terça-feira, 2 de novembro de 2010

Texto explicativo do CNE para o Painel do Leitor Folha

Texto explicativo do CNE para o Painel do Leitor Folha

          Ao contrário do que afirmou a “Folha de São Paulo” nas edições de 29 e 30 de Outubro, o Parecer nº. 15/2010 da Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação (CNE) com orientações quanto às políticas públicas para uma educação antirracista, o qual faz referência à obra “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, em nenhum momento, pretende impor vetos a esta respeitada obra ou outra.

          O CNE tem função normativa e é sua atribuição, enquanto um órgão de Estado, pronunciar-se sobre temas relativos à educação nacional. A questão étnico-racial é um desses temas. O Parecer foi atentamente discutido e analisado nessa Câmara. Foi aprovado pela unanimidade dos conselheiros e está em processo de homologação. No seu posicionamento em relação à obra literária em questão, o texto segue recomendações e critérios do MEC para análise de obras literárias a serem adotadas no Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). Um deles é: “(...) a qualidade textual, a adequação temática, a ausência de preconceitos, estereótipos ou doutrinações, a qualidade gráfica e o potencial de leitura, considerando o público-alvo”

          No caso específico, recomenda-se que este princípio seja realmente seguido para análise de todas as obras do PNBE, quer sejam elas clássicas ou contemporâneas. Ou tais critérios não deverão ser aplicados aos clássicos? Justamente por serem clássicos, é que tais obras ainda encontram força literária, subjetiva e imaginativa no presente. Ou seja, as representações neles veiculadas não se perderam no tempo e no espaço.

          Reconhecendo o importante lugar clássico da obra de Monteiro Lobato, especificamente do livro “Caçadas de Pedrinho”, e não querendo incorrer em nenhum tipo de "patrulha", mas sendo coerente com todos os avanços da legislação educacional brasileira, o Parecer discute o tema e apresenta sugestões e orientações ao MEC, à editora e ao campo da formação de professores. Uma delas é a de que a editora em questão (e outras que publiquem obras de igual teor) tome o mesmo cuidado ético em relação à temática étnico-racial, como o já adotado em relação à temática ambiental, ou seja, no caso de o livro ser publicado, que nele seja incluída uma nota de esclarecimento e contextualização da obra de Monteiro Lobato, explicitando não somente o valor literário da mesma, mas, também, as análises críticas que apontam e discutem a presença dos estereótipos raciais no livro em questão.

          O Parecer sugere, ainda, que o processo da formação de professores da educação básica inclua o estudo crítico sobre o assunto. Em momento algum o CNE julga ou menospreza os professores. O CNE sabe muito bem que os clássicos são produtos da sua época. Porém, também sabe o quanto o imaginário social brasileiro alimenta, até hoje, noções e visões estereotipadas sobre o Negro e a África e o quanto ainda persiste entre nós a desigualdade racial. Tudo isso tem sido insistentemente apontado pelas pesquisas acadêmicas, pesquisas oficiais e pela própria mídia. Nesse sentido, banalizar a importância do debate político sobre o tema, desviando o relevante posicionamento do CNE para uma questão de censura é, no mínimo, uma atitude inescrupulosa. A decisão do CNE é pública e está aberta para o conhecimento de toda a sociedade. Entretanto, que isso seja feito de maneira séria, responsável, ética e respeitosa. É importante que os leitores da Folha acessem o portal do MEC (http://portal.mec.gov.br/cne) e leiam o parecer na íntegra. Com a leitura poderão facilmente comprovar que a Folha distorceu o Parecer do Conselho Nacional de Educação.


          Antonio Carlos Caruso Ronca- Presidente do Conselho Nacional de Educação
          Francisco Aparecido Cordão – Presidente da Câmara de Educação Básica
          Nilma Gomes – Relatora do Parecer na Câmara de Educação Básica do CNE.



MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

INTERESSADA: Presidência da República/Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/PR)
UF: DF
ASSUNTO: Orientações para que a Secretaria de Educação do Distrito Federal se abstenha de utilizar material que não se coadune com as políticas públicas para uma educação antirracista.
RELATORA: Nilma Lino Gomes
PROCESSO Nº: 23001.000097/2010-26
PARECER CNE/CEB Nº: 15/2010
COLEGIADO: CEB
APROVADO EM: 1º/9/2010

Leia a íntegra do primeiro discurso da presidente Dilma Rousseff


Presidente 01/11/2010 16h25

Leia a íntegra do primeiro discurso da presidente Dilma Rousseff

No primeiro pronunciamento, Dilma convoca eleitos para trabalhar pelo futuro do país

Agência Brasil

"Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país", disse Dilma.

Leia abaixo a íntegra do pronunciamento:
"Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil,

É imensa a minha alegria de estar aqui. Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante de minha vida. Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro, portanto, aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade.

A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um princípio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: sim, a mulher pode!

Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na Presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país: Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social.

Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.
Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.
Zelarei pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa Constituição.

Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da Presidência da República.
Nesta longa jornada que me trouxe aqui, pude falar e visitar todas as nossas regiões. O que mais me deu esperanças foi a capacidade imensa do nosso povo de agarrar uma oportunidade, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para sua família. É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.

Ressalto, entretanto, que essa ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo. Ela é um chamado à Nação, aos empresários, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem.

Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte. A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.

O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e olhar para o futuro. Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.

Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.

No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.

Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.

Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento.

É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo.

Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável.

Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos. Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos.

Sim, buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso zelaremos pela poupança pública.

Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público. Zelarei pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo. Valorizarei o microempreendedor individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outros.

As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.

Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental. Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais. Trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades.

Mas acima de tudo quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.

Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.

Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

O Fundo Social é mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo modelo que propusemos para a exploração do pré-sal, que reserva à Nação e ao povo a parcela mais importante dessas riquezas.

Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas. Me comprometi nesta campanha com a qualificação da educação e dos serviços de saúde. Me comprometi também com a melhoria da segurança pública. Com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias.

Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos. Mas acompanharei pessoalmente essas áreas capitais para o desenvolvimento de nosso povo.

A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade. É aquela que convive com o meio ambiente sem agredi-lo e sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento.

Não pretendo me estender aqui, neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi, perseguirei de forma dedicada e carinhosa. Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso teriam toda minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso.

Fui eleita com uma coligação de dez partidos e com apoio de lideranças de vários outros partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental.

Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária.

Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.

A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.

Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.

Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.

Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los. Primeiro, ao povo que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido, em todos os lugares que passei.

Mas agradeço respeitosamente também aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia.

Agradeço as lideranças partidárias que me apoiaram e comandaram esta jornada, meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho. Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.

Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento.

Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras. As criticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.

Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu país e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida.

Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós. Baterei muito à sua porta e, tenho certeza de que a encontrarei sempre aberta. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora, mas saberei honrar seu legado. Saberei consolidar e avançar sua obra.

Aprendi com ele que, quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados, uma imensa força brota do nosso povo. Uma força que leva o país para a frente e ajuda a vencer os maiores desafios.

Passada a eleição, agora é hora de trabalho. Passado o debate de projetos, agora é hora de união. União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país.

Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela.


Muito obrigada."

http://www.diariosp.com.br/_conteudo/2010/11/11879-leia+a+integra+do+primeiro+discurso+da+presidente+dilma+rousseff.html



segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Limpadores de latrinas marcham contra discriminação na Índia

01/11/2010 20h32 - Atualizado em 01/11/2010 21h05

Limpadores de latrinas marcham contra discriminação na Índia

Trabalhadores da casta Dalit exigem que limpeza manual de privadas seja erradicada.

BBC

Centenas de limpadores de latrinas na Índia estão se concentrando na capital do país, Nova Déli, para exigir que o governo se desculpe por séculos de discriminação contra a comunidade.
Eles começaram a marchar há um mês, cruzando o país para divulgar suas reivindicações e conscientizar o público sobre sua situação.
Retirar manualmente excrementos humanos de latrinas ou privadas que não possuem descarga automática é uma prática feita há séculos na Índia.
'Os intocáveis'
Esse tipo de trabalho é feito em grande parte pelos Dalits, conhecidos anteriormente como "os intocáveis", a casta mais inferior da sociedade segundo o hinduísmo, principal religião do país.
Por um salário médio de menos de US$ 4 por mês, esses trabalhadores vão de casa em casa, todas as manhãs, para coletar os excrementos dos moradores.
"Estamos exigindo que o Estado se desculpe diante de toda a comunidade", disse o líder da associação dos limpadores de latrinas, Bezwada Wilson, ao correspondente da BBC em Nova Déli, Rajesh Joshi.
Embora a limpeza manual de excrementos seja proibida por lei na Índia, alguns setores do governo, como o departamento responsável pelas ferrovias do país, continuam a empregar esses trabalhadores.
No caso do setor ferroviário, os limpadores são contratados para coletar os excrementos dos trilhos, já que a maioria dos trens possui privadas abertas.
300 mil limpadores
Segundo dados do governo, existem hoje mais de 300 mil limpadores de latrinas na Índia, mas de acordo com outras estimativas, o número real ultrapassaria 1 milhão.
Os organizadores do protesto querem que a prática seja completamente erradicada pelo governo e que os limpadores sejam reabilitados profissionalmente.
Wilson disse à BBC que os trabalhadores vão dar início a um protesto nacional no mês de novembro, caso o governo não atenda as suas exigências.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/11/limpadores-de-latrinas-marcham-contra-discriminacao-na-india.html

STJ decide pela 1ª vez federalizar um crime por violação a direitos humanos:investigação do assassinato do advogado e defensor de direitos humanos Manoel Bezerra de Mattos

STJ decide pela 1ª vez federalizar um crime por
violação a direitos humanos

Extraído de: Associação Nacional dos Defensores Públicos  -  14 horas atrás

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu ontem por 5 votos a 2 federalizar a investigação do assassinato do advogado e defensor de direitos humanos Manoel Bezerra de Mattos e de outros crimes relacionados. Mattos foi morto em 24 de janeiro do ano passado, depois de ter denunciado a existência de um grupo de extermínio atuando na divisa entre Pernambuco e Paraíba.


Foi a primeira decisão do gênero. Em 2004, estabeleceu-se o chamado Incidente de Deslocamento de Competência (IDC), que permite a federalização, mas nunca foi usado. Em 2005, o STJ negou o pedido para investigação federal da morte da irmã Dorothy Stang, assassinada no Pará. No dia 1.º de junho, quando Mattos faria 42 anos, ele teve seu nome citado no relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre execuções sumárias, que criticou o STJ pela demora na federalização.

Com a decisão, a investigação e o julgamento dos cinco suspeitos do assassinato de Mattos saem da alçada das autoridades locais e passam para a competência da Polícia Federal, do MPF e da Justiça Federal da Paraíba. A medida pode garantir maior isenção e segurança nos trabalhos. "É uma decisão histórica, que pode abrir caminho para que outros casos semelhantes sejam federalizados", disse a advogada Andressa Caldas, diretora executiva da Justiça Global, uma das organizações não governamentais que entraram com pedido para que a Procuradoria Geral da República levasse o caso ao STJ.

Nascido em Pernambuco, na cidade de Itambé, vizinha de Pedras de Fogo, na Paraíba, Mattos passou a trabalhar com direitos humanos na década de 1990, quando autoridades da divisa montaram um grupo de extermínio para matar suspeitos de roubos e furtos na região - incluindo crianças e adolescentes.

Em 2002, Mattos passou a ser ameaçado de morte, juntamente com outras quatro pessoas. Depois de ser procurada por ONGs, a Organização dos Estados Americanos (OEA) determinou que fossem tomadas medidas para proteger as testemunhas. Pouco foi feito e o advogado acabou assassinado sete anos depois.

De acordo com levantamento da promotora de Justiça Rosemary Souto Maior, da Comarca de Itambé, que atua na cidade desde 1994, ocorreram mais de 200 assassinatos só no lado pernambucano. "São casos que não foram investigados e acabaram registrados como de autoria desconhecida, uma vez que poucos têm coragem de denunciar."

O grupo de extermínio continua atuante na fronteira. A mãe de Mattos, Nair Ávila, e a promotora estão sofrendo ameaças de morte. Nair esteve presente ontem no julgamento e ficou emocionada com a decisão da Justiça. "Fiquei muito feliz com a decisão, que me leva a acreditar mais na Justiça. Tenho orgulho de meu filho, que sempre foi um homem de bem."

Veículo: O Estado de S. Paulo
Estado: SP

http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2446703/stj-decide-pela-1-vez-federalizar-um-crime-por-violacao-a-direitos-humanos

Discurso contra imigração ilegal atrai votos nas eleições dos EUA

Discurso contra imigração ilegal atrai votos nas eleições dos EUA

Recessão aumenta pressão sobre imigrantes em Estados como Arizona, Nevada e Novo México; voto latino favoreceria democratas

Leda Balbino, enviada a Phoenix, EUA | 01/11/2010 08:00


Foto: AP
A governadora do Arizona, Jan Brewer, que prometeu lutar contra todos os ataques contra a lei de imigração (25/06/2010)
Em meio a acusações de que os imigrantes roubam os empregos de um país em recessão, muitos eleitores votam nesta terça-feira nos EUA influenciados pelo discurso de candidatos ao Congresso e aos governos estaduais que defendem medidas mais duras para coibir a entrada e permanência de migrantes ilegais no país.
Esse é o caso da republicana Jan Brewer, de 66 anos. No cargo de governadora do Arizona desde 21 de janeiro de 2009, quando a democrata Janet Napolitano deixou o posto para integrar o governo Obama como secretária de Segurança Interna, Brewer vem sendo impulsionada nas pesquisas de intenção de voto por seu apoio a uma controvertida lei de imigração. Pesquisa Rasmussen Reports divulgada em 29 de outubro indica Brewer com 53% das intenções de voto, enquanto o democrata Terry Goddard tem 39%.
Considerada a mais dura dos EUA contra os sem documentos, a legislação conhecida como SB1070 teve algumas de suas seções mais polêmicas bloqueadas em 28 de julho pela juíza federal Susan Bolton, que determinou que elas não entrassem em vigor enquanto setes processos tramitam nos tribunais federais, incluindo um do Departamento de Justiça dos EUA.
A juíza suspendeu a seção que estabelece que policiais verifiquem o status migratório das pessoas abordadas por outras infrações, mas que pareçam ilegais. Também congelou o trecho que criminaliza não portar documentos de imigração e a proibição de que trabalhadores sem documentos busquem emprego. Além disso, bloqueou a permissão à polícia de prender sem mandado suspeitos de terem cometido um crime pelo qual poderiam ser deportados.
A audiência de apelação contra a decisão da juíza, que justificou a suspensão afirmando que a questão migratória é de responsabilidade federal, está prevista para esta semana. Como indefinidas apelações são esperadas em relação à medida, há chances de a provável longa batalha legal chegar à Suprema Corte.
Com mais de 30% de hispânicos em sua população, o Arizona é a principal porta de entrada aos EUA para imigrantes sem documentos, abrigando 460 mil dos estimados 10,8 milhões de ilegais do país. Mas, com o Estado tendo perdido 350 mil empregos (equivalentes a 5,3% de sua população de 6,6 milhões) com a recessão que atingiu os EUA desde 2008, muitos na capital do Arizona, Phoenix, acreditam que a lei não tem como única motivação o status ilegal de alguns imigrantes.
“A perseguição se deve à recessão, ao fato de a economia ter piorado. Os imigrantes são bodes-expiatórios”, disse ao iG o democrata Ben Miranda, um dos 12 hispânicos da Câmara de Representantes de 60 membros do Arizona. Com a popularidade do discurso anti-imigrante no Estado, ele calcula que 50% dos que concorrem à Assembleia Legislativa têm esse tema como central em suas campanhas.
Apesar de o Arizona ser o local onde a imigração foi mais politizada durante o ano, não é o único a ter a questão abordada nas campanhas. Outros dois Estados onde o chamado “fator hispânico” e o tema migratório terão um grande papel são o Novo México e Nevada.
Segundo o acadêmico Joseph Figueroa, do Centro de Política da Universidade da Virgínia, é provável que nos dois o Partido Republicano vença ao fortalecer candidatos hispânicos: Suzana Martinez, no Novo México, e Brian Sandoval, em Nevada. “Ambos adotaram a imigração como um importante aspecto de suas campanhas, expressando total apoio à plataforma tradicional republicana de se opor à anistia aos imigrantes ilegais e de aumentar a segurança na fronteira”, disse.
Atualmente governado pelo democrata Bill Richardson, o Novo México - onde 32,6% dos eleitores são latinos - pode passar para os republicanos em 2 de novembro, já que Suzana lidera com uma vantagem de 10 pontos porcentuais sobre a democrata Diane Denish. Em Nevada, os republicanos devem manter o controle do Estado se Sandoval confirmar nas urnas os 20 pontos de vantagem que as pesquisas indicam ter sobre o democrata Rory Reid.

Foto: AP
Candidata ao Senado por Nevada Sharron Angle participa de comício em Las Vegas
Além da eleição para o governo, em Nevada a imigração também é tema na disputa pela vaga no Senado americano, em que o Partido Democrata de Obama tem atualmente maioria com 59 cadeiras. Com o apoio do movimento radical conservador Tea Party e do xerife Joe Arpaio, que se tornou conhecido por seu combate sem freios aos ilegais no condado de Maricopa, no Arizona, a republicana Sharron Angle pode desbancar o veterano democrata Harry Reid.
Sharron, que acusa os migrantes ilegais de “roubar” os empregos disponíveis do país, tem 49% das intenções de voto, enquanto Reid tem 45%. No Senado desde 1986 e em busca do quinto mandato, Reid é o mais alto membro do Congresso a ter sua cadeira em jogo nas eleições deste ano.
Fator hispânico
Considerando-se que os hispânicos tradicionalmente apoiam mais os democratas do que os republicanos (65% contra 22%), as eleições no Arizona, Novo México e Nevada são alguns exemplos de como o voto latino poderia ajudar os democratas a evitar grandes derrotas nas eleições de terça-feira.
De acordo com um relatório da organização America’s Voice, que defende uma reforma imigratória nos EUA, o fator hispânico poderia influenciar 54 disputas em 19 Estados americanos, incluindo sete eleições para governos estaduais, seis para o Senado e 41 para a Câmara de Representantes.
De olho nesse grupo, que foi chave em seu triunfo nas eleições presidenciais de 2008, Obama percorreu Estados para motivar os latino-americanos e defender as candidaturas democratas.
No entanto, sondagens indicam que os latinos estão decepcionados com Obama e desmotivados a comparecer às urnas por causa do mau desempenho da economia e da ausência de reforma migratória.
De acordo com uma pesquisa divulgada no início do mês pelo Pew Hispanic Center, apenas 51% dos eleitores latinos registrados confirmaram que comparecerão às urnas, em comparação aos 70% de todos os eleitores registrados. “Como resultado, as perspectivas democratas na votação de terça-feira são menores”, disse o acadêmico Figueroa