Numero -13 - Ano 2 - 18 de Agosto de 2010 | |
LANÇAMENTO Revista da ABPN, v. 1, n. 2, julho-outubro de 2010, ISSN 2177-2770 http://www.abpn.org.br/Revista/index.php/edicoes Muitos são os lugares a partir dos quais as/os pensadoras/os negras/os têm apresentado suas reflexões sobre experiências individuais e coletivas de africanos e afrodescendentes no mundo ao longo do tempo. Ancoradas em tradições também diversas de produção de conhecimento, essas pessoas têm levado a cabo um esforço legítimo, quando não urgente, de garantir a vitalidade de expressões do pensamento crítico e comprometido com a defesa da liberdade e a luta por equidade em todos os espaços sociais. Inserida nesse campo de ação, a Revista da ABPN, em seu segundo número, apresenta um conjunto de artigos nos quais se discute desde a afirmação de epistemologias negras até a operacionalização de propostas de superação do racismo e outras formas associadas de discriminação. Com efeito, as vozes que emergem desses escritos dão mostras, mais uma vez, da fortuna crítica construída por intelectuais negras/os nos últimos anos. Sumário Filosofia, diversidade e a questão do negro: argumentos criados no seio da filosofia podem nos auxiliar a entender a questão racial contemporânea? Gislene Aparecida dos Santos A Diáspora Negra como Genocídio: Brasil, Estados Unidos ou uma geografia supranacional da morte e suas alternativas João Costa Vargas Raça e desterritorialização: uma proposta de análise geográfica da Diáspora Africana Dalila Negreiros Luz e Canções de Liberdade: reflexões sobre o legado do Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (SNCC) para o Internacionalismo Negro Geri Monice Augusto Medicina Legal: o discurso médico, a proibição da maconha e a criminalização do negro Luísa Gonçalves Saad Breves reflexões acerca da historiografia sobre a família negra na sociedade escravista brasileira oitocentista Isabel Cristina Ferreira dos Reis Cor e Sexo no Jornalismo: representações das mulheres negras nas páginas de duas revistas femininas Erly Guedes Barbosa, Silvano Alves Bezerra da Silva Amor não tem cor?! Gênero e raça/cor na seletividade afetiva de homens e mulheres negros(as) na Bahia e no Rio Grande do Sul Edilene Machado Pereira, Vera Rodrigues Autorrepresentação e intervenção cultural em textualidades afro-brasileiras Florentina Souza Negrice, Negritude, Negritice: conceitos para a análise de identidades afrodescendentes nos romances O Mundo se Despedaça, de Chinua Achebe, e Chorai, Pátria Amada, de Alan Paton José Endoença Martins Apontamentos sociojurídicos sobre o tema “políticas públicas de ação afirmativa para negros no Brasil” Luiz Fernando Martins da Silva Reflexões sobre a Formação Continuada no âmbito das Relações Etnicorraciais: Uma experiência em nível de Pós-Graduação Lato Sensu no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow Da Fonseca Edwilson da Silva Andrade, Ilzani Valeira dos Santos Chamada para seleção de textos inéditos Aproveitamos a oportunidade para informar que a Revista da ABPN receberá, até o dia 30 de setembro de 2010, textos inéditos, de temática livre, desde que relacionados às discussões sobre relações raciais e experiências de populações negras no Brasil, nos países africanos e nos demais espaços afro-diaspóricos. Os textos selecionados poderão ser publicados já na edição de n. 3 da Revista, referente ao período de novembro de 2010 a fevereiro de 2011. Podem ser apresentados artigos, entrevistas e resenhas de livros. Os trabalhos serão disponibilizados no site: http://www.abpn.org.br/Revista. Os proponentes deverão realizar o Cadastro e, em seguida, registrar a submissão na seção Página do usuário, disponíveis no site da Revista. Eventuais dúvidas devem ser remetidas à Equipe Editorial. Para mais informações, acesse as Diretrizes para Autores. Por gentileza, divulgar amplamente. Atenciosamente, Equipe editorial da Revista da ABPN | |
Boletim Eletrônico - Associação Brasileira de Pesquisadores(as)Negros(as) - 2009
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Apresentação
Ana Flávia Magalhães Pinto
Muitos são os lugares a partir dos quais as/os pensadoras/os negras/os têm apresentado suas reflexões sobre experiências individuais e coletivas de africanos e afrodescendentes no mundo ao longo do tempo. Ancoradas em tradições também diversas de produção de conhecimento, essas pessoas têm levado a cabo um esforço legítimo, quando não urgente, de garantir a vitalidade de expressões do pensamento crítico e comprometido com a defesa da liberdade e a luta por equidade em todos os espaços sociais.
Inserida nesse campo de ação, a Revista da ABPN, em seu segundo número, apresenta um conjunto de artigos nos quais se discute desde a afirmação de epistemologias negras até a operacionalização de propostas de superação do racismo e outras formas associadas de discriminação. Com efeito, as vozes que emergem desses escritos dão mostras, mais uma vez, da fortuna crítica construída por intelectuais negras/os nos últimos anos.
O artigo de Gislene Aparecida dos Santos, que abre a coletânea, parte da necessidade de se reconhecer a experiência da racialização como dado constitutivo das estruturas de pensamento, argumentando sobre os limites filosóficos do racionalismo moderno. A autora nos convida a pensar sobre a importância dos saberes produzidos cotidianamente, a fim de que esses possam ser deslocados da periferia para o centro das reflexões sobre a produção de conhecimento.
João Costa Vargas, dando força à proposta de Santos, avança nesse terreno por meio de dados empíricos e enfrenta o debate sobre os limites e as potencialidades da libertação na Diáspora Negra, tendo como referência a atuação de grupos de ativistas no Brasil e nos EUA. A Diáspora Negra, com efeito, é entendida como espaço estratégico do genocídio antinegro e, ao mesmo tempo, como um território disponível para o desenvolvimento de ações que deem conta da "urgência de sobrevivência" dos povos negros. Por sua vez, o artigo de Dalila Fernandes de Negreiros nos possibilita, a partir dos estudos em Geografia sobre desterritorialização, entender melhor o conceito de Diáspora Negra em sua dimensão emancipatória.
Em outra frente, as lutas por liberdades são relembradas por Geri Augusto que, na ocasião do 50º aniversário do Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (SNCC), neste ano, apresentou pela primeira suas recordações pessoais sobre os processos de luta pelos direitos civis nos EUA nos anos 1960. A autora faz referência às práticas educacionais negras no âmbito da chamada Black Education, bem como ilumina a atuação de uma série de intelectuais-ativistas que, embora anônimos, tiveram importância fundamental.
Outros questionamentos sobre as práticas de cerceamento de direitos e racismo contra negros, numa perspectiva historiográfica, são abordados por Luísa Gonçalves Saad no artigo "Medicina Legal: o discurso médico, a proibição da maconha e a criminalização do negro", que demonstra como os discursos sobre proibição do uso de drogas aceitas até o fim do século XIX se valeram de representações negativas a respeito das populações negras nas Américas no pós-abolição.
Isabel Cristina Ferreira dos Reis recua um pouco no tempo para tratar da constituição das famílias negras no período escravista. Mediante o reconhecimento da proximidade entre os mundos da escravidão e da liberdade, a autora extrapola os limites dos estudos feitos a partir da idéia de família escrava e demonstra como africanos e seus descendentes tanto desenvolveram laços afetivo-familiares quanto se esforçaram para mantê-los.
Já Erly Guedes Barbosa e Silvano Alves Bezerra da Silva investem na análise das representações veiculadas por revistas femininas sobre as mulheres e iluminam como esses meios de comunicação têm reproduzido formas discursivas que alimentam o racismo e o sexismo na atualidade. Relativamente próximo a esse debate está a discussão apresentada por Edilene Machado Pereira e Vera Rodrigues sobre seletividade afetiva entre mulheres e homens negros, num estudo comparativo das realidades de Salvador e Porto Alegre.
A literatura e a expressão escrita de escritores afro-brasileiros desde o século XIX é o tema do artigo de Florentina Souza, que busca registrar a produção desses sujeitos que não apenas foram interpelados, como problematizaram a dinâmica de racialização e racismo em suas respectivas obras. Outra importante contribuição é oferecida por José Endoença Martins que, a partir das categorias "negrice", "negritude" e "negritice", desenvolve uma crítica literária capaz de reconhecer e dialogar com as experiências contraditórias dos personagens presentes nos romances O Mundo se Despedaça, do literato nigeriano negro Chinua Achebe, e Chorai, Pátria Amada, de Alan Paton, escritor branco sul-africano.
Os dois últimos artigos deste número tratam de questões relativas à interface entre Direito e Educação. Luiz Fernando Martins da Silva apresenta um balanço das lutas recentes por legitimação das ações afirmativas. O autor recupera criticamente os instrumentos jurídicos nacionais e internacionais ratificados pelo Estado brasileiro para, então, demonstrar a compatibilidade entre as políticas de ação afirmativa e de cotas para negros e Constituição do país. Por fim, Edwilson da Silva Andrade e Ilzani Valeira dos Santos expõem os resultados de sua pesquisa sobre as estratégias de formação continuada dos estudantes de Pós-Graduação Lato Sensu do curso Relações Étnico-Raciais e Educação no Cefet/RJ.
Desejamos a todas/os bons momentos de leitura!
Revista da ABPN
Volume 1, número 2, julho-outubro de 2010 - ISSN 2177-2770
Sumário
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Revista ABPN - Periódico Multidisciplinar, Quadrimestral - ISSN 2177-2770
Campus Universitário Darcy Ribeiro - Brasil
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FONTE: http://www.abpn.org.br/Revista/index.php/edicoes
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