20/11/09 - 07h05 - Atualizado em 20/11/09 - 07h05
Mariana Oliveira
Do G1, em São Paulo
O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, afirmou em entrevista ao G1 que o principal desafio para o país na questão racial é a inclusão do negro na educação, na habitação e no trabalho.
"A desigualdade remonta há 121 anos, da abolição, da escravidão. Não se inseriu o negro na educação, na habitação, no trabalho. As estatísticas mostram que há maior dificuldade para o negro nas empresas e quando conseguem entrar não têm os mesmos salários. Acho que ainda é longa a caminhada a se fazer."
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Nesta sexta (20) é comemorado o Dia da Consciência Negra. A data lembra o dia em que foi assassinado, em 1695, o líder Zumbi, do Quilombo dos Palmares, um dos principais símbolos da resistência negra à escravidão.
Para Edson Santos, a sanção do Estatuto da Igualdade Racial, prevista para ocorrer ainda neste mês, será uma conquista. "O estatuto é uma lei que estabelece diretrizes para o Estado brasileiro superar as desigualdades raciais no país num espaço de tempo mais curto possível.
Leia abaixo alguns trechos da entrevista.
G1 - Ministro, como estão as negociações para a aprovação no Senado do Estatuto da Igualdade Racial?
Edson Santos - Nós estamos construindo esse acordo e há previsão de vir a ser votado na semana que vem. Vai ter uma audiência pública no Senado, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e a posterior apreciação do estatuto. O acordo está sendo construído no Senado com senadores de vários partidos.
G1 - Mas a expectativa inicial era de que o governo sancionasse o estatuto em 20 de novembro. O que ocorreu?
Edson Santos - Foi o tempo dessa costura no Senado. A gente tem expectativas que às vezes não se confirmam. Mas é importante ter definido uma meta, que mesmo não sendo cumprida, criou a possibilidade de o estatuto ser votado em plenário no mês de novembro ainda.
G1 - O senhor conversou com senadores? Acha que a aprovação será tranquila? Edson Santos - Eu não posso adiantar isso. Cada senador é uma cabeça. Mas espero que até em função do que foi construído na Câmara não haja grandes óbices políticos na medida em que várias lideranças, deputados, contribuíram e discutiram exaustivamente, de forma dura até, e profunda, o conteúdo. No Senado, acredito que nós vamos caminhar num ambiente mais tranquilo.
G1 - E em relação às cotas, o senhor acha que o tema vai voltar à discussão, já que ficou fora do estatuto?
Edson Santos - Conversei com o ministro Fernando Haddad (Educação) e é um tema mais espinhoso, porque enfrenta muitas resistências por parte de alguns segmentos da sociedade brasileira. Mas acredito que posteriormente ao estatuto, nós estaremos discutindo o projeto de cotas no Senado.
G1 - Então em 2010 o tema deve avançar?
Edson Santos - Eu acredito nisso.
G1 - Nesta sexta é comemorado o Dia da Consciência Negra. Quais são as principais conquistas recentes para a população negra que o senhor apontaria?
Edson Santos - A introdução na agenda política do Brasil da temática racial e da necessidade da sociedade em finalmente encarar os desafios é um avanço. E a elevação da auto-estima da população negra. Você tem hoje um grande número de pessoas que se declaram negros. É um momento que vivemos do Brasil de enfrentar a questão racial.
G1 - E quais são os principais desafios?
Edson Santos - A desigualdade remonta há 121 anos, da abolição, da escravidão. Não se inseriu o negro na educação, na habitação, no trabalho. As estatísticas mostram que há maior dificuldade para o negro nas empresas e quando conseguem entrar não têm os mesmos salários. Acho que ainda é longa a caminhada a se fazer.
G1 - E o Estatuto da Igualdade Racial pode ajudar nisso?
Edson Santos - É um instrumento. O estatuto é uma lei que estabelece diretrizes para o Estado brasileiro superar as desigualdades raciais no país num espaço de tempo mais curto possível.
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1385849-5598,00-CAMINHADA+CONTRA+A+DESIGUALDADE+RACIAL+AINDA+E+LONGA+DIZ+MINISTRO.html
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