quinta-feira, 17 de setembro de 2009

É o racismo, estúpidos

É o racismo, estúpidos

Em Debate

Por Edson Lopes Cardoso

O repórter Bernardo Mello Franco, de "O Globo", escreveu que a "Câmara dos Deputados aprovou ontem uma versão esvaziada do Estatuto da Igualdade Racial". Na mesma reportagem, o ministro Edson Santos afirmou que "o grande avanço é que ele não vai gerar conflito". (O Globo, p. 11.)

O Dep. Luiz Alberto (PT-BA) por sua vez afirmou, em pronunciamento da tribuna da Câmara, que o texto aprovado era "o possível". E acrescentou: "Em caráter conclusivo, a matéria vai ao Senado Federal, onde também há um acordo para imediatamente se constituir uma Comissão Especial para aprovar o Estatuto, a fim de que o Presidente Lula, ainda este ano, possa sancioná-lo e dar ao Brasil uma oportunidade de se criar uma verdadeira democracia."

Segundo ainda a reportagem de Bernardo Franco, "o DEM elogiou as mudanças". Quem conduziu as negociações pelos Democratas foi o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e já se pode bem avaliar a profundidade (e a realidade) da "verdadeira democracia" para a qual se abrem agora todas as oportunidades.

Johanna Nublat, repórter da "Folha de S. Paulo", escreveu que a oposição, comandada por Lorenzoni, afirmou "ter tirado todos os pontos com os quais não concordava". (FSP, p. C9.) Ao "Correio Braziliense", o deputado fez declarações mais incisivas: "Tiramos qualquer tentativa de racialização do projeto". (CB, p. 11.)

Nublat, aliás, é autora da pérola mais preciosa escrita sobre a versão do Estatuto aprovada ontem na Câmara dos Deputados: "Há também pontos mais práticos, como a possibilidade de o governo criar incentivos fiscais para empresas com mais de 20 empregados e pelo menos 20% de negros."

Quando o ponto mais prático é uma possibilidade, o leitor pode bem dimensionar o que representa a proposta aprovada para a superação das desigualdades raciais. Nem falo de racismo, porque a Comissão Especial, a rigor, nunca tratou do tema. Mas é fato que, sem falar de racismo, não alcançamos as motivações fundamentais.

Há algumas semanas, a mídia divulgou a discriminação sofrida por Januário Alves de Santana, agredido por seguranças do supermercado Carrefour numa cidade da Grande São Paulo. Todos conhecem a história do homem negro, técnico em eletrônica, que foi acusado de tentar roubar seu próprio veículo, um EcoSport. Acusado e violentamente espancado nas dependências do Carrefour.

Segundo ainda o noticiário, Januário viveu tantos constrangimentos após a compra do veículo, que decidiu se livrar dele. Creio que deveríamos fazer uma reflexão sobre como essas imposições violentas de limites têm afetado a população negra. Inclusive entidades e parlamentares.

Por causa de seus traços fisionômicos, seu fenótipo, e de um conjunto de injunções decorrentes da hierarquização do humano vigente entre nós, Januário vê-se obrigado a rever seu projeto, reduzindo suas dimensões, buscando adequar-se aos limites impostos pelo racismo.

Um modelo mais modesto de veículo talvez lhe permitisse acomodar-se aos limites rígidos preestabelecidos, seguramente é o que pensa Januário.

Segundo os seguranças do Carrefour citados na revista Carta Capital, tudo, toda a informação estava na cara de Januário. Sua cara não nega, teriam dito os seguranças. E mais: "Você deve ter pelo menos três passagens pela polícia". Sendo assim, não admiraria que Januário, renunciando a seu projeto legítimo de possuir um EcoSport, fosse preso ou assassinado conduzindo uma bicicleta.(Carta Capital, nº 560,25/08/09 p.16.)

O fato é que os negros vivem em um mundo em que se sabe de antemão muita coisa sobre eles. Impressiona a quantidade de informação que o olhar racista pode colher em um rosto negro. Os negros são no Brasil a evidência pública de um conjunto de delitos.

Apoiado por muitos outros autores, Umberto Eco afirma que é o outro, é o seu olhar, que nos define e nos forma. E não se trata aqui, diz ele, de nenhuma propensão sentimental, mas de uma condição fundadora (ver Cinco escritos morais. Editora Record, 1997, p. 95.)

Já sabemos como somos vistos e, a partir desse olhar, como devemos nos definir e conformar nossos projetos. Seria melhor dizer como devemos amesquinhar e reduzir nossos projetos. Sonhos não realizados, esperanças frustradas reafirmando e reforçando a ideologia que previamente nos classificou a todos.

Os parlamentares negros que ontem cantaram e ergueram os punhos fechados e se abraçaram ao DEM, o ministro Edson Santos, a Seppir, a Conen, a Unegro, todos comemoravam no fundo a redução e o amesquinhamento do projeto de Estatuto. Conformaram-se ao "possível". Confiam que na redução ainda se podem projetar ganhos eleitorais. Vão colher, seguramente, o que plantaram.


http://www.geledes.org.br/em-debate/e-o-racismo-estupidos.html


Ex-presidente Carter diz que racismo está por trás dos ataques a Obama

Ex-presidente Carter diz que racismo está por trás dos ataques a Obama

16/09 - 06:37 -

EFE - v1

Washington - O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter assegura que o racismo está por trás do ataque do legislador republicano Joe Wilson ao atual presidente, Barack Obama, ao que chamou mentiroso, assim como de outras muitas críticas da oposição que recebeu nos últimos dias.

"Acho que uma arrasador maioria da grande animosidade demonstrada contra o presidente Barack Obama se baseia no fato de que é um homem negro", disse Carter em entrevista emitida ontem à noite pela cadeia "NBC".

Em referência às palavras de Wilson, Carter assegurou que se tratou de um comentário "ruim" que faz parte de um "sentimento inerente" que têm muitos americanos, particularmente do sul, que os afro-americanos "não estão qualificados para dirigir este grande país".

Wilson, republicano pela Carolina do Sul, gritou "O senhor mente!" a Obama durante seu discurso sobre a reforma do sistema saúde perante uma sessão conjunta do Congresso na quarta-feira passada, quando o líder assegurava que a reforma não cobriria aos imigrantes ilegais.

"Essa inclinação pelo racismo ainda existe", assegurou o ex-presidente Carter, que qualificou esse fato de "abominável" antes de assegurar que se sentia "triste" e "profundamente preocupado".

Em qualquer caso, Obama será capaz de "triunfar sobre as atitudes racistas, que são a base do negativo ambiente que vimos nos últimos dias", acrescentou Carter sobre as numerosas críticas recebidas pelo atual presidente, que se encontra imerso na reforma do sistema sanitário dos EUA.

A Câmara de Representantes aprovou ontem uma resolução que condena a conduta de Wilson, que se negou a pedir desculpas perante o Legislativo.

Por 240 votos a favor e 179 contra, os legisladores aprovaram a resolução, que é o castigo mais leve que a Câmara Baixa pode dar a um de seus membros.

O congressista se negou a pedir perdão por sua conduta no plenário da Câmara Baixa por considerar que bastava a desculpa que ofereceu em privado à Casa Branca.



http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/09/16/ex+presidente+carter+diz+que+racismo+esta+por+tras+dos+ataques+a+obama+8468922.html

Ex-presidente Carter diz que racismo está por trás dos ataques a Obama

Ex-presidente Carter diz que racismo está por trás dos ataques a Obama

16/09 - 06:37 - EFE

EFE - v1

Washington - O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter assegura que o racismo está por trás do ataque do legislador republicano Joe Wilson ao atual presidente, Barack Obama, ao que chamou mentiroso, assim como de outras muitas críticas da oposição que recebeu nos últimos dias.

"Acho que uma arrasador maioria da grande animosidade demonstrada contra o presidente Barack Obama se baseia no fato de que é um homem negro", disse Carter em entrevista emitida ontem à noite pela cadeia "NBC".

Em referência às palavras de Wilson, Carter assegurou que se tratou de um comentário "ruim" que faz parte de um "sentimento inerente" que têm muitos americanos, particularmente do sul, que os afro-americanos "não estão qualificados para dirigir este grande país".

Wilson, republicano pela Carolina do Sul, gritou "O senhor mente!" a Obama durante seu discurso sobre a reforma do sistema saúde perante uma sessão conjunta do Congresso na quarta-feira passada, quando o líder assegurava que a reforma não cobriria aos imigrantes ilegais.

"Essa inclinação pelo racismo ainda existe", assegurou o ex-presidente Carter, que qualificou esse fato de "abominável" antes de assegurar que se sentia "triste" e "profundamente preocupado".

Em qualquer caso, Obama será capaz de "triunfar sobre as atitudes racistas, que são a base do negativo ambiente que vimos nos últimos dias", acrescentou Carter sobre as numerosas críticas recebidas pelo atual presidente, que se encontra imerso na reforma do sistema sanitário dos EUA.

A Câmara de Representantes aprovou ontem uma resolução que condena a conduta de Wilson, que se negou a pedir desculpas perante o Legislativo.

Por 240 votos a favor e 179 contra, os legisladores aprovaram a resolução, que é o castigo mais leve que a Câmara Baixa pode dar a um de seus membros.

O congressista se negou a pedir perdão por sua conduta no plenário da Câmara Baixa por considerar que bastava a desculpa que ofereceu em privado à Casa Branca.




Veja artigo que gerou polêmica do pastor João Batista Carvalho Ele publicou artigo em que condenou a homossexualidade.

Veja artigo que gerou polêmica do pastor João Batista Carvalho

Ele publicou artigo em que condenou a homossexualidade.

Veja artigo na íntegra:

João Batista Alves de Carvalho

PASTOR BATISTA.
PROFESSOR, ESCRITOR E
HISTORIADOR

Todos nós sabemos que a bíblia é a carta de Deus revelada aos homens, é a carta magna, o livrosagrado divino-humano, é o testamento de Deus e do seu filho Jesus Cristo para os seus seguidores. É neste livro que encontram-se os preceitos divinos, normas, condutas, éticas, caráter, comportamentos, ensinos, exemplos.

A bíblia é a única regra de fé e prática, conduta e comportamento. O homossexualismo, tanto masculino como feminino, é um comportamento e uma prática anti-bíblica, condenada por Deus, desde o Antigo ao Novo Testamento, e diga-se de passagem, é uma inspiração diabólica. Porém, sabemos que o homossexualismo esteve presente desde a antiguidade.

Já nos tempos do Patriarca Abraão, o pecado do homossexualismo se agravou tanto que seu mau cheiro chegou às narinas e Deus, provocando assim a destruição de duas cidades, palco do homossexualismo, SODOMA e GOMORRA, com fogo e enxofre, as mesmas se tornaram em CINZAS.

A profundidade do fogo, segundo alguns historiadores e teólogos, foi tão grande que naquele local deu origem ao mar morto que recebe as águas do Rio Jordão. As suas águas são tão salgadas e imprestáveis que ali não há sobrevivência, nem no mar, nem nas suas margens. Suas águas para nada servem, devido a grande quantidade de sal ali existente (Gênesis Cap. 13, 18-19).

As práticas homossexuais eram comuns entre os egípcios, gregos e romanos. Já as autoridades Européias da Idade Média protestavam veementemente contra o homossexualismo. Desde a época renascentista, varias nações européias invocaram o castigo divino para os praticantes do homossexualismo, tal qual aconteceu com SODOMA e GOMORRA, de modo que alegavam ainda a destruição de POMPÉIA e HERCULANO, por uma erupção do Vesúvio em 79 d.C. Como manifestação da ira de Deus.

Em 1458, em Veneza, foram adotadas leis anti-sodomitas para tentar preservar a cidade da ira Divina. Na Espanha, os Reis Fernando de Aragão e Isabela de Castela mantiveram as leis no século XIII. A execução dos homossexuais consistia de castração, seguida de apedrejamento e queima do corpo em estaca, em plena praça pública.

Na Suíça, nos tempos da Reforma Protestante, as pessoas apanhadas no ato homossexual eram esquartejadas vivas, permanecendo por uma semana, quando então eram queimadas. O mesmo ocorria na França, Itália e em Portugal.

No Brasil, essas leis foram aplicadas pelos portugueses em 1521, estendendo-a também para os atos lésbicos em 1603. Milhares de homossexuais foram mortos durante a 2ª Guerra Mundial nos campos de concentração. Mas tal qual a lepra, o homossexualismo está sempre vivo, só que a lepra hoje tem cura, quando bem cuidada, o homossexualismo não teve cura e nem terá, a menos que seus adeptos e simpatizantes abram seu coração e permitam que o Espírito Santo os transformem.

No pensamento de muitos, o HOMOSSEXUALISMO pode ser causado por abalo familiar, conjugal, moral, social, financeiro e espiritual. Eu fico com o último. Enquanto não houver uma vida pautada nos moldes de Deus, enquanto não houver uma educação religiosa baseada na Bíblia, enquanto a família negligenciar a doutrina do evangelho e quando Jesus Cristo não for o alicerce do lar e nosso hospede permanente, o diabo sempre encontrará brechas e entrará facilmente e aí haverá tudo quanto satanás gosta: briga, separação, falta de vergonha, falta de moral, abalo financeiro, infidelidade,
prostituição, drogas, HOMOSSEXUALISMO, morte, etc.

E o final será o inferno se Cristo não for o centro de tudo, inclusive do desejo e ações sexuais. O que está acontecendo no Brasil e aconteceu na sexta-feira à tarde do dia 28/08 na Av. Frei Serafim, é pura falta de vergonha, falta de respeito, falta de moral, falta de autoridade das autoridades, abuso da lei, atentado violento ao pudor (art. 214 e art. 233 do código penal).

A palhaçada aconteceu exatamente no momento que jovens, adolescentes e crianças saiam dos colégios. Mas, onde está as autoridades, os representantes do povo, a igreja? Algumas presentes, dando apoio e cobertura como foi o caso de deputados, deputadas, secretários de governos, etc.
Tudo acontece próximo ao ano eleitoral de 2010, tudo por conta de votos vindoros. Que política e que políticos sujos, interesseiros e descompromissados com a ética, com a educação com a sociedade e com a moral! Que Piauí e que Brasil é este que vivemos? Isto é uma Vergonha!

Os HOMOSSEXUAIS e autoridades simpatizantes pelo movimento GAY exigem ética, respeito e punição a quem os descriminarem, mas onde foi parar o respeito por parte deles? Machos (e não homens), fêmeas (e não mulheres) se abraçando e se beijando em pleno dia e em plena avenida, outros desfilando com a bunda toda de fora e um até com um objeto enorme representando
um pênis. “Isto é uma vergonha”!

É isto que deve ser punido e exigido respeito por parte das autoridades. Mas, de que lado estão as autoridades? A resposta fica com você leitor! Digo de mulheres e de homens, com respeito àquelas e àqueles que são mulheres e homens de verdade portadores de caráter, respeito e um comportamento adequado.

Está estampado na capa do “Jornal O DIA”, edição do domingo dia 30 de agosto de 2009 o seguinte: “Prostituição – bastidores da noite em Teresina”. E nas páginas 4 e 5 a reportagem. O alvo são prostitutas e travestis de todos os estilos. É o comércio barato do sexo.

Verdadeira agressão ao pudor, imoralidade, falta de respeito, falta de caráter, falta de formação, falta de educação e um vazio enorme , tudo isto é uma verdadeira falta de Cristo no centro da vida. Onde está a Justiça, a segurança e as autoridades outras? Apoiando a diversidade. Outros ficam apoiando e admirando de longe, em cima do muro (nem todos é claro).

A bíblia nos diz: “com homem não te deitarás como se fosse mulher; é abominação”. (Levitico 18:22); “Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames ; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outra, contrário a natureza” (Romanos 1: 26); “semelhante, aos homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homem com homem, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.” (Romanos 1:27).

Vejamos o que no diz o Apóstolo Paulo na sua Primeira Epístola a Timóteo: “Tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas (afeminados, homossexuais, lésbicas), raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina (1 Timóteo 1; 9-10) fora (do céu) ficarão os cães, os feiticeiros (macumbeiros, cartomantes), os impuros (homossexuais, lésbicas, alguns políticos), os assassinos, os idólatras (que adoram imagens), e todo aquele que ama e pratica a mentira (alguns políticos) Apocalipse 22: 15”.

A palavra de Deus não volta atrás, ela é viva e eficaz. Pode passar o céu e a terra, mas a palavra de Deus não passará, ela permanece para sempre.


http://www.cidadeverde.com/txt.php?id=44703

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Publicidade da justiça e responsabilidade da imprensa




O DIREITO NA IMPRENSA
Publicidade da justiça e responsabilidade da imprensa

Por Dalmo de Abreu Dallari em 15/9/2009

A publicidade dos atos judiciais é um dos requisitos básicos do Estado Democrático de Direito e por isso, coerentemente com os princípios fundamentais da República, proclamados no artigo 1º, dispõe a Constituição brasileira, no artigo 93, inciso IX, que "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos", dispondo que a lei poderá estabelecer que, excepcionalmente, determinados atos, não os julgamentos, poderão ter a publicidade limitada ao conhecimento pelas partes e seus advogados, nos casos em que "a preservação do direito à intimidade do interessado não prejudique o interesse público à informação". Nessa ordem de considerações, é um dado positivo a maior atenção que a imprensa brasileira vem dando ultimamente aos casos em curso no Judiciário nos quais estão sendo questionados direitos e responsabilidades que afetam o interesse público.

O dever constitucional de publicidade dos atos judiciais não pode, entretanto, ser confundido com a exposição de personalidades do Judiciário e de suas opiniões sobre qualquer assunto, sem levar em conta que em muitos casos essa publicidade terá influência negativa sobre a crença no equilíbrio e na imparcialidade dos juízes e tribunais e sobre a confiança que eles devem inspirar naqueles que buscam a solução justa de qualquer conflito de direitos.

Quanto a esse ponto é indispensável que tanto os membros do Poder Judiciário quanto a imprensa aceitem a existência de limitações, que são de interesse público, e não pratiquem, nem favoreçam ou explorem, os impulsos exibicionistas, a tentação da publicidade, assim como o desejo de ficar em evidência revelando a intimidade dos julgadores, antecipando a divulgação de suas opiniões sobre os julgamentos de que eles irão participar numa ocasião futura e assim influindo indevidamente sobre os julgamentos.

Repercussão fácil

Um exemplo do excesso publicitário é o comportamento do atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que está diariamente na imprensa falando sobre os assuntos mais diversos. Seu comportamento exibicionista foi expressamente referido pelo ministro Joaquim Barbosa, quando, num áspero diálogo que travaram publicamente em 23 de abril deste ano – e que toda a imprensa divulgou – aquele ministro acusou o presidente da Suprema Corte do excesso publicitário, afirmando: "Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro".

Na realidade, já é amplamente conhecida a incontinência verbal do ministro Gilmar Mendes, que agride juízes e tribunais por meio da imprensa, em atitude oposta à que se espera de um verdadeiro juiz. Desse modo, ambos, o ministro e os que dão publicidade às ofensas por ele proferidas, não levam em conta que, longe de ser de interesse público e a expressão de um direito inerente à sociedade democrática, tal publicidade contribui para a criação de uma imagem negativa do Poder Judiciário, cuja autoridade é essencial para a garantia do respeito aos direitos e a solução justa dos conflitos.

Numa valiosa obra denominada La déontologie des magistrats (Paris, Ed. Dalloz, 2004), os eminentes juristas franceses Guy Canivet e Julie Joly-Hurard assinalam que "o dever de reserva interdita aos juízes toda crítica e toda expressão exagerada que possa comprometer a confiança e o respeito que sua função deve inspirar aos que esperam justiça". Tomando por base uma decisão do Conselho Superior da Magistratura, de 1993, observam que se trata, de fato, de uma limitação à liberdade de expressão do cidadão juiz, "mas que tem por objetivo preservar a dignidade, a imparcialidade e a independência da magistratura", que são valores de toda a cidadania.

Assim, pois, a imprensa, livre e responsável, não deve colaborar para os desbordamentos verbais dos magistrados e deve resistir à tentação do "furo" e da repercussão fácil e escandalosa, recusando-se a dar publicidade ao mero exibicionismo. A divulgação das ações judiciais é um serviço público relevante que a imprensa pode e deve prestar, dando publicidade ao que é de interesse público.

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=555JDB001#