São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009
Vítimas relatam que entre seus amigos e até no hospital onde fizeram os exames pessoas evitavam manter contato mesmo após período de isolamento
MÁRCIO PINHODA
REPORTAGEM LOCAL
A disseminação da gripe suína e a paranoia que se criou em torno da doença têm colaborado para que infectados e quem teve contato com algum doente sintam-se discriminados.A estudante de jornalismo Eloá Orazem, 22, conta que recebeu esse tratamento no dia de seu aniversário, 23 de junho, quando já tinha certeza de que tinha a gripe -ela ficou com os mesmos sintomas de uma amiga que havia recentemente chegado da Argentina doente."Ninguém quis me dar um abraço. O que mais incomodou foram as piadinhas do tipo "deixa eu ficar longe" ou colegas cobrindo o rosto ainda achando que estão sendo engraçados."Ela conta que começou a sentir a reação já no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, onde foi fazer o exame da gripe. No local, pacientes a olhavam com apreensão e evitam ficar próximos dela ao verem que levava uma máscara no rosto.Eloá pôde finalmente comemorar seu aniversário após sair do isolamento de sete dias em sua casa. Mesmo após esse período, que é quando a doença pode ser transmitida, uma amiga ainda evitou abraçá-la.Já de volta ao trabalho em um escritório de comunicação, outra colega, que se senta ao seu lado, permanece apreensiva. Porém, para Eloá, passado o pior, esse tipo de reação já é motivo de descontração.FamíliaOutra universitária que contraiu a gripe e pediu para não ter o nome revelado afirmou que conhecidos passaram a telefonar durante seu isolamento para confirmar se ela estava mesmo com a gripe suína. "Alguns diziam que também já estavam com sintomas. O pessoal é bastante hipocondríaco."A estudante também diz ter percebido que pessoas no Emílio Ribas procuravam distância.Sua família também vivenciou reações semelhantes. O irmão foi dispensado do colégio porque comentou a situação com um colega -a novidade logo chegou à diretora; o tio, após receber a notícia da doença da doença da sobrinha, também foi dispensado; a mãe, que é comerciante, teve que trabalhar sozinha, pois as vendedoras da loja recusaram-se a comparecer; e, por fim, no local de trabalho da universitária, as atividades foram suspensas.
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