quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Prefeitura apóia I Seminário Municipal de Saúde da População Negra

Prefeitura apóia I Seminário Municipal de Saúde da População Negra

O I Seminário Municipal de Saúde da População Negra

ascom - 2009-10-28 - 08:00:00 -

O I Seminário Municipal de Saúde da População Negra, promovido pela Rede de Saúde da População de Religiosidade de Matrizes Africanas, em alusão ao 27 de Outubro, Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, contou com apóio da Prefeitura de Porto Velho. O evento foi realizado no espaço Vrena, sede da Associação Cultural Cuniã, dividido em painéis temáticos direcionados aos avanços e conquistas das políticas públicas de igualdade racial.

Segundo destacou o prefeito, Roberto Sobrinho, ainda em 2007, Porto Velho assinou o termo de adesão ao Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial, o Fipir, se tornando o único município do estado a sensibilizar-se pelas políticas públicas de igualdade racial. “A adesão ao Fipir foi apenas o primeiro passo. Em 2008, promovemos a I Conferência Municipal da Igualdade Racial e neste ano, a Prefeitura deu posse ao Conselho do Negro (Conegro)”, explicou o prefeito.

De acordo com a coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres, Mara Regina, que inclusive ministrou uma das palestras do seminário abordando o tema “Avanços e conquistas após a implantação do Fipir”, o olhar da administração municipal para as políticas públicas de igualdade racial vão além. “A Prefeitura tem trabalhado na inclusão social da população negra, criando políticas voltadas para geração de emprego, melhorias na assistência a saúde, por reconhecer a existência de racismo e doenças que por razões sociais ou genéticas acometem com mais freqüência à população negra”, afirmou Mara Regina.

O Seminário Municipal de Saúde da População Negra é parte da programação nacional e aconteceu simultaneamente em mais 25 estados brasileiros. O objetivo é divulgar a portaria 992 que instituiu a Política Nacional de Saúde da População Negra. “Além das doenças que acometem com mais freqüência a população negra, existe também as mortes causadas pela violência”, destacou Valéria de Oliveira, sub-secretária de Ações Afirmativas da Secretária Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ligada a Presidência da República.


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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Almirante Negro volta às livrarias

Domingo, 25 de Outubro de 2009 | Versão Impressa

Almirante Negro volta às livrarias

Livro deu nome à ''revolta da chibata''

"Há muito tempo nas águas da Guanabara/o Dragão do Mar reapareceu." Foi necessário meio século para que esse episódio, a rebelião de 1910 dos marinheiros contra os castigos físicos, descrita metaforicamente no samba iniciado por esses versos - O Mestre-Sala dos Mares, de João Bosco e Aldir Blanc -, ganhasse nome e livro definitivos e mais 50 anos para chegar à quinta edição.

Editado pela primeira vez em 1959, A Revolta da Chibata, do jornalista Edmar Morel (1912-1989), será relançado amanhã, no Rio, pela Editora Paz e Terra, com 384 páginas e organizado pelo neto do autor, o jornalista e pós-doutor em história Marco Morel, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O trabalho traz novidades, como as memórias do líder João Cândido, que estavam perdidas.

"As memórias tinham sido publicadas em 1912 e 1913 na Gazeta de Notícias, mas, na coleção da Biblioteca Nacional, faltavam esses exemplares. Localizamos os jornais na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo", relata Marco. A nova edição - as anteriores foram em 1959, 1963, 1979 e 1986 - incorpora a ficha de João Cândido na Marinha, revelada em 2008, e notas, que ajudam na contextualização dos fatos, além de fotos dos rebelados.

O movimento envolveu mais de 2,3 mil marinheiros, a maioria negros e mulatos pobres, nos navios Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro, na Baía de Guanabara, de 22 a 27 de novembro de 1910. Edmar o batizou de Revolta da Chibata. A frota naval do Brasil, na época, era a terceira maior do mundo, o que ajudou a dar peso à rebelião.

Alguns marujos, como o próprio João Cândido, tinham acompanhado a construção de um dos navios, o Minas Gerais, no estaleiro Vickers-Armstrong, em New Castle, na Inglaterra, aprendendo a manobrá-lo. Isso foi fundamental para o sucesso inicial.

A rebelião foi desencadeada pelo castigo imposto ao marinheiro Marcelino Rodrigues Meneses: 250 chibatadas no Minas Gerais, cujo comandante, capitão-de-mar-e-guerra Batista da Neves, foi morto, assim como outros oficiais e alguns marujos.

No primeiro dia, os marinheiros enviaram manifesto ao presidente Hermes da Fonseca reivindicando o fim do chicote, aumento de soldo e demissão dos oficiais "indignos". Uma anistia encerrou a revolta, mas, dias depois, foi revogada. Muitos revoltosos foram expulsos, presos, torturados, fuzilados. João Cândido foi parar no Hospital de Alienados.

"As pessoas sofriam perseguições por escrever sobre a revolta", conta Morel. Após o golpe de 64, ele próprio teve direitos cassados. "Meu avô não conseguia emprego nas redações dos grandes jornais e recebia ameaças por telefone e por carta", conta Marco.

Em 2008, o presidente Lula sancionou a anistia a João Cândido e os companheiros.Uma estátua do líder da rebelião saiu dos jardins do Museu da República, no Rio, e foi para a Praça XV. Uma proposta da indenização aos descendentes, contudo, foi vetada e, na Marinha, ainda há animosidade. Quase 40 anos após a morte de João Cândido (1969), o Almirante Negro permanece maldito.




http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091025/not_imp456027,0.php