quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Novo arcebispo de Salvador diz que Dilma tem '100 dias para mostrar a que veio'

12/01/2011 - 19h34

Novo arcebispo de Salvador diz que Dilma tem '100 dias para mostrar a que veio'

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

A partir do final de março, o arcebispo de Florianópolis, dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, 67, comandará a Arquidiocese de Salvador --a mais antiga do Brasil, com 459 anos e cerca de 175 padres e 106 paróquias, segundo o Vaticano.
Prestes a ganhar o título de primaz (dado ao arcebispo da instituição pioneira), diz esperar que a presidente Dilma Rousseff "faça aquilo que prometeu no discurso de posse: que seja a presidente de todos os brasileiros".
JL Cibils-22.jan.2006/Folhapress
Arcebispo de Florianópolis, dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, 67, foi escolhido o novo primaz do Brasil
Arcebispo de Florianópolis, dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, 67, foi escolhido o novo primaz do Brasil
Nomeado nesta quarta-feira (12) pelo papa Bento 16, ele substituirá dom Geraldo Majella Agnelo, 77 --que renunciou em respeito ao direito canônico, com teto de 75 anos para o cargo.
Para dom Murilo, religião e política devem andar no mesmo lado da calçada sem, contudo, tropeçar uma na outra.
Ele diz não ver necessidade em lutar por uma bancada católica no Congresso. Acha legítimo, contudo, que o governo sofra pressão da Igreja, representante "de um grupo significativo [da população] que seria temerário ignorar".
Uma das marcações será em cima de Dilma, que deve governar "acima do partido político" e "em benefício de todos".
"Ela tem direito àquilo que todo governo tem: 100 dias para mostrar a que veio", disse em entrevista à Folha, por telefone.
Para dom Murilo, a presidente deve encarar de frente "desafios [que] ficam um pouco escondidos atrás do ufanismo". "O Brasil não resolveu muitos problemas. Basta olhar para os campos de educação, saúde, moradia. E não é só um presidente que vai resolver tudo."
ELEIÇÕES
O futuro primaz do Brasil criticou o acirramento de ânimos durante a campanha eleitoral, quando a discussão sobre o aborto foi inflacionada na reta final do primeiro turno.
Afirmou que não cabe a um religioso orientar votos em candidato "x" ou "y". Se for para manifestar uma posição, ele diz que o melhor é esperar pelo "consenso" na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), "para evitar uma aparente divisão".
"Prefiro que temas assim [aborto] sejam levados à assembleia. Não é o que o bispo daqui ou o bispo dali pensam. Para isso, justamente, temos a CNBB. Esperar que 300 bispos tenham o mesmo ponto de vista sobre tudo..."
Questionado sobre dom Luiz Gonzaga Bergonzini (Guarulhos), ele voltou atrás e disse que cada religioso sabe o que é melhor para sua arquidiocese.
Nas eleições, dom Luiz não poupou críticas públicas a Dilma, a quem atribuía defesa do aborto, e chegou a chamar o PT de "partido da morte" e da "mentira".
TABUS
Sobre temas espinhosos no último pleito, a visão do novo arcebispo de Salvador se alinha à de praxe na Igreja. Além do aborto, também é alvo de críticas a união homossexual, contrária "ao plano de Deus".
Dom Murilo afirmou que não seria preciso "inventar a pólvora" para condenar o matrimônio entre duas pessoas, pois "o projeto de Deus" exposto na Bíblia já descarta esse tipo de união.
Questionado sobre a competição de outras igrejas, como evangélica e espírita, mensurou que 1/3 dos católicos no Brasil, batizados mas não praticantes, são "presa fácil de qualquer nova proposta filosófica, mistica e religiosa".
MÍDIA E RELIGIÃO
Dom Murilo apontou como a maior falha da Igreja ter ficado para trás nos meios de comunicação.
Caso contrário, disse, aproveitariam um canal mais fluído com a população, sem ter "a voz sufocada" por alguns setores da mídia (não citou veículos específicos) que deturpam a imagem da instituição.
"Ter uma rádio ou TV em primeiro lugar no ibope não é importante, [...] mas diria que a Igreja está muito atrasada nesse campo."
HISTÓRICO
Com 10 livros publicados, dom Murilo é arcebispo de Florianópolis desde 2002.
Segundo a CNBB, ele tem formação em filosofia, teologia e letras. Em Roma, especializou-se em espiritualidade em Roma.
Como bispo, foi auxiliar de Florianópolis (1985-1991), bispo de Ponta Grossa, no Paraná (1991-1997) e arcebispo de Maringá, PR (1997-2002).
http://www1.folha.uol.com.br/poder/859683-novo-arcebispo-de-salvador-diz-que-dilma-tem-100-dias-para-mostrar-a-que-veio.shtml

Painel: Militantes católicos fazem circular dossiê anti-Dilma na interne

13/01/2011 - 07h45

Painel: Militantes católicos fazem circular dossiê anti-Dilma na internet


DE SÃO PAULO

Militantes católicos que pregaram boicote à candidatura da presidente Dilma Rousseff reuniram as declarações de ministros sobre temas como aborto, união civil homossexual e descriminalização das drogas em dossiê no qual pedem a mobilização dos fiéis contra mudanças na lei, informa o "Painel" da Folha, editado interinamente por Ranier Bragon (íntegradisponível para assinantes do jornal e do UOL).
O documento, concebido em Anápolis (GO) e propagado na internet, inclui relato sobre o kit escolar contra a homofobia que havia sido criticado por evangélicos, além de entrevistas dos ministros Iriny Lopes (Políticas para as Mulheres), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e José Eduardo Cardozo (Justiça).



http://www1.folha.uol.com.br/poder/859771-painel-militantes-catolicos-fazem-circular-dossie-anti-dilma-na-internet.shtml

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Livro sobre educação sexual gera polêmica no Paquistão


BBC
11/01/2011 07h34 - Atualizado em 11/01/2011 08h53

Livro sobre educação sexual gera polêmica no Paquistão

Obra escrita por psiquiatra usando frases do Alcorão para ensinar jovens a respeito do sexo foi classificada de pornográfica.

BBC
Livro sobre sexo causou polêmica ao usar frases do Alcorão.Livro sobre sexo causou polêmica ao usar frases
do Alcorão. (Foto: BBC)
Um livro que se propõe a educar jovens muçulmanos sobre o sexo sem desrespeitar a doutrina islâmica está causando polêmica no Paquistão.
A obra, cujo título inglês é "Sex Education for Muslims", (em tradução literal, Educação Sexual para Muçulmanos), foi escrita pelo psiquiatra Mobin Akhtar, de 81 anos.
Os ensinamentos do médico vêm acompanhados de citações do profeta Maomé e do Alcorão.
Akhtar diz que a ausência de discussão sobre sexo no Paquistão teve sérias consequências no país.

"Adolescentes, especialmente meninos, quando alcançam a puberdade, pensam que as mudanças que chegam com a puberdade são algum tipo de doença".Ele contou que decidiu escrever o livro após ter observado o problema no exercício de sua profissão.
"Começam a se masturbar e ouvem que isso é muito perigoso para a saúde, e que é pecaminoso, muito pecaminoso".
O médico disse ter visto casos onde os adolescentes, sem compreender o que estava acontecendo com seus corpos, ficaram deprimidos e até cometeram suicídio.
"Eu próprio passei por essa fase com todas essas preocupações, e não existe ninguém para lhe explicar que não é isso, que essas percepções são errôneas. Somente quando eu entrei para a faculdade de medicina descobri que eu estava enganado".
Akhtar disse que ainda hoje, no Paquistão, muitos médicos não discutem temas sexuais abertamente, e professores e pais acham o assunto constrangedor. Não existe educação sexual em escolas do governo, ele explicou.
Na conservadora cultura paquistanesa, o assunto sexo não é considerado apropriado. Falar sobre o tema é visto como algo que poderia encorajar jovens a se comportar de forma "não islâmica", ele acrescentou.
"Me perguntam quando a educação sexual deveria ser iniciada e eu respondo, assim que a criança puder falar. Elas deveriam aprender os nomes dos genitais da mesma forma como aprendem os nomes das mãos, olhos, orelhas e nariz".
"Quando ficam um pouco maiores e perguntam de onde vem uma criança, você pode responder. Isso não torna a criança sexualmente ativa ou imoral."
Akhtar disse que discutir sexo não é anti-islâmico.
Ele concluiu que a melhor forma de ajudar as pessoas a entender isso seria escrever um livro reunindo educação sexual básica e a perspectiva islâmica sobre o assunto.
Pornografia
"Quando comecei a estudar o que o Alcorão, a lei islâmica e os clérigos tinham a dizer sobre isso, percebi que há muita discussão sobre sexo no Islã. Você ficaria surpreso."
"Existem ditos do profeta Maomé sobre temas sexuais e fontes históricas nos dizem que ele respondeu perguntas detalhadas sobre o assunto, tanto de homens quanto de mulheres."
Entre as citações do Alcorão incluídas no livro de Akhtar está a seguinte: "Você pode ter relações sexuais à noite com suas esposas durante o mês de jejum. Elas são tão íntimas para você como suas próprias roupas, e vice-versa". (Alcorão, Surah Baqra, Verso 187)
Entre vários tópicos, Akhtar aborda os ensinamentos islâmicos sobre masturbação, problemas conjugais e como um homem deve se lavar após ter relações sexuais de forma a ficar limpo o suficiente para fazer suas orações.
Mas muitos paquistaneses acharam o livro do médico desagradável.
Ele tentou reduzir o impacto do título. "Educação Sexual para Muçulmanos" passou a ser "Problemas Especiais para Jovens" na versão em urdu.
Isso, no entanto, não foi suficiente para aplacar alguns.
"Recebi ameaças. Até outros médicos me acusaram de agir como uma ovelha negra, um charlatão."
"Um político de uma província me arrastou ao seu escritório e disse que eu estava encorajando a pornografia. Expliquei que não era nada disso."
Akhtar disse ter encontrado poucas livrarias dispostas a estocar seu livro. E segundo ele, poucos jornais aceitaram publicar anúncios sobre a obra.
"É uma reação muito triste. A ignorância sobre temas sexuais está provocando sofrimento psicológico desnecessário em muitos dos nossos jovens, temos de mudar isso."
"Estou apenas falando em educar as pessoas gradualmente e com sensibilidade."

Jovem de 17 anos conta em livro história dos desfiles de carnaval


11/01/2011 07h00 - Atualizado em 11/01/2011 07h00

Jovem de 17 anos conta em livro história dos desfiles de carnaval

Obra reúne grande pesquisa com lista de campeãs e mais de 40 fotos.
Objetivo é despertar interesse do público pelas escolas de samba.

Aluizio FreireDo G1 RJ
Livro de carnavalLivro reúne grande trabalho de pesquisa sobre a
história dos desfiles de carnaval
(Foto: Chris Martins/ Armazém Comunicação)
Tudo surgiu numa brincadeira em família, em 2007, quando estavam de férias em Teresópolis, na Região Serrana do Rio. Depois de fazer uma enquete sobre a história das escolas de samba, entre amigos e familiares, enquanto assistiam aos desfiles pela TV, João Bastos, na época com 14 anos, recebeu a proposta para que escrevesse um livro sobre o assunto. Ele aceitou o desafio e acaba de lançar “Acadêmicos, unidos e tantas mais”, obra que pretende despertar o interesse dos jovens para a paixão do carnaval.

“O projeto surgiu de uma maneira inusitada, com uma brincadeira. Quando me desafiaram, passei a me aprofundar no assunto, pesquisando os grandes autores. No primeiro ano foi muita leitura e o processo de estruturar o esqueleto do livro”, conta o autor que, hoje, aos 17 anos, que lançou a obra pela Editora Folha Seca.

“O que mais me motivou foi o fato de perceber que enquanto os blocos estavam cada vez mais populares, o público jovem estava se afastando das arquibancadas. Queria reverter isso, despertar o interesse dessas pessoas mostrando a riqueza da história das escolas”, revela.
O livro é uma análise da trajetória das escolas de samba cariocas desde o surgimento na década de 20 até os dias atuais. O trabalho mostra a elaboração de um enredo, como é criado o samba-enredo, os critérios de julgamento e os elementos que compõem um desfile.
Livro de carnavalJoão quer desfilar este ano pela Mangueira
(Foto: Chris Martins/ Armazém Comunicação)
Curiosidades
Ao final, um capítulo com dados diversos sobre os desfiles - lista de campeãs de todos os grupos, vencedores do Estandarte de Ouro e outros concursos - e um anexo com cerca de 40 fotos de carnavais que permanecem na memória popular.

O resultado é um a agradável viagem pela história das primeiras manifestações carnavalescas da cidade. Dos entrudos, no século XVI, ao pequeno carnaval, por volta de 1850, quando surgiram os ranchos e o Zé Pereira, que inspirou muitos blocos carnavalescos que existem até hoje. 

Com um texto fácil, João abre espaço para curiosidades, como a origem dos desfiles de escola de samba, que teriam começado a partir de uma ideia do jornalista Mário Filho, que a fim de suprir a falta de assunto de seu jornal, Mundo Esportivo, durante os intervalos dos campeonatos, decidiu criar um duelo entre as agremiações, em 1932. Outra curiosidade contada no livro é que o personagem Zé Carioca foi criado por Walt Disney, após sua visita ao Rio de Janeiro, em 1941, quando conheceu a Portela.

'Carnaval é coisa séria', diz autor
Para concluir o trabalho, João foi atrás dos mestres, como Sérgio Cabral, que conheceu através do avô, Henock Garcia, apaixonado por carnaval – o pai do governador escreveu o texto de apresentação do livro -, o pesquisador Hiram Araújo, o escritor e jornalista Marcelo Moutinho – “que leu e corrigiu algumas coisas, mas sem perder o foco que eu pretendia” – e Roberto Moura, um respeitado estudioso de samba, além de consultas aos trabalhos de Haroldo Costa, Nei Lopes e Rosa Magalhães e muita pesquisa em jornais e revistas.

“Descobri que escrever um livro sobre carnaval, uma manifestação cultural que faz parte do espírito do Rio, exige talento, inspiração e muita transpiração. É uma coisa séria, feita com muita seriedade, como poucas coisas no Brasil”, reconhece João, que já está inscrito para o curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e pretende usar seu conhecimento para desenvolver projetos na área de entretenimento, principalmente cinema, que é mais uma paixão. Ele já garantiu também sua estreia na Sapucaí, desfilando por sua escola, Mangueira.

Uma das grandes preocupações de João é com as escolas dos Grupos de Acesso. “Temos mais de 70 escolas no Rio, mas só as 12 do Especial têm boas condições, na Cidade do Samba. Temos que olhar mais pra essas agremiações”, defende.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bíblia e crucifixo são retirados do gabinete de Dilma no Planalto

09/01/2011 - 07h00

Bíblia e crucifixo são retirados do gabinete de Dilma no Planalto


DE BRASÍLIA


Em sua primeira semana, Dilma Rousseff fez mudanças em seu gabinete. Substituiu um computador de mesa por um laptop e retirou a Bíblia da mesa e o crucifixo da parede.
Durante a campanha eleitoral, a então candidata se declarou católica e foi atacada pelos adversários sob a acusação de ter mudado suas posições religiosas.

A presidente também trocou móveis para deixar o ambiente "mais confortável". Os estofados coral, usados no Palácio do Catete no governo Vargas, foram substituídos por poltronas e um sofá da linha Navona, do arquiteto Sergio Rodrigues.
Dilma começou a trabalhar às 9h30. O primeiro compromisso é com Helena Chagas (Comunicação Social) para se informar; a seguir, com o chefe de gabinete, Gilles Azevedo; depois com Antonio Palocci (Casa Civil).
A presidente não tolera atrasos. Pede objetividade e não gosta de expressões como "eu acho". Apesar do estilo rígido, um interlocutor que acompanhou os primeiros dias de Lula no poder diz que a sensação é de que Dilma está "mais à vontade".
No período inicial, uma semelhança entre eles: Lula priorizou a agenda interna. Dilma faz o mesmo ao ter o trabalho dominado por reuniões com ministros.