O jornal busca estabelecer a preconceituosa tese de que, por serem ex-sindicalistas, atuais executivos e gerentes da Petrobras atuariam buscando favorecer aliados ou projetos políticos. O texto, porém, não apresenta provas ou qualquer fato que justifique o uso do termo “esquema”. Há, unicamente, ilações.
O jornal omite – porque contradizem sua tese – dados que foram entregues ao repórter sobre resultados da gestão da Comunicação Institucional e da Petros.
Dados como o fato de que na gestão de Wilson Santarosa, iniciada em 2003, houve o estabelecimento de processos de seleção pública para patrocínios a projetos sociais, ambientais e culturais, com participação de comissões externas integradas por nomes de reconhecida atuação nas respectivas áreas (o que contraria a tese de “favorecimentos”); o reforço no valor da marca da Petrobras, que passou de US$ 554 milhões, em 2004, para US$ 1,183 bilhão, em 2008, e os mais de 130 prêmios e reconhecimentos recebidos pela Companhia, desde 2003, nas áreas de Responsabilidade Social e Ambiental; Reputação, Imagem e Marca; Governança, Ética e Transparência; Comunicação e Marketing.
Na Petros, conforme informado ao repórter, houve excelentes resultados, como a redução da despesa administrativa, dos 11,5% do patrimônio em 2003 para 6,4% atualmente.
A Petrobras esclarece que Wilson Santarosa foi à França convidado por ser o responsável pelas atividades de comunicação e de marketing, para negociar e trazer para a América Latina o único torneio challenger de tênis que conta pontos para a Associação de Tenistas Profissionais (ATP) e que hoje é a porta de entrada para novos atletas. O fato já foi noticiado em coluna esportiva do O Globo no dia 30/6. Sobre a informação de que sua filha foi trabalhar numa Fundação ligada à prefeitura de Campinas em 2005, salientamos que a instituição não tinha mais o patrocínio da Petrobras desde o ano anterior.
A Petrobras informa que Rosemberg Pinto não foi transferido da gerência na Bahia “por ser alvo de denúncia por uso político de verbas sociais”, o que é uma inverdade, mas para assumir nova função na Companhia.
O Globo considera que ser ex-sindicalista é impeditivo para um profissional ascender a postos de comando em empresas e demonstrar eficiência com gestões técnicas. Esta visão extremamente preconceituosa fica evidente no trecho: “No poder, o grupo trocou o megafone pelos ternos e os jornais do sindicato pelas grandes campanhas publicitárias”. Tenta-se desqualificar os profissionais por seu passado sindical sem qualquer dado objetivo que embase tal tese. Um dos pilares do jornalismo – a objetividade – é deixado de lado. A opinião – que deveria estar restrita aos artigos e editoriais – permeia todo o texto.
A Petrobras possui 4.910 gerentes, mas a matéria pinça somente 22 pessoas (menos de 0,5%) que possuem histórico sindical. Cinco gerentes estão na Comunicação Institucional. Todos eles são funcionários de carreira e concursados com mais de 20 anos na empresa, ressalte-se. Para chegar aos 22, o jornal comete o erro de somar profissionais que nem gerentes são. O Globo resgata inclusive o termo “república sindical”, usado por setores contrários à democracia em 1964, na tentativa de reforçar sua tese.
A Petrobras lamenta que O Globo tenha revelado tamanho preconceito. O cronista Lourenço Diaféria escreveu em 1980 “Bilhete pra um Operário”, que já falava nos pecados de um operário em imaginar que, com seu esforço, poderia chegar ao posto máximo da República do Brasil. Passados 29 anos, a crônica está mais atual do que nunca.
Lucio Mena Pimentel Gerente de Imprensa da Petrobras