segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ter colegas de quarto de outras raças reduz preconceito no campus

Vestibular e educação

O Portal de Notícias da Globo
18/07/09 - 12h00 - Atualizado em 18/07/09 - 12h00


Diversidade racial também melhora o desempenho de estudantes negros.Mas relacionamento entre os alunos pode ser mais estressante, diz estudo.
Tamar Lewin Do New York Times

Como calouro da Ohio State University e único estudante negro do seu andar, Sam Boakye estava determinado a tirar boas notas – em parte, para que seu colega de quarto branco não tivesse base para visões racistas. "Se você está cercado de brancos, tem algo a provar", disse Boakye, estudante do último ano, nascido em Gana. "Você é motivado a fazer melhor, a desafiar o estereótipo de que pessoas negras não são inteligentes."

Estudos recentes descobriram que ter um colega de quarto de uma raça diferente na faculdade pode diminuir o preconceito, diversificar as amizades e até melhorar o desempenho dos estudantes negros. No entanto, a pesquisa descobriu também que esses relacionamentos são mais estressantes e têm mais tendência a serem rompidos. Com as universidades cada vez mais diversificadas, e colegas de quarto de diferentes raças mais comuns, cientistas sociais os observaram como experimentos de campo naturais capazes de oferecer esclarecimentos sobre as relações raciais. "De uma perspectiva científica, quando esses colegas de quarto são convocados a compartilhar o dormitório, você tem um experimento natural acontecendo, numa área que é muito difícil de testar de forma empírica", disse Thomas E. Trail, estudante de pós-graduação em psicologia da Princeton University, que estuda colegas de quarto de diferentes raças. "Você não poderia iniciar um experimento determinando que pessoas passem vários meses vivendo com alguém de outra raça." Russell H. Fazio, professor de psicologia da Ohio State e estudioso do tema, descobriu um efeito acadêmico intrigante. Ao analisar dados sobre milhares de calouros da universidade que moram em dormitórios, ele descobriu que os estudantes negros que entraram com notas mais altas em testes padronizados tiveram notas melhores se tinham um colega de quarto branco – mesmo se as notas desse colega fossem baixas. A raça do colega de quarto não tinha efeito sobre as notas dos estudantes brancos ou estudantes negros com notas de admissão baixas. Talvez, especulou o estudo, ter um colega de quarto branco ajude academicamente estudantes negros preparados a se adaptar a uma universidade predominantemente branca. Esse mesmo estudo descobriu que colegas de quarto de raça diferentes alocados de forma aleatória se separavam antes do fim do trimestre com o dobro da frequência de colegas de quarto da mesma raça. Pelo fato de que as relações inter-raciais são geralmente problemáticas, disse Fazio, muitos estudantes gostariam de mudar de quarto, mas as diretrizes de alojamento universitário dificultam essa mudança. "Na Indiana University, onde o alojamento não era tão apertado, mais colegas de quarto de raças diferentes se separaram", disse ele. "Aqui na Ohio State, onde havia uma escassez de dormitórios, eles foram orientados a resolver a situação. A coisa mais interessante que descobrimos foi que, se o relacionamento conseguisse continuar por apenas dez semanas, veríamos uma melhora nas atitudes em relação à raça." O estudo de Fazio descobriu que três vezes mais estudantes de raças diferentes alocados aleatoriamente não estavam mais morando juntos ao final do semestre, em comparação com colegas de quarto brancos. Os colegas de raças diferentes passaram menos tempo juntos e não se envolveram tanto com os amigos do colega de quarto, em relação aos colegas brancos. O estudo ainda descobriu que as atitudes racistas preexistentes dos brancos previam quais colegas de quarto se separariam. Vários estudos mostram que morar com um colega de quarto de raça diferente muda as atitudes de um estudante. Um estudo, realizado na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, descobriu uma redução geral no preconceito entre estudantes com colegas de quarto de outra raça – mas aqueles que dividiram o dormitório com asiáticos-americanos, o grupo com maior grau de preconceito, se tornaram ainda mais preconceituosos. Profissionais que observam as relações entre colegas de quarto afirmam que a alocação de estudantes de raças diferentes no mesmo dormitório é uma parte importante da diversidade no campus. "A maioria deles não tem problemas, e acho que isso pode ser mais interessante, pois eles têm mais a aprender um com o outro", disse Phil Badaszewski, diretor do dormitório da Ohio State. "Quando existem conflitos, geralmente trata-se de ideias diferentes sobre a divisão das coisas, ou música, ou limpeza, ou chegar tarde da noite no dormitório – coisas que também podem representar problemas para colegas da mesma raça."

Às vezes, essas disputas mascaram questões raciais implícitas. "Tive um aluno que escolheu se mudar. Ele disse que simplesmente não gostava dos amigos do colega de quarto, pois eram muito barulhentos", disse Badaszewski. "Achei que havia um pouco de racismo ali, mas não trouxe o assunto à tona. É um daqueles temas – raça, religião e política – sobre os quais seus pais recomendam não falar durante um jantar. E, naquele caso, sabia que não melhoraria as coisas." Ocasionalmente, ocorrem problemas raciais explícitos. "Tive uma aluna negra que ouviu comentários racistas no seu quarto", disse Gina Kozlowski, outra diretora do dormitório da Ohio State. "Ela disse que não queria ser transformada em espetáculo, e que não queria ser a pessoa que educaria suas colegas de quarto em relação a raça." Um novo estudo, realizado com estudantes de Princeton, usou questionários diários para monitorar as interações e percepções entre colegas de quarto. "Nas primeiras semanas de relacionamento, as emoções positivas diminuíram para a maioria dos estudantes com colegas de quarto brancos", disse Trail, um dos autores do estudo. "Não que os estudantes brancos começaram a ser maus ou negativos. Em vez disso, houve uma diminuição de comportamentos positivos, como sorrir ou fazer contato visual, que levaram os estudantes das minorias a se sentirem pior." Um estudo com alunos da Duke University descobriu que os estudantes brancos, com menos probabilidade de terem tido amigos próximos de outras raças, eram os que tinham mais tendência a desenvolver mais amizades diversificadas enquanto calouros – em contraponto, alunos negros, que entravam na universidade com mais amizades inter-raciais, tiveram um declínio nesse tipo de amizade no último ano. O estudo encontrou poucas diferenças entre o primeiro e o último ano de faculdade na diversidade das amizades de alunos asiáticos e hispânicos. Calouros com colegas de quarto de outra raça – ou aqueles que moravam sozinhos num dormitório – foram os que tiveram mais tendência a diversificar suas amizades. "Ter diversidade somente nas salas de aula não aumenta as amizades entre as raças", disse Claudia Buchmann, professora associada de sociologia da Ohio State e autora do estudo da Duke. "Porém, a intimidade de compartilhar residências, sem colega de quarto, ou com um colega de quarto de outra raça, leva a amizades mais diversificadas." Estudantes da minoria, num ambiente predominantemente branco, disse Buchmann, geralmente se encasulam ao andar em grupos. Conselheiros negros e brancos da Ohio State disseram ser comum que calouros negros busquem outros alunos negros. "Existem organizações no campus especificamente projetadas para ajudar estudantes das minorias, e muitas vezes esses estudantes tentam encontrar seus amigos através desses grupos", disse Ellen Speicher, conselheira da Ohio State, branca e mãe de um aluno do penúltimo ano. "Faz sentido, num campus predominantemente branco." Boakye, conselheiro há dois anos, disse haver conforto em andar em grupos. "Sendo uma minoria na Ohio State, tentamos permanecer juntos, nos unir como uma comunidade", disse ele. "É diferente para os brancos." "Muitos deles vêm aqui sem muita exposição à diversidade", disse Boakye, "então, quando a primeira experiência deles com um rapaz negro não é tão ruim, eles vão e fazem mais amigos negros. Acho que causei uma boa impressão no meu colega de quarto no primeiro ano. Quando o vi este ano, ele disse, 'Ei, cara. Você não é o único amigo negro que tenho'. Isso é bom".

Lei obrigará deputados da Paraíba a refletir sobre a Bíblia antes das sessões


Extraído de: Espaço Vital - 16 de Julho de 2009

Um projeto aprovado pelos deputados da Assembleia Legislativa da Paraíba fará com que antes de cada sessão os parlamentares tenham cinco minutos para "refletir sobre a Bíblia". Autor da proposta, o deputado Nivaldo Manoel (PPS) acredita que a palavra de Deus ajudará a melhorar os ânimos dos colegas para enfrentar os problemas no plenário.
Links Patrocinados
O autor do projeto de lei aprovado justifica que "às vezes são sessões acirradas, muito violentas, com muitas discussões pesadas; então, acredito que a palavra de Deus possa melhorar um pouco os problemas que existem aqui no plenário, diz o deputado, que já havia aprovado antes um projeto para que todas as sessões fossem abertas em nome de Deus e iniciadas com a leitura de um versículo bíblico.
O deputado calcula que serão usados sete minutos de cada sessão para leitura e reflexão sobre a Bíblia - feitos por ele mesmo - assim que o projeto, aprovado por unanimidade, for publicado no Diário Oficial da Casa. Nestes minutos, afirma, os deputados permanecerão da forma que eles quiserem, mas pedirá silêncio.
Manoel acredita que a reflexão poderia ser adotada também no Senado do Brasil, como forma de melhorar a atitude dos parlamentares.
Ele disse também que "se tivesse um evangélico lá, com um seguimento bíblico jhaveria haja maior tranquilidade e equilíbrio no plenário e nos atos da mesa que dirige a casa".
Se o projeto de lei que altera o
CPC não for votado hoje - a ciranda fica para agosto. Embora amanhã ainda seja "dia de rotina" no Senado, deve haver hoje (16) uma debandada aos Estados de origem. Com o recesso, as atividades (?) recomeçam no dia 03 de agosto.
Os advogados brasileiros estão sendo conclamados a se dirigirem aos senadores, por intermédio de e-mails.

notícias

Ex-Prefeito negro de NY diz que Obama inspirará Brasil
Por: Redação - Fonte: Afropress - 19/7/2009

Nova York - A eleição de Barack Obama, à Presidência dos EUA, serve de inspiração a todos os negros brasileiros e pode ajudar os afro-brasileiros a conquistar seus direitos. A afirmação foi feita por David Dinkins (foto), o primeiro negro a se tornar prefeito de Nova York, numa entrevista exclusiva ao correspondente de Afropress, Edson Cadette. Foi a primeira vez, que ele concedeu entrevista a um vNotíciaseículo de comunicação do Brasil.

“Eu acho que pode ajudar bastante, não somente no Brasil, mas ao redor do mundo. Acredito que os EUA são vistos hoje de forma diferente, agora que Barack Obama é presidente. É triste dizer, mas meus amigos republicanos, os Bush (George Bush pai e George W. Bush, filho), não nos mostraram ao mundo de uma maneira correta. Barack Obama não é somente líder dos EUA, mas de muitas maneiras, líder do mundo livre. Sua eleição, sem dúvida, serve de inspiração a todos os negros brasileiros. “Yes we can”. (Sim podemos)”, disse Dinkins, ao ser perguntado sobre a influência para todos os negros do mundo, a chegada de Obama à Casa Branca.

O ex-prefeito novaiorquino, 82 anos, completados na semana passada, ficou no cargo três anos – de 1.990 a 1.993 – e, durante o seu mandato, tomou as primeiras iniciativas para controlar a violência urbana, que depois se tornariam conhecidas no mundo inteiro sob o nome de Tolerância Zero, tornadas instrumento de marketing pelo seu sucessor Rudolph Giuliani.

Legado

Diplomado em Matemática pela Universidade Howard, e em Direito pela Faculdade de Direito do Brooklin, Dinkins foi também o último democrata a ocupar a Prefeitura, e hoje dá aulas no Curso de Administração Pública na Universidade Colúmbia, no coração do Harlem – o bairro negro de Nova York.

Foi no seu escritório, decorado com Diplomas e prêmios recebidos pelos serviços prestados à cidade, que Dinkins recebeu Edson Cadette, há três anos, Colunista e correspondente de Afropress, em Nova York.

Ele lembrou o seu legado como prefeito, disse do orgulho de ter recebido Nelson Mandela na sua primeira visita internacional após sair da prisão, e também das expectativas em relação ao presidente Barack Obama.

Veja, na íntegra, a entrevista do ex-prefeito David Dinkins à Afropress.

Afropress - O senhor foi o prefeito da cidade de Nova York entre 1990 e 1993. Durante esse período, quais foram os principais desafios em lidar com os problemas de pobreza que atingiam as populações carentes nas áreas urbanas da cidade, e também com a epidemia de “crack”, que atingia desproporcionalmente a comunidade afro-americana?

David Dinkins - Bem, a criminalidade era impressionante na cidade de Nova York quando assumi a prefeitura. Porém, não começou, claro, no dia 1º de Janeiro de 1990. Havia crime um dia antes, em 31 de Dezembro de 1989, quando Ed Koch (prefeito de Nova York entre 1978 e 1989) era o prefeito. Percebemos, entre outras coisas, que o que teríamos que fazer era combatê-la.

Um dos meios para fazer isto era contratar mais policiais. Para conseguirmos isso precisaríamos ter mais dinheiro. Como a cidade não tem competência fiscal própria para cobrar impostos, era preciso autorização da Legislatura Estadual, uma Resolução especial, que precisa ser aprovada pelo Conselho Municipal.

Nós fizemos isto. Primeiramente, era necessário conseguir apoio entre os donos dos negócios (Business Community), que então pressionariam o Conselho Municipal a ver isto como uma prioridade. A maneira encontrada para conseguirmos mais dinheiro foi conseguir permissão do governador para cobrarmos uma taxa extra no imposto de renda de todos os nova-iorquinos.

Com o dinheiro, foi possível contratar policiais para áreas especificas. O programa era chamado “Rua Segura, Cidade Segura”, e tinha como lema “Policiais e Crianças”. Foi um grande sucesso. Você usa este tipo de programa não só para combater o “crack”, mas todo tipo de crime.

Então, em 1991, o índice de criminalidade começou a baixar, de acordo com seis ou sete indicadores do FBI. E somente nos últimos anos, mais especificamente em 2005, 206, 2007 e atualmente, é que o público, em geral, e a mídia, em particular, começaram a reconhecer isto.

A pessoa que era meu Comissário de Polícia era o senhor Ray Kelly. Ou melhor, Coronel Ray Kelly, como eu costumava chamá-lo, porque ele foi Coronel na Tropa de Choque. Eu fui um soldado. Eu nunca o chamei de Comissário, eu sempre o chamei de Coronel.

Afropress - Qual foi a sua maior realização e qual foi seu maior fracasso?

David Dinkins - Meu maior fracasso foi a maneira como o Departamento de Polícia lidou com a situação em Crown Heights (subdistrito do Brooklin com grande índice de caribenhos e judeus ortodoxos); mais cedo e melhor do que eles fizeram.

Havia informações de distúrbios em Crown Heights após a morte do menino Cavin Cato, morto por um carro dirigido pelo motorista da caravana do Grande Rabino. E um jovem estudante judeu, Yankel Rosenbaum, acabou sendo esfaqueado e depois morreu.

Muitas informações davam conta de distúrbios combinados com a morte do jovem Rosenbaum. Não era verdade. Ele foi esfaqueado nas primeiras horas do incidente. Na verdade, fui visitá-lo no Hospital e fui informado pelos médicos de que ficaria bom. Mas eles não observaram um outro corte, aí incluída, a falha também dos paramédicos que o levaram ao Hospital. Francamente, sua morte foi mais negligência do Hospital. Eu peço desculpas porque o Departamento de Polícia não lidou melhor com a situação.

Eu fui acusado e outros foram acusados por não deixarmos o Departamento de Polícia agir, quando jovens afro-americanos começaram a atacar os judeus. Não é verdade, não foi o que ocorreu.

Este foi um dos meus grandes fracassos. E também a disputa na mercearia coreana “Red Apple” (Maçã Vermelha), pela qual nós fomos criticados por não acabarmos com a disputa antes. Estes foram, acredito eu, os principais fracassos.

Infelizmente, poucas pessoas se lembram do meu apoio para a “Civilian Complain Review Board” (Conselho de Revisão de Reclamações Civis), criada para supervisionar o comportamento dos policiais na cidade.

Por essa razão a Polícia de Nova York provocou arruaças na Prefeitura. Alguns dos policiais estavam bebendo. Isto aconteceu em 1993. E o Rudolph Giuliani, que havia perdido para mim em 1989, estava a alguns quarteirões da Prefeitura incentivando os policiais a fazerem mais arruaças.

Isto foi uma coisa triste, que nunca deveria ter acontecido. Mas aconteceu. Porém, pouco se fala que a Prefeitura gastou US$ 47 milhões, numa época em que tínhamos pouco dinheiro para manter todas as bibliotecas da cidade abertas seis dias na semana. Uma coisa que não acontecia há, pelo menos, 25 anos.

O fato também é que quando houve distúrbios raciais nas grandes cidades por causa do julgamento do caso Rodney King, na Califórnia, Nova York se manteve relativamente calma. Aqui pendurado na parede (aponta), há um certificado que ganhei do senhor Phillip Hordan, que depois se tornou embaixador norte-americano na França. Na época, ele estava no comando de um grupo chamado “Municipal Assistant Corporation” (Associação de Assistência Municipal), e me entregou este Certificado por eu manter a paz na cidade.

Tínhamos também um grupo de mais ou menos duas mil pessoas, todas voluntárias. Havia somente uma pessoa ganhando salário. O nome do grupo era “Increase the Peace Corps” (Aumente o Grupo da Paz, em tradução livre). E eles ajudaram a manter a paz na cidade durante estes tempos difíceis. Estas estão entre as coisas que eu realizei. E não posso deixar de pensar nas coisas que realizamos, sem deixar de lembrar no grande Nelson Mandela.

Ele veio primeiro à cidade de Nova York quando saiu da prisão. E como foi recebido por mim e minha esposa e ficou na “Gracie Mansion” (Casa Oficial do Prefeito durante o mandato), e foi saudado por todos, inclusive, com uma Parada em sua homenagem.
Ele também fez um discurso no Estádio dos “Yankees” (o time de beisebol mais famoso da cidade). Foi incrível e extraordinário. Mandela é um grande homem.

Afropress - O senhor diria que os incidentes que mencionou no início da sua resposta, custaram sua reeleição?

David Dinkins - Não. É claro que estes eventos diminuíram minhas chances de ganhar. Mas eu acredito que uma única coisa custou minha reeleição. O fato de o governador, na época, o republicano George Pataki e o Corpo Legislativo Estadual terem colocado na cédula oficial da eleição, um referendo a respeito de “Staten Island” (um dos cinco bairros de Nova York) para se separar da cidade.

O que era ilegal e jamais poderia ocorrer. Imagine você o seguinte: você tem uma hipoteca na sua casa, o banco tem a hipoteca, e aí você decide vender a casa para outra pessoa sem a autorização do banco. Isto você não pode fazer. A dívida da cidade é garantida por toda a cidade, aí incluído o bairro de “Staten Island”. Por causa disto, muita gente compareceu às urnas para votar no referendo, aproveitando para votar contra mim, porque estavam contra qualquer tipo de autoridade.

Por isto nós chegamos com 40 mil votos atrás do Rudolph Giuliani. O mesmo Giuliani que eu derrotei em 1989. Contudo, nas primárias democratas, em 1989, eu derrotei o então prefeito Ed Koch, Dick Ravech, que dirigia o órgão MTA (Transporte Metropolitano da Cidade) e o Jay Golan, que era o contador da cidade.

Muitos diziam que eu não conseguiria mais de 40% dos votos. Por isto seria necessário um segundo turno. Consegui mais de 50%. Na eleição geral contra Rudolph Giuliani, mais de 1,9 milhão de pessoas votaram. Tivemos uma margem entre 150/160 mil votos. A mesma margem de votos em 1993 quando perdemos. Acredito que perdemos a reeleição mais por causa de “Staten Island” do que pelo boicote a Mercearia Coreana ou dos distúrbios de “Crown Heights”.

Afropress - Muita gente diz que Nova York ficou mais habitável e atraiu mais negócios e turistas durante a Administração do ex prefeito Rudolph Giuliani. Entretanto, políticas como a do Tolerância Zero e outras foram adotadas durante sua Administração. O público, em geral, nunca reconheceu isso. Depois de todos estes anos o reconhecimento por muitos de que a revitalização, que começou na sua gestão e segue até hoje, dão ao senhor um gostinho de vitoria?

David Dinkins - Sim, me sinto feliz por este reconhecimento mesmo neste meu crepúsculo. Há uma realização e reconhecimento por muitos das muitas coisas que conseguimos realizar.

Afropress - Para alguém que foi testemunha de todos os problemas raciais do país, especialmente durante os anos 60 e 70, o senhor acredita que os EUA melhoraram porque elegeram seu primeiro presidente negro?

David Dinkins - Sem dúvida alguma. Eu nasci em 1927. Sou filho da Depressão norte-americana. Não acreditava que veria isto na minha vida. Estive na Tropa de Choque da Marinha em 1945, numa época em que a Marinha, o Exército e a Força Aérea eram segregados. Os negros ainda eram linchados no final dos anos 30. Havia leis que proibiam o casamento interracial. Havia todos os tipos de terríveis situações, que claramente não eram justas e tampouco constitucionais, mas eram leis não só no Sul do país, mas também em outras áreas.

Até que a Suprema Corte aboliu muitas destas leis. Brown x o Departamento de Educação só veio a acontecer em 1954. (A Corte Suprema norte-americana considerou inconstitucional a segregação racial nas escolas públicas).

Afropress - Como a eleição de Barack Obama vai alterar o relacionamento entre negros e brancos?

David Dinkins - Ajuda bastante. Tenho afirmado há muito tempo que quando uma pessoa negra alcança sucesso em qualquer área, seja como o jogador de beisebol Jackie Robinson (primeiro jogador negro a jogar na Liga Profissional dos EUA) ou Tiger Woods jogando Golf, isto sugere para os outros que estas pessoas podem ler, escrever, contar e pensar como qualquer outra pessoa.

Isto ajuda as pessoas em diferentes áreas. Se eu fui eleito prefeito de Nova York, o primeiro prefeito negro, isto ajuda as pessoas que estão na Medicina, Arquitetura e Engenharia. Isto sugere que podemos conseguir também. A eleição de Barack Obama, como presidente dos EUA nos ajudou bastante. Na verdade muitos afro-americanos que eu conheço me disseram outro dia que eles não sabiam que tinham tantos amigos brancos assim. Aqui temos pessoas que fingem serem seus amigos, mas, na verdade, em outras circunstancias jamais falariam com você.

Afropress - Durante a campanha para a Presidência, muitos negros diziam que Obama não era suficientemente negro ou afro-americano. Como o senhor viu esse tipo de afirmação?

David Dinkins - Isto é besteira. As pessoas devem lembrar que sempre haverá detratores a qualquer candidatura, não importa o quanto preparado o candidato ou a candidata estejam. Há uma história que costumo lembrar que, quando Jesse Jackson disputou a Presidência em 84 e, novamente, em 88 (nesta última, aliás, saindo-se muito bem), dizia-se que se Jesse estivesse num barco, e o barco começasse a afundar, e ele saísse e começasse a andar na água, as manchetes dos jornais diriam o seguinte: Jesse Jackson não sabe nadar! Assim é que são as coisas.

Afropress - O senhor acredita que, sendo prefeito de Nova York, de alguma maneira ajudou na eleição de Obama?

David Dinkins - Deixe-me responder desta maneira. Nós temos uma expressão que diz o seguinte: todo mundo usa o ombro de um amigo para poder levantar-se. Nenhum de nós consegue chegar a lugar algum sozinho. Todo mundo precisa de ajuda. Com isto o que queremos dizer é: eu, David Dinkins, usei o ombro do ativista Malcom X, do pastor Martin Luther King Jr., das abolicionistas Harriet Tubmam e Soujorne Truth, da ativista Rosa Parks e do Percy Ellen Sutton, este último, o primeiro negro a disputar a Prefeitura de Nova York, em 1977.

Ele fez isto com tanta classe e distinção que ninguém ousou rir de mim quando tentei em 1989. Dessa maneira, talvez eu tenha ajudado um pouco Obama. Mas, também o ajudou Andrew Young, Dick Hachett e muitos outros que conseguiram algo como políticos.

E também aqueles outros que não estavam na política, como os Jackie Robinsons do mundo, as Althea Gibsons, os Arthur Ashes, todas estas pessoas deram seus ombros para o Barack se levantar.

Afropress - O senhor conhece alguma coisa sobre a História do Brasil?

David Dinkins - Não. Não, muito. Na verdade, só um pouquinho.

Afropress - O senhor já esteve no Brasil?

David Dinkins - Não. Gostaria muito de visitar o Brasil algum dia. Sei que metade da população brasileira se parece comigo.

Afropress - Em que aspectos a luta das minorias nos EUA pode influenciar os afro-brasileiros a conseguir os direitos civis, dos quais milhões estão privados no Brasil?

David Dinkins - Eu acho que pode ajudar bastante. Não somente no Brasil, mas ao redor do mundo. Acredito que os EUA são vistos diferente agora que Barack Obama é presidente. É triste dizer isto, mas meus amigos republicanos, os Bush (George Bush pai e George W. Bush, filho) não nos mostraram ao mundo de uma maneira correta.
Barack Obama não é somente líder dos EUA, mas em muitas maneiras, líder do mundo livre. Sua eleição, sem dúvida, serve de inspiração a todos os negros brasileiros. “Yes we can”.(Sim podemos).

Afropress - Muito Obrigado por esta entrevista.

David Dinkins - De nada, meu amigo.

http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=1941

Há 50 anos morreu Billie Holiday, uma das maiores cantoras da música norte-americana.

Há 50 anos morreu Billie Holiday, uma das maiores cantoras da música norte-americana.

Billie Holiday, que tinha na identidade o nome de Eleanora Fagan, nasceu no dia 7 de abril de 1915, em Baltimore. Vivendo com a mãe longe do pai, enfrentou uma série de dificuldades ainda menina: foi estuprada por um vizinho aos dez anos e aos 12 já estava trabalhando em uma casa de prostituição, onde ouviu gravações de Bessie Smith e Louis Armstrong pela primeira vez.

Começou a carreira em 1930, época em que ela e sua mãe haviam sido ameaçadas de despejo por causa de dívidas do aluguel de casa. O desespero colocou Billie nas ruas, em busca de dinheiro. Batendo na porta de uma boate, se ofereceu para ser dançarina, mas não teve sucesso. Foi quando o pianista da casa perguntou se ela sabia cantar. Billie soltou a voz em "Travelin All Alone" e ganhou um emprego.

Fazendo pequenos shows em casas noturnas, Billie atraiu a atenção do aclamado crítico e caçador de talentos Joe Hammond e conseguiu gravar seu primeiro disco, com a big band do compositor e clarinetista Benny Goodman. A "Lady Day" seguiu cantando com outras big bands e consagrou-se como uma das primeiras mulheres negras a subir ao palco com uma banda de brancos. No currículo, acrescentou trabalhos em orquestras de Duke Ellington, Teddy Wilson e Artie Shaw.

Sua carreira também ficou marcada pela parceria com o saxofonista Lester Young, que lhe deu o título de "Lady Day". Juntos, gravaram cerca de 50 músicas. Entre a segunda metade dos anos 30 e durante vários períodos dos anos 40 e 50, Young e Holiday dividiram o palco e o estúdio de gravações.

Já com sucesso rodeando seu nome, na década de 1940 Billie passou por momentos de depressão e se entregou às drogas. O vício refletiu também em sua voz. Toda sua história foi biografada no livro "Lady Sing the Blues", lançado em 1956. Dois anos depois, em 17 de julho de 1959, Billie Holiday morreu aos 44 anos, em Nova York, em decorrência de uma overdose de drogas.

França: cresce o número de canais étnicos de TV

Domingo, 19 de Julho de 2009

França: cresce o número de canais étnicos de TV

Informa o jornal Le Monde, de 13/07/09 que o mercado para canais de televisão classificados como étnicos começa a crescer na França. Os canais especializados são disponibilizados em sistema fechado de transmissão (cabo, satélite e digital terrestre) e dentre estes se destacam os provedores Bouquet Grande Muraille e Trace TV. Estes pacotes são destinados aos imigrantes. A idéia surgiu, inicialmente, por três comerciantes de origem chinesa, os irmãos Tang, especializados em importação e exportação, que passaram a oferecer um pacote de programação voltado à comunidade chinesa na França, denominado a Grande Muraille.
Posteriormente surgiu um canal voltado aos migrantes africanos francófonos. O pacote reúne os conteúdos de canais públicos e privados do Senegal, da Costa do Marfim, de Camarões, de Burkina Faso, do Mali e do Congo-Brazzaville.
O pacote africano, seis meses após o lançamento, já contabilizava 15 000 assinantes e a perspectiva é que até o fim do ano serão 20 000.
A Grande Muralha, por sua vez, deve contabilizar em dezembro 50 000 assinantes. Ao todo, os canais étnicos já reúnem 200 000 assinantes, segundo os operadores do ramo, gerando uma receita de 20 milhões de euros, cerca de 60 milhões de reais, por ano. O segmento é visto como o novo filão tanto que já começa a ser operado uma canal para os latino-americanos, antilhanos e africanos, denominado Trace Tropical.
Mais detalhes em francês, sobre a reportagem de Guy Dutheil, no Le Monde, clique aqui

1 comentários:

Anônimo disse...

Boas falas, ocorridas ante a pressão contra a invisibilidade.

Esta notícia, em alguma medida, lembra artigo "O fechamento de jornais e o jornalismo público" assinado por Beto Almeida (presidente da TV Cidade Livre de Brasília)no Carta Capital online.

Do fechamento de mais dois jornais -Tribuna da Imprensa e Gazeta Mercantil - ao desemprego crônico de jornalistas, aliado ao eterno aumento da concentração de informação na sociedade a queda do diploma.

No fim das contas, a falta de políticas públicas para a comunicação brasileira.

"O Brasil está em pior posição que o nível de leitura de jornal na Bolívia, país mais pobre da América do Sul."

Sandra Martins - jornalista


http://chicosantannaeainfocom.blogspot.com/2009/07/franca-cresce-o-numero-de-canais.html