terça-feira, 8 de setembro de 2009

André assina 17h reserva de vagas para negros em concursos

André assina 17h reserva de vagas para negros em concursos

O governador André Puccinelli assina hoje (8), às 17 horas, na sala de reuniões de seu gabinete, o decreto que regulamenta a lei número 3.594/2008. A lei institui o Programa de Reserva de Vagas para negros em concursos públicos para provimentos de cargos no Estado de Mato Grosso do Sul e já está sendo colocada em prática no Concurso Público de Provas e Títulos de 2009, que tem inscrições abertas até amanhã (9).



Conforme o edital do concurso, aos candidatos que se declararem negros, no momento da inscrição, será reservada cota de 10% das vagas oferecidas. No total, são 75 vagas, sendo 23 para a carreira de Gestão de Atividades Mercantis, com lotação na Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems); 17 vagas para Gestão de Serviços Hospitalares, com lotação na Fundação Serviços de Saúde (Funsau) e 35 vagas para a carreira de Serviços Organizacionais, para desempenhar as funções em órgãos ou entidades estaduais.



De acordo com a coordenadora de Políticas para Promoção da Igualdade Racial (Ceppir), da Secretaria de Estado de Governo (Segov), Raimunda Luzia de Brito, o governador André Puccinelli é o segundo do País a promover ações que asseguram a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para negros, com a reserva de cota mínima de 10% das vagas oferecidas em todos os concursos de âmbito estadual com cargos públicos de carreira. “As cotas são a oportunidade que o negro tem de, em todas as instâncias do executivo, preparar-se e fazer o concurso e passar. Sendo aprovado, ele tem a sua vaga assegurada. Isso é importante. É a ascensão social que ele vai ter”, avalia Raimunda.


http://www.msnoticias.com.br/?p=ler&id=21618


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Estado do Rio não é laico

Análise & Opinião| 25/04/2008 | Copyleft

DEBATE ABERTO

O Estado do Rio não é laico

Arquidiocese lança livros didáticos católicos para as escolas públicas. As obras desrespeitam a Constituição, burlam a própria lei do Ensino Religioso, discriminam religiões afro-descendentes e representam um retrocesso na luta em defesa da diversidade.

Aproveitando a brecha aberta através da lei estadual 3.459/2000, que regulamentou o Ensino Religioso como confessional no Rio de Janeiro, no final do ano passado, a Arquidiocese lançou quatro livros didáticos católicos de ensino religioso. A coleção é coordenada por Dom Filippo Santoro, Bispo da Educação e do Ensino Religioso e ilustrada também pelo cartunista Ziraldo. “O lançamento desses livros do Ensino Religioso Confessional e Plural das Escolas Públicas do Rio de Janeiro é muito importante porque indica uma perspectiva na qual se comunica uma mensagem muito clara, um conteúdo”, afirmou Dom Filippo Santoro, em matéria publicada no jornal O Testemunho da Fé, em agosto de 2007.

As obras desrespeitam a Constituição, burlam a própria lei do Ensino Religioso, discriminam religiões afro-descendentes e representam um retrocesso em importantes conquistas de educadores e educadoras preocupados (as) com a diversidade do país. Na página 56, do volume “A Igreja de Cristo”, por exemplo, há um ataque declarado aos praticantes de religiões afro-descendentes. Diz o texto: “A umbanda não faz uso de sacrifícios de animais em seus rituais, porque respeita a vida e a natureza”.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Templos de Umbanda e Candomblé, Pai Guimarães de Ogum, a afirmação, além de equivocada, discrimina. “A umbanda é uma religião brasileira que mistura pajelança, candomblé, kardecismo, catolicismo, xamanismo, orientalismo cigano. Cada casa vai desenvolver uma linha mais de acordo com seu dirigente e todas são umbanda. Nas mais próximas ao candomblé haverá a oferta de animais. Nossa identidade não se define em função das oferendas, mas pela relação com as entidades e com o divino”.

O problema começou em 1549, com a chegada dos jesuítas que já marcaram o início da escolarização brasileira com objetivos colonizadores e de catequese. A proclamação da República, em 1889, separa Estado e Igreja Católica e só a Constituição de 1891 vai garantir o ensino laico nas escolas públicas. O Ensino Religioso sairá de cena, mas por apenas quatro décadas. De lá para cá a mobilização e pressão da Igreja Católica vem garantindo sucessivas vitórias políticas sobre os setores laicos da educação. Mais próximo aos nossos dias, é na Constituição de 1988 que estes setores sofrem a primeira grande derrota, já que a lei manteve o caráter obrigatório para a oferta do Ensino Religioso nos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

Minimizando o dano, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, reincorpora o dispositivo “sem ônus para os cofres públicos”, mas o lobby da Igreja Católica não deixaria por menos e a LDB é modificada e considera o Ensino Religioso “parte integrante da formação básica do cidadão”. A restrição aos gastos públicos com o Ensino Religioso desaparece e caberá aos estados regulamentarem os procedimentos para definir o conteúdo dessas disciplinas, bem como a forma de selecionar e contratar seus professores. Estava aberta a brecha para cada um fazer o que quiser, como bem entender e, por que não, como bem mandar a fé de governos, professores e diretores de escolas?

Presbiterianos e eleitos com grande apoio das igrejas evangélicas, o “casal Garotinho” aproveitou a chance. Em setembro de 2000, o marido sanciona a Lei 3.459, do ex-deputado católico Carlos Dias (PP-RJ) que estabelece o ensino religioso confessional na rede estadual. Em 2004, a esposa Rosinha, já governadora, realiza concurso público e contrata 500 professores de Ensino Religioso. A relação é: Católicos (68,2%); evangélicos (26,31%) e “outras religiões” (5,26%). Não existem professores de candomblé, por exemplo. Para explicar porque o candomblé ficou de fora, a Coordenação de Ensino Religioso informa que não existe registro na pesquisa realizada em 2001 de alunos que praticam esta religião, mas garante que não há proselitismo na disciplina.

Entrevistas com professores de Ensino Religioso, com diretores de escola onde se reza o Pai-Nosso na entrada e com alunos de candomblé revelam o contrário. Uma professora católica diz como seleciona conteúdos: “Uso textos do Padre Marcelo Rossi e também a bíblia, selecionando os trechos comuns a católicos e evangélicos”. E outra, evangélica, acrescenta: “No ano passado eu tinha uns 8 alunos que eram ogans, que se convenceram que estavam errados e hoje são cristãos. Quando somos tolerantes eles acabam entendendo que estão errados”. Não é à toa que muitas crianças de candomblé, por exemplo, nos terreiros sentem orgulho de sua fé, mas, na escola, dizem que são católicas para não serem discriminadas.

Missa de Pentecostes nas escolas, Dia do Papa, Dia do Pároco e aulas sobre a Campanha da Fraternidade. Tudo isso faz parte do calendário de atividades para o professor de Ensino Religioso, presente em todos os volumes. Trata-se da segunda maior vitória política da Igreja Católica, já que o tema da Campanha da Fraternidade deste ano é: “Fraternidade e Defesa da Vida”, e o lema “Escolhe, pois, a vida”. Para ficar mais claro: “A escolha do tema deste ano é a expressão da preocupação com a vida humana, ameaçada desde o início pelo aborto até sua consumação com a eutanásia. Tema preciso e desafiador! Somos colocados diante de uma escolha entre a morte (aborto e eutanásia) e a vida”, disse Dom Jacyr Francisco Braido, bispo de Santos, na ocasião do lançamento da Campanha.

Não estranhemos se os próximos volumes desses livros didáticos condenarem os métodos contraceptivos, a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a pesquisa com embriões humanos, o divórcio. Tudo isso faz parte da Agenda do Vaticano.

Quando o Papa Bento Ratzinger XVI esteve por aqui, em maio de 2007, os principais jornais do país, divulgaram a tentativa do pontífice em fechar um acordo entre Brasil e Vaticano para regulamentar os direitos da Igreja no país que contempla patrimônio, ensino e formação religiosos. Os jornais destacaram a “firmeza do presidente Lula”, que não assinou o acordo por defender o Estado laico, e a frustração de Ratzinger. Ora, se o ensino religioso já é obrigatório, se no Rio é confessional, se os mais caros princípios católicos estão impressos em caríssimo papel couché, belamente ilustrados e disponíveis para as escolas públicas, por que o Papa saiu daqui frustrado? Além de desejar aprofundar o que já é ruim por aqui,

Ratzinger não foi embora sem antes recomendar que a Igreja ficasse longe da política. Contudo, no volume “Os sinais do Espírito”, no capítulo “Um jeito novo de ser responsável na Igreja”, lemos: “Escolha candidatos competentes que tenham boa conduta pessoal e sejam coerentes. É indispensável, ainda, que sejam comprometidos com a ética social, com os valores cristãos, com o resgate das dívidas sociais e com as posições defendidas pela Igreja, tais como: o ensino religioso nas escolas, a condenação do aborto, dos jogos de azar, a eutanásia, etc.” A restrição de Ratzinger diz respeito apenas aos setores progressistas da política porque política conservadora pode. É claro que a coisa não pára por aí.

A aliança católico-evangélica já estabelecida na seleção de conteúdos comuns no Ensino Religioso é reforçada pela publicação dessas obras que também divulga conteúdos comuns. A mesma aliança pode ser notada na própria Coordenação de Ensino Religioso, órgão da Secretaria Estadual de Educação onde apenas católicos e evangélicos possuem representação em Departamentos. A chefia da Coordenação é católica e nomeada pela Arquidiocese, que também nomeia a diretora do Departamento Arquidiocesano de Ensino Religioso Católico. Já a diretora do Departamento de Ensino Religioso Evangélico é nomeada pela Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil. Por telefone, a diretora desse último, que preferiu se identificar apenas por Vera Lúcia disse: “Nós não temos ainda nosso próprio material específico didático. Por enquanto, usamos os livros que foram cedidos pela Sociedade Bíblica do Rio de Janeiro. Fizemos um levantamento de seus livros didáticos e escolhemos os que tinham a ver com nosso plano básico. Trabalhamos de maneira amigável com os católicos”.

O senador Marcelo Crivella, ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e pré-candidato do PRB à Prefeitura do Rio, deve sacramentar a aliança com o PTB, que apresenta como candidato a vice o ex-deputado estadual Carlos Dias, ninguém mais, ninguém menos que o autor da lei do Ensino Religioso Confessional do Rio. A escola, nesse momento, representa um mercado religioso a ser dividido e conquistado por esta aliança que deixa de lado antigas divergências em benefício de interesses religiosos e políticos estratégicos dentro e fora da escola.

Logo depois de assumir, o ex-secretário de Educação do Rio, Nelson Maculan, declarava aos jornais, no dia 13/4/2006, que pretendia acabar com o ensino religioso confessional e nunca mais tocou no assunto. Parece que o problema também não existe para a nova secretária Tereza Porto. O silêncio só interessa aos setores envolvidos na aliança católico-evangélica, que, devagar e em surdina conseguiu acabar com a laicidade do Estado do Rio. Aos professores e professoras que defendem que escola não é lugar de qualquer religião, nenhum silêncio interessa.


Jornalista, Doutora em Educação e professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ.



http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=3875

O Negro na Mídia

O Negro na Mídia

Sindjors realiza seminário internacional sobre os indicadores da negritude nos meios de comunicação

Evento será nos dias 17 e 18 de setembro em Porto Alegre e terá palestrantes especialistas em indicadores sócios econômicos e jornalistas da Colômbia, Equador, Porto Rico, Espanha, Organização das Nações Unidas – ONU e do governo brasileiro. A entrada é franca e o prazo para inscrições encerra no dia 15/09. Interessados (as) em participar devem enviar e-mail solicitando ficha de inscrição para: secretaria1@jornalistasrs.brte.com.br



O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul - Sindjors realiza nos dias 17 e 18 de setembro próximo, no Salão Nobre da Associação Rio-grandense de Imprensa - ARI o 2º Seminário Estadual O Negro na Mídia - a Invisibilidade da Cor, nesta edição, tendo como tema Indicadores da Negritude e os Meios de Comunicação e o Encontro Latino-americano de Comunicação, Afrodescendentes e Rodada dos Censos de 2010. A entrada é franca e as inscrições estão abertas até o dia 15/09, podendo a ficha de inscrição ser solicitada através do e-mail: secretaria1@jornalistasrs.brte.com.br.

Os eventos são uma produção do Núcleo dos Jornalistas Afro-brasileiros e marcam a parceria do Sindjors com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher – Unifem, Centro de Informação das Nações Unidas - UNIC e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Com tradução simultânea, o Encontro Latino-americano de Comunicação, Afrodescendentes e Rodadas dos Censos 2010 já tem confirmada a presença de convidados do Equador, Colômbia, Porto Rico e Espanha.

De acordo com Jeanice Dias Ramos, integrante da diretoria do Sindjors e coordenadora do Núcleo, um dos objetivos do Seminário “é refletir sobre o que significa para os profissionais da mídia ter em mãos informes e indicadores sobre a população negra, ou seja representa a oportunidade de dominar com maior propriedade a temática étnica racial”. Ela, também, alerta que os eventos são abertos para o público em geral e as inscrições devem ser feitas de imediato “para garantir lugar, já que a procura tem sido grande nestes últimos dias".

VISIBILIDADE - Sobre o Encontro Latino-americano de Comunicação, Jeanice Ramos enfatiza que o seminário é parte da estratégia de assegurar a visibilidade estatística de afrodescendentes na região das Américas e no Brasil, como uma ação política que garanta a coleta e análise de dados desagregados por raça/etnia nos censos de 2010/2012 e, igualmente, verificar o impacto dessas alterações na produção de dados e indicadores socioecnômicos.

A desagregação de dados por raça/etnia pode resultar, segundo a coordenadora do Núcleo dos Jornalistas Afro-brasileirpos , no aperfeiçoamento das políticas públicas de combate ao racismo e promoção da igualdade racial, de acordo com os compromissos assumidos pelos Estados da região e reiterados na Conferência de Revisão de Durban, realizada em Genebra, em abril de 2009.

Esta iniciativa do Sindjors se integra aos esforços de garantir a ampliação dos direitos humanos da população negra através do enfrentamento do racismo, como determinam o Plano de Ação de Durban e as orientações do Comitê sobre Eliminação da Discriminação Racial - CERD, bem como instalar uma agenda de interlocução com jornalistas e comunicadores e sociedade civil.

O Seminário O Negro Na Mídia – Invisibilidade da Cor terá abertura no dia 17/9, quinta-feira, às 18h30min, no Salão Nobre da Associação Rio-grandense de Imprensa – ARI com prosseguimento, no mesmo local, no dia seguinte, 18/9, às 8h30min e reunirá representantes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (DF); do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (DF); Centro de Informação das Nações Unidas – UNIC (RJ); Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – Seppir (DF) e Empresa Brasil de Comunicação – EBC (DF) e Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher – Unifem (DF).

Programação

17 de setembro de 2009 - Seminário Estadual O Negro na Mídia – a Invisibilidade da Cor

Das 18h30min às 22h

18 de setembro de 2009 - Encontro Latino-americano de Comunicação, Afrodescendentes e Rodada dos Censos de 2010

Das 8h30 às 10h - Painel I – Afrodescendentes e a Rodada dos Censos de 2010

Das 10h30 às 12h - Painel II – Raça e Etnia nos Censos do Brasil, Pesquisas e Indicadores sobre a População Negra


CONVIDADOS/CONFIRMADOS

  • Eloi Ferreira de Araújo - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – Seppir
  • Mário Lisboa Theodoro - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA
  • Maria Inês Barbosa -Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher – Unifem
  • Ana Lucia Sabóia - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
  • Giancarlos Suma - Centro de Informação da ONU
  • José Carlos Torves - Federação Nacional de Jornalistas - Fenaj
  • Eliane Cavalleiro - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN
  • Cristian Guevara - Federação de afrodescendentes iberoamericanos - Fedafro - Espanha
  • Esaud Noel - Presidente da Associação Nacional de Jornalistas Afrocolombianos - Colômbia
  • Julio Rivera - Jornalista de Porto Rico

Mais informações com: Jeanice Dias Ramos - 51 91.17.33.90 - jeanice_ramos@hotmail.com

Vera Daisy Barcellos - Jorn. Reg.Prof.3.804 - 51.913.56.435
Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros /Sindjors
veradaisyb@yahoo.com.br


Fala de Obama a estudantes gera polêmica

São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009





Fala de Obama a estudantes gera polêmica

Republicanos fazem cavalo de batalha de discurso em que presidente incentivará alunos a se esforçarem em sua educação

Democrata é acusado de induzir culto à personalidade; discussão mostra como divisão política se acirrou em meio a debate sobre saúde

Saul Loeb/France Presse

Obama com a mulher, Michelle, e as filhas Sasha(à esq.) e Malia,
no retorno à Casa Branca após duas semanas de férias do presidente


DO "FINANCIAL TIMES",
EM WASHINGTON

Encorajar crianças a se esforçarem na escola e a estabelecerem metas para si mesmas não parece a princípio uma mensagem incendiária. Mas a intenção do presidente dos EUA, Barack Obama, de se dirigir a estudantes amanhã detonou uma tempestade política no país -os críticos mais ferozes estão comparando o democrata aos ditadores Josef Stálin (1878-1953) e Kim Jong-il, acusando-o de tentar doutrinar as crianças com ideias socialistas.
A reação raivosa é um sinal do quão polarizado se tornou o cenário político nos EUA depois de um recesso parlamentar em agosto marcado pela discussão sobre a reforma de saúde impulsionada pelo presidente.
A polêmica sobre o discurso aos estudantes não é um bom prenúncio para a fala que Obama fará na quarta-feira ao Congresso, na qual ele apelará por esforços bipartidários para formular uma lei sobre a reforma do sistema de saúde que possa ser apoiada por democratas e republicanos. Os democratas pretendem apresentar um projeto próprio caso não haja acordo até o próximo dia 15.
"O fato de que algo tão insípido como o presidente dizer a crianças que devem se esforçar tenha detonado esse tipo de resposta mostra o nível de paranoia nos EUA neste momento. É uma indicação da falta de vontade dos líderes republicanos de colaborarem com o presidente", disse Matthew Yglesias, do Center for American Progress, centro de estudos de inclinação democrata.
Encorajados pelo êxito que vêm tendo na oposição à reforma da saúde, os republicanos estão buscando novas oportunidades de enfraquecer o governo Obama.
Van Jones, assessor do presidente para questões de meio ambiente, pediu demissão anteontem após ser pressionado por comentários que fez sobre o Partido Republicano, a quem acusou de abusar da maioria parlamentar que teve no passado para impulsionar legislações daninhas ao país.
Amanhã, Obama discursará aos alunos da escola secundária Wakefield, em Arlington (Virgínia), sobre a necessidade de continuar na escola e trabalhar duro. Diretores de outras escolas em todo o país foram encorajados a deixar seus alunos assistirem ao discurso ao vivo no site da Casa Branca.

Coreia do Norte
A reação foi feroz. "Isso não é educação cívica, é a promoção de um culto à personalidade. É algo que você esperaria ver na Coreia do Norte ou no Iraque de Saddam Hussein", disse o senador republicano Steve Russell.
Depois de escolas em Estados como Illinois, Texas, Virgínia e Wisconsin dizerem que não iriam exibir o discurso e de alguns parentes afirmarem que não mandariam seus filhos à escola, a Casa Branca permitiu divulgar a transcrição do discurso hoje para que pais e professores decidam se as crianças devem ouvi-lo ou não.
O plano de Obama de discursar a estudantes não é novidade nos EUA -George Bush pai fez o mesmo em 1991 e sofreu oposição democrata então. Mas a ferocidade da reação desta vez mostra o abismo criado meses após Obama assumir o cargo.
"Um setor do Partido Republicano com fobia a intervenção governamental tomou controle do megafone na política americana, auxiliado e incentivado por direitistas nos meios de comunicação", afirmou Bill Galston, pesquisador do Instituto Brookings e ex-assessor do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001).
Ontem, o secretário da Educação do governo Obama, Arne Duncan, desqualificou a polêmica. "Isso é uma estupidez. As crianças podem ir ao colégio e não assistir [ao discurso]. É simplesmente um discurso de 18 minutos, no qual o presidente desafiará os jovens a assumirem responsabilidade por sua educação", disse ele à emissora CBS.


Com agências internacionais
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0709200903.htm


Com "Jesus no coração", último pajé suruí troca pajelança pela Bíblia

São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009






Com "Jesus no coração", último pajé suruí troca pajelança pela Bíblia

DA ENVIADA A CACOAL (RO)

Antes de dormir, o índio Marimop Suruí, 85, hoje frequentador da Igreja Batista, entoa palavras em tupi-monde que lembram uma cantoria. Mas ele faz uma oração que, traduzida pela neta Rebeca Suruí, 15, quer dizer: "Senhor Jesus, eu te agradeço que você veio morreu [sic.] nos nossos pecados, que nós somos pecadores e nós não somos nada. Amém". Ele ora ao lado de Weitan Suruí, 80, uma das cinco mulheres que teve.
Na aldeia Lapetanha está a Igreja Batista Suruí, onde o pastor prega em tupi-monde. O culto começa com uma cantoria, acompanhada de violão. Tropeçando nas palavras, um dos suruís anuncia a leitura de trecho do Evangelho. Os outros (muitos deles que não falam português), folheiam a Bíblia.
Bem à frente está o ex-pajé Pepera Suruí, que não sabe sua idade (cerca de 60 anos), mas pela tatuagem no rosto mostra que é do "tempo dos mais antigos", quando eles "viviam no mato" e tatuavam a pele em rituais de passagem. Ele diz que hoje, em vez de curar com pajelança, ora com a Bíblia por perto. "Parou [a atividade de pajé]. É perigoso o espírito mau. Agora tem Jesus no coração", diz o último pajé suruí, que emenda a frase com uma cantoria evangélica em tupi-monde.


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0709200910.htm