domingo, 16 de agosto de 2009

Médici e Nixon planejaram derrubar Allende


São Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

Documento dos EUA revela que, em reunião com americano dois anos antes do golpe, brasileiro disse "estar trabalhando" para derrubar chilenoRelato da conversa mostra que foram tratados também temas como a instabilidade boliviana, a volta de Cuba à OEA e o Tratado de Itaipu FABIANO MAISONNAVE DE CARACAS
Em conversa com o colega americano Richard Nixon, o presidente Emílio Médici afirmou que "estava trabalhando" para derrubar o governo do socialista chileno Salvador Allende, revelam documentos liberados pelo Departamento de Estado dos EUA e compilados pelo instituto de pesquisa não governamental Arquivo Nacional de Segurança, aos quais a Folha teve acesso. O encontro ocorreu no Salão Oval da Casa Branca, às 10h de 9 de dezembro de 1971. Do lado brasileiro, só Médici estava presente, deixando o Itamaraty de fora. Sem falar inglês, precisou da ajuda do general Vernon Walters, que tinha forte ligação com o Brasil -era o adido militar americano no golpe de 1964.O outro participante foi o assessor de Segurança Nacional e futuro secretário de Estado Henry Kissinger, relator do encontro, revelado quase 38 anos depois. "É fantástico ver que Médici tenha mantido conversas no mais alto nível sem se fazer acompanhar por ninguém", diz o pesquisador Matias Spektor. "A Casa Branca e o Médici acreditavam que o Itamaraty estava tentando frustrar a visita presidencial. Os diplomatas brasileiros não gostavam da ideia de tanta proximidade entre os presidentes." A visita de Médici ocorreu num momento em que o Brasil começava a ter uma política externa mais ativa, enquanto os EUA, embora preocupados com o avanço esquerdista na América Latina, estavam atolados na Guerra do Vietnã. Anticomunistas convictos, os presidentes conversaram sobre ações para derrubar os regimes esquerdistas de Chile e Cuba e "evitar novos Castros e Allendes", como define Nixon. Médici, quase dois anos antes do golpe de setembro de 1973 liderado pelo general Augusto Pinochet, prevê que Allende seria derrubado "pelas mesmas razões" que João Goulart. A conversa também aborda a instabilidade boliviana. Médici diz que convenceu o ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1954-1989) a vender a energia da futura usina de Itaipu aos bolivianos, sob o argumento de que, "se a Bolívia não fosse ajudada, sem dúvida se tornaria comunista". O pré-acordo nunca foi levado adiante. Em outro momento, eles mostram preocupação com as gestões do Peru para a volta de Cuba à OEA (Organização dos Estados Americanos). É quando ocorre a única intervenção de Walters, que diz que o presidente esquerdista peruano, Juan Velasco Alvarado (1968-1975) tinha um filho com uma ex-miss "muito de esquerda em suas opiniões e associações políticas" e que isso lhe seria um problema caso saísse a público. Para continuar falando sobre esses temas, Nixon propõe a criação de um "canal" de comunicação fora dos meios diplomáticos e diz que seu homem de confiança seria Kissinger. Médici concorda e diz que confiava no seu chanceler, Mário Gibson Barbosa, que tinha um "arquivo especial em que todos os itens eram manuscritos (...) de forma que nem os datilógrafos tinham conhecimento deles". Na avaliação do ex-embaixador do Brasil nos EUA Roberto Abdenur, a conversa "não chega a ser uma surpresa". "O que os dois fizeram foi selar, no mais alto nível político, e em termos de organizada colaboração, algo em que ambos os lados já de há muito se vinham empenhando." Leia documentos da visita
www.nsarchive.org

sábado, 15 de agosto de 2009

Censura judicial da mídia


São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009
WALTER CENEVIVA
Nas democracias, a ação para proteger direitos individuais e coletivos não deve ofender a liberdade informativa
A IDEIA de um direito absoluto contraria o limite de seu exercício em face do direito dos demais. Nem o direito à vida é absoluto para a lei, embora todos os outros direitos dele decorram.Tanto não é que a Constituição afirma, na cabeça do artigo 5º, a inviolabilidade do direito à vida, a ponto de proibir a pena de morte. Proibição limitada, contudo, pelo inciso 47 desse mesmo artigo 5º, onde é admitida sua aplicação em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, inciso 19 da Carta.O artigo 5º afirma inviolável a liberdade de manifestação do pensamento, sob a ressalva de que o manifestante seja identificado, ante a vedação do anonimato. No artigo 220 da Constituição, vê-se que a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação são livres, observado o disposto na mesma Carta.Os limites a serem respeitados acabaram gerando consequências nefastas quando serviram para justificar limitações muito além das ressalvas referidas, afrontando a interpretação adequada da liberdade fundamental. Foi o que ocorreu, há pouco, com a violação da liberdade do jornal "O Estado de S. Paulo".Nas ditaduras, a censura da comunicação social decorre do arbítrio dos detentores do poder. Compreendeu, nos períodos do obscurantismo, a ação direta de censores dentro das redações dos veículos de comunicação.No regime democrático, a liberdade não acolhe a ofensa de direitos individuais e coletivos, mas determina que a ação judicial para protegê-los não ofenda a liberdade informativa e de crítica, elemento fundante de defesa da sociedade.Assim, o direito constitucional aceita que o Judiciário possa punir quem se exceda na manifestação do pensamento, mas não permite que o veículo jornalístico seja proibido, por antecipação, de transmitir notícia, informação ou crítica a respeito de quem quer que seja, pessoa determinada ou não, ocupante ou não de cargo público.Vedar publicação futura referente a qualquer pessoa supostamente ameaçada por matéria que órgão de comunicação pretenda divulgar viola princípio básico da Carta Magna, ofende a essência jurídica da comunicação livre, do veículo e da comunidade.Nesses casos, a decisão do juiz, para ser correta, vem marcada pela compreensão do direito-dever de informar -em paralelo com o direito do povo de ser informado por todos os meios técnicos disponíveis.É o fio de navalha entre os interesses individuais e coletivos da comunicação, de modo a preservar estes, quando confrontados. Fora dessa perspectiva, tem-se o Judiciário posto à serviço da censura e do obscurantismo.O caso da censura recente ao jornal o "O Estado de S. Paulo" foi mais grave quando se soube das relações familiares do magistrado com pessoas envolvidas ou parentes delas. Justificou que a suspeição fosse invocada. Suspeição é a condição em que se encontra o juiz quando sua imparcialidade possa ser posta em dúvida no julgamento de causa, incidente ou ato em que intervenha.Os fatos dos quais se pode extrair a suspeição, não são, em geral, claros por si mesmos, mas objeto de dúvida razoável. Quando concorre o direito sobre o qual se suporte o Estado democrático de Direito, o reconhecimento da suspeição há de pender para o bem coletivo.

Obama diz que reforma de saúde diminuirá controle das seguradoras

5/08/2009 - 08h18



da Efe, em Washington

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste sábado que a reforma do sistema de saúde do país acabará com o controle exercido pelas empresas seguradoras.

No discurso que faz todos os sábados, o líder acrescentou que, por causa dessa reforma, as seguradoras já não poderão recusar cobertura ou cancelar apólices de doentes.
As empresas de seguro também serão proibidas de negar cobertura por causa do histórico médico de um paciente, de cancelar a apólice de uma pessoa que adoeça ou de reduzir os serviços quando esses forem mais necessários, prometeu.
"As companhias de seguro já não poderão impor limites arbitrários na cobertura que recebem em um certo ano ou no decorrer da vida, e imporemos um limite ao valor cobrado em despesas próprias, porque ninguém nos EUA deve ir à falência simplesmente porque adoeceu", criticou.
O presidente, que intensificou sua campanha para atrair apoio popular ao plano, disse que através da reforma as seguradoras deverão pagar exames de rotina e de atendimento preventivo, como mamografias e colonoscopias.
"Não há razão para não salvar vidas ou economizar dinheiro com a detecção adiantada de doenças como o câncer de mama e de próstata", disse.
Obama admitiu que existe ceticismo e que teve uma dura tarefa em seus esforços pela resistência colocada por "interesses particulares que se beneficiam do status quo [e] usam sua influência e aliados políticos para amedrontar e enganar o povo".
"Aqueles que obstaculizam o caminho da reforma estão dispostos a dizer praticamente qualquer coisa para assustá-los sobre o custo de agir. Mas não dizem muito sobre o custo de não agir", afirmou.
Segundo o presidente americano, se não for feito nada para reformar o sistema esse se tornará cada vez mais caro e impossível de se sustentar.
Calcula-se que, nos Estados Unidos, quase 50 milhões de pessoas não tenham seguro de nenhum tipo, e a reforma procura conseguir que esse grupo tenha acesso garantido ao atendimento médico.
Republicanos
Em discurso que também faz aos sábados, o senador republicano Orrin Hatch disse que o partido concorda com que o sistema deva ser reformado.
Porém, afirmou que a reforma representaria um gasto enorme de US$ 2,5 trilhões que "não tem sentido, especialmente em um momento em que a despesa e a dívida estão se multiplicando a uma velocidade alarmante".

Colômbia e EUA fecham acordo para uso de bases militares


sexta-feira, 14 de agosto de 2009, 21:18 Online

No acordo países reafirmam compromisso na luta contra o narcotráfico e o terrorismo na América Latina

WASHINGTON -
A Colômbia e os Estados Unidos concluíram as negociações para o acordo de uso de bases militares colombianas por norte-americanos. No acordo, confirmado por um comunicado da chancelaria, os países reafirmam o compromisso na luta contra o narcotráfico e o terrorismo. Não se conhecem muitos detalhes do acordo que foi fechado e o documento, reconhece o governo colombiano, ainda não foi assinado.

O Ministério de Relações Exteriores da Colômbia divulgou o seguinte comunicado na sua página na internet http://www.cancilleria.gov.co na noite desta sexta-feira, 14: "O governo da Colômbia informa que no dia de hoje se encerraram as negociações do acordo em matéria de Cooperação e Assistência Técnica na Defesa e Segurança entre os governos da Colômbia e dos Estados Unidos. Tal acordo reafirma o compromisso das partes na luta contra o narcotráfico e o terrorismo. O texto acertado passa agora por uma revisão técnica nas instâncias governamentais de cada país para a sua posterior assinatura".

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse, também na noite desta sexta-feira, 14, que o diálogo com os Governos do Equador e da Venezuela pode ser retomado para recompor as relações diplomáticas da Colômbia com esses países, ao mesmo tempo em que disse que o acordo militar entre Bogotá e Washington deve se projetar a todo o continente. "Eu acho que pode haver um diálogo com o Equador, e o mesmo com a Venezuela", disse Uribe na Assembleia da Associação Nacional de Empresários colombianos (ANDI), em Medellín.

A comissão colombiana, que se encontra em Washington para liquidar alguns pontos do acordo, espera que durante este fim de semana se feche o convênio definitivamente.

"O acordo nos permitiria acesso a instalações militares colombianas para poder levar a cabo atividades conjuntas previamente estipuladas. Se o conseguirmos, seria similar a acordos que temos com outros muitos amigos próximos no mundo todo. Mas estas conversas continuam", acrescentou.

A proposta que permite às forças dos EUA o uso de até sete instalações militares colombianas causou preocupação na região e alimentou tensões nos Andes, onde o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e seus aliados esquerdistas se opõem à influência norte-americana.

O governo dos EUA diz que o plano é uma ampliação da cooperação existente com a Colômbia, que recebeu mais de 5 bilhões de dólares em ajuda para combater o tráfico de cocaína e as guerrilhas marxistas Farc, o mais antigo grupo de insurgentes na América Latina.

"As missões são as mesmas, são ações antinarcóticos e contra suas ligações com o terrorismo na Colômbia", disse Frank Mora, o assistente da Subsecretaria dos EUA para o Hemisfério Ocidental, em declaração à Reuters na noite de quinta-feira. "Teremos mais acesso, mas isso não significa que teremos mais vantagens ou mais tropas", acrescentou Mora.

Ajudado pelos recursos dos EUA, o presidente colombiano, Alvaro Uribe, tem enfrentado as guerrilhas das Farc, que foram confinadas a selvas remotas e montanhas. A violência e os atentados diminuíram drasticamente, e o investimento externo aumentou.

Mas a Colômbia continua sendo o maior exportador mundial de cocaína. Os carregamentos da droga são embarcados via Oceano Pacífico para o norte e através da Venezuela e do Caribe até a Europa. As Farc continuam fortes em algumas áreas rurais, valendo-se de emboscadas contra as forças de segurança e táticas de atacar e se retirar em seguida.

A investida dos militares dos EUA em sete pequenas bases colombianas é parte de uma ampla mudança na estratégia norte-americana de distanciamento das instalações grandes e permanentes do tempo da Guerra Fria e opção por locações pequenas arrendadas de aliados mais próximos, em áreas de grande conflito, disse uma outra autoridade da defesa dos EUA.

Os militares dos EUA têm operações vitais em seis países na região da América Latina e Caribe.

Na Colômbia, essas operações se concentram em apoio logístico, de inteligência e treinamento para aperfeiçoamento das Forças Armadas colombianas. Pelo atual acordo entre os dois países, a presença militar norte-americana está limitada a 800 soldados e um número adicional de 600 civis atuando sob contrato. Segundo Mora, isso não irá mudar. Atualmente os EUA mantêm 260 soldados na Colômbia, disseram autoridades.

"Este acordo é bilateral. Trata-se do aprofundamento de nosso relacionamento com os colombianos", afirmou Mora. "Não é nenhuma tentativa de fortalecer o país contra algum outro da região."

Mas a proposta encontrou resistência na região. O Brasil, uma potência regional, expressou preocupação com o plano, e outros países o definiram como preocupante. Chávez e um grupo de esquerdistas qualificaram a proposta de agressão e o líder venezuelano adotou medidas econômicas contra a Colômbia por causa do plano.

Mais de 500 turistas dos EUA acompanham procissão na Bahia

14/08/09 - 20h59 - Atualizado em 14/08/09 - 20h59
Evento da Irmandande da Boa Morte é feito há 150 anos, em Cachoeira.Tradição começou nas senzalas.
Glauco Araújo Do G1, em São Paulo

Mais de 500 turistas dos Estados Unidos acompanharam o primeiro dia das festividades da Irmandade da Boa Morte, em Cachoeira (BA), nesta quinta-feira (13). O evento segue até segunda-feira (17), com uma apresentação de samba de roda. Segundo a Secretaria de Turismo (Setur) da Bahia, o grupo é formado exclusivamente por mulheres negras e mestiças, que descendem e representam os ancestrais africanos escravizados e libertados. Muitas delas são centenárias, como Mãe Filhinha, de 105 anos, e Mãe Estelita, de 102 anos.

Ainda de acordo com a Setur, a irmandade tinha o objetivo de ajudar os escravos a fugir para o Quilombo do Malaquias, na zona rural de Cachoeira. A Boa Morte surgiu nas senzalas, há cerca de 150 anos.


Evento é tradição de mais de 150 anos na Bahia (Foto: Edgar de Souza/Divulgação)
Além dos turistas estrangeiros, a Prefeitura Municipal de Cachoeira estima que deve receber cerca de 15 mil visitantes no período das celebrações religiosas, que termina na segunda-feira (17). A Secretaria de Turismo da Bahia informou que investiu cerca de R$ 80 mil para apoiar os festejos. Os hotéis e pousadas da cidade estão lotados e não aceitam mais reservas.

Mulheres negras seguem pelas ruas de Cachoeira em homenagem a Nossa Senhora da Boa Morte (Foto: Edgar de Souza/Divulgação)
Na primeira noite do evento, os religiosos saíram da Igreja Nosssa Senhora das Ajudas carregando a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte. Uma missa foi celebrada às 19h pelas almas das irmãs falecidas na Igreja Matriz de Cachoeira. Nesta sexta-feira (14), uma missa de "corpo presente" também foi celebrada na Igreja Matriz. No sábado (15), um almoço será oferecido para as irmãs e para convidados. Uma apresentação de samba de roda vai animar os participantes no palanque da Feira do Porto.


Missa de "corpo presente" realizado em Cachoeira (Foto: Edgar de Souza/Divulgação)
No domingo (16), um cozido será servido na sede da irmandade e uma nova apresentação de samba de roda será exibida na Feira do Porto. O encerramento dos festejos será na segunda-feira (17), com caruru (prato típico da gastronomia baiana) e samba de roda.





http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1266971-5598,00.html