Camilla Lopes, Jornal do Brasil
RIO - Uma cena de constrangimento marcou a II Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que aconteceu ontem, na Orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio. Segundo a organização do evento, a secretária estadual de assistência social, Benedita da Silva, teria sido impedida de subir em um dos carros de som do evento por não estar no cerimonial oficial. A assessoria de Benedita negou o episódio.
– A secretária chegou acompanhada da deputada Beatriz dos Santos (PRB-RJ) e queria subir no carro. Não permitimos porque ela não estava no protocolo oficial. O representante da secretaria era o Claudio Nascimento, que é o superintendente de direitos humanos. Ela (Benedita) alegou que estaria representando o governador, mas não recebemos nenhum comunicado sobre essa representação. O evento era religioso e não político – afirmou a chefe de comunicação da caminhada, Rosiane Rodrigues.
Tenda para pastores
Em nota enviada ao JB durante o acontecimento do encontro, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) afirmou que, “repudia as atitudes da secretária de assistência Social e direitos humanos do Estado do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, que ameaçou montar uma tenda para receber pastores neopentecostais, na Avenida Atlântica. Acompanhada da deputada estadual Beatriz Santos (PRB-RJ), a parlamentar foi impedida de subir em um dos carros da caminhada.”
A assessoria de Benedita da Silva, porém, justificou o pedido da tenda e disse ainda, que, a secretária não foi barrada como alega a CCIR.
O setor de comunicação da Secretaria Estadual de Assistência Social enviou uma nota onde afirmou que a secretária está autorizada a representar o governador Sérgio Cabral em qualquer ato público de políticas públicas pertinentes à sua pasta.
Já sobre o pedido da tenda, a secretaria alegou que foi “para atender à solicitação do Fórum de Religiosidade de Matriz Africana do RJ-Izo Ledê, para abrigar babarolixás vindos e convidados especiais vindos de vários locais do Brasil para participar da Caminhada Defesa da Liberdade Religiosa”.
O porta-voz da CCIR, Ivanir dos Santos, confirma que houve o atrito.
– Eu cheguei na hora certa para acalmar os ânimos.
A II Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa conseguiu reunir, segundo o comandante do 19º Batalhão de Polícia Militar (Copacabana), Rogério Seabra, mais de 50 mil pessoas.
Católicos, espíritas, ciganos, budistas, muçulmanos, judeus – que comemoravam o ano novo judaico – dentre outros, representantes de religiões acompanharam a caminhada em clima de total harmonia e união entre os diferentes credos religiosos.
O hit gospel “Faz um milagre em mim”, foi cantada em iorubá. O tradutor e cantor foi o sacerdote candomblecista Babá Òguntunde. Segundo ele, o objetivo foi mostrar que não existem diferenças na convivência harmoniosa das religiões.
21:33 - 20/09/2009
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