sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Brasil é tema do último episódio da série censo e afro-descendentes

Reportagem explora a importância do censo para levantamento das condições de vida dos afro-brasileiros, produção de indicadores socioeconômicos e definição de políticas de enfrentamento ao racismo

Clique aqui para conferir os horários de exibição da série

Ações afirmativas nas universidades brasileiras, violência contra a juventude negra e políticas de igualdade racial. Esses são os assuntos da última reportagem da série “As Américas têm cor: Afrodescendentes nos Censos do Século XXI”. A produção é da TV Brasil/Canal Integración e vai ao ar amanhã (29/1) na TV NBr, Tv Senado e TV Câmara, no Brasil, e para emissoras de 14 países das Américas. Entrevistas de estudantes universitários que entraram pelo sistema de cotas, ativistas do movimento negro, governo brasileiro e Nações Unidas revelam a importância do censo para a obtenção de dados raciais e definição de políticas de enfrentamento ao racismo.

Tema de grande evidência na sociedade brasileira, as políticas de ação afirmativa são apontadas como um dos vetores para a reversão da desigualdade racial. Desde 2004, cerca de 40 universidades federais e estaduais adotaram o sistema de cotas raciais para negros e indígenas. A reserva de vagas para negros nas universidades foi uma das propostas apresentadas pelo governo brasileiro na III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, promovida pela ONU (Organização das Nações das Unidas), em 2001.

A classificação racial nos censos brasileiros e a autodeclaração etnicorracial também são abordadas na reportagem. Pesquisadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) e do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) falam sobre indicadores socioeconômicos, projeções sobre a redução da desigualdade racial no Brasil e impactos das políticas públicas na vida da população negra. Este é um dos pontos explorados pela reportagem na entrevista com o ministro Edson Santos, da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial).

Violência racial

A vulnerabilidade da juventude negra à violência é o terceiro aspecto da reportagem. A ausência de políticas específicas expõe em quase três vezes mais um jovem negro a ser assassinado no Brasil em relação ao jovem branco, como verificou, em 2009, estudo do Observatório de Favelas, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Em março do ano passado, análise do IPEA com base em informações do sistema de dados do Sistema Único de Saúde apontou que os jovens negros são as maiores vítimas da violência urbana no país. Em cada 100 mil habitantes vítimas de homicídio, 74,8 são jovens negros. O fenômeno da violência racial é comentado pela realidade de Salvador em entrevista de Vovô do Ilê Aiyê.

Afrocenso na TV
A série “As Américas têm cor: Afrodescendentes nos Censos do Século XXI” estreou em 8 de janeiro de 2010. Retratou a expectativa dos afro-uruguaios para o censo, a participação no mercado de trabalho e as políticas públicas de combate ao racismo. Abordou a preparação dos afro-equatorianos para o censo e os efeitos do plano plurinacional para eliminar a discriminação racial, e as condições de vida dos afro-panamenhos e os preparativos para o censo deste ano.

Idealizada pelo Grupo de Trabalho Afrodescendentes das Américas Censos de 2010, em junho de 2009, a série de reportagens atende o objetivo de informar a população das Américas sobre a rodada dos censos 2010-2012. As reportagens são veiculadas pelo sistema público de televisão brasileiro – NBr, TV Brasil, TV Câmara e TV Senado -, e uma rede de emissoras associadas de televisões públicas e privadas de 14 países americanos: Argentina, Brasil,Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Peru, Uruguai e Venezuela.

A série “As Américas têm cor: Afrodescendentes nos Censos do Século XXI" é resultado da parceria entre Canal Integración/Empresa Brasil de Comunicação, Grupo de Trabalho Afrodescendentes das Américas Censos de 2010 e UNIFEM Brasil e Cone Sul, por meio do Programa Regional de Gênero, Raça e Etnia desenvolvido no Brasil, Bolívia, Guatemala e Paraguai.

Confira aqui a grade de programação do telejornal América do Sul Hoje do Canal Integración

CANAL INTEGRACIÓN
Clique aqui para ver a lista de operadoras a Cabo que distribuem o sinal do Canal Integración
VERSÃO PORTUGUÊS:
SEXTA – 20:30 (Estreia)
SABADO – 02:00 – 08:00 – 14:00 – 20:00
DOMINGO – 01:00 – 07:00 - 13:00 – 19:00
VERSÃO ESPANHOL:
SEXTA – 23:00
SÁBADO – 05:00 – 11:00 – 17:00
DOMINGO – 03:30 – 09:30 – 15:30 – 21:30
SEGUNDA – 04:00 – 10:00 – 16:00 – 22:00

TV SENADO (Clique ao lado para ver a cobertura por Estado: TV a Cabo, Parabólica, UHF, Internet, TV por Assinatura)
DOMINGO - 7:00

TV CÂMARA (Clique ao lado para ver a cobertura por Estado)
SEXTA - 22:30
DOMINGO - 11:00
SEGUNDA - 12:30

TV NBR (Clique ao lado para ver cobertura por Estado:)
SEXTA - 22:00h
SÁBADO - 08:30 – 12:30 – 00:00
DOMINGO - 11:00 – 19:30
SEGUNDA – 08:30 - 16:30

TV COMUNITÁRIA DE BELO HORIZONTE
(24 horas pela Internet, Canal 6 - Net e Canal 13 - Way)
SEGUNDA: 21:00
* HORÁRIO DE BRASÍLIA


UNIFEM Brasil e Cone Sul

unifemconesul@...
www.unifem.org.br

http://twitter.com/unifemconesul

II SEMINARIO NACIONAL AFRICANIDADES E AFRODESCENDENCIA com o tema “ FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HISTORIAS DE VIDA”

Entendendo a sua responsabilidade social com a educação e com o processo de inclusão social, convida os colegas para o diálogo permanente entre as diferentes instâncias de produção de saberes, para contribuir para a elaboração de políticas educacionais e para a responsabilidade de efetivar uma educação com a cosmovisão africana e as especificidades da sociedade brasileira como processo de dominação opressivo sobre os africanos e afrodescendentes nos diversos espaços geográficos da sociedade brasileira formam o núcleo de orientação conceitual desta formação.

A Universidade Federal do Espírito Santo, por meio do Centro de Educação – Programa de Pós-graduação em Educação e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e o Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, da Universidade Federal do Ceara, em parceria da Fundação Ceciliano Abel de Almeida promoverá nos dias 11 a 14 de maio de 2010 - na UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO-UFES-ES, o II SEMINARIO NACIONAL AFRICANIDADES E AFRODESCENDENCIA com o tema “ FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HISTORIAS DE VIDA”.


http://www.multieventos-es.com.br/africanidades/

Rosário - Fé e Resistência dos negros congadeiros

Horário: 10:00 às 18:00 | Local: Espaço Chatô, da Fundação Assis Chateubriand Endereço: SIG, Quadra 2, Lote 340

No próximo dia 26, a fotógrafa Myriam Vilas Boas traz para Brasília a exposição Rosário – Fé e Resistência dos negros congadeiros. O trabalho inédito, realizado durante cinco anos, revela o ritual religioso dos negros congadeiros em honra a Nossa Senhora do Rosário e aos Santos Pretos, mesclando a religiosidade da cultura negra com os santos católicos.

De expressão forte, as imagens, produzidas na Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, realizada no Município de Oliveira (MG), retratam a comunidade que incorpora os personagens de reis, rainhas, coroados, porta-bandeira, capitães-regentes, dançantes, cantadores e caixeiros, que, juntos, formam a guarda de congado.


Após o dia 19 de fevereiro, a mostra, composta por 16 fotografias (30cmx45cm), segue para Belo Horizonte.

Informações: (61) 3214 1350


http://cerradomix.maiscomunidade.com/evento/exposicoes/2086/-ROSARIO--FE-E-RESISTENCIA-DOS-NEGROS-CONGADEIROS.pnhtml

Processo seletivo do McDonald´s pode ser considerado discriminatório.

O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT) está investigando prática de discriminação no processo seletivo para contratação de empregados da rede de restaurantes McDonald's em João Pessoa.



Em dezembro, foi publicado anúncio em um jornal local informando que havia 10 vagas para o cargo de atendente, mas, para concorrer ao cargo, era exigido “ter entre 18 e 22 anos”.



De acordo com artigo 7º, inciso XXX, da Constituição Federal de 1988, é proibido utilizar como critério de admissão sexo, idade, cor ou estado civil. Tais critérios são considerados discriminatórios, pois ferem o princípio de igualdade nas relações de trabalho. Os mesmos critérios não podem ser utilizados na definição de salários ou atribuição de funções.



O McDonald's vai ser notificado para que seus representantes comparecerem a uma audiência com o MPT, na qual será sugerida a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), fazendo com que a empresa se comprometa a não adotar mais critérios discriminatórios na seleção para contratação de novos empregados.



O TAC também vai estipular multa, para o caso de haver descumprimento das obrigações que venham a ser firmadas.O MPT na Paraíba já fiscaliza alguns TACs do McDonald's, oriundos de outros estados, referentes ao respeito à intimidade dos funcionários, fornecimento de vale-transporte, intervalo intrajornada, etc.



O procurador do Trabalho Eduardo Varandas Araruna, que está responsável pelo caso, afirma que “o acesso ao trabalho digno é um direito inalienável do ser humano. Não se pode permitir que critérios abusivos e discriminatórios excluam segmentos sociais do trabalho”



O que diz a lei - O Artigo 7º, inciso XXX, da Constituição Federal de 1988, determina a “proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”. Com isso, há a garantia de igualdade de direitos nas relações trabalhistas, seja para os trabalhadores urbanos ou rurais.



A Convenção nº 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil, fixa, em seu artigo 1º, no tocante ao problema de discriminação no trabalho, que discriminação significa “toda distinção, exclusão ou preferência, com base em raça, cor, sexo, religião, opinião política, nacionalidade ou origem social, que tenha por efeito anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou de tratamento no emprego ou profissão”.





Fonte: Ministério Público do Trabalho, 29.01.2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Haiti e o Vudú

diversidades

O Haiti e o Vudú
Por: Max Beauvoir, a mais alta autoridade do Vudú, em entrevista a Francisco Peregil, do El País. - 22/1/2010

Porto Príncipe/Haiti - Em longa entrevista ao jornalista Francisco Peregil, publicada nesta sexta-feira (22/01), pelo jornal El País, de Madri, Max Beauvoir, a Autoridade Suprema dos adeptos do Vudú no Haiti, denuncia que “estão tratando os mortos como lixo”. Leia Mais.

Segundo Beauvoir, de 74 anos, que esta semana se reuniu com o presidente René Préval, a pedido deste, a questão dos enterros das vítimas do terremoto é muito grave.

“Estão tratando as pessoas como lixo, sem a dignidade e o respeito que merece qualquer vivo. Sei que a situação é complexa e eu não tenho a solução. Porém, estou certo de que se tivéssemos nos sentado para conversar, haveríamos encontrado alguma forma em meia hora. E ainda estamos a tempo, porque ainda faltam muitos mortos para enterrar”, denuncia.

Beauvoir, que é chamado de Ati, palavra que quer dizer uma grande árvore que se abre como um guarda chuva para proteger as mais pequenas, é casado, tem uma filha de 45 anos. Ele vive rodeado de árvores gigantescas que considera sagradas, a uma hora de Porto Príncipe, a capital haitiana. O repórter do El País o descreve na entrevista, vestindo uma camisa guaiabera branca, e acrescenta que é fluente em crioulo, francês, inglês e espanhol. Sua casa tem forma circular e é cercada por vários templos e jardins nos quais há uma espécie de museu com esculturas de Vudú.

No Haiti se costuma dizer que 80% da população é cristã, 20% protestante e 100% professa o Vudú.

Cerimônia aos mortos

Os adeptos do Vudú, segundo Beauvoir, celebram a cerimônia dos enterros durante nove dias. “Aí reunimos a família, os amigos e inimigos do morto. Durante esse tempo comemos e convivemos juntos. Quem tenha alguma coisa que dizer sobre o morto, diz, seja bem ou mal. Depois enterramos o corpo, mas a alma vai para debaixo do mar, um ano e um dia e ou sete anos e um dia, depende. Durante esse tempo, se purifica. E importante que saibam que nós cremos na reencarnação e que a pessoa vive oito vezes como mulher e oito vezes como homem. Isso é assim porque o objetivo da vida é ganhar conhecimento. Depois desse processo, todo mundo, sem exceção, se integra em Deus e começa uma existência em que cuida de todas as coisas vivas do Universo”, explica ao repórter.

A idéia que se faz do Vudú como crença cujos bruxos (ele renega essa denominação) ou sacerdotes podem inflingir danos à outras pessoas, valendo-se de bonecos em que são postos alfinetes, ele garante, é totalmente falsa. “Não vi nem um só boneco desses em todo o Haiti. Em qualquer grupo social há gente boa e gente má, mas no Vudú não se promove que se faça dano a ninguém. Há uma vertente religiosa do Vudú e outra vertente filosófica. Temos normas muito bem definidas sobre como viver, como sentar-se, comer, caminhar. É isso o que permite a um haitiano reconhecer a outro em qualquer parte do mundo, apenas vendo-o simplemente andando ou longe”, acrescenta.

Segundo Beauvoir a má imagem do Vudú deve-se ao cristianismo e às potências estrangeiras como França, Estados Unidos e Espanha. “O Vudú fez o Haiti como país. Nossa independência foi alcançada graças a uma cerimônia celebrada em 14 de agosto de 1.791, conhecida como Bwa Kayiman. Haiti é Vudú”, afirma.

Perseguição

A mais alta autoridade do Vudú diz que poucas religiões tem sofrido uma operação de desprestígio e perseguição tão violenta como o Vudú que nasceu na África e foi trazido para o Caribe pelos primeiros negros escravizados que chegaram à Ilha.

Para ele, “os espanhóis, os franceses e os Estados Unidos nunca nos perdoaram nossa independência e fizeram todo o possível para fazer nossa vida mais difícil”. “E o pior foi quando os cristãos chegaram ao poder em 1.816. Eles ainda estão lá, com a ajuda econômica dos Estados Unidos e França”, acrescenta.

Desde 2003, o Vudú passou a ser reconhecido pelo Estado, por ato em que o Presidente Jean Aristides, um padre, autorizou que os seus sacerdotes passassem a realizar casamentos. Beauvoir diz que agradeceu ao Presidente René Preval tê-lo chamado, mas no caso dos enterros, diz que tem de levantar a voz para defender sua gente. “Eu agradeço que o presidente tenha querido me consultar, mas ele segue favorecendo a Igreja de Roma, aos europeus e americanos que consideram suas religiões européias e centro-asiáticas superiores à africana”, finalizou.

De Madri, Espanha, Dojival Vieira, Jornalista Responsável e Editor de Afropress.


http://www.afropress.com/diversidadesLer.asp?id=207