terça-feira, 26 de outubro de 2010

Obama -Discurso sobre religião e aborto (legendado)

Obama -Discurso sobre religião e aborto (legendado)


Dada a crescente diversidade das populações nos Estados Unidos, os riscos de sectarismo sãos maiores que nunca. O que quer que nos tenhamos sido nós não somos mais uma nação cristã. Pelo menos não somente. Somos também uma nação judaica, uma nação muçulmana, uma nação budista, uma nação indu e uma nação de descrentes.




E mesmo que tivéssemos só cristãos entre nós, se expulsássemos todos os não cristãos dos Estados Unidos da América, o cristianismo de quem ensinaríamos nas escolas? Seria o de James Dobson? Ou de Al Sharpton? Que passagem das escrituras deveriam instruir nossas políticas públicas? Deveríamos escolher o Levítico que sugere que a escravidão é aceitável? E que comer frutos do mar é uma abominação? Ou poderíamos escolher o Deuteronômio, que sugere apedrejar seu filho se ele se desviar da fé. Ou deveríamos ficar apenas com o Sermão da Montanha, uma passagem tão radical que é de se duvidar que o nosso próprio Departamento de Defesa sobrevivesse à sua aplicação.



Nós… Então antes de nos empolgamos vamos ler as nossas Bíblias agora. As pessoas não tem lido a Bíblia, o que me traz ao meu segundo ponto: que a democracia exige que aqueles motivados pela religião traduzam suas preocupações em valores universais, ao invés de específicos de uma religião. O que eu quero dizer com isso? Ela requer que as propostas delas estejam sujeitas a discussão e sejam influenciadas pela razão. Eu posso ser contrário ao aborto por razões religiosas, para tomar um exemplo, mas se eu aprovar uma lei proibindo esta prática eu não posso simplesmente recorrer aos ensinamentos de minha igreja ou invocar a vontade divina. Eu tenho que explicar porque o aborto viola algum princípio que é acessível a pessoas de todas as fés, incluindo aqueles sem fé alguma.



Agora isto vai ser difícil para alguns que acreditam na inerrância da Bíblia, como muitos evangélicos acreditam, mas em uma sociedade pluralista nós não temos escolha. A política depende das nossas habilidades de persuadir uns aos outros de objetivos comuns com base em uma realidade comum. Ela envolve negociação, a arte daquilo que é possível. Em algum momento fundamental, a religião não permite negociar; é a arte do impossível. Se Deus falou, então espera-se que os seus seguidores vivam de acordo com os éditos de Deus, a despeito de suas conseqüências. Agora, baseados na vida de uma pessoa em compromissos tão inegociáveis pode ser sublime, mas basear nossas decisões políticas em tais compromissos poderia ser perigoso. E se você duvida disso, deixe-me dar um exemplo. Nós todos conhecemos a história de Abraão e Isaque. Abraão foi ordenado por Deus a sacrificar seu único filho. Sem discutir ele leva seu filho Isaque montanha acima até o topo e o amarra ao altar. Levanta a sua faca. Prepara-se para agir… como Deus ordenara. Agora nós sabemos que as coisas não deram certo; Deus envia um anjo para interceder bem no último minuto. Abraão passa no teste da devoção a Deus.



Mas é justo dizer que se qualquer um de nós, ao sair desta igreja, visse Abraão no telhado de um prédio levantando sua faca, nós iríamos, no mínimo, chamar a polícia. E esperaríamos que o Departamento de Serviços à Criança e Família tirasse a guarda de Isaque de Abraão. Nós faríamos isso porque nós não ouvimos o que Abraão ouve, nós não vemos o que Abraão vê. Então o melhor que podemos fazer é agir de acordo com aquelas coisas que todos nós vimos, e que todos nós ouvimos.



A jurisprudência é o bom senso básico. Então nós temos algum trabalho para fazer aqui, mas eu tenho esperança que nós podemos transpor o hiato que existe e superar os preconceitos que todos nós, em maior ou menor grau, trazemos a este debate.



Eu tenho fé que milhões de americanos querem que isto aconteça. Na importa quão religioso eles possam ser, ou não ser, as pessoas estão cansadas de ver a fé ser utilizada como ferramenta de ataque. Elas… elas não querem que a fé ser usada para diminuir ou dividir porque elas vêem a fé em suas próprias vidas.

Fonte: http://oferrao.atarde.com.br/?p=5335



VEJA O VÍDEO:

http://www.youtube.com/watch?v=wY9h09h0BQ0&feature=player_embedded

domingo, 24 de outubro de 2010

Estagiário registra queixa por assédio moral contra presidente do STJ


Estagiário registra queixa por assédio moral contra presidente do STJ

Rapaz registrou queixa na polícia; boletim de ocorrência foi enviado ao STF



O delegado titular da 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, Laércio Rossetto, encaminhou nesta sexta-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF) boletim de ocorrência em que o estudante universitário Marco Paulo dos Santos, 24 anos, afirma ter sofrido assédio moral do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Ari Pargendler, na fila da agência do Banco do Brasil, dentro da sede do tribunal.

A assessoria de imprensa do STJ informou que o presidente está no Rio Grande do Sul e somente dará entrevista sobre o caso na próxima segunda-feira (25), quando retornar de viagem.

Santos trabalhava como estagiário na Coordenadoria de Pagamento do STJ. Ele disse que foi demitido na última terça-feira (19), menos de uma hora depois do episódio envolvendo o ministro. O estudante avaliou a agressão como assédio moral e disse que tudo aconteceu quando ele estava na fila dos caixas eletrônicos para realizar um depósito.

Ele declarou que, ao chegar ao banco, foi informado por um funcionário que apenas o caixa que Pargendler estava usando funcionava para depósitos. O estagiário disse que ficou atrás da linha que demarca o início da fila, aguardando a vez, quando foi abordado pelo ministro, que teria pedido para que ele deixasse o local.

O estudante diz que não sabia quem era o ministro e argumentou que apenas aquele caixa estava funcionando. Segundo Santos, Pargendler teria feito gestos bruscos e mandado ele sair de perto.

“Não tinha a menor noção de quem ele era. Achei uma falta de educação, mas não reagi, apenas fiquei parado onde estava, olhando, quando ele disse: ‘Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e vocês está demitido. Isso aqui acabou para você’”, relatou o estudante.

De acordo com Santos, o presidente do STJ arrancou seu crachá, terminou a operação bancária e foi diretamente pedir a demissão do estagiário. Ele conta ainda que duas testemunhas assistiram à cena, que também teria sido gravada pelo circuito interno de câmeras da agência bancária.
“Me senti discriminado, agredido verbalmente e fisicamente. Acredito que se fosse servidor, se estivesse melhor vestido, o tratamento seria diferente. Pior é que eu contava com esse trabalho, com o dinheiro. Fiquei em prejuízo”, afirmou Santos, que mora em Valparaíso, cidade do entorno do Distrito Federal a cerca de uma hora do centro da Capital. Ele recebia R$ 750 por mês.

G1


http://jornale.com.br/portal/brasil/44-03-brasil/8854-estagiario-registra-queixa-por-assedio-moral-contra-presidente-do-stj.html

Enviado por Erich Decat -
22.10.2010
|
21h45m

Quem é Marco, o estagiário demitido pelo presidente do STJ

Alvo de momento de fúria do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, o estudante Marco Paulo dos Santos, 24 anos, nasceu na Grécia, filho de mãe brasileira e pai africano (Cabo Verde).
Aos dois anos de idade, após a separação dos pais, Marco veio para o Brasil com a mãe e o irmão mais velho. Antes de começar a estagiar no Tribunal fazia bicos dando aulas de violão.
Segundo ele, a oportunidade de estagiar no Tribunal surgiu no início deste ano. O estágio foi seu primeiro emprego.
“Não sei bem se foi em fevereiro ou março. Mas passei entre os 10 primeiros colocados e fui convocado para a entrevista final. O meu ex-chefe foi quem me entrevistou”, relembra.
Marco passou a receber uma bolsa mensal de R$ 600 e mais auxílio transporte de R$ 8 por dia.
“Trabalhava das 13h às 19h. Tinha função administrativa. Trabalhava com processos, com arquivos, com informações da área de pagamentos”, explica.
No período da manhã, ele freqüenta a Escola de Choro Raphael Rabello, onde aprende violão desde 2008.
À noite, atravessa de ônibus os 32km que separam a cidade de Valparaíso de Goías, onde mora, da faculdade, em Brasília, onde cursa o quinto semestre de Administração.
Sobre sua demissão do STJ, parece atônito: “Ainda estou meio sem saber o que fazer. Tudo aconteceu muito rápido. Mas já tinha planos de montar uma escola de música na minha região onde moro".



http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/10/22/quem-marco-estagiario-demitido-pelo-presidente-do-stj-334867.asp

A importancia do Negro

A importancia do Negro

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Essa é a história de um garoto chamado
Theo que acordou um dia e perguntou a sua mãe:
"Mãe, o que aconteceria se não
existissem pessoas negras no mundo?"
Sua mãe pensou por um momento e então falou:
"Filho, siga-me hoje e vamos ver como
seria se não houvesse pessoas negras no mundo".
E, então, disse:
"Agora vá se vestir e nós começaremos".
Theo correu para seu quarto e colocou suas roupas e sapatos.
Sua mãe deu uma olhada nele e disse: "Theo, onde estão seus sapatos?
E suas roupas estão amassadas, filho, preciso passá-las".
Mas quando ela procurou pela tábua de passar, ela não estava mais lá.
Veja, Sarah Boone, uma mulher negra, inventou a tábua de passar roupa.
E Jan E. Matzelinger, um homem negro, inventou a máquina de colocar
solas
nos sapatos
"Então... - ela falou -
Por favor vá e faça algo em seu cabelo."
Theo decidiu apenas escovar seu cabelo,
mas a escova havia desaparecido.
Veja, Lydia O. Newman, uma
mulher negra, inventou a escova.
Ora, essa foi uma visão...
nada de sapatos, roupas amassadas,
cabelos desarrumados.
Mesmo o cabelo da mãe, sem as invenções
para cuidar do cabelo feitas por Madame C. J. Walker...
Bem, vocês podem vislumbrar...
A mãe disse a Theo: "Vamos fazer nossos
trabalhos domésticos e, então, iremos ao mercado".
A tarefa de Theo era varrer o chão.
Ele varreu, varreu e varreu.
Quando ele procurou pela pá de lixo, ela não estava lá.
Lloyde P. Ray, um homem
negro, inventou a pá de lixo.
Ele decidiu, então, esfregar o chão,
mas o esfregão tinha desaparecido.
Thomas W. Stewart, um homem
negro, inventou o esfregão.
Theo gritou para sua mãe:
"Não estou tendo nenhuma sorte!"
Ela responde:
"Bem, filho, deixe-me terminar de lavarestas roupas e prepararemos a lista do mercado".
Quando a lavagem estava finalizada, ela foi
colocar as roupas na secadora, mas ela não estava lá.
Acontece que George T. Samon,
um homem negro, inventou a secadora de roupas.
A mãe pediu a Theo que pegasse papel e
lápis para fazerem a lista do mercado.
Theo correu para buscá-los, mas percebeu
que a ponta do lápis estava quebrada.
Bem... ele estava sem sorte, porque John Love,
um homem negro, inventou o apontador de lápis.
A mãe procurou por uma caneta,
mas ela não estava lá, porque William
Purvis, um homem negro, inventou a caneta-tinteiro.
Além disso, Lee Burridge inventou a máquina
de datilografia e W. A. Lovette,
a prensa de impressão avançada.
Theo e sua mãe decidiram, então, ir direto para o mercado.
Ao abrir a porta, Theo percebeu que a grama estava muito alta.
De fato, a máquina de cortar grama foi inventada por um homem negro,
John Burr.
Eles se dirigiram para o carro, mas
notaram que ele simplesmente não sairia do lugar.
Isso porque Richard Spikes, um homem
negro, inventou a mudança automática
de marchas e Joseph Gammel inventou o s
istema de supercarga para os
motores de combustão interna.
Eles perceberam que os poucos carros que
estavam circulando, batiam uns contra os
outros, pois não havia sinais de trânsito.
Garret A. Morgan, um homem negro,
foi o inventor do semáforo.
Estava ficando tarde e eles, então, caminharam
para o mercado, pegaram suas compras e voltaram para casa.
Quando eles iriam guardar o leite, os ovos
e a manteiga, eles notaram que a
geladeira havia desaparecido.
É que John Standard, um homem negro, inventou a geladeira.
Colocaram, assim, as compras sobre o balcão.
A essa hora Theo começou a sentir bastante frio.
Sua mãe foi ligar o aquecimento.
Acontece que Alice Parker, uma mulher negra,
inventou a fornalha de aquecimento.
Mesmo no verão eles não teriam sorte, pois
Frederick Jones, um homem negro,
inventou o ar condicionado.
Já era quase a hora em que o pai de
Theo costumava chegar em casa.
Ele normalmente voltava de ônibus.
Não havia, porém, nenhum ônibus, pois
seu precursor, o bonde elétrico, foi inventado
por outro homem negro, Elbert R. Robinson.
Ele usualmente pegava o elevador para
descer de seu escritório, no vigésimo
andar do prédio, mas não havia nenhum
elevador, porque um homem negro,
Alexander Miles, foi o inventor do elevador.
Ele costumava deixar a correspondência do escritório em uma caixa de
correio
próxima ao seu trabalho, mas ela não estava mais lá, uma vez que foi
Philip Downing, um homem negro, o inventor da caixa de correio para a
colocação de cartas e William Berry inventou a máquina de carimbo e de
cancelamento postal.
Theo e sua mãe sentaram-se na mesa da cozinha com as mãos na cabeça.
Quando o pai chegou, perguntou-lhes:
"Por que vocês estão sentados no escuro?".
A razão disso?
Pois Lewis Howard Latimer, um homem
negro, inventou o filamento
de dentro da lâmpada elétrica.

Theo havia aprendido rapidamente como
seria o mundo se não existissem as pessoas negras.
Isso para não mencionar o caso de que
pudesse ficar doente e necessitar de sangue.
Charles Drew, um cientista negro, encontrou
uma forma para preservar e estocar o sangue,
o que o levou a implantar o
primeiro banco de sangue do mundo.

E se um membro da família
precisasse de uma cirurgia cardíaca?
Isso não seria possível sem o Dr.
Daniel Hale Williams, um médico negro,
que executou a primeira cirurgia aberta de coração.
Então, se você um dia imaginar como Theo,
onde estaríamos agora sem os Negros?
Bem, é relativamente fácil de ver.
Nós ainda estaríamos na ESCURIDÃO.

http://www.geledes.org.br/ciencias/a-importancia-do-negro/itemid-148.html

A criação do universo à luz dos africanos

Quarta-feira, 20/10/2010, 04h00

A criação do universo à luz dos africanos

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O grupo Afaia Bambaré – Arte e Cultura Negra apresenta o espetáculo teatral “Èmí – A concepção yorubana do universo”, que estreou em 1990 e agora ganha remontagem. A volta aos palcos foi possível com recursos do I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC), em parceria com a Fundação Palmares e o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon), com patrocínio da Petrobras.

“Èmí”, na linguagem yorubá, significa “vida” e o grupo pretende mostrar justamente como todo o cosmos foi criado, a partir dos preceitos do povo Yorubá, que crê nas trocas que ocorrem entre os seres vivos e a natureza ao redor.

A nova versão do espetáculo foi reescrita, com textos do babalorixá e compositor Edson Catendê, e algumas adaptações contextuais também foram reformatadas. O objetivo é mostrar a concepção do universo tal como acredita o povo yorubá, natural da Nigéria, na África.

“Muitas pessoas não conhecem a concepção elaborada pelos africanos, com os princípios e tradições de lá”, diz Edson.

O assistente de direção Amilton Sá Barretto destaca o que mudou no espetáculo. “Procuramos esquecer a primeira versão. Então, contextualizamos cenas, cortamos uma parte do texto, fizemos outros figurinos e pensamos em trilha sonora e cenários diferenciados”, expõe.

Na peça, não há, contudo, menções explícitas à religiosidade dos yorubás. Os rituais e processos religiosos dos africanos foram suprimidos do roteiro do espetáculo propositalmente, para preservar a ideia de religião.

“Não levamos o aspecto ritualístico religioso para o palco, para não folclorizar a crença. Preferimos abordar o lado filosófico e fugimos um pouco também da questão histórica para explorar os elementos cósmicos, o universo, as energias”, diz o assistente de direção, afirmando que o mais importante é retratar como essas energias formadoras do universo criaram também o homem.

Resgatar as origens dessa crença também é importante para o grupo. “Ninguém procura retratar o mundo a partir da África. Queremos mostrar a história e a tradição de um povo, respeitar a diversidade”, diz Edson Catendê.

O caráter transcendental da crença é o destaque na peça, já que Olodumare, o senhor criador de todas as essências, permite que os seres aprendam um com outro, na medida que cada um faz parte de um todo e os ciclos de nascimento, desenvolvimento e morte não dependem apenas de um ser, mas sim da interação de todos os elementos. “Mostramos a insurgência dos seres, a forma como eles receberam o universo harmônico e perfeito, mas não souberam aproveitar”, completa Amilton.

SERVIÇO
Estreia do espetáculo “Èmí – A concepção yorubana do universo”. Amanhã (21), às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré). Dia 22 e de 26 a 29/10, a peça será encenada no Teatro da Fundação Curro Velho (Rua Prof. Nelson Ribeiro, 287, Telégrafo). Entrada franca. Informações: 3248-5828. (Diário do Pará)

http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-116467-A+CRIACAO+DO+UNIVERSO+A+LUZ+DOS+AFRICANOS.html

ONU busca combater o racismo e resgatar importância dos afrodescendentes

ONU busca combater o racismo e resgatar importância dos afrodescendentes

Conceição Freitas
Publicação: 18/10/2010 08:13
Vista de longe, de um vago senso comum, a América Latina é uma região com forte presença de negros no Brasil, de índios na Bolívia, no Peru e no Equador e de brancos na Argentina, no Uruguai e no Chile. Esse esboço de retrato da etnia latino-americana foi construído ao longo dos séculos, desde a colonização espanhola e portuguesa no século 16. Mas o surgimento e o avanço da ideia de diversidade cultural e de respeito aos direitos humanos ampliaram a presença na foto dos afrodescendentes e estão reconstituindo a história dos escravos negros que ajudaram a colonizar a região de uma ponta à outra, do México à Patagônia.

A chegada de africanos a esse pedaço do continente se deu de modo e intensidade específicos, mas todos vieram em grandes levas. Nova corrente migratória aconteceu depois do fim da Guerra Fria. A forte crise econômica que se abateu na África trouxe outra leva de africanos para a América Latina, nos anos 1990, especialmente para países que estavam no caminho dos barcos que saíram do continente africano rumo aos Estados Unidos e à Europa. Muitos negros ficaram na costa da América Central e do Caribe.

Revisitando a história oficial, pesquisadores e instituições internacionais estimam que na América Latina e no Caribe existam 150 milhões de afrodescendentes, quase 30% de todos os habitantes da região. Ou seja, o sangue negro corre em quase um terço da população latino-americana. Em países como Brasil, Colômbia, Cuba e Panamá, a presença negra é maior. Mais de metade da população brasileira é constituída de pretos e pardos — 51,1%, segundo estimativas mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em países como Equador, Peru, Venezuela e Uruguai, eles representam entre 3% e 6% da população. Mas estão também na Argentina, no Chile e no Uruguai, ainda que essas nações, em menor ou maior grau, resistam à ideia da presença negra na sua história. O certo é que os afrodescendentes de toda a América Latina têm uma marca em comum: são vítimas da pobreza, da exclusão social e da discriminação racial.

Para provocar a discussão do tema na mídia desses países, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) convidou jornalistas latino-americanos para uma oficina (ou um workshop, em inglês, ou um taller, em espanhol) de um dia em Manágua, Nicarágua, na qual a eles foi apresentada a publicação Derechos de la población afrodescendiente de América Latina: desafíos para su implementación, que reúne estudos sobre a implementação dos pactos e dos convênios internacionais para defesa e promoção dos direitos das populações afrodescendentes. A ideia do encontro, explicou Silvia García Savino, coordenadora do projeto População Afrodescendente da América Latina, foi a de esclarecer os convidados sobre os “clichês discriminatórios que continuam a existir na relação entre populações afrodescendentes e jornalistas” (veja entrevista). Silvia lembrou que ninguém nasce racista. “O racismo se aprende em casa, na escola, no trabalho, com a imprensa.”

Falaram aos jornalistas representantes de conjuntos agrupados de países da América Latina. O antropólogo afrocolombiano Jhon Antón Sánchez pegou pesado ao fazer um relato da situação dos descendentes de negros na Colômbia, no Equador, no Peru e na Venezuela. Disse que o comportamento dos governos em relação ao tema é uma “falácia democrática, um liberalismo multicultural enganoso”. Os afrodescendentes, ressaltou Sánchez, vivem uma realidade “de flagrante violação dos direitos humanos”. O representante brasileiro no encontro, Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Laeser), disse que, apesar dos avanços institucionais brasileiros, que têm servido de exemplo à região, o país está longe de praticar a justiça social. “As desigualdades entre brancos e negros se mantêm muito profundas.”

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/10/18/mundo,i=218540/ONU+BUSCA+COMBATER+O+RACISMO+E+RESGATAR+IMPORTANCIA+DOS+AFRODESCENDENTES.shtml