Chico de Oliveira: 'Reforma política é perfumaria'
Ao iG, sociólogo e ex-petista diz haver crise de representatividade dos partidos em todo o mundo, mas diz que reforma não resolve
Nara Alves e Ricardo Galhardo, iG São Paulo | 09/02/2011 08:00
Compartilhar: Ex-petista e ex-colaborador direto do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, o sociólogo Chico Oliveira, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), foi um dos primeiros intelectuais de esquerda a se desencantar com o governo petista, ainda nos primeiros meses de 2003.
Agora Oliveira, que disse usar o pessimismo como metodologia de trabalho, demonstra o mesmo desalento com uma das principais bandeiras deste início de governo Dilma Rousseff, a reforma política. “É perfumaria, coisa de quem não tem o que fazer”, disse. Para Oliveira, não há como consertar com um pacote de leis a cultura política forjada em séculos de desmandos e corrupção. “É preciso uma longa sedimentação”, afirmou.
Leia os principais trechos da entrevista concedida por Oliveira ao iG no hall do prédio onde mora, no bairro da Lapa, na capital paulista.
iG – O senhor acha que a reforma política vai resolver alguma coisa?
Chico de Oliveira – Reforma política é perfumaria, é assunto de quem não tem o que fazer. A única coisa de política que precisaria ser recuperada é a representatividade dos partidos, mas isso não depende de uma reforma. As experiências que existem de voto distrital em países do tamanho do Brasil são um desastre. Você perde representatividade porque o Brasil é um país que você tem que envolver a política pelos grandes temas, não pelos pequenos. Para os pequenos você já tem o vereador, deputado estadual.
iG – E como recuperar a representatividade dos partidos?
Chico - Essa representatividade está em crise no mundo todo. No Brasil, isso é evidente. O que é o PMDB? É um partido da burguesia? Não, não é. A não ser que essa burguesia seja tão vagabunda que seu representante seja o Sarney. Mas isso não é verdade. O PSDB tentou ser um partido diferente. Era uma promessa de um partido laico, não ideológico, republicano. Deu em nada. O PT é uma mistura hoje muito mal definida porque o poder faz isso com todos os partidos de esquerda que chegam ao poder.
iG – Essa onda conservadora que surgiu no final do primeiro turno da campanha presidencial é um sintoma de que os partidos hoje perderam representatividade?
Chico – Sim, mas isso não tem conserto por reforma política. Há um movimento das classes sociais que desestruturou os partidos. O PSDB pensava que ia surgir uma nova burguesia e que seria o melhor representante delas. Surgiu? Não. Surgiram grupos econômicos muito fortes, mas isso não se transporta para a política. O PSDB é um personagem em busca de autor. O FHC é um quadro excelente, um dos mais preparados, mas é trágico hoje.
Foto: Agência Estado
Para Chico de Oliveira, tese de que há nova classe média no Brasil é apenas
iG – O surgimento dessa nova classe média tende a aprofundar o abismo entre os partidos e a sociedade?
Chico – Isso não é uma nova classe média, é propaganda do governo em que vocês da imprensa acreditam. Uma classe social não é isso, é uma coisa muito mais complexa. O que você tem é um movimento de crescimento capitalista num ciclo muito favorável. Não virou classe média nenhuma. Tem signos do consumo que todo mundo atribui à classe média, mas é falso.
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iG – E o que falta para essas pessoas que agora têm acesso a esses 'signos de consumo' para se transformarem nessa nova classe média?
Chico – Muita coisa. Você está lidando com estratificações econômicas, e não políticas. Uma classe social é um longo processo. Exige uma mesma situação econômica, quadros, ideologia – que não precisa ser radical. Você se sente parte, com uma experiência comum de classe, ou seja, passar pelas mesmas situações.
iG – Primeiro a sociedade deve se reestruturar em classes políticas para depois resolver a questão da representatividade dos partidos?
Chico – É preciso uma longa sedimentação. Isso você não assenta nem por decreto, nem por reforma política. É um longo processo, se houver. Provavelmente não haverá essa reconfiguração da sociedade de forma que se transporte para a política. Em outras palavras, o sistema partidário tende a ser cada vez mais um sistema que alguns chamam de “partido ônibus”, que é uma tentativa de sair à disputa de voto como um mercado.
iG – E a questão ética?
Chico - Ética você não injeta em ninguém como penicilina. Na nossa formação histórica o Estado veio antes da sociedade. Portugal transplantou para cá os instrumentos jurídicos de um país semi-feudal. Para reconhecer qualquer coisa você precisa ir a um cartório. As regulações vêm de cima. É muito difícil numa cultura desse tipo criar o sentimento cívico de que o Estado é você que faz.
iG – O senhor é favorável ao financiamento público de campanha?
Chico – É uma das únicas coisas da reforma política que é necessária, para democratizar a disputa política. Mas é a única. Por exemplo, reduzir o número de partidos é brincadeira, é antidemocrático. Tem muito partido de aluguel, e haverá outros. As coisas da sociedade se reproduzem no interior do partido.
iG – O voto em lista fechada tem sido defendido pelo PT como uma forma de possibilitar o financiamento público.
Chico - Acho a lista profundamente antidemocrática. Será um instrumento para fechar de vez o sistema político porque transforma os que estão eleitos numa oligarquia. Não dá para você penetrar num sistema desses.
iG – Então é melhor manter o sistema como está?
Chico – É melhor. Não tem como quebrar essa cadeia da eleição. Todos os sistemas políticos são corruptos. Isso não é conformismo. Quando você tenta cercar o sistema com regras, pode dar num autoritarismo miserável, que é a experiência da ditadura militar, ou pode dar numa oligarquizarão total dos partidos. Deixa o sistema correr.
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/chico+de+oliveira+reforma+politica+e+perfumaria/n1237994025119.html
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Entrevista: Nova classe média é propaganda de governo", diz ex-aliado de Lula - Chico de Oliveira: 'Reforma política é perfumaria'
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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Independência do Sudão do Sul é aprovada com 98,83% dos votos
Independência do Sudão do Sul é aprovada com 98,83% dos votos
Separação do país africano foi definida em referendo em 9 de janeiro.
Mais cedo, o presidente do Sudão havia anunciado que acataria a decisão.
Postado por LUIZ FERNANDO MARTINS DA SILVA às 06:13 0 comentários
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Secretário do Tesouro dos EUA participou de encontro na FGV - Desafios do Brasil serão parecidos com os dos EUA, diz Geithner
07/02/2011 11h50 - Atualizado em 07/02/2011 13h05
Desafios do Brasil serão parecidos com os dos EUA, diz Geithner
Secretário do Tesouro dos EUA participou de encontro na FGV, em SP.
Para ele, economia brasileira tem mais força que a de outros países.
Do G1, em São Paulo
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, afirmou nesta segunda-feira (7), em evento em São Paulo, que a intenção dos EUA é preparar as bases para uma relação mais forte com o Brasil. Geithner participou de encontro com estudantes da Fundação Getulio Vargas, em visita preparatória à chegada do presidente Barack Obama ao Brasil, em março.
Secretário do Tesouro dos Estados Unidos participa de evento na manhã desta segunda-feira (7) em São Paulo. (Foto: Hélvio Romero/Agência Estado)
“A economia do Brasil tem mais força e é mais diversificada do que em qualquer outro país. Vocês já passaram por vários desafios e agora estão mais preparados para enfrentar novos desafios no futuro. Os desafios que vocês deverão enfrentar são parecidos com os nossos”, afirmou.
Entre os pontos fundamentais para que as economias mundiais cresçam, em especial Brasil e Estados Unidos, estão o fortalecimento do setor privado, a manutenção de um comércio justo e e aberto e a atenção voltada a investimentos em inovação, educação e infraestrutura.
"Temos interesses comuns, alinhados. Somos dois países com grande dinamismo econômico, equilíbrio entre mercado e participação do governo", disse. Em discurso, o secretário relembrou que, quando a crise financeira eclodiu, os dois países trabalharam juntos para defender uma estratégia internacional organizada para recuperar o crescimento econômico e reduzir o risco de futuras crises.
"Já superamos em muitas coisas a crise econômica, embora ainda tenhamos desafios. Mas estamos em uma posição favorável e queremos aproveitar esse histórico de cooperação entre os dois países. Temos agora mais otimismo no front econômico."
Durante a palestra, Geithner afirmou que o crescimento econômico tem sido puxado por demanda interna, consumo e investimento e que, para que esse equilíbrio seja sustentável, o Brasil e os Estados Unidos precisam de equiilíbrio da economia global. Geithner elogiu a "liderança excepcional" na condução da economia brasileira pelo último governo e pela gestão do Banco Central, feita pelo ex-presidente da autoridade monetária, Henrique Meirelles, que foi mediador do encontro na FGV. “É bom estar aqui numa época de tanta confiança no país”, afirmou.
Quanto à participação do Brasil nos fóruns econômicos mundias, o secretário disse ser de interesse dos Estados Unidos que o país siga desempenhando um "papel importante". "É importante reconhecer essa grande mudança no equilíbrio entre forças. O Brasil agora tem voz forte." Geithner afirmou que os Estados Unidos ainda trabalham para incluir o Brasil no Conselho de Estabilidade Financeira.
Falando sobre a valorização da moeda brasileira frente ao dólar, Geithner afirmou que “gerenciar fluxo de capital não é uma tarefa fácil. O fato é que é muito difícil usar somente ferramentas de política monetária para combater a inflação, sem colocar mais pressão no câmbio”.
"Se países com grandes superávits agirem para fortalecer a demanda doméstica em suas economias, abrir seus mercados de capital e permitir que suas moedas reflitam fundamentos, conseguiremos veremos mais equilíbrio no fluxo de capital, menos pressão de alta na moeda brasileira e um crescimento mais robusto nas exportações do Brasil", disse ele.
Os compromissos
Antes de participar da plaestra na FGV nesta manhã, o secretário se reuniu com empresários brasileiros. No grupo, estavam executivos de bancos, como André Esteves, do BTG Pactual e Carlos Alberto Vieira, do Safra, e de grandes empresas como Ford, Marcos Oliveira, e Embraer, Frederico Curado.
De acordo com a Embaixada dos EUA, Geithner seguirá nesta tarde para Brasília, onde deverá reunir-se com a presidente Dilma Rousseff e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em nota, a embaixada informou que o secretário terá consultas sobre questões bilaterais e objetivos comuns do G-20, "incluindo os esforços contínuos para promover o crescimento global equilibrado e a reforma da governança dos organismos financeiros internacionais".
http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/02/desafios-do-brasil-serao-parecidos-com-os-dos-eua-diz-geithner.html
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sábado, 5 de fevereiro de 2011
Menina de 14 anos morre em Bangladesh ao receber 80 chibatadas
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Jovem punida por tribunal religioso por 'atos imorais' teria sido estuprada pelo primo, segundo mídia bengali.
Atraídos por gritos de socorro de Hena, moradores locais chegaram a acudir a adolescente. Mofiz Uddine também se dirigiu ao local, juntamente com professores da madrassa (escola de ensinamentos islâmicos) da região.
Postado por LUIZ FERNANDO MARTINS DA SILVA às 17:45 0 comentários
Líder religioso é morto a tiros no Cosme Velho
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Postado por LUIZ FERNANDO MARTINS DA SILVA às 17:41 0 comentários