitucionalidade





Assunto: 201100700031 - DECRETO 43007/11 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUE DISPOE SOBRE RESERVA DE VAGAS PARA NEGROS E INDIOS NOS CONCURSOS PUBLICOS PARA PROVIMENTO DE CARGOS EFETIVOS E EMPREGOS PUBLICOS INTEGRANTES DOS QUADROS PERMANENTES DE PESSOAL DO PODER EXECUTIVO E DAS ENTIDADES DA ADMINISTRACAO INDIRET. Localidade: ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Decreto : 43007/2011
0027915-39.2011.8.19.0000

Consulta Processual por Número - 2ª Instância

 
As informações aqui contidas não produzem efeitos legais
Somente a publicação no DJERJ oficializa despachos e decisões e estabelece prazos.

Processo No: 0027915-39.2011.8.19.0000



Classe:DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Assunto:Controle de Constitucionalidade - Inconstitucionalidade Material
Órgão Julgador:ORGAO ESPECIAL
Relator:DES. MARIA INES GASPAR
Repdo :EXMO SR GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Repte :FLAVIO NANTES BOLSONARO
  
Legislação:DECRETO Nr 43007 DO ANO 2011 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO -
  
Origem:TRIBUNAL DE JUSTICA DO RIO DE JANEIRO
  
FASE ATUAL:PROCURADORIA GERAL DA JUSTICA
Data da Remessa:24/08/2011
Procurador:NAO LANCADO
  
FASE:CONCLUSAO AO RELATOR
Data da Remessa:18/08/2011
Data da Devolucao:18/08/2011
Despacho:" A D. PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA."
Suspensao:N
  
FASE:OBSERVACOES
Observacao:AO GABINETE POR EMPRESTIMO.
  
FASE:OBSERVACOES
Observacao:JUNTADA DO OFICIO DIMAG N. 536/2011
  
FASE:CERTIDAO
Data:17/08/2011
Certidao:CERTIFICO QUE, ATE A PRESENTE DATA, NAO HOUVE NENHUMA MANIFESTACAO COM RELACAO A PUBLICACAO DO R. DESPACHO DE FLS. 39, EFETIVADA EM 13/07/2011, CONFORME CONSTA NA CERTIDAO DE FLS. 42. OUTROSSIM,CERTIFICO AINDA QUE NAO HOUVE RESPOSTA AO OFICIO SETOE/SECIV-0483/2011, EXPEDIDO EM 17/06/2011 E ENTREGUE AO DESTINATARIO EM 20/07/2011, CONFORME CONSTA NA COPIA JUNTADA AS FLS.41.
  
FASE:CERTIDAO
Data:17/06/2011
Certidao:CERTIFICO QUE NESTA DATA ENCAMINHO OS AUTOS A PUBLICACAO DO R. DESPACHO DE FLS. 39.
  
FASE:EXPEDICAO DE OFICIO
Data da Emissao:17/06/2011
Data da expedicao:13/07/2011
Numero do oficio:0483/2011
Motivo:SOLICITA INFORMACOES
Destino:GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Em diligencia (S/N):Sim
  
FASE:CONCLUSAO AO RELATOR
Data da Remessa:09/06/2011
Data da Devolucao:15/06/2011
Data da Publicacao:13/07/2011
Despacho:"1 - NOS TERMOS DO ART. 105, CAPUT, DO REGIMENTO INTERNO DESTA E. CORTE, OUCA-SE O EXMO. SR. GOVERNADOR DO ESTADO, AUTORIDADE DA QUAL EMANOU O ATO NORMATIVO IMPUGNADO, NO PRAZO LEGAL; 2 - APOS, A PROCURADORIA GERAL DE JUSTICA; 3 - SOBREVINDO AS REFERIDAS MANIFESTACOES, VOLTEM PARA APRECIACAO DA SUSPENSAO LIMINAR REQUERIDA."
Suspensao:N
  
FASE:DISTRIBUICAO
Forma de distribuicao:Automatica
Data da Distribuicao.:09/06/2011
Orgao Julgador:ORGAO ESPECIAL
Relator:DES. MARIA INES GASPAR
Hora da Distribuicao.:134357
Dist. Cancel. (S/N):N
Data Receb.O.Julgador:09/06/2011
  
FASE:AUTUACAO
Data da Autuacao:08/06/2011


Artigo: Escravidão no século 21


Rio de Janeiro, 31/08/2011 - O artigo "Escravidão no século 21" é de autoria do presidente da Seccional da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, e foi publicado na edição de hoje (31) do Jornal do Commercio:  
Famílias e grupos de latinos, principalmente bolivianos e peruanos, encontrados em São Paulo em situação análoga à de escravidão, confirmam o crescimento da "lista suja" do governo federal, integrada por empresas que se servem de mão de obra irregular e submetem trabalhadores a condições degradantes e jornadas de até 17 horas. Em comparação ao ano passado, a lista cresceu 65%, e mais denúncias vêm mobilizando a fiscalização do Ministério do Trabalho.
Fornecedores da rede espanhola Zara e de diversas outras, brasileiras, como a popular Marisa, foram flagrados em São Paulo mantendo pessoas em regime de semi-escravidão, produzindo peças de vestuário em oficinas onde havia inclusive crianças vivendo em condições insalubres. O triste paradoxo é que o aliciamento desses imigrantes, vindos de países onde lhes falta empregos, é proporcionado pela expansão da demanda e pelo crescimento brasileiro no setor.
Na última edição do Cadastro de Empregadores do governo constam 249 nomes na "lista suja", o maior número desde a sua criação, em 2004. E, embora esses flagrantes na cadeia têxtil tenham chamado a atenção por sua localização em áreas urbanas e pelo envolvimento de marcas famosas, é no interior brasileiro, principalmente em fazendas, onde está a maioria da mão de obra aliciada nos grotões, com promessas de melhorar de vida. Os estados do Pará e de Mato Grosso encabeçam o ranking perverso.
Por isso é tão importante, e urgente, que seja posta em votação a Proposta de Emenda Constitucional nº 438, que prevê a expropriação da terra onde for encontrado trabalho escravo. Apresentada em 1999, a PEC foi aprovada pelo Senado e aguarda, desde 2004, que o plenário da Câmara dos Deputados se pronuncie. Enquanto isso não acontece, não se sabe se por falta de vontade política ou interesses poderosos, cabe-nos a vergonha e também a mobilização da sociedade pelo fim da escravidão no século 21."