domingo, 12 de junho de 2011

40 anos depois, Itapuã de Vinícius se perde entre barulho e violência

40 anos depois, Itapuã de Vinícius se perde entre barulho e violência

Bairro imortalizado em música de 1971 é o mais barulhento de Salvador em 2011

Thiago Guimarães, iG Bahia 12/06/2011 07:00
Texto:
Se existe um bairro onde carros de som não têm lei é aqui em Itapuã. E as pessoas têm que ficar caladas, senão apanham", diz morador
Passar uma tarde em Itapuã não é mais um programa tranqüilo como cantaram Vinícius de Moraes e Toquinho. O bairro é o mais barulhento de Salvador em 2011, com 581 reclamações de poluição sonora de janeiro a maio. 
Quarenta anos depois da canção que imortalizou Itapuã como lugar sereno e de natureza exuberante, a urbanização acelerada pôs fim ao romantismo do bairro, que nasceu como colônia de pescadores, a 20 km do centro de Salvador.
Foto: Thiago Guimarães/iG
Praia de Itapuã na região do farol
Itapuã hoje padece de problemas estruturais como saneamento precário, violência e barulho. Dados da Prefeitura de Salvador mostram que o bairro lidera o ranking da poluição sonora na cidade em 2011, subindo na lista após um terceiro lugar no ano anterior, quando registrou 1.243 queixas de barulho. Reclamações de excesso de som de carros, residências e bares somam 80% dos casos.
“Se existe um bairro onde carros de som não têm lei é aqui em Itapuã. E as pessoas têm que ficar caladas, senão apanham”, afirma o filósofo Raimundo Gonçalves, 53 anos, líder comunitário no bairro. A Prefeitura de Salvador se defende e diz que coíbe a poluição sonora.
Foto: AEAmpliar
"De Vinícius de Moraes (na foto acima) em Itapoã só sobraram a praça e a casa”, diz morador
A jornalista Tereza Machado, 32 dos 58 anos vividos em Itapuã, também critica a falta de tranqüilidade no bairro. “Nem dia de missa respeitam. O pároco já fez diversas reclamações”, disse.
Pontos turísticos de Itapuã refletem os problemas do bairro. A praia na altura do farol de Itapuã, onde fica a praça Vinícius de Moraes, fica tomada por carros com som alto aos finais de semana. A lagoa do Abaeté, um dos principais cartões-postais do bairro e da cidade, já é conhecida pela degradação ambiental e pela falta de segurança – o risco de assalto nas dunas é apontado até em placas no local.
Estatísticas criminais caracterizam Itapuã como um dos bairros mais perigosos de Salvador. Em abril deste ano, por exemplo, a 20ª AISP (Área Integrada de Segurança Pública), que engloba Itapuã, liderou o ranking na cidade em roubos de veículos (69 casos), furtos de veículos (20) e estupros (nove). Ficou ainda em terceiro lugar em homicídios dolosos, com 16 casos.
No dia 4 de junho, um sábado, um policial militar matou um auxiliar de despachante de 24 anos à luz do dia na praia do bairro. O corpo ficou estendido na areia. Testemunhas disseram que o PM, que foi preso, cheirava cocaína em um revólver e importunava mulheres quando se irritou com o pedido de moderação feito pelo rapaz.
A fama de bairro inseguro é corrente entre moradores de Salvador a ponto de ter ensejado uma adaptação local para a letra de Vinícius: “Passar perrengue (dificuldade) em Itapuã, ser assaltado em Itapuã”, é um trecho da paródia.
“De Vinícius em Itapoã só sobraram a praça e a casa”, diz o taxista Pedro Paulo de Menezes, 39 anos, nove no bairro. E até a casa que foi do poeta em Itapuã perdeu o romantismo – construída em 1974, hoje faz parte de um hotel e só pode ser visitada por hóspedes que podem pagar R$ 230 pela diária em um dos quartos.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Festa na Universidade de Brasília cria polêmica na web


10/06/2011 22h49 - Atualizado em 10/06/2011 23h12

Festa na Universidade de Brasília cria polêmica na web

Nome da festa trazia palavrão, mas foi alterado por organizadores.
Evento foi mantido, mas desfile de garotas foi cancelado após repercussão.

Do G1 DF
Uma festa realizada pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) criou polêmica na internet na tarde desta sexta-feira (10). O evento foi nomeado "Happy Hour - Noite da Xoxota Louca". Depois da repercussão, os estudantes renomearam a festa para "Happy Hour da FAU".

Segundo os organizadores, o nome original do evento fazia referência a um vídeo que ficou famoso na rede, que mostra uma festa com nome semelhante realizada no Maranhão. Depois da polêmica, os organizadores Assim como o evento registrado no vídeo, a festa da UnB contaria com um desfile de garotas, em que seriam escolhidas a rainha e a princesa do evento.
Alguns professores da universidade, no entanto, consideraram o nome ofensivo. O professor Marcelo Hermes disse  ter recebido a informação sobre a festa de uma aluna, filha de um colega, que teria criticado a realização do evento. Em seu blog, Hermes chegou a dizer "ter vergonha de ser professor" da universidade.
O prefeito do campus, Paulo Cesar Marques, disse que, a princípio, não via problemas na realização do evento. Segundo ele, a festa foi autorizada pela direção da faculdade, que tem autonomia para isso.

"A administração superior da universidade não tem o que falar sobre isso, a menos que ocorram danos ao patrimônio ou atividades fora que quebrem as regras", disse.
Segundo o prefeito, seguranças da UnB vão acompanhar o evento e relatar se houver algum excesso. Quanto à venda de bebidas alcoólicas anunciada na festa, o que é proibido dentro da universidade, o prefeito não soube informar se constava da autorização dada pela direção. O G1 tentou contato com a direção da faculdade, mas ninguém atendeu as ligações.
Marques descartou também que o evento possa prejudicar, de alguma forma, a realização do vestibular da universidade, cujas provas começam neste sábado (11). "O evento desta noite não tem como afetar. Não tem nem previsão de realização de prova na área programada", afirmou.
Mudança do nome
A repercussão acabou levando a mudanças. Os organizadores disseram na página da festa no Facebook que alguns professores se queixaram do evento e, por isso, o nome foi alterado, e o desfile, cancelado. Também foi anunciada uma campanha de arrecadação de agasalhos. Um dos organizadores disse que a mudança foi realizada para evitar problemas e proibições de futuros eventos.
Segundo o texto divulgado, "a infeliz escolha do tema foi inocente e motivada por um vídeo de grande audiência na internet de uma festa homônima. Em momento nenhum, nós, estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, histórica combatente das opressões, influente e reconhecida na sociedade brasileira, desejávamos agir de modo a promover o machismo ou misoginia".
Muitas das mais de 2 mil pessoas que confirmavam presença no evento, marcado para começar após as 22h desta sexta, criticaram a mudança, que consideraram exagerada.

"Acabam com as festas e não arrumam os postes, a falta de estacionamento, as crateras no chão. Como se as festas fossem os maiores problemas da universidade", disse um estudante. "Não entendi, sinceramente, o apelo machista. São situações como esta, que acabam desacreditando o movimento", disse outra aluna da universidade.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

STF concede liberdade a Cesare Battisti

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Quarta-feira, 08 de junho de 2011
STF concede liberdade a Cesare Battisti
Por 6 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na noite desta quarta-feira (8), que o italiano Cesare Battisti deverá ser solto. Ao proclamar o resultado do julgamento, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, afirmou que o italiano somente poderá ser libertado se não estiver preso por outro motivo. Battisti responde a uma ação penal no Brasil por uso de documento falso.
Para a maioria dos ministros, a decisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva de negar a extradição de Battisti para a Itália é um “ato de soberania nacional” que não pode ser revisto pelo Supremo. Esse foi o entendimento dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia Antunes Rocha, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Ayres Britto e Marco Aurélio.
“O que está em jogo aqui é um ato de soberania do presidente da República. A República italiana litigou contra a República Federativa do Brasil”, reafirmou o ministro Fux, que já havia expressado o mesmo entendimento ao votar pelo não conhecimento da reclamação ajuizada pelo governo da Itália para cassar o ato do ex-presidente Lula.
Para a ministra Cármen Lúcia, uma vez não conhecida a reclamação do governo italiano, o ato do ex-presidente permanece hígido. “Considero que o caso é de soltura do então extraditando”, disse. Ela acrescentou que o ex-presidente, ao acolher os fundamentos de parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) para negar a extradição, não estava vinculado à decisão do Supremo, que autorizou a extradição.
O ministro Ricardo Lewandowski afirmou que, quando analisou o pedido de extradição, em novembro de 2009, se convenceu que Cesare Battisti foi condenado por cometer crimes contra a vida. “Mas neste momento não é essa a questão que está em jogo”, ressaltou. Para Lewandowski, o ato do ex-presidente da República ao negar a extradição é uma verdadeira razão de Estado. “Entendo que o presidente da República praticou um ato político, um ato de governo, que se caracteriza pela mais ampla discricionariedade”, concluiu.
O ministro Joaquim Barbosa concordou. “Se o presidente assim o fez (negou a extradição) e o fez motivadamente, acabou o processo de extradição”, disse. Ele acrescentou que, como magistrado do Supremo, não tem outra alternativa a não ser determinar a imediata expedição do alvará de soltura de Battisti.
De acordo com o ministro Ayres Britto, cabe ao Supremo autorizar ou não o pedido de extradição. “O papel do STF é entrar nesse circuito extradicional para fazer prevalecer os direitos humanos para certificar que o pedido está devidamente instruído”, ressaltou. Ainda segundo ele, não é possível afirmar que o presidente descumpriu o tratado firmado entre Brasil e Itália.
Ayres Britto defendeu que o tratado “prima pela adoção de critérios subjetivos” ao vedar a extradição em caso de existirem razões ponderáveis para se supor que o extraditando poderá ter sua condição pessoal agravada se for extraditado. Foi exatamente esse o argumento utilizado no parecer da AGU, e acolhido pelo ex-presidente Lula, ao opinar contra o envio de Cesare Battisti à Itália.
O ministro acrescentou que “tratado é um ato de soberania” e que o controle do ato do ex-presidente da República, no caso, deve ser feito pelo Congresso Nacional, no plano interno, e pela comunidade internacional, no plano externo.
O ministro Marco Aurélio uniu-se à maioria que já estava formada ao afirmar: “Voto no sentido da expedição imediata, que já tarda, do alvará de soltura”.
Divergência
Os ministros Gilmar Mendes (relator do processo), Ellen Gracie e Cezar Peluso votaram no sentido de cassar o ato do ex-presidente da República e determinar o envio de Cesare Battisti para a Itália. “O senhor Presidente da República, neste caso, descumpriu a lei e a decisão do Supremo Tribunal Federal", concluiu o ministro Cezar Peluso, que finalizou seu voto por volta das 21h desta quarta-feira.
Antes, em longo voto, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o ex-presidente da República negou a extradição de Battisti com base em argumentos rechaçados pelo Supremo em novembro de 2009, quando o pedido do governo italiano foi autorizado. Ele acrescentou que o Estado brasileiro, na pessoa do presidente da República, é obrigado a cumprir o tratado de extradição e que um eventual descumprimento deveria sim ser analisado pelo Supremo.
“No Estado de Direito, nem o presidente da República é soberano. Tem que agir nos termos da lei, respeitando os tratados internacionais”, afirmou. “Não se conhece, na história do país, nenhum caso, nem mesmo no regime militar, em que o presidente da República deixou de cumprir decisão de extradição deste Supremo Tribunal Federal”, observou. Para ele, o entendimento desta noite caracteriza uma “ação rescisória da decisão do Supremo em processo de extradição”.
Na mesma linha, a ministra Ellen Gracie concordou que o ato do ex-presidente da República está sujeito ao controle jurisdicional como qualquer outro ato administrativo. Ela ressaltou a necessidade do sistema de “pesos e contrapesos” e “formas de revisão e reanálise” dos atos de um Poder da República pelo outro.
“Li e reli o parecer oferecido pela AGU ao presidente e ali não encontrei menção a qualquer razão ponderável, qualquer indício que nos levasse à conclusão de que o extraditando fosse ser submetido a condições desumanas (se enviado à Itália)”, ressaltou. A ministra observou que o tratado é a lei entre as nações e que sua observância garante a paz. “Soberania o Brasil exerce quando cumpre os tratados, não quando os descumpre”, concluiu.
RR/CG,AD

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Angela Merkel diz que multiculturalismo alemão fracassou

Angela Merkel diz que multiculturalismo alemão fracassou

16/10/2010 | 18:13 | G1/GLOBO.COM

A tentativa da Alemanha de criar uma sociedade multicultural "fracassou completamente", disse a chanceler alemã Angela Merkel neste sábado (16), esquentando ainda mais os debates sobre imigração e Islã que tem dividido seu partido conservador.
Falando em uma reunião de jovens membros do seu partido Democratas Cristãos (CDU), Merkel disse que permitir que pessoas de origens culturais diferentes vivam lado a lado sem integrá-las não funcionou em um país que é o lar de quatro milhões de muçulmanos.
"Essa abordagem (multicultural) fracassou, fracassou completamente", disse Merkel durante encontro em Potsdam, no sul de Berlim.
Merkel está sendo pressionada pelo CDU a tomar uma posição mais dura com os imigrantes que não se mostrarem dispostos a se adaptar à sociedade alemã, e suas declarações pareciam ter a intenção de apaziguar seus críticos.
Ela disse que muito pouco havia sido exigido dos imigrantes no passado e repetiu seu discurso habitual de que eles precisam aprender alemão para poder estudar e ter melhores oportunidades no mercado de trabalho.
O debate sobre estrangeiros na Alemanha foi afetado pela publicação de um livro do ex-membro do banco central Thilo Sarrazin que acusa imigrantes muçulmanos de terem reduzido o nível de inteligência da sociedade alemã.
Sarrazin foi criticado por suas posições e retirado do Bundesbank, mas seu livro se revelou bastante popular e sondagens mostraram que a maioria dos alemães concordavam com o cerne de seus argumentos.
Merkel tem tentado acomodar os dois lados do debate, com um discurso duro em torno da integração, mas também dizendo aos alemães que eles precisam aceitar que as mesquitas se tornaram parte do cenário do país.