sábado, 26 de setembro de 2009

Ivan Lessa: Morenos, negros e pardos

sexta-feira, 25 de setembro de 2009, 05:48 | Online

Ivan Lessa: Morenos, negros e pardos

Colunista comenta novos dados do IBGE e o aumento no número de 'pardos'.


Colunista da BBC Brasil - O IBGE vive se saindo com cada uma. Acompanho-o há anos, de longe, torcendo para saber o que anda tramando, ou desvendando.

Semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para dar seu nome completo, divulgou uma porção de dados que me dão mais saudades do Brasil do que água de coco ou pastel de queijo. De cara, o Instituto veio logo de alisamento japonês: cresce o número de pessoas que se declaram pardas.

Cresceu em 1,3 ponto percentual entre 2007 e 2008. É muito pardo. De repente, assim sem mais nem menos. No mesmo período foram registradas reduções nos índices de pessoas que se declaram pretas. Entre estas, houve uma queda de 0,7 ponto percentual. Não chega a ser um exagero, mas dá para abrir inquérito para saber que fim levaram.

Os que se afirmam brancos também decresceram. Uma queda de 0,8 ponto percentual. Os pardos estão comandando as ações. Com tudo e pouco prosas. Pretos (não é negro que se diz, hein, IBGE?) e brancos estão perdendo sua posição no ranking multicor nacional.

Pardo para mim quer dizer muito pouco. Me lembro de papel pardo, com que a gente fazia capa para proteger de nossas porcalhadas mesmo nossos cadernos de colégio. Era uma cor fosca que variava do amarelo ao marrom escuro, como quer o Houaiss, pai dos burros e das reformas ortográficas.

O Houaiss, ao listar acepções para "pardo" beira o politicamente incorreto. Ofensivo mesmo, eu diria. Diz que pardo é "um branco sujo, escurecido".

Quer dizer, me definiu o Vadeco, que batia bola com a gente no racha da rua Bolívar e na praia, ali em frente ao Posto 4 e meio. Vadeco era sobre o alourado e fedia às pampas. Era uma época em que o CC andava, marchava, corria, em moda. Waldico CC virou seu apelido. CC: Cheiro de Corpo.

Mais uma expressão que circulava até há pouco e que adaptamos do body odour americano, o BO, bolação da publicidade do sabonete Lifebuoy, na luta contra as indignidades oferecidas por nossos corpos, sempre em comum dependurados. Coisa dos anos 50, lançamento daUnilever, quero crer. Tem mais: o Lifebuoy não acabava com o CC coisíssima nenhuma. Limpar, para o bruto (era cor-de-rosa), já era uma luta.

Parda era a tez de pessoas (não sei qual o plural de tez) em noticiário policial. Tinha nota de falecimento ou agressão e lá vinha: "Fulano de Tal, aparentando uns 30 anos, tez parda...", Et cetera e tal. Pardo também era um tipo de arroz. Dele se retirava a casca, mas não se polia. Arroz pardo. Eu preferia branco e fofo.

Pardos eram os mulatos. Mulatos e mulatas. Pardos e pardas. Nunca, jamais, nos sambas e marchas. "O teu cabelo não nega, parda, porque és parda na cor..." Tentem cantar. Não dá mesmo. Confere? Pense numa outra musiquinha. Com parda no meio. Não tem. Não conheço uma única em nosso cancioneiro que tenha pardo no título, no meio, onde quiserem. Eram, repito, mulatos e mulatas.

Não entendo, pois, essa pontuação percentual a favor da designação "parda" ou "pardo". É negro mesmo. Ou preto, como prefere o IBGE. Tudo. Menos afro-brasileiro, espero ardentemente, dentro de minha pele morena e sob meus cabelos (já foram cãs) brancos. Teve uma época, aqui no Hemisfério Norte, em que eu também já fui pardo como vocês. Isso é uma história longa e chata e que hoje não estou com a menor vontade de contar.

Fonte: BBC Brasil -



http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,ivan-lessa-morenos-negros-e-pardos,440755,0.htm


“É como apagar incêndio com gasolina”

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“É como apagar incêndio com gasolina”

por Michelle Amaral da Silva última modificação 25/09/2009 11:46

Para dirigente do Movimento Negro Socialista, com pretenso motivo de combater o racismo, o Estatuto utiliza políticas que aprofundam a prática

Para dirigente do Movimento Negro Socialista, com pretenso motivo de combater o racismo, o Estatuto utiliza políticas que aprofundam a prática



25/09/2009


Michelle Amaral

da Redação


Ao contrário dos que defendem o Estatuto da Igualdade Racial como uma conquista para a população afrodescendente, o Movimento Negro Socialista (MNS) tece críticas à implementação da norma. O MNS foi criado em 2006 por militantes do movimento operário e popular que desde o ano 2000 haviam se manifestado contra o Estatuto, apresentado um ano antes pelo senador José Sarney. Em entrevista ao Brasil de Fato por e-mail, o coordenador do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda, explica o posicionamento do movimento.


A que se deve o posicionamento contrário do MNS ao Estatuto da Igualdade Racial?

José Carlos Miranda: Em primeiro lugar, ressaltamos que o racismo existe, mas ele é fruto dos tortuosos caminhos em busca do lucro, é uma ideologia de dominação que como as outras opressões da sociedade de classes tem uma função objetiva de justificar uma exploração injustificável. Para nós, socialistas que se mantém fiéis à sua classe e à luta pelo socialismo, a divisão fundamental da sociedade é entre explorados e exploradores, entre latifundiários e sem terra, entre operários e burgueses, finalmente entre uma ínfima minoria que tudo tem e a imensa maioria que só tem sua força de trabalho e luta diariamente contra as desigualdades econômicas e sociais do sistema capitalista.


Com o pretenso motivo de combater o racismo, o estatuto cria as bases a partir de políticas para aprofundar o mesmo. É como apagar um incêndio com gasolina. A nova redação aprovada novamente na Câmara dos Deputados, diga-se de passagem por acordo, portanto sem a necessidade de votação nominal dos deputados, mantém um artigo que dá preferência para empresas que aplicarem a política de cotas raciais e tem relações comerciais com os órgãos públicos, ou seja, privilegia trabalhadores "negros" com a mesma condição social em lugar de outros "brancos". Essa lei só pode beneficiar os patrões, que contratando "negros" em detrimento de "brancos", que utilizando essa lei de "discriminação positiva", jogará trabalhadores contra trabalhadores e, seguramente, continuará explorando ainda mais a todos... Imagine os sindicatos discutindo as demissões, contratações, dissídios coletivos com imposição da "cota racial". Essa lei só aprofundará o racismo que existe, dividindo os trabalhadores, criando mais um obstáculo para a construção da unidade de todos os trabalhadores em defesa de suas reivindicações imediatas e históricas. Nós não podemos aceitar a racialização das relações sociais no Brasil, como acontece nos EUA.


A única dívida que podemos exigir são menos recursos para os banqueiros e mais recursos para os serviços públicos, vagas para todos e menos recursos para os tubarões do ensino.


A aprovação do Estatuto na Câmara foi comemorada por membros do movimento negro como uma conquista. Como o MNS avalia este contexto?

Infelizmente, a maioria dos chamados movimentos negros são verdadeiras ONG's com financiamento dos governos e ou fundações milionárias, verdadeiros aparelhos a serviço de uma política que distorce a história e uma pretensa luta contra o racismo. Na verdade, implementam uma política de divisão do povo trabalhador brasileiro em "negros" e "brancos". Esses movimentos sustentam uma tese romântica de uma "diáspora africana". Eles negam a luta de classes, inclusive seu desenvolvimento na própria Africa, que propiciou a captura e venda de africanos pelos próprios africanos, ou seja, existia uma elite, tanto na Africa quanto na América, que enriqueceu com o comércio de escravos tanto quanto os europeus que sustentavam o inicio da revolução industrial com a produção das "plantantions" nas Américas.


Esses movimentos desistiram de lutar por uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna, que só pode ser uma sociedade com o controle democrático da classe operaria e de todo povo trabalhador sobre os grandes meios de produção, uma economia planificada baseada na propriedade social e nas necessidades da imensa maioria da humanidade, e não na busca do lucro.


Esses movimentos querem constituir uma elite fundamentada na cor da pele e que perpetuará o funil do "mais apto", do mais "adaptado", ou seja, das bases ideológicas que fundamentam as políticas capitalistas do individualismo e da competição. Eles desistiram de lutar pela igualdade e pelo socialismo.


Nesse sentido, quais são as propostas do movimento para a luta pelo fim da desigualdade racial?

Em primeiro lugar, travar um combate para enterrar de vez a crença que existem "raças humanas". A luta contra o racismo é uma luta de todos. O racismo é uma ideologia, como dissemos anteriormente com uma função objetiva, e foi fundamentado "cientificamente" durante um certo período e por isso é tão enraizado. O Brasil, pelo menos desde o princípio do século passado, nunca chegou a racializar as relações sociais, ele [o racismo] sempre ficou disfarçado, escondido. O sincretismo cultural e a miscigenação foi tão forte na nação brasileira que manteve essa tradição. Porém, ele [o racismo] existe e sempre aparece nos momentos de tensão social, em especial nos órgãos de repressão e na burocracia estatal e privada. Por isso, temos que continuar um combate cotidiano contra o racismo.


O racismo é crime, portanto, cadeia para os que cometem esse crime! É necessário que os governos tenham políticas públicas permanentes que ressaltem a igualdade de todos, ou seja, a igualdade de direitos.


Trabalho igual, salário igual! Aí está a chave da questão, quanto mais igualdade - o que só pode ser de fato realizado por meios materiais - melhor educação, saúde, saneamento básico, empregos, lazer, etc.


Um exemplo bem claro é a confecção do orçamento: no ano passado só com a desoneração fiscal do governo federal, que beneficiou principalmente os bancos e as multinacionais (que em plena crise obtiveram lucros astronômicos), poderia-se tranquilamente aumentar radicalmente o número de vagas no ensino superior nas universidades públicas e essa discussão de cotas raciais seria coisa do passado!


Nós poderíamos resumir que quanto mais igualdade de direitos, portanto de meios materiais, menos opressão, menos racismo.


Para nós a genial síntese "Racismo e capitalismo são faces da mesma moeda" continua sendo nosso norte orientador. A luta pela sobrevivência, a luta do povo trabalhador já é muito dolorosa para permitir que um mal maior se faça.


http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/entrevistas/201ce-como-apagar-incendio-com-gasolina201d


Danny Glover, en museo de La Ruta del Esclavo en Matanzas

La Habana, 22 de Septiembre de 2009

Danny Glover, en museo de La Ruta del Esclavo en Matanzas

Danny Glover, reconocido actor norteamericano, dijo sentirse emocionado y asaltado por innumerables recuerdos históricos , luego de recorrer las salas del museo de La Ruta del Esclavo, en esta ciudad.

El destacado activista por los derechos de los afroamericanos en los Estados Unidos, comentó a la prensa, a propósito del Día mundial por la Paz, la frase histórica de la luchadora mexicana Dolores Huerta, cuando expresaba todos somos africanos.

No sé si seré bueno para enviar al mundo un mensaje, pero sí recuerdo a esa mujer extraordinaria, que junto a César Chávez fundó el Sindicato Nacional de los Trabajadores del Campo Unido, cuando afirmaba que todos somos africanos, desde los más blancos hasta los más negros , dijo Glover.

Después de la visita por las salas que revelan la trata negrera en la Isla y siglos de esclavitud, el artista narró que hace unos meses estuvo en Ghana, en la costa desde donde se embarcaban, de manera inhumana, los esclavos hacia Cuba.

Aunque yo vengo de los Estados Unidos, la memoria histórica de la esclavitud vista desde esta experiencia me admite un sentido de pertenencia de este lugar, por tanto lo primero que me emociona estar aquí, y conocer de rebeliones y resistencia , agregó.

También elogió la actuación del conjunto folklórico Afrocuba, bajo la dirección del maestro Francisco Zamora (Minini) que, con danzas, toques y movimientos, trajeron a los muros del vetusto Castillo de San Severino los cantos de añoranzas y nostalgia de los negros traídos de África.

Glover se encuentra en Cuba junto a su coterráneo y colega Harry Belafonte y a James Early, prestigioso investigador del Instituto Cultural del museo nacional de Estados Unidos, Smithsonian e inauguraron el viernes último en La Habana la Casa del Cine del Caribe. (Cubadebate)



http://www.granma.cu/espanol/2009/septiembre/mar22/danny.html


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Frei diz que UNEGRO era contra Estatuto

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Frei diz que UNEGRO era contra Estatuto
Por: Redação - Fonte: Afropress - 19/9/2009

S. Paulo - O ex-coordenador do Fórum S. Paulo da Igualdade Racial e ex-diretor executivo da Educafro, Frei Antonio Leandro da Silva (foto), disse que, à época das mobilizações iniciadas pelo Fórum, em S. Paulo, em 2006 e 2007, a UNEGRO (União de Negros pela Igualdade) era contrária a aprovação do Estatuto, considerando que o mesmo estava esvaziado de seu conteúdo e também por causa da ausência do fundo de Promoção da Igualdade Racial.

A UNEGRO é a entidade que reúne ativistas e militantes filiados ou próximos ao PC do B, e na recente II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, reuniu a maioria dos delegados organizados presentes - cerca de 20%.

Polêmica

Frei Leandro fez a revelação ao rebater afirmações do coordenador da UNEGRO, o historiador Edson França, de que há oportunismo nas críticas feitas ao projeto do Estatuto aprovado e que será apreciado pelo Senado, fruto de um acordo entre os parlamentares da Comissão Especial composta na Câmara dos Deputados.

“Penso que o debate gira em torno de duas questões: primeira, a crítica procede porque não se trata apenas de um acordo com o DEM senão pelo esvaziamento do conteúdo do Estatuto, em troca de que? E aí entra a segunda questão, porque, politicamente, muitos estudos já analisaram os procedimentos de como se processa o debate parlamentar; por exemplo, Max Weber (1864-1920), na Sociologia Compreensiva, no ensaio sobre a “Ciência como vocação”, analisa o significado de “política” como “participação no poder ou a luta para influir na distribuição de poder, seja entre Estados ou entre grupos dentro de um Estado”. Portanto, aqui se avança no debate crítico-consciente, ao invés de ignorá-lo“, afirmou.

Frei Leandro lembrou que “segundo Weber, alguns políticos profissionais chegam ao poder por vocação – no sentido de uma obrigação; porém, outros alcançam o poder por conveniência, isto é, para sobreviver dos salários pagos pelo Estado“, acrescentou.

Diante da posição contrária manifestada pela UNEGRO na época da mobilização em defesa do Estatuto da postura a favor tornada pública agora, o Frei pergunta. “O que isso significa?”
Afropress ligou para o historiador Edson França, porém, não conseguiu localizá-lo para falar sobre as declarações do Frei.


http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=2013

Romão será o representante brasileiro

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Romão será o representante brasileiro
Por: Redação: Com informações de Ras Adauto - Fonte: Afropress - 19/9/2009

Berlim/Alemanha - O jornalista e sociólogo Marcos Romão será o representante brasileiro, pela Alemanha, na II Conferência Brasileiros no Mundo, que será promovida pela Subsecretaria Geral de Comunidades Brasileiras no Exterior do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, nos dias 15 e 16 de outubro, no Rio.

Segundo estimativas do Itamaraty cerca de 3 milhões de brasileiros vivem fora do país e são responsáveis pelo envio de mais de US$ 7 bilhões.

O anúncio foi feito pela mesa eleitoral do Seminário de Representantes da Comunidade Brasileira de Preparação para a II Conferência, após oito horas de trabalho, em que os vários grupos de trabalho discutiram e aprovaram propostas que serão apresentadas na II Conferência. Romão é ativista do Movimento Negro Brasileiro desde a década de 70, e desde 1.988 vive em Hamburgo, na Alemanha, onde fundou o Quilombo Brasil - que reúne a comunidade brasileira de Hamburgo - e a Rádio Mamaterra.

O Encontro teve a presença do novo Embaixador do Brasil na Alemanha, Everton Vieira Vargas, e foi dirigido pelo ministro Colim, responsável pelos setores consulares brasileiros na Alemanha.

http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=2012