quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Conselheiro belga diz que livro de Tintin não é racista

BEN DEIGHTON
DA REUTERS, EM BRUXELAS



Um conselheiro judicial belga recomendou os tribunais do país a rejeitarem uma ação legal que tenta banir o livro do jovem herói da ficção Tintin por racismo, segundo documentos judiciais.
Valery de Theux de Meylandt, um "procureur du roi" belga cujo parecer é solicitado e, normalmente, seguido pelos tribunais do país, aconselhou os juízes em uma declaração por escrito a decidirem contra a ação impetrada pelo ativista Bienvenu Mbutu Mondondo tentando banir por racismo o livro "Tintin no Congo".
Divulgação
Cena do filme "As Aventuras de Tintin: O Segredo do Unicórnio", dirigido e produzido por Seteven Spielberg
Cena do filme "As Aventuras de Tintin: O Segredo do Unicórnio", dirigido e produzido por Seteven Spielberg
De Theux de Meylandt disse no documento datado de sexta-feira e obtido pela Reuters que o autor de Tintin, Georges Remi (mais conhecido como Hergé), não teve a intenção de incitar ao ódio racial quando descreveu o seu herói de desenho animado em uma aventura na ex-colônia belga em uma obra de 1931, que foi atualizada em 1946.
"As representações (do povo africano) por Hergé são um reflexo de seu tempo", escreveu De Theux de Meylandt.
Intenção é um critério-chave para fundamentar uma acusação de racismo. Um tribunal deverá proferir no início do próximo ano uma decisão de rejeitar ou aceitar o argumento de Mondondo de que a descrição dos africanos no livro é racista.
"Vemos em particular que 'Tintin no Congo' não coloca Tintin em uma situação onde não há competição ou confronto entre o jovem repórter e qualquer negro ou grupo de negros, mas põe Tintin contra um grupo de criminosos... que são brancos", acrescentou De Theux de Meylandt em sua recomendação.
"Tintin no Congo" é parte de um de uma série de histórias em quadrinhos sobre as aventuras de um jovem jornalista e seu cachorro Milu, que foram publicadas pela primeira vez em 1931. Mondondo acusa de racismo a versão moderna do livro, atualizada em 1946.
O processo judicial vem num momento em que a popularidade de Tintin está em alta com a produção de um filme de Hollywood dirigido por Steven Spielberg sobre o intrépido jornalista belga em uma aventura ao lado de Milu, o Capitão Haddock e o Inspetor Thompson.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Thandie Newton contra o racismo em Hollywood

Detalhes Categoria: Racismo no Mundo Publicado em Domingo, 30 Outubro 2011 10:56

thandie-newtonA atriz reivindica que o preconceito na indústria é a razão pela qual nunca esteve na capa da Vogue.
Thandie Newton tem uma das carreiras mais bem sucedidas de Hollywood. Nasceu em Inglaterra, filha de uma zimbaweana e de um britânico. Newton morou na Zâmbia até que a inquietação política fez com que ela e a sua família regressassem para o Reino Unido.
Apesar do sucesso profissional, a actriz afirma que ainda sente uma pitada de racismo nas mídia.
"Eu estive na capa da Harper's Bazaar quatro vezes; na capa da InStyle quatro vezes, mas na Vogue, bem uma vez", criticou ela durante um entrevista na revista Pride, citada pelo site BET TV.
"As pessoas já me perguntaram, literalmente, o que é que eu tenho contra a Vogue para não querer estar na capa deles?," partilha, acrescentando que apenas se ri.
A actriz acredita que a Vogue não sente necessidade de representar a comunidade negra, pois para eles não faz sentido. "É apenas desconcertante para mim, mas a América, como é habitual irá ditar a forma como as coisas vão e uma revista como a Vogue americana vai apenas seguir.", manifesta.
No entanto, a actriz não ficou por aqui. No mesmo artigo, contou um episódio onde foi ofendida devido a uma comparação com a actriz Kate Winslet.
Thandie conta que um dia, um actor, cujo nome optou por não mencionar, indicado apenas ser um actor britânico negro, que ao felicitá-la pela sua carreira referiu que apesar do seu sucesso, se ela fosse a Kate Winslet, a vida dela teria sido muito diferente. "O mesmo que dizer se eu fosse branca", recorda. "Eu não sei o que ele estava a tentar dizer. Eu só exclamei, wow".

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um gari que só não varre a fé

29/10/2011 às 19:00 Atualizado em 30/10/2011 às 12:14



O gari da Comlurb Alexandre Borges é pai de santo e recolhe oferendas no Alto da Boa Vista Foto: Urbano Erbiste / EXTRA
Bruno Cunha
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Adeptos da umbanda, do candomblé e até de outras vertentes religiosas já podem ter a certeza de que os despachos "arriados" na floresta do Alto da Boa Vista realmente estão em boas mãos. Que o diga o babalorixá Alexandre Borges, de 29 anos, o gari que há dois anos faz um verdadeiro descarrego no local.

Morador de Nova Iguaçu, Pai Alexandre de Oxóssi recebeu a missão de recolher velas, galinhas e farofa dali, entre outros ingredientes, quando os colegas de vassoura revelaram a fé dele para os seus superiores. Desde então, a Comlurb o convidou a abrir os caminhos da mata para a pá e a vassoura.
— Contaram ao meu chefe que eu sou pai de santo e ele perguntou se eu gostaria de fazer esse serviço. Alguns garis, principalmente os evangélicos, têm medo de pôr a mão em pratos e alguidares — conta.
Os trabalhos de Alexandre no Alto da Boa Vista começam cedo. Mas o ritual é simples. Imagens de santos quebradas, por exemplo, pai Alexandre joga fora. As inteiras ele doa aos religiosos que fazem cultos com atabaques lá.
— Para retirar as oferendas eu me abaixo e peço licença em voz alta. Quando vejo a comida de um orixá, peço "agô" (perdão), coloco a tigela no saco de lixo e o deixo num canto para o caminhão levar. O difícil é limpar padê (farofa de dendê), que voa no gramado — diz.
Trabalhos recém-depositados são preservados.
— Quando ainda há velas acesas espero até o dia seguinte porque a oferenda está muito fresca — conta o gari Alexandre Borges.
‘Não desfaço o trabalho de ninguém’
A experiência como babalorixá é suficiente para que o gari Alexandre Borges possa pôr a mão até em trabalhos de feitiçaria, como o da foto de um casal, já encontrada.
— Vejo fotos, nomes e até bonecos espetados com agulhas. Só não desfaço o trabalho de ninguém. Quem faz o mal vai arcar com as consequências — ensina.
Por via das dúvidas, pai Alexandre foi aconselhado pelo pai de santo dele a fazer um ebó (descarrego) de seis em seis meses.
— É para não respingar nenhuma energia negativa em mim — conta ele, que, há quatro anos, abriu um terreiro de candomblé em uma casa alugada no bairro Cabuçu, em Nova Iguaçu.
Segundo Carlos Roberto da Silva, um gerente da Comlurb, o Alto da Boa Vista caracteriza-se pela grande quantidade de oferendas nas vias. Ele lembra que a limpeza sempre foi realizada.
— Encontrar quem sabe os fundamentos religiosos foi importante, pois ele sabe fazer a remoção e tem a maior facilidade em abordar os adeptos e pedir para não deixarem materiais espalhados, por exemplo — diz o gerente da Comlurb.

http://extra.globo.com/noticias/rio/um-gari-que-so-nao-varre-fe-2893321.html

domingo, 30 de outubro de 2011

"Legalizado", funk ganha edital e festa pública no Rio

30/10/2011 - 08h24

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

"Antes o funk era assunto da Secretaria de Segurança. Agora ele é tratado pela Secretaria de Cultura." A frase de Francisco Mota Jr., o MC Júnior, resume a mudança por que um dos gêneros musicais mais populares do país passou nos últimos anos.

Reconhecido como movimento cultural no Rio por uma lei estadual de 2009, o funk vem ganhando um inédito apoio estatal que culmina agora com uma grande festa gratuita, o Rio Parada Funk, que acontece hoje no largo da Carioca (Centro).

Lá, espalhados por dez palcos menores e um principal, estarão 50 DJs, 40 MCs e dez equipes de som para traçar um histórico do gênero e mostrar suas inúmeras subdivisões (tamborzão, charme, melody, montagem etc.).

Rafael Andrade/Folhapress

Mateus Aragão (o segundo à esq.), e DJ Malboro, ao centro, de preto, entre DJs e MCs que estarão no evento
"Começa a surgir uma abertura para o funk como qualquer movimento cultural deve ter. Antes a gente sobrevivia com investimento próprio e ainda apanhava da polícia. Era como o samba no início do século passado", diz Fernando Luís da Matta, o DJ Marlboro, uma das estrelas do movimento e participante da parada.

Outro marco recente da "abertura" a que Marlboro se refere é o edital lançado pelo governo do Rio, que vai distribuir R$ 500 mil para 20 projetos ligados ao gênero -as inscrições vão até amanhã no site cultura.rj.gov.br.

Segundo os funkeiros, esse novo cenário mais favorável não surgiu espontaneamente, a partir da boa vontade do governo.

"A lei não partiu do poder público. O governo teve de ouvir um setor organizado do funk, que fez a lei e cobrou que ela fosse implementada", diz Leonardo Mota, presidente da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk), criada em 2008.

Leonardo estourou como MC nos anos 1990, ao lado de seu irmão Júnior -a dupla canta no Rio Parada Funk, mostrando sucessos como "Rap das Armas" e "Endereço dos Bailes".

A partir da criação da Apafunk, o MC aproximou-se do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que o auxiliou na redação da lei de 2009 e a apresentou na Assembleia Legislativa do Rio.

O reconhecimento do funk como movimento cultural não se transferiu do papel para a prática imediatamente -ainda hoje bailes são proibidos na maior parte das comunidades com UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora).
"Com a nova lei, as arbitrariedades diminuíram, não podem mais nos prender por sermos funkeiros. Mas a lei antiga continua valendo na mão de alguns batalhões", diz Marlboro.

O próprio Rio Parada Funk, que espera atrair dez mil pessoas hoje e virar um evento anual, teve dificuldades na hora de conseguir verba -sem patrocinadores privados, todos os artistas vão se apresentar sem cachê.

"Essa mudança que aconteceu de 2009 para cá nos faz enxergar um futuro legal para o funk, mas não vai ser só uma canetada do governador que vai fazer as coisas mudarem", diz Leonardo.

"É preciso fazer várias outras ações. O Rio Parada Funk pode ser o ponto de partida."
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/998363-legalizado-funk-ganha-edital-e-festa-publica-no-rio.shtml

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Casal que batizou filho de Adolf Hitler perde a guarda dos três filhos

27/10/2011 18h04 - Atualizado em 27/10/2011 18h04

Heath e Deborah Campbell haviam vencido causa em corte de New Jersey.
Caso veio à tona em 2009, quando loja recusou fazer bolo de aniversário.
Do G1, em São Paulo




Foto de Adolf Hitler Campbell com os pais foi tirada
em dezembro de 2008 (Foto: AP)
O casal Americano Heath e Deborah Campbell perdeu a guarda dos três filhos após batizar um deles de Adolf Hitler e outro de Aryan Nation ("Nação Ariana", em inglês).

Em entrevista ao canal americano NBC, os pais disseram ter perdido a guarda dos filhos apesar de terem ganhado a batalha na justiça numa corte de New Jersey.
“Na verdade, o juiz e o DYFS (Divisão da Juventude e Família de New Jersey) nos disseram que não havia evidência de abuso e que esses eram os nomes deles. Eles foram levados por causa dos seus nomes”, disse Heath à emissora.
Um tribunal de apelações de Nova Jersey (leste) já havia retirado, no ano passado, a custódia dos três filhos do casal.
Na ocasião, a razão evocada pela Justiça não foi diretamente vinculada aos nomes, mas ao contexto do lar "perigoso para as crianças, visto que os dois adultos são desempregados, com problemas psicológicos".
O pai vê censura na ação. “Isso aqui é a América, eles dizem que você é livre, você tem o direito de dar o nome que quiser a seus filhos, não importa qual”, disse.

O caso começou em 2009, quando uma loja se recusou a decorar o bolo de aniversário com o nome “Adolf Hitler Campbell”.

“Não significa que ele vai crescer e se tornar um assassino ou nada disso. Eu só queria encomendar um bolo e isso virou um circo sobre racismo”, disse a mãe.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/10/casal-que-batizou-filho-de-adolf-hitler-perde-guarda-dos-tres-filhos.html