terça-feira, 27 de outubro de 2009

OJB - ONGs acusam Dobbs de racista e tentam retirá-lo do ar

OJB - ONGs acusam Dobbs de racista e tentam retirá-lo do ar

BOSTON - Organizações civis latinas que defendem as causas imigrantes fizeram na terça-feira, 20, nas escadarias da State House, em Boston, um ato público chamado de 'Basta Dobbs', reivindicando a retirada do ar dos programas de rádio e TV do apresentador da CNN Lou Dobbs. As ONGs alegam que os comentários anti-imigrantes veiculados por ele, sobretudo contra os hispânicos, podem desencadear uma onda de discriminação em massa no país.
O movimento está sendo realizado por todo os Estados Unidos e em Massachusetts capitaneado por seis organizações hispânicas. O diretor-executivo da ONG Assistência Total, Carlos da Silva, foi a única representação brasileira no local.
"A gente não pode virar as costas para o que uma pessoa está fazendo contra imigrantes como nós. Temos que saber dividir essa responsabilidade porque amanhã o ataque pode ser contra nós, brasileiros", disse Silva. "Não há mais espaço para pessoas como Dobbs nas TVs, assim como não podemos ficar calados a ataques que vão desde a venda de uma fantasia anti-imigrante numa rede de lojas como a Target até um apresentador de televisão e rádio que se julga acima ou melhor que os outros", concluiu o dirigente da Assistência Total.
O escritor e ativista de Nova York Roberto Lovato, um dos organizadores do movimento, disse que 'o objetivo é convencer a CNN a retirar do ar o programa Lou Dobbs Tonight'. O movimento Basta Dobbs reúne aproximadamente 40 organizações latinas de 25 cidades, incluindo Nova York, Los Angeles e Boston.
"Nos concentramos em Dobbs porque ele, mais que qualquer outra pessoa nos meios de comunicação, tem perseguido com mais violência os imigrantes, principalmente os latinos", disse Lovato, lembrando que o apresentador de 68 anos se refere aos imigrantes como invasores. "Ele é o homem mais perigoso para os latinos em todo os Estados Unidos", concluiu o escritor.
Os comentários de Dobbs são baseados em fortes opiniões pessoais e seus alvos são os mais diversos. Em julho deste ano chegou a questionar a legitimidade da cidadania do presidente Barack Obama.
Em 2005, Dobbs assegurou no ar "que a invasão dos imigrantes ilegais seria prejudicial à saúde dos americanos", citando casos de lepra no país como exemplos. Em outra ocasião, falou sobre um suposto plano mexicano de retomar o sul dos Estados Unidos.
"Ele pode está desencadeando um grande movimento de discriminação com esses depoimentos descabidos", disse Silva.
E Lovato completou: "As mensagens de Dobbs incitam muitos seres humanos contra os latinos. Não podemos permitir este tipo de sentimento. É hora de dizer 'basta'."

http://www.ojornal.com/site/news.cfm?BRD=2677&dept_id=543384&newsid=20381761&PAG=461&rfi=9

Terceiro Mundo, quando convém

domingo, 25 de outubro de 2009, 01:14 | Versão Impressa

Terceiro Mundo, quando convém

Mas autoimagem favorita deixa o Brasil profundamente confuso

Hans Ulrich Gumbrecht*

Pouquíssimos lugares no mundo, imagino, não ficaram felizes com a eleição do Brasil para sede dos dois próximos megaeventos atléticos, a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Acredito até que as nações que foram rivais do Brasil nessas competições possam facilmente viver com suas derrotas - pois parece ser o sintoma de um altíssimo grau de desenvolvimento social que segmentos crescentes da população prefiram calma e segurança à excitação, à visibilidade internacional e ao orgulho nacional proporcionados pela Copa do Mundo e a Olimpíada. Visto dessa perspectiva, o Brasil é muito mais patriótico à moda antiga que Estados Unidos, Japão e até mesmo Espanha. E isso me agrada bastante.


Veja também:
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No fogo cruzado da guerra alheia
linkO risco de vestir a faixa de a mais feliz do mundo
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De que serve esta onda que quebra

Mas embora amplos segmentos das sociedades americana, japonesa ou espanhola possam estar aliviados por evitar o estresse diário decorrente desses megaeventos, muitas outras nações ficaram num ânimo comemorativo quando o Brasil, aparente azarão, foi escolhido: não foi novamente uma cidade europeia (após Londres em 2012 e Barcelona em 1992); não a muito rica e aparentemente consumista Tóquio; e, sobretudo, não foi Chicago e os Estados Unidos, que, a despeito de seu presidente afro-americano internacionalmente muito popular, continuam fazendo o papel de bode expiatório do pacifismo internacional e de qualquer outro tipo de autocrítica ocidental. Quem, por contraste, não adoraria o Brasil, lar do samba e do mais exuberante carnaval; o Brasil, a nação dos mais habilidosos e elegantes jogadores de futebol; o Brasil que afirma nunca ter sido racista e cujo "rei" secular é, aliás, um astro negro do futebol do passado; o outrora conflagrado Brasil, a nação que reconquistou a liberdade e valores democráticos das trevas de um governo militar repressivo.

Todos no planeta capazes de ler ou ao menos assistir TV, incluindo os que não estão muito seguros de encontrar o Brasil num mapa do mundo, estão apaixonados por essa imagem do Brasil - que, é claro, é a imagem de um país do Terceiro Mundo. Os problemas só surgem do fato de que ninguém fica mais contente de se fingir de país do Terceiro Mundo que a própria classe média brasileira e os próprios políticos brasileiros. Ou, mais precisamente: embora os intelectuais brasileiros e a classe média à qual pertencem cultivem uma pretensão apaixonada por se apresentarem como pobres e subdesenvolvidos, rejeitam enfaticamente, ao mesmo tempo, todo estrangeiro que queira vê-los dessa mesma perspectiva.

Felizmente o Brasil está profundamente confuso sobre sua autoimagem favorita, pelo menos de uma maneira. Pois se o país fosse terceiro-mundista de fato, ele não teria o poder financeiro e a infraestrutura tecnológica requeridas para gerir o Campeonato Mundial de Futebol e a Olimpíada com um intervalo de dois anos. Mas qual é o problema, então, dessa confusão - além de sua notável estranheza? O problema é a complacência. Durante as últimas décadas, o Brasil e muitos brasileiros desenvolveram um duplo padrão sobre o próprio status dentro da comunidade internacional. Sempre que for conveniente, para obter vantagens econômicas ou políticas, o Brasil insiste justamente em seu papel como país desenvolvido e altamente industrializado; mas, se for conveniente permanecer cego ante certos problemas internos, os brasileiros e seus políticos são perfeitamente capazes de condescender num tipo de identidade terceiro-mundista.

Não há hoje nada de mais terceiro-mundista certamente que a tolerância do Estado ao crime organizado - e os eventos no Rio de Janeiro, há apenas uma semana, mostraram que, em condições normais, a tolerância ao crime organizado ainda é em muito o padrão no Brasil. Pois a violência que explodiu nas favelas da zona norte do Rio não foi uma violência contra o Estado, para não falar de uma violência como reação a um Estado opressor; foi uma violência respingando de uma guerra civil em curso entre duas grandes organizações criminosas, uma guerra civil que está sendo ativamente ignorada pelo governo e pela mídia enquanto permanecer confinada a certas fronteiras territoriais. Em outras palavras: o Executivo e o Judiciário do Brasil - e, nesse sentido foi irônico que o presidente brasileiro reagisse aos eventos do Rio na presença de seu congênere colombiano. O Estado brasileiro efetivamente cedeu parte do território nacional a organizações criminosas com as quais mantém relações extraoficiais baseadas em negociações similares aos acordos e negociações entre Estados soberanos.

Para um país de Terceiro Mundo essa é uma situação bastante normal, e por essa mesma razão a autoimagem favorita dos brasileiros permite que o eleitorado e o governo permaneçam deliberadamente cegos quando se trata da violência interna factualmente tolerada. Essa situação será um perigo real que impedirá centenas de milhares de espectadores de virem ao Brasil para os megaeventos atléticos? Não creio. Prevejo e espero que a indústria de turismo nacional consiga efetivamente produzir a enorme receita que já está prevendo. Isso porque o presidente Lula e seus ministros estão provavelmente corretos quando apontam para os Jogos Pan-Americanos no Rio, há dois anos, quando essas favelas de alto risco foram temporariamente ocupadas - mantidas calmas com sucesso - por forças militares. Ninguém perguntou, é claro, o que a ocupação significava para a grande maioria daqueles habitantes de favela que não estão envolvidos no crime organizado.

Além dessa questão, a de quem está realmente pagando o preço existencial para o Brasil estar na berlinda internacional, há uma outra questão mais simbólica. Durante os séculos da Antiguidade grega e romana, os dias dos Jogos Pan-Helênicos - sobretudo, os dias dos Jogos de Olímpia - eram dias sagrados, dias de trégua geral. A comunidade internacional retornou a essa antiga condição quando suspendeu os Jogos Olímpicos durante a 1ª Guerra Mundial e a 2ª Guerra Mundial, isto é, em 1916, 1940 e 1944. Hoje, essas guerras entre nações se tornaram muito improváveis, por mais que ainda possamos temê-las. Imaginar guerras entre Rússia e Estados Unidos, Estados Unidos e República Popular da China, ou, mais realisticamente, entre Irã e Israel, ainda podem ser pesadelos para nós - mas há instituições poderosas, razões poderosas e, sobretudo, transformações poderosas nos enquadramentos políticos de nossa mente que tornam esses confrontos improváveis. As guerras constantes de hoje não são guerras entre nações, não são guerras que podem ser "declaradas" a um inimigo visível. Elas são antes conflitos permanentes ou entre organizações terroristas e a comunidade internacional de nações ou entre o crime organizado e autoridades de Estados individuais. Se levássemos a sério essa mudança profunda da "guerra" como um fenômeno, a possibilidade de realizar Jogos Olímpicos seria suspensa permanentemente.

Assim, embora o Brasil, de conformidade com sua autoimagem preferida de país do Terceiro Mundo, seja perfeitamente capaz de organizar megaeventos atléticos altamente lucrativos - paralisando temporariamente a guerra interna com o crime organizado -, o verdadeiro desafio seria essa nação tentar e conseguir um autêntico status de Primeiro Mundo mediante o abandono de qualquer política de tolerância. Mais do que à comunidade internacional de turistas de classe média, os políticos brasileiros (em especial aqueles que se afirmam "de esquerda") e a classe média brasileira devem esse esforço à maioria daqueles concidadãos cumpridores da lei que ainda vivem em favelas.

*Professor de literatura na Universidade de Stanford e autor de Elogio da Beleza Atlética (Cia. das Letras)


http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,terceiro-mundo-quando-convem,456051,0.htm

AÇÃO AFIRMATIVA É necessária uma nova Abolição?

Observatório da Imprensa.

AÇÃO AFIRMATIVA
É necessária uma nova Abolição?

Por Muniz Sodré em 27/10/2009

Há uma questão atravessada na garganta de grupos empenhados na defesa das políticas afirmativas da cidadania negra. Trata-se de saber por que os jornalões (nome talvez mais palatável do que "grande mídia impressa") brasileiros não dão voz alguma a quem se manifesta favorável a medidas como a instituição das cotas ou ao Estatuto da Igualdade Racial. Como bem se sabe, esses jornais vêm dando largo espaço a jornalistas e intelectuais decididos a demonstrar que as ações afirmativas constituem uma nova forma de racismo, já que raça não existe e, ademais, como a população brasileira é predominantemente miscigenada, todos os nossos concidadãos teriam a sua cota de negritude. Logo, não faria qualquer sentido ficar procurando saber quem é negro ou branco para proteger o primeiro.

Foi essa a questão debatida nos dias 14 e 15 de outubro, durante o seminário "Comunicação e Ação Afirmativa: o papel da mídia no debate sobre igualdade racial", realizado na Associação Brasileira de Imprensa por entidades como Comdedine, Cojira e Seppir. É bem sabido que há vozes discordantes das opiniões oficiais dos jornalões, por parte de jornalistas de peso, alguns dos quais pertencentes aos quadros desses mesmos jornais. É o caso de Elio Gaspari, Miriam Leitão e Ancelmo Gois. Estes dois últimos, aliás, foram palestrantes no seminário.

Uma instituição retrógrada

Na mesa sobre "a responsabilidade social da mídia e o debate sobre raça" – que dividi com a jornalista Márcia Neder, da revista Claudia –, comecei afirmando que há certas visibilidades que nos cegam. O sol, por exemplo, se tornado excessivamente visível (olhado de frente), nos impede de enxergar. Mas há também objetos sociais que, se tornados visíveis demais, podem bloquear a visão de quem antes acreditava ver. Parece-me ser este o dilema da cor, do fenótipo escuro, na atualidade brasileira, onde vislumbro um caso de cegueira cognitiva.

De fato, a questão vem sendo tratada como ser pró ou contra o racialismo. A maioria dos favoráveis a propostas como o Estatuto da Igualdade Racial, cotas para universitários etc., lastreia os seus argumentos com as razões do anti-racismo; os desfavoráveis, embora reconhecendo a existência episódica e anacrônica de incidentes racistas, tentam fazer crer que vivemos no melhor dos mundos em termos de conciliação das diferenças étnicas e que seria, portanto, um retrocesso civilizatório racializar a população. Curioso é que esses mesmos argumentos desfavoráveis, sem que seus autores se dêem conta, são racialistas em última análise, ao apelarem para as noções de miscigenação biológica.

Por outro lado, de modo geral, todos se habituaram a pensar na escravidão ora como uma mácula humanitária, ora como um anacronismo, uma instituição retrógrada na história do progresso. Vale, entretanto, apresentar uma opinião de outro matiz, a de Alberto Torres, autor de O Problema Nacional Brasileiro. Foi um dos grandes explicadores do Brasil entre o final do século 19 e início do 20.

A saudade do escravo

Conservador em termos sociais (refratário à urbanização e à industrialização), propugnador de uma República autoritária, Torres revela-se, entretanto, interessante em termos metodológicos e teóricos. Diz em seu livro que "a escravidão foi uma das poucas coisas com visos de organização que este país jamais possuiu. (...) Social e economicamente, a escravidão deu-nos, por longos anos, todo o esforço e toda a ordem que então possuíamos e fundou toda a produção material que ainda temos".

Torres era, insisto, autoritário e conservador. Gerou epígonos como Oliveira Vianna, esse mesmo que chegou a justificar em sua obra o extermínio do "íncola inútil", isto é, do habitante das regiões empobrecidas do país. Era, entretanto, um conservador diferente: discordava das teses sobre a inferioridade racial do brasileiro, não era racista. Sua frase sobre a escravidão é algo a ser ponderado, principalmente quando cotejada com o dito de Joaquim Nabuco: "A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil. (...) Ela envolveu-me como uma carícia muda toda a minha infância" (Minha Formação).

É célebre essa passagem sobre a memória afetiva da escravidão – a saudade do escravo. Ela é a superfície psicológica do fato histórico-econômico de que as bases da organização nacional foram dadas pelo escravismo. Por isso, vale perguntar que apreensão os brasileiros fazem desse fato, pouco mais de um século depois da Abolição.

Perpétuos cães de guarda

Alguns pontos devem ser considerados:

1. A palavra "apreensão" não diz respeito a concepções intelectuais, e sim, à incorporação emocional ou afetiva do fenômeno em questão. No interior de uma forma social determinada, nós apreendemos por consciência e por hábito o seu ethos, isto é, a sua atmosfera sensível que nos diz, desde a nossa mais tenra infância, o que aceitar e o que rejeitar.

2. A reinterpretação afetiva da "saudade do escravo", que envolve (a) as relações com empregadas domésticas e babás (sucedâneas das amas-de-leite); (b) o afrodescendente como objeto de ciência (para sociólogos e antropólogos); (c) imagens pasteurizadas da cidadania negra na mídia.

Diferentemente da discriminação do Outro ou do racismo puro e simples, a saudade do escravo é algo que se inscreve na forma social predominante como um padrão subconsciente, sem justificativas racionais ou doutrinárias, mas como o sentimento – decorrente de uma forma social ainda não isenta do escravagismo – de que os lugares do socius já foram ancestralmente distribuídos. Cada macaco em seu galho: eu aqui, o outro ali. A cor clara é, desde o nascimento, uma vantagem patrimonial que não deve ser deslocada. Por que mexer com o que se eterniza como natureza?

Nada, portanto, da velha grosseria racista, da velha sentença de "pão, pano e pau" proferida pelo padre Antonil a propósito dos negros. Não há mais lugar histórico para o "pau" desde a Abolição, ou melhor, desde a Lei Caó. O argumento explicitamente racista não leva ninguém a lugar algum no império das tecnologias do self incrementadas pelo mercado e pela mídia.

Mas é imperativo para o senso comum da direita social que as posições adrede fixadas não se subvertam. O escravismo é mais uma lógica do lugar do que do sentido. É dele que, de fato, têm saudade os que acham um escândalo racial proteger as vítimas históricas da dominação racial. E os jornalões, intelectuais coletivos das classes dirigentes, não fazem mais do que assim se confirmarem ao lhes darem voz exclusiva em seus editoriais e em suas páginas privilegiadas, ao se perpetuarem como cães de guarda da retaguarda escravista. É oportuno prestar atenção à letra da canção de Cartola ("Autonomia") em que ele afirma a necessidade de "uma nova Abolição".

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=561CID001


domingo, 25 de outubro de 2009

O dia 27 de outubro, Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra

O dia 27 de outubro, Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra
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Noticias de Saúde

Fonte: Sociedade Oasis -

saude-populacao-negraO dia 27 de outubro, Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra, marca o compromisso que temos na implementação de ações que reduzam as desigualdades no acesso aos serviços de saúde e nos índices de doenças da população negra.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem olhado com atenção esse tema.


Em 2004, criou um comitê técnico para discussão sobre o assunto, que logo conseguiu a ampliação do tratamento da anemia falciforme, uma doença genética freqüente nesta população.


No fim do ano passado, foi aprovada a Política Nacional de Saúde da População Negra. O novo texto é um marco para o atendimento à saúde da população negra. Por meio dele, o governo federal reconhece a existência do racismo institucional e a desigualdade étnico-racial.

Pronunciamento do Ministro da Saúde -José Gomes Temporão

Doença falciforme, hipertensão arterial, diabete mellitus, miomas uterinos, glaucoma, deficiência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase são doenças com maior incidência nas pessoas negras. O quadro de saúde da população negra é agravado em razão da pobreza crônica vivida pelas pessoas negras e do racismo camuflado existente no Brasil. Assim mulheres e homens negros adoecem mais e morrem mais em todas as idades.


Doença Falciforme

Descoberta há cerca de 95 anos, a doença falciforme continua sendo desconhecida da grande maioria da população. É uma doença hereditária: pode ser passada dos pais para os (as) filhos(as). Uma das características é a anemia crônica.

Uma das conseqüências da doença é o atraso da entrada na puberdade, ou seja, a primeira menstruação tende a ocorrer mais tarde do (por volta dos 16 anos de idade). Mulheres falcêmicas também apresentam gravidez de alto risco, com maiores chances de complicações na hora do parto.

Para aquelas que não têm a opção de usar métodos anticoncepcionais mais apropriados, alternativa são, fazer uso do preservativo masculino ou feminino a cada relação ou substituir a pílula por um anticoncepcional injetável, o que pode levar à diminuição do fluxo menstrual. Mesmo sendo portadora de doença falciforme, engravidar é um direito da mulher e somente ela poderá decidir se deseja ou não ter um(a) filho(a), após ser informada quanto aos cuidados com seu corpo durante a gestação e que pode ter uma criança falcêmica.

Miomas Uterinos

São tumores que se formam no útero, mas que não se espalham para outras regiões do corpo e podem ocorrer em 20% das mulheres entre a primeira menstruação e a menopausa. As mulheres negras apresentam mais chances de desenvolver a doença, que pode aparecer a partir dos 25 anos de idade. Os sintomas mais comuns são perda de sangue, dores pélvicas e alterações no peso. O tratamento pode ser cirúrgico, retirando-se somente o mioma (miomectomia) ou todo o útero (histerectomia). Depois da retirada do útero, a mulher pode passar a ter ondas de calor, ressecamento da vagina, flacidez das mamas e a chance de ter osteoporose também aumenta.

Mortalidade Materna

É a morte de uma mulher durante a gravidez, parto ou durante aborto espontâneo ou provado até 42 dias após o final da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez. A mortalidade materna tardia é aquela que ocorre depois dos 42 dias do parto até um ano após o fim da gravidez.

Vários fatores expõem as mulheres negras à mortalidade materna: pressão alta, falta de profissionais de saúde com capacidade de atender às especificidades da saúde da mulher negra. A taxa de mortalidade materna entre as mulheres negras é seis vezes maior do que entre as brancas.

Tratamento desigual durante a gravidez

Alguns números demonstram o tratamento diferenciado às mulheres negras e brancas durante a gestação. De cada 100 mulheres negras, 30 procuram mais de um hospital para realizar o pré-natal, enquanto esta taxa cai para 18, entre as mulheres brancas. De cada 100 mulheres negras, 12 não receberam anestesia na hora do parto. Este número diminui para 7 entre as mulheres brancas.

As doenças citadas, aliadas ao descaso do poder público e às condições precárias de moradia e de vida têm agravado a saúde da população negra, cujo quadro deve mudar quando o Estado reconhecer que todos (as) têm direito à saúde, respeitando a diversidade entre povos e regiões.

Jornalista alemão se veste de negro e descreve o racismo na Alemanha em filme

Jornalista alemão se veste de negro e descreve o racismo na Alemanha em filme

Por UOL
O jornalista alemão Günter Wallraff realizou muita coisa na sua carreira. Ele revelou à população alemã como os chamados "trabalhadores hóspedes", imigrantes da Turquia, da Grécia, da Itália, da Espanha e de outros países que vieram para cá nas décadas de 50 e 60 e ficaram, são discriminados neste país. Ele revelou também os métodos de trabalho questionáveis do "Bild", o jornal tabloide mais vendido da Alemanha, e como os funcionários de centros de chamadas telefônicas são explorados. O seu projeto mais recente parece ser também o mais nobre. "Quero descobrir como é ser negro na Alemanha." O projeto envolve um livro, "Aus der schönen neuen Welt" ("Saído do Belo Novo Mundo"), e um filme, "Schwarz auf Weiss" ("Preto no Branco"), que será lançado em cinemas da Alemanha nesta quinta-feira (22/10). Para as filmagens, Wallraff fez com que um profissional o cobrisse de maquiagem marrom-escura, usou lentes de contato castanhas e uma peruca afro. Depois, usando o pseudônimo Kwami Ogonno, ele faz uma viagem pela Alemanha. O filme revela o grau assustador do racismo, tanto o explícito quanto o latente, na Alemanha. Quando ele vai a festivais, as pessoas recusam-se a tomar cerveja no mesmo banco em que ele se encontra. Proprietários de imóveis recusam-se a
alugar apartamentos para ele. As pessoas não parecem fazer cerimônia em chamá-lo pela palavra pejorativa alemã equivalente a "preto". E hooligans no leste da Alemanha chegam a ameaçá-lo com violência física.



http://zumptv.blogspot.com/2009/10/jornalista-alemao-se-veste-de-negro-e.html