quinta-feira, 17 de junho de 2010

Senado aprova Estatuto da Igualdade Racial, mas retira cotas

16/06/2010 18h56 - Atualizado em 16/06/2010 21h43

Senado aprova Estatuto da Igualdade Racial, mas retira cotas
Relator tirou do texto possibilidade de reserva de vagas para negros.
Projeto teve o apoio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
Eduardo Bresciani
Do G1, em Brasília

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Senadores aplaudem a aprovação do Estatuto da
Igualdade Racial na sessão desta quarta-feira (16)
(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)O Senado aprovou nesta quarta-feira (16) o Estatuto da Igualdade Racial. O texto aprovado, no entanto, suprime do projeto a definição de cotas para negros em diversas atividades. Mais cedo a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) tinha aprovado a proposta e o parecer do relator, Demóstenes Torres (DEM-GO), foi mantido em plenário. O projeto segue agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Entenda o Estatuto da Igualdade Racial

A votação no Senado retirou do texto a previsão de cotas para negros em universidades, empresas e candidaturas políticas. No caso das empresas, a cota se daria por meio de incentivos fiscais à empresa. O relator do projeto e presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO), é contra as cotas e retirou a reserva de seu texto. Ele afirma que a intenção é que o Estatuto não crie enfrentamentos.

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CCJ do Senado aprova Estatuto da Igualdade Racial, mas retira cotas Após dez anos de discussão, Estatuto da Igualdade Racial deve virar lei neste ano Um dos articuladores da votação, o senador Paulo Paim (PT-RS) minimizou a retirada das cotas. Ele destacou que outro projeto que trata sobre o tema já tramita na Casa e é lá que será feita essa discussão. Paim fez a articulação para a votação junto com Eloi Ferreira de Araújo, ministro da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.

O projeto aprovado pelo Senado tem como intenção promover políticas públicas de combate à discriminação e igualdade de oportunidades. Existe também a previsão de políticas afirmativas para a raça negra.

http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/06/senado-aprova-estatuto-da-igualdade-racial-mas-retira-cotas.html

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ilê Omolu Oxum – 100 anos

Ilê Omolu Oxum – 100 anos
Ano do Centenário e de Grandes Emoções
Dias 10 e 24 de julho de 2010, às 23 horas

Ilê Omolu Oxum – 100 anos
Ano do Centenário e deGrandes Emoções
Convida a todas/os irmãs/aos e amigos/as para compartilharem dessa grande comemoração dos 50 anos de iniciação de Mãe Meninazinha de Oxum e os 100 anos de Axé, iniciação de Yá Davina, de Omolu, in memoriam.
Dias 10 e 24 de julho de 2010, às 23 horas
Olorum Modupé!
Rua General Olímpio da Fonseca, 380 – São Mateus – São João de Meriti – RJContato 21-2756-7635 (clique AQUI, para o mapa)
Cumprimentos e Louvores podem ser enviados através deYá Nilce Naira - nilcenaira@uol.com.br

domingo, 13 de junho de 2010

SESSÃO ESPECIAL CELEBRA OS 100 ANOS DO AFONJÁ

SESSÃO ESPECIAL CELEBRA OS 100 ANOS DO AFONJÁ

Mãe Stella é a atual ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, terreiro que está comemorando 100 anos. Foto: Margarida Neide| Ag. A TARDE

Amanhã, a Assembléia Legislativa da Bahia faz uma sessão especial para comemorar o centenário do Ilê Axé Opô Afonjá. A sessão, proposta pelo deputado estadual Bira Corôa (PT-BA) vai começar às 9h30 no plenário da Casa.

O Afonjá é um dos mais tradicionais terreiros de tradição ketu do Brasil. Foi fundado por Mãe Aninha em 1910 e teve uma importante participação na luta contra o preconceito que pairava sob o candomblé.

Mãe Aninha foi uma das mais importantes ialorixás baianas. De uma inteligência e mobilidade políticas impressionantes, soube contornar obstáculos como a proibição do uso dos atabaques conseguindo uma liberação do governo federal por meio do conhecimento que tinha com Osvaldo Aranha, homem forte do primeiro governo Vargas.

Ela também teve uma participação importante no Congresso Afro-Brasileiro, organizado por Édison Carneiro e Martiniano do Bonfim. Mãe Aninha investiu na recuperação de tradições do reino de Oyó e Ketu, de onde o culto de Xangô é originário. Um dos exemplos dessa reconstrução histórica é o Conselho dos Obás, implantado no Afonjá. Eles são considerados os ministros do culto de Xangô.

Outra ialorixá de destaque foi Mãe Senhora, que conquistou um imenso respeito por seus modos imponentes— era filha de Oxum— e seu conhecimento litúrgico.

Em 1976 a Casa foi assumida pela atual ialorixá, Mãe Stella. Na década de 80 ela foi repsonsável por um manifesto que conclamava os integrantes do candomblé a reafirmarem sua religião, afastando-se do sincretismo que é o nome dado à associação entre santos católicos e orixás, inquices e voduns. Além disso, até então, era muito comum que ritos do candomblé tivessem algum tipo de correspondência com o catolicismo, como iaôs irem assistir missa após as cerimônias internas nos terreiros.

O manifesto ganhou repercussão e foi assinado também por Mãe Menininha, Olga do Alaketu e Doné Ruinhó. Mãe Stella também tem feito um trabalho de divulgação da filosofia do candomblé por meio da literatura. Ela é autora dos seguintes ivros: E daí aconteceu o Encanto, escrito em parceria com Cléo Martins; Meu Tempo é Agora; Oxóssi o Caçador de Alegrias; Owé- Provérbios e Epé Laiyé- Terra Viva, voltado para o público infanto-juvenil.

Foram também ialorixás do Afonjá: Mãe Bada, sucessora de Mãe Anininha e Mãe Ondina, sucessora de Mãe Senhora.

http://mundoafro.atarde.com.br/?p=2994

Dona Ivone Lara celebra 45 anos de carreira

Dona Ivone Lara celebra 45 anos de carreira

Cantora relembra clássicos do samba.

Hermínio Bello de Carvalho, Délcio Carvalho, Bruno Castro e Nilze Carvalho se encontram com a grande dama do samba nacional para festejar quase meio século de sucesso.



A indesejável das pesquisas

OPINIÃO
05/06/2010
A indesejável das pesquisas
Edson Lopes Cardoso
edsoncardoso@irohin.org.br
Para o os institutos que pesquisam a opinião de eleitores, as variáveis a serem consideradas numa pesquisa para presidente da República são escolaridade, renda, município, região, sexo e idade. Como se justifica a ausência da variável cor/raça?
A cor não interfere, a cor não tem importância – como se concluiu afinal que a cor do eleitor nada significa? Lembrei-me de uma dedicatória de Cora Coralina em um livro de poemas que adquiri em sua casa, em Goiás Velho, em 1980. Entrei quase ao mesmo tempo em que chegava com estardalhaço um grupo de turistas, mais interessados em fotos do que em poemas, e mantive-me afastado o suficiente para deixar claro que nada tinha a ver com o grupo. Saí apressado e somente na rua li a dedicatória de Cora Coralina: “Para o amigo, que muito falou no seu silêncio”.

A ausência da cor nas pesquisas parece desses silêncios carregados de significação. Devemos nos deter com mais atenção sobre o processo pelo qual a cor acaba por desaparecer das pesquisas, que desse modo enfatizam, digamos, a irrelevância sociológica das distinções raciais.

Pode-se especular, por exemplo, que entre as variáveis que distinguem os brasileiros há uma capaz de fazer um tipo de oposição indesejável. Profundamente indesejável. Aquela capaz de “introduzir divisões perigosas”.

“Introduzir” implica considerar e admitir uma realidade antecedente em que a distinção não existe ou não é significativa. Perguntar sobre a cor é fazer entrar o indesejável. Parece que nenhum outro traço (renda, sexo, idade, escolaridade, região) é suscetível de opor, separar, como a indesejável das pesquisas.

Já citei alhures uma fala de Rubem Ricupero, em um seminário realizado na Câmara dos Deputados, em 1986, sobre relações Brasil-África. A questão racial, ele dizia, é um tema complexo e nos divide como nenhum outro, mas temos que enfrentá-lo.

As pesquisas eleitorais não querem enfrentar, portanto, um tema que nos divide como nenhum outro. Vejam bem que é muito diferente ‘não enfrentar o que nos divide’ de ‘introduzir o que nos divide’. Assim me parece legítimo indagar que dimensão da realidade nacional se pretende ocultar quando as enquetes silenciam sobre distinção historicamente significativa - tão significativa ao ponto de nos dividir como nenhuma outra.

No início dos anos 80, o IBGE ainda vacilava quanto ao tema. Havia pressões externas e internas. Lúcia Oliveira, Rosa Porcaro e Tereza Costa, por exemplo, pesquisadoras do órgão, enfrentaram obstáculos para divulgar pesquisa em que demonstravam a importância da raça como princípio classificatório na sociedade brasileira.

Abdias do Nascimento, em 1983, ainda teve que inserir no PL 1.332, o primeiro sobre ações compensatórias em benefício da população negra, artigo que obrigava o IBGE “a incluir, em todas as pesquisas, estatísticas e censos demográficos, o quesito cor/raça ou etnia”. Isso era no tempo de Abdias, cujo mandato não serve de referência para a turma do sorriso negro e do abraço negro no DEM.

DataFolha, Ibope, etc. deveriam prestar atenção no que dizia Theodor W. Adorno, em palestra de 1968: “É possível que, em certas circunstâncias, ocupar-se exatamente com fenômenos supostamente secundários e opacos pode conduzir a conhecimentos sociais extraordinariamente relevantes” (Introdução à sociologia. São Paulo: Unesp, 2008, p. 74).
http://www.irohin.org.br/onl/new.php?sec=news&id=8082