terça-feira, 22 de setembro de 2009

Tempos de pós-jornalismo

Verbo Solto
Segunda-Feira, 21 de Setembro de 2009
Tempos de pós-jornalismo

No último sábado, 19, dois dias depois de se confirmar que o presidente Lula indicaria o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, para o Supremo Tribunal Federal, a imprensa em peso noticiou que ele foi condenado em primeira instância pela Justiça do Amapá por ter sido escolhido (com um sócio), em 2001, para defender o governo estadual e o então governador João Capiberibe em licitações consideradas ilegais.

O leitor não ficou sabendo como a informação chegou aos periódicos. É possível que tenha sido repassada por interessados em deixar Toffoli em situação difícil. Como manda a lei, ele terá de passar por uma sabatina no Senado – normalmente, uma formalidade.

O caso faz lembrar outro episódio, este nos Estados Unidos, de divulgação simultânea e imediata de notícias constrangedoras para um indicado para a Corte Suprema. No dia 26 de maio passado, minutos depois de o presidente Barack Obama anunciar a escolha da juíza Sonia Sotomayor, de origem portorriquenha, para o mais alto tribunal do país, todas as grandes redes americanas de TV puseram no ar dois clipes – um de 2001, outro de 2005 – em que ela aparece falando o que talvez não devesse.

No mais antigo, Sonia dá a entender, entre risos, ser favorável a um Supremo que “faça a lei”, em vez de se dedicar a interpretá-la e determinar a sua aplicação.

No mais recente e que ficou mais famoso, diz que, graças a sua experiência de vida como “mulher latina”, teria melhores condições do que um “homem branco” para exercer a função de juiz.

A divulgação praticamente instantânea e rigorosamente idêntica dos dois vídeos chamou a atenção de um veterano jornalista, Mark Bowden. “Não é uma estranha coincidência”, ele se perguntou, “todas as grandes emissoras, cada qual trabalhando por conta própria, terem obtido antecipadamente o mesmo material?”

É verdade que a imprensa se põe a levantar, ou atualizar, a ficha de possíveis ocupantes de altas funções de governo e Estado assim que os seus nomes começam a ser mencionados – para divulgá-la assim que a indicação se consumar.

É o que poderia ter acontecido no caso de Sonia, mas não foi, apurou Bowden. Na reportagem “A matéria por trás da matéria”, publicada na edição com data de capa de outubro da revista The Atlantic, ele conta que as imagens com as declarações polêmicas da juíza foram garimpadas nos desvãos da internet não por esforçados repórteres, mas por um talentoso blogueiro conservador, e repassados à mídia por uma organização igualmente conservadora. (Sonia Sotomayor, ao longo de uma brilhante carreira de 30 anos que a tinha levado ao Tribunal Federal de Recursos no Estado de Nova York, era tida como uma militante de esquerda.)

Até aí, tudo bem. Os clipes não eram falsos, assim como não são falsas as revelações sobre a condenação de Toffoli no Amapá – a procedência das acusações contra ele é outra história.

Nem constituem propriamente novidade, em qualquer lugar, iniciativas de partes interessadas de preparar e entregar à mídia dossiês contra figuras públicas. O problema são os ativistas políticos – de todas as tendências – fazendo o que compete às redações, e as redações entrando no jogo.

Mesmo quando a matéria-prima é verdadeira, um dossiê é faccioso: não dá contexto, nem traz o outro lado, como faria um perfil jornalístico honesto, preocupado em dar uma visão matizada do personagem. E as falas da juíza foram exibidas em estado bruto, sem uma coisa nem outra. Material de propaganda (adversa), portanto. O pior é que nenhuma das redes jogou limpo com o público, esclarecendo como tinham tido acesso aos clipes. Ficou a impressão de que se tratava de apuração jornalística própria.

Mais perturbador é o fato de os blogueiros rastreados por Bowden se considerarem jornalistas – e não militantes políticos motivados por uma causa.

Quantos dos que dizem “jornalistas-cidadãos” não são exatamente isso?

A causa pode ser a mais luminosa concebível, mas jornalismo e ativismo são atividades distintas. Antigamente, o que levava um jovem a bater às portas de uma redação era a oportunidade de descobrir e o desejo de contar como o mundo funciona, não a chance de fazer proselitismo.

Bowden tem razão quando escreve que a história dos vídeos da juíza ilustra uma consequência do colapso – a palavra é dele – do jornalismo profissional: “O trabalho que costuma ser realizado por repórteres e produtores é agora feito rotineiramente por operadores políticos e ideólogos amadores de uma orientação ou outra, cuja meta não é educar o público, mas vencer.” Politicamente, é claro.

Ou nas palavras do blogueiro que escavou as falas que deixaram a juíza mal na fita: “Eu estava procurando deliberadamente uma coisa que repercutisse” – não porque ajudaria o público entender a pessoa, mas porque corroboraria a versão de sua alegada militância.

É o que Bowden chama de “pós-jornalismo”. Nesse universo, o negócio dos participantes é dar força para a sua turma. O resultado é um círculo vicioso: os blogueiros escrevem para reforçar as convicções daqueles que pensam como eles – e estes os leem precisamente por isso.

Essa lógica de confronto em que a verdade conta menos do que a vitória explica, pelo menos em parte, porque a hostilidade é tão disseminada na blogosfera. Os que pensam diferente de nós estão sempre errados – e estão errados, afinal das contas, porque não prestam.

No pós-jornalismo, há cada vez menos espaço para o repórter que pensa e fala por si, lamenta Bowden. “Um repórter cujo maior objetivo é proporcionar uma compreensão mais profunda dos fatos e que aspira a persuadir. Isso requer no mínimo ser visto como justo e confiável por aqueles – e esse é o ponto-chave – inclinados a discordar dele.”

Eis por que a voz honesta e desinteressada do verdadeiro jornalista “é portadora de uma autoridade” que um militante assumido de esquerda ou direita jamais terá.

Mas de que vale essa credencial para um público polarizado entre “nós” e “eles”?


Fonte:


http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs.asp?id_blog=3&id={0B49D38A-91FA-48A6-B821-F0DCA288DAFC}#

Jogadores espanhóis podem pegar 6 anos de prisão por racismo

_Futebol

sábado, 19 de setembro de 2009, 10:46 | Online

Jogadores espanhóis podem pegar 6 anos de prisão por racismo

Sete componentes do Bada-Bing de Badalona, time da Terceira Divisão Regional da Catalunha, são os acusados

EFE

BARCELONA - Os sete componentes do Bada-Bing de Badalona, time da Terceira Divisão Regional da Catalunha (Espanha), que supostamente insultaram, agrediram e coagiram a diversos jogadores de uma equipe rival, a maioria deles de origem sul-americana, correm o risco de pegar até 6 anos e 5 meses de prisão, pena que solicita o promotor no julgamento por este caso que começa na próxima segunda-feira.

No banco dos réus se sentarão Israel Moreno Gómez, Valentín Moreno Gómez, Carlos R.G, José Luis E.S, Jonatan P.F, David L.R e Efrén S.S, todos eles jogadores do Bada-Bing e alguns supostamente vinculados ao grupo de seguidores radicais do FC Barcelona conhecido como 'Boixos Nois'.

Os dois primeiros têm antecedentes penais, sendo especialmente grave o histórico delitivo de Valentín Moreno Gómez, condenado em dezembro de 2001 a oito anos de internamento e três de liberdade vigiada pelo assassinato do jovem Carlos Javier Robledo, ocorrido em abril de 2000 na Vila Olímpica de Barcelona.

Os fatos se produziram no dia 10 de janeiro deste ano no transcurso de um partido de Terceira Divisão Regional entre o Bada-Bing de Badalona e o Rosário Central.

Segundo a promotoria, a expulsão de um dos acusados no segundo tempo da partida desencadeou uma série de agressões físicas e verbais por parte dos jogadores do Bada-Bing - tanto no campo como no túnel de vestuários - contra vários jogadores do Rosário Central.

Antes que desse início à confusão generalizada, jogadores do Bada-Bing estariam "esquentando" o jogo ao proferir, contra integrantes da equipe rival, insultos, cusparadas, ameaças e expressões humilhantes com teor xenófobo e racista.

No total, cinco jogadores do Rosário Central, seu presidente e a secretária da equipe, que tentava fotografar aos supostos autores das agressões quando um deles lhe confiscou violentamente a câmara, foram agredidos, sofrendo traumatismos e contusões, embora nenhuma delas de gravidade.

Por estes fatos, a federação catalã de futebol expulsou da competição ao Bada-Bing em maio. Agora, sete de seus membros serão julgados por delitos contra a integridade moral, lesões, desordens públicas e coações, alguns deles com o agravante de racismo.



Fonte: Estadão.com.br






Obama considera que oposição à reforma da saúde não é racista

Estados Unidos

Obama considera que oposição à reforma da saúde não é racista

por ABEL COELHO DE MORAIS20 Setembro 2009

Obama considera que oposição à reforma da saúde não é racista

Presidente protagoniza hoje ofensiva mediática em defesa da sua política para o sector, dando entrevistas a cinco cadeias de TV.

Barack Obama admite que muitos contestam a sua figura devido à cor da pele e à sua origem afro- -americana, mas defende que o argumento racial não é o aspecto decisivo na oposição de vários sectores da sociedade ao seu projecto de reforma do sistema de saúde.

O inquilino da Casa Branca contraria assim a tese do antigo presidente Jimmy Carter que, na passada semana, defendeu que boa parte da contestação ao plano de saúde defendido pela presente Administração assentava em argumentos racistas. As palavras de Obama foram divulgadas ontem e constituem extractos de entrevistas a cinco das principais cadeias televisivas americanas a serem transmitidas hoje de manhã.

Para Obama, a pedra de toque da contestação ao seu plano é de carácter político. "As coisas que foram ditas a propósito [do antigo presidente] Franklin D. Roosevelt são muito parecidas com aquilo que está a ser dito sobre as minhas política - que ele era um socialista, que ele era um comunista", disse Obama.

As críticas que lhe são dirigidas, insistiu o Presidente, resultam de "um antigo debate que percorre a história deste país e que assume um carácter mais virulento em épocas de transição ou quando o Presidente em exercício procura concretizar mudanças importantes".

O Presidente tentou desmontar as principais críticas dirigidas ao plano de saúde, desde a necessidade de aumentar impostos ao fantasma de maior intervenção estatal. Sobre o primeiro ponto, Obama assegurou que não subirá o escalão de impostos daqueles que ganham menos de 250 mil dólares por ano (170 mil euros). Quanto ao segundo ponto, recordou que, além das críticas a Roosevelt, o próprio Ronald Reagan foi criticado pela expansão do papel do Estado na sociedade americana. A importância de uma corrente "antigoverno", admitiu o Presidente, "sempre existiu" nos EUA e sempre mostrou grande desconfiança "sobre o envolvimento estatal na economia do país".

Obama irá surgir na ABC, NBC, CBS, CNN e na principal cadeia hispânica, a Univision, numa demonstração clara da importância que atribui à aprovação do seu plano de saúde. Este investimento mediático estava ontem a ser analisado como um risco para Obama, que "pode começar a cansar as pessoas" - dizia um analista republicano.

A única estação de maior audiência que fica de fora é a FoxNews por Obama não a considerar mais do que "instrumento de ataque" às suas políticas. A Fox está associada às posições dos republicanos e a grande maioria dos seus comentadores integra ou está próxima deste partido.

Um estudo da Universidade de Towson divulgado ontem mostrava que, até agora, Obama concedeu 124 entrevistas escritas, televisivas e radiofónicas, ou seja, três vezes mais do que George W. Bush no mesmo período de tempo.

Além da política da saúde, o Presidente falará sobre a situação no Afeganistão e o modo como as autoridades de saúde americanas estão a enfrentar a gripe A.


http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1366850&seccao=EUA%20e%20Am%E9ricas


Senado analisa projeto da igualdade racial

20/09/2009 às 20:45
| ATUALIZADA EM: 20/09/2009 às 20:52

Senado analisa projeto da igualdade racial

Cleidiana Ramos, do A TARDE

Roosewelt Pinheiro | Ag. Brasil
Senador Paulo Paim é autor do Projeto de Lei que cria o Estatuto da Igualdade Racial
Senador Paulo Paim é autor do Projeto de Lei que cria o Estatuto da Igualdade Racial


Está agora com o Senado a responsabilidade de aprovar ou rejeitar o Projeto de Lei 6264/05, que cria o Estatuto da Igualdade Racial. A Comissão Especial da Câmara, criada para analisar a medida, aprovou, no último dia 9, um texto que prevê ações como incentivo às empresas que contratarem negros e pena de reclusão de até três anos para quem praticar racismo na internet. Mas, o texto aprovado pela comissão também modificou princípios da versão original, como a retirada do percentual de cotas nas universidades no País.


As modificações têm provocado polêmica, principalmente entre os setores do movimento social. A versão mais corrente é de que as modificações foram feitas para atender a interesses do DEM (ex-PFL), que se coloca contra as cotas nas universidades, e também do PSDB. Ao lado do DEM, os tucanos combatem o decreto 4887/03, que flexibilizou as regras para o reconhecimento e titulação das comunidades quilombolas.


Uma das modificações feitas no texto aprovado pela comissão foi a redução do percentual para candidatos negros que os partidos políticos devem apresentar a cada eleição. Ele passou de 30% para 10% . Também foi retirada do projeto a exigência de uma cota mínima de 20% de artistas negros contratados em filmes ou programas de TV. A exigência foi mantida, mas sem definir percentual.


A cota para negros no sistema de educação foi conservada, mas sem especificar qual o percentual de vagas e com menção à sua manutenção apenas nas instituições públicas federais tanto de ensino superior como médio. Mas o texto também tem avanços, como o respeito à liberdade de exercício dos cultos de matriz africana e o direito de acionar o Ministério Público em casos de intolerância religiosa.


O estatuto estabelece diretrizes para as áreas de saúde, educação, esporte, lazer, cultura e também liberdade de crença com ênfase na proteção às religiões de matriz africana. “O ideal era aprovar o texto do projeto que foi submetido ao Senado, mas a aprovação na Câmara já é um passo importante”, analisa o senador Paulo Paim (PT-RS), autor da proposta de criação do estatuto. O próximo passo é a análise do projeto pelas comissões do Senado. A expectativa é que o órgão também crie uma comissão especial para debater o estatuto.


Fonte:

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1234818

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Benedita da Silva é barrada em caminhada religiosa



Camilla Lopes, Jornal do Brasil
RIO - Uma cena de constrangimento marcou a II Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que aconteceu ontem, na Orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio. Segundo a organização do evento, a secretária estadual de assistência social, Benedita da Silva, teria sido impedida de subir em um dos carros de som do evento por não estar no cerimonial oficial. A assessoria de Benedita negou o episódio.
– A secretária chegou acompanhada da deputada Beatriz dos Santos (PRB-RJ) e queria subir no carro. Não permitimos porque ela não estava no protocolo oficial. O representante da secretaria era o Claudio Nascimento, que é o superintendente de direitos humanos. Ela (Benedita) alegou que estaria representando o governador, mas não recebemos nenhum comunicado sobre essa representação. O evento era religioso e não político – afirmou a chefe de comunicação da caminhada, Rosiane Rodrigues.
Tenda para pastores
Em nota enviada ao JB durante o acontecimento do encontro, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) afirmou que, “repudia as atitudes da secretária de assistência Social e direitos humanos do Estado do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, que ameaçou montar uma tenda para receber pastores neopentecostais, na Avenida Atlântica. Acompanhada da deputada estadual Beatriz Santos (PRB-RJ), a parlamentar foi impedida de subir em um dos carros da caminhada.”
A assessoria de Benedita da Silva, porém, justificou o pedido da tenda e disse ainda, que, a secretária não foi barrada como alega a CCIR.
O setor de comunicação da Secretaria Estadual de Assistência Social enviou uma nota onde afirmou que a secretária está autorizada a representar o governador Sérgio Cabral em qualquer ato público de políticas públicas pertinentes à sua pasta.
Já sobre o pedido da tenda, a secretaria alegou que foi “para atender à solicitação do Fórum de Religiosidade de Matriz Africana do RJ-Izo Ledê, para abrigar babarolixás vindos e convidados especiais vindos de vários locais do Brasil para participar da Caminhada Defesa da Liberdade Religiosa”.
O porta-voz da CCIR, Ivanir dos Santos, confirma que houve o atrito.
– Eu cheguei na hora certa para acalmar os ânimos.
A II Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa conseguiu reunir, segundo o comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar (Copacabana), Rogério Seabra, mais de 50 mil pessoas.
Católicos, espíritas, ciganos, budistas, muçulmanos, judeus – que comemoravam o ano novo judaico – dentre outros, representantes de religiões acompanharam a caminhada em clima de total harmonia e união entre os diferentes credos religiosos.
O hit gospel “Faz um milagre em mim”, foi cantada em iorubá. O tradutor e cantor foi o sacerdote candomblecista Babá Òguntunde. Segundo ele, o objetivo foi mostrar que não existem diferenças na convivência harmoniosa das religiões.
21:33 - 20/09/2009