Quarta-feira, 20/10/2010, 04h00
A criação do universo à luz dos africanos
O grupo Afaia Bambaré – Arte e Cultura Negra apresenta o espetáculo teatral “Èmí – A concepção yorubana do universo”, que estreou em 1990 e agora ganha remontagem. A volta aos palcos foi possível com recursos do I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC), em parceria com a Fundação Palmares e o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon), com patrocínio da Petrobras.
“Èmí”, na linguagem yorubá, significa “vida” e o grupo pretende mostrar justamente como todo o cosmos foi criado, a partir dos preceitos do povo Yorubá, que crê nas trocas que ocorrem entre os seres vivos e a natureza ao redor.
A nova versão do espetáculo foi reescrita, com textos do babalorixá e compositor Edson Catendê, e algumas adaptações contextuais também foram reformatadas. O objetivo é mostrar a concepção do universo tal como acredita o povo yorubá, natural da Nigéria, na África.
“Muitas pessoas não conhecem a concepção elaborada pelos africanos, com os princípios e tradições de lá”, diz Edson.
O assistente de direção Amilton Sá Barretto destaca o que mudou no espetáculo. “Procuramos esquecer a primeira versão. Então, contextualizamos cenas, cortamos uma parte do texto, fizemos outros figurinos e pensamos em trilha sonora e cenários diferenciados”, expõe.
Na peça, não há, contudo, menções explícitas à religiosidade dos yorubás. Os rituais e processos religiosos dos africanos foram suprimidos do roteiro do espetáculo propositalmente, para preservar a ideia de religião.
“Não levamos o aspecto ritualístico religioso para o palco, para não folclorizar a crença. Preferimos abordar o lado filosófico e fugimos um pouco também da questão histórica para explorar os elementos cósmicos, o universo, as energias”, diz o assistente de direção, afirmando que o mais importante é retratar como essas energias formadoras do universo criaram também o homem.
Resgatar as origens dessa crença também é importante para o grupo. “Ninguém procura retratar o mundo a partir da África. Queremos mostrar a história e a tradição de um povo, respeitar a diversidade”, diz Edson Catendê.
O caráter transcendental da crença é o destaque na peça, já que Olodumare, o senhor criador de todas as essências, permite que os seres aprendam um com outro, na medida que cada um faz parte de um todo e os ciclos de nascimento, desenvolvimento e morte não dependem apenas de um ser, mas sim da interação de todos os elementos. “Mostramos a insurgência dos seres, a forma como eles receberam o universo harmônico e perfeito, mas não souberam aproveitar”, completa Amilton.
SERVIÇO
Estreia do espetáculo “Èmí – A concepção yorubana do universo”. Amanhã (21), às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré). Dia 22 e de 26 a 29/10, a peça será encenada no Teatro da Fundação Curro Velho (Rua Prof. Nelson Ribeiro, 287, Telégrafo). Entrada franca. Informações: 3248-5828. (Diário do Pará)
http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-116467-A+CRIACAO+DO+UNIVERSO+A+LUZ+DOS+AFRICANOS.html
“Èmí”, na linguagem yorubá, significa “vida” e o grupo pretende mostrar justamente como todo o cosmos foi criado, a partir dos preceitos do povo Yorubá, que crê nas trocas que ocorrem entre os seres vivos e a natureza ao redor.
A nova versão do espetáculo foi reescrita, com textos do babalorixá e compositor Edson Catendê, e algumas adaptações contextuais também foram reformatadas. O objetivo é mostrar a concepção do universo tal como acredita o povo yorubá, natural da Nigéria, na África.
“Muitas pessoas não conhecem a concepção elaborada pelos africanos, com os princípios e tradições de lá”, diz Edson.
O assistente de direção Amilton Sá Barretto destaca o que mudou no espetáculo. “Procuramos esquecer a primeira versão. Então, contextualizamos cenas, cortamos uma parte do texto, fizemos outros figurinos e pensamos em trilha sonora e cenários diferenciados”, expõe.
Na peça, não há, contudo, menções explícitas à religiosidade dos yorubás. Os rituais e processos religiosos dos africanos foram suprimidos do roteiro do espetáculo propositalmente, para preservar a ideia de religião.
“Não levamos o aspecto ritualístico religioso para o palco, para não folclorizar a crença. Preferimos abordar o lado filosófico e fugimos um pouco também da questão histórica para explorar os elementos cósmicos, o universo, as energias”, diz o assistente de direção, afirmando que o mais importante é retratar como essas energias formadoras do universo criaram também o homem.
Resgatar as origens dessa crença também é importante para o grupo. “Ninguém procura retratar o mundo a partir da África. Queremos mostrar a história e a tradição de um povo, respeitar a diversidade”, diz Edson Catendê.
O caráter transcendental da crença é o destaque na peça, já que Olodumare, o senhor criador de todas as essências, permite que os seres aprendam um com outro, na medida que cada um faz parte de um todo e os ciclos de nascimento, desenvolvimento e morte não dependem apenas de um ser, mas sim da interação de todos os elementos. “Mostramos a insurgência dos seres, a forma como eles receberam o universo harmônico e perfeito, mas não souberam aproveitar”, completa Amilton.
SERVIÇO
Estreia do espetáculo “Èmí – A concepção yorubana do universo”. Amanhã (21), às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré). Dia 22 e de 26 a 29/10, a peça será encenada no Teatro da Fundação Curro Velho (Rua Prof. Nelson Ribeiro, 287, Telégrafo). Entrada franca. Informações: 3248-5828. (Diário do Pará)
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