Balcão da Gol no aeroporto de Aracaju (Foto: Reprodução/TV Sergipe)
A Polícia Civil de Aracaju vai investigar uma médica suspeita de ter ofendido um funcionário da empresa aérea Gol, no dia 26 de outubro, no Aeroporto Santa Maria, na capital. Segundo o Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), ela poderá ser indiciada pelo crime de injúria, de acordo com o parágrafo 3º do artigo 140 do Código Penal Brasileiro. As imagens da confusão foram parar na internet.
No dia 30 de outubro, uma reportagem sobre o caso foi levada ao ar no telejornal SETV (veja o vídeo).
A delegada Georlize Teles, que será responsável pelo inquérito policial, disse que, devido à complexidade do caso e dos vários depoimentos conflitantes, o delegado plantonista Washington Okada interrompeu a apuração do caso e não a prendeu em flagrante. "O crime é inafiançável, mas como ele [delegado] não conseguiu configurar o crime, resolveu liberar a médica. Neste momento, não há como pensar mais em fiança."
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Sergipe informou, em nota, que a passageira teria ofendido o supervisor da Gol, dizendo que ele era ”morto de fome”, “nego" e “analfabeto”. Ainda de acordo com a SSP, essas foram algumas das ofensas direcionadas ao funcionário da companhia aérea.
Segundo Georlize, o voo para a Argentina estaria programado para sair por volta das 5h e a passageira teria chegado ao balcão para fazer o check-in por volta das 4h30. "O tempo não era suficiente para ela embarcar, pois o check-in de voos internacionais é feito aproximadamente duas horas antes do embarque."
A delegada disse que vai pedir a fita das gravações do circuito de segurança do aeroporto. "Quero checar os horários e se as câmeras registraram o problema. Não posso descartar o uso das imagens veiculadas na internet, em virtude da repercussão que o caso tomou. Enquanto isso, vou ouvir o depoimentos dos envolvidos e das testemunhas."
Depoimento
O Boletim de Ocorrência, registrado preliminarmente na Delegacia de Plantão de Aracaju pelo delegado Washington Okada, relata que a médica teria invadido o espaço destinado aos funcionários da companhia aérea após ser informada de que não poderia embarcar.
A SSP informou que o supervisor da Gol prestou depoimento à polícia. No documento, ele disse que a médica teria ficado descontrolada e gritado que a viagem para a Argentina seria de lua de mel. Em seguida, ainda de acordo com o depoimento do funcionário da Gol, ela passou a quebrar objetos do balcão da empresa e a jogar papéis no chão.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, o crime de injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. A pena prevista é de um a três anos de prisão e multa.
Outro lado
A Gol foi procurada pela reportagem do G1, mas não quis se pronunciar sobre o caso. A médica e o marido dela conversaram com o G1, mas, orientados pelo advogado Antonio Correa Matos, não quiseram falar sobre o ocorrido. Matos, por sua vez, informou ao G1 que iria se reunir com sua equipe para estudar o caso.
"Vamos aguardar a manifestação do funcionário da companhia aérea", disse o advogado.