A líder religiosa e incansável defensora da preservação da cultura africana, Maria Stella de Azevedo Santos, conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, receberá da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) uma das mais raras honrarias da instituição: o título de doutor honoris causa. A solenidade de concessão do título, aberta ao público externo, acontece no dia 10 de setembro, às 9h30, no Teatro UNEB, no Campus I da universidade, em Salvador.
Estão entre os convidados da cerimônia, o ministro da Cultura (MinC), Juca Ferreira; o governador do estado, Jaques Wagner; os secretários estaduais de Educação (SEC), Osvaldo Barreto, e de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), Valmir Assunção; a presidente do Instituto Geográfico e Histórico (IGH) da Bahia, Consuelo Pondé; o fundador da Associação Cultural Bloco Carnavalesco Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos (o Vovô do Ilê), além de parlamentares, lideranças negras e religiosas e representantes de movimentos sociais.
A homenageada considera uma surpresa agradável a lembrança de seu nome e o reconhecimento ao seu trabalho. “Fico muito gratificada por perceber que aqueles que produzem estão sendo valorizados. É um sinal de que estamos no caminho certo, o que me estimula a continuar trabalhando e contribuindo para a educação e a cultura baiana”, diz Mãe Stella. Segundo o reitor da UNEB, Lourisvaldo Valentim, a concessão desse título é um reconhecimento da comunidade acadêmica da universidade pelo legado cultural construído pela famosa ialorixá.
“A trajetória de Mãe Stella tem grande relevância para a academia e a sociedade, já que, como líder religiosa, foi importante defensora da cultura de matriz africana. A concessão desse título é mais uma iniciativa que reforça essa missão da nossa UNEB, de promover a igualdade étnica e social", pontua Valentim.
Honoris Causa
O título de Doutor Honoris Causa é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.
Esta será a quarta vez que UNEB concede a honraria. O primeiro agraciado foi Thabo Mbeki, que em 2000, ano da homenagem, era o presidente em exercício da República Federativa da África do Sul. Em 2008, Abdias do Nascimento, dramaturgo e ativista político, foi também honrado com o título. O terceiro homenageado foi o historiador e escritor baiano Luís Henrique Tavares, que recebeu o título em março de 2009.
Mãe Stella de Oxóssi teve o nome sugerido pela consultora técnica do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens (Ppgel) da universidade, Ieda Pessoa. A proposta foi formalizada no Conselho Superior Universitário (Consu) da UNEB pelo diretor do Departamento de Ciências Humanas (DCH) do Campus I, Egnaldo Pellegrino.
“Mãe Stella tem lutado incansavelmente pela resistência e preservação da cultura africana. Suas obras tem se posicionado contra a exploração comercial dos costumes iorubás, e disseminado a língua matricial desse povo”, explica Ieda. Para Egnaldo Pellegrino, é de suma importância que a UNEB, uma universidade pioneira nas políticas de valorização da cultura afro-descendente, premie o trabalho desenvolvido pela filha de Oxóssi. Vida e obra
Maria Stella de Azevedo Santos nasceu em Salvador, em 2 de maio de 1925, e tornou-se iyalorixá do Ilê Axé Opó Afonjá em 11 de junho de 1976, passando a ser a quinta sacerdotisa do Candomblé de São Gonçalo do Retiro.
A iyalorixá é respeitada em todo território nacional, realizando palestras e participado de seminários sobre a cultura afro-descendente. Em 2001, ganhou o prêmio jornalístico Estadão, na condição de fomentadora de cultura.
Mãe Stella é graduada pela escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com especialização em Saúde Pública, e exerceu a profissão por mais de trinta anos como funcionária pública do estado.
A enfermeira também se destacou por ter sido a primeira iyalorixá, de um terreiro tradicional, a combater o sincretismo religioso com a Igreja Católica.
Em 1980, fundou o primeiro museu de um terreiro de candomblé: o Ohun Lailai. É também a presidente emérita do Instituto Alaiandê Xirê, do qual foi a fundadora. É ainda detentora da comenda Maria Quitéria, da prefeitura de Salvador, da Ordem do Cavaleiro, do governo estadual, e da comenda do Ministério da Cultura (MinC).
Entre as obras publicadas por Mãe Stella, destacam-se o E daí aconteceu o encanto, de 1988; o Meu tempo é agora, de 1993; Lineamentos da religião dos orixás - memória de ternura, de 2004; Osósi - o caçador de alegrias, de 2006; e Owé - provérbios, de 2007.
Informações: Cerimonial da UNEB - Tel.: (71) 3117-2427.
[Texto: Ascom/UNEB. Imagem: Divulgação] vs/ma
http://www.uneb.br/exibe_noticia.jsp?pubid=4081
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