terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Jovem de 17 anos conta em livro história dos desfiles de carnaval


11/01/2011 07h00 - Atualizado em 11/01/2011 07h00

Jovem de 17 anos conta em livro história dos desfiles de carnaval

Obra reúne grande pesquisa com lista de campeãs e mais de 40 fotos.
Objetivo é despertar interesse do público pelas escolas de samba.

Aluizio FreireDo G1 RJ
Livro de carnavalLivro reúne grande trabalho de pesquisa sobre a
história dos desfiles de carnaval
(Foto: Chris Martins/ Armazém Comunicação)
Tudo surgiu numa brincadeira em família, em 2007, quando estavam de férias em Teresópolis, na Região Serrana do Rio. Depois de fazer uma enquete sobre a história das escolas de samba, entre amigos e familiares, enquanto assistiam aos desfiles pela TV, João Bastos, na época com 14 anos, recebeu a proposta para que escrevesse um livro sobre o assunto. Ele aceitou o desafio e acaba de lançar “Acadêmicos, unidos e tantas mais”, obra que pretende despertar o interesse dos jovens para a paixão do carnaval.

“O projeto surgiu de uma maneira inusitada, com uma brincadeira. Quando me desafiaram, passei a me aprofundar no assunto, pesquisando os grandes autores. No primeiro ano foi muita leitura e o processo de estruturar o esqueleto do livro”, conta o autor que, hoje, aos 17 anos, que lançou a obra pela Editora Folha Seca.

“O que mais me motivou foi o fato de perceber que enquanto os blocos estavam cada vez mais populares, o público jovem estava se afastando das arquibancadas. Queria reverter isso, despertar o interesse dessas pessoas mostrando a riqueza da história das escolas”, revela.
O livro é uma análise da trajetória das escolas de samba cariocas desde o surgimento na década de 20 até os dias atuais. O trabalho mostra a elaboração de um enredo, como é criado o samba-enredo, os critérios de julgamento e os elementos que compõem um desfile.
Livro de carnavalJoão quer desfilar este ano pela Mangueira
(Foto: Chris Martins/ Armazém Comunicação)
Curiosidades
Ao final, um capítulo com dados diversos sobre os desfiles - lista de campeãs de todos os grupos, vencedores do Estandarte de Ouro e outros concursos - e um anexo com cerca de 40 fotos de carnavais que permanecem na memória popular.

O resultado é um a agradável viagem pela história das primeiras manifestações carnavalescas da cidade. Dos entrudos, no século XVI, ao pequeno carnaval, por volta de 1850, quando surgiram os ranchos e o Zé Pereira, que inspirou muitos blocos carnavalescos que existem até hoje. 

Com um texto fácil, João abre espaço para curiosidades, como a origem dos desfiles de escola de samba, que teriam começado a partir de uma ideia do jornalista Mário Filho, que a fim de suprir a falta de assunto de seu jornal, Mundo Esportivo, durante os intervalos dos campeonatos, decidiu criar um duelo entre as agremiações, em 1932. Outra curiosidade contada no livro é que o personagem Zé Carioca foi criado por Walt Disney, após sua visita ao Rio de Janeiro, em 1941, quando conheceu a Portela.

'Carnaval é coisa séria', diz autor
Para concluir o trabalho, João foi atrás dos mestres, como Sérgio Cabral, que conheceu através do avô, Henock Garcia, apaixonado por carnaval – o pai do governador escreveu o texto de apresentação do livro -, o pesquisador Hiram Araújo, o escritor e jornalista Marcelo Moutinho – “que leu e corrigiu algumas coisas, mas sem perder o foco que eu pretendia” – e Roberto Moura, um respeitado estudioso de samba, além de consultas aos trabalhos de Haroldo Costa, Nei Lopes e Rosa Magalhães e muita pesquisa em jornais e revistas.

“Descobri que escrever um livro sobre carnaval, uma manifestação cultural que faz parte do espírito do Rio, exige talento, inspiração e muita transpiração. É uma coisa séria, feita com muita seriedade, como poucas coisas no Brasil”, reconhece João, que já está inscrito para o curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e pretende usar seu conhecimento para desenvolver projetos na área de entretenimento, principalmente cinema, que é mais uma paixão. Ele já garantiu também sua estreia na Sapucaí, desfilando por sua escola, Mangueira.

Uma das grandes preocupações de João é com as escolas dos Grupos de Acesso. “Temos mais de 70 escolas no Rio, mas só as 12 do Especial têm boas condições, na Cidade do Samba. Temos que olhar mais pra essas agremiações”, defende.

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