Representantes do governo reunidos na sede do Departamento de Polícia Técnica (DPT), no Vale dos Barris, na quarta-feira, 18, recomendaram a criação de uma comissão para decidir o destino dos objetos do candomblé guardados no local. Em matéria publicada em 18 de julho, A TARDE informou o retorno das peças, que estavam no Museu da Cidade, para o DPT. As peças foram tiradas do DPT por pressão de entidades ligadas ao candomblé, já que no Museu Estácio de Lima, do DPT, eram exibidas juntamente com cabeças humanas e outras aberrações.
No local, o grupo visitou o espaço destinado ao museu, que atualmente está em reforma, e abriga, além das peças, aparelhos de ar-condicionado, cadeiras e colchões empilhados. No acervo ligado à cultura africana, encontram-se imagens e vestimentas de orixás, pratos para oferendas e esculturas, algumas delas dentro de caixas.
Presente na reunião, Ubiratan Castro, presidente da Fundação Pedro Calmon (Secult), sugeriu a criação de uma comissão para identificar e decidir para onde irão as peças. “Queremos que seja mista, com representantes do governo e dos terreiros, porque estes últimos podem identificar, datar e afirmar quais são as características culturais de cada obra”.
Para a secretária estadual de Promoção de Igualdade (Sepromi) Luiza Bairros, a ideia de ter alguém para representar os terreiros de candomblé é de extrema importância para garantir a separação das peças de uso religioso. “Estas terão o destino decidido não pelo Estado, mas pelos terreiros. Não podem ser consideradas peças de museu, é o que nos parece mais respeitoso nesse momento”, afirma.
Destino incerto - De acordo com Lícia Maria Afonso, assessora de Raul Barreto Filho, diretor do DPT, o local está sendo usado para abrigar as peças apenas temporariamente. “As peças estão aqui só enquanto o destino delas é decidido”.
Segundo ela, há cerca de 30 anos, quando Maria Thereza Pacheco ainda dirigia o órgão, o professor Estácio de Lima trazia as peças de suas viagens à África. “Ele gostava de candomblé. Aliás, o terreno onde está construído o prédio do Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues foi definido pela necessidade de não se cortar uma árvore, que Mãe Menininha disse ser sagrada”.
Em 1997, uma comissão denunciou a exibição das peças ligadas ao candomblé no Museu Estácio de Lima, cujo acervo era composto prioritariamente de anomalias científicas. Na época, o Ministério Público determinou a ida das peças para o Museu da Cidade, mas uma liminar da Justiça obtida pela ex-diretora do DPT Maria Theresa Pacheco, falecida recentemente, fez com que voltassem para lá.
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