sexta-feira, 5 de junho de 2009

Cotas permitem maior qualidade na vida de alunos carentes

Negra, mulher, criada por mãe semianalfabeta e tia analfabeta, Cláudia Pinheiro, 39 anos, jamais pensou em fazer faculdade. Há cinco anos, porém, a reserva de vagas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), garantida pela Lei 5.346, de 2008, mudou a certeza que carregou por toda a vida. Hoje, é pedagoga, dá aulas na universidade e acaba de ser aprovada na especialização da Faculdade de Direito, desta vez, sem cotas. Alvo de críticas, a reserva de vagas, que permitiu a mudança no destino de Cláudia, será reavaliada amanhã pelo colegiado do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio. Há uma semana, liminar pedida pelo deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP) suspendeu o sistema de cotas.
O advogado Eduardo Gomes, 24 anos, se formou na Uerj há um ano. Entrou na universidade pela reserva de vagas para negros e concluiu o curso com Coeficiente de Rendimento Médio de 8,8. Fala inglês e francês, aprendidos na Uerj, e passou, na primeira tentativa, na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Com o registro profissional nas mãos, se prepara para concluir o estágio na Procuradoria do Rio e tentará ingressar na Defensoria Pública de Alagoas, atrás de salário de R$ 14 mil. ¿Moro na Baixada, sou filho de motorista e mãe cabeleireira. Na minha família ninguém tem diploma, sou o primeiro. As cotas foram uma oportunidade e eu provei meu potencial¿, orgulha-se.
Um ano após se formar, a dentista Aline Souza, 24 anos, passou em concurso público do Estado do Rio e hoje recebe R$ 2,2 mil de salário por plantões de 24 horas uma vez por semana. Cursa especialização em implantodontia e pretende, nos próximos anos, abrir seu próprio consultório. "Morava em Irajá e sempre estudei em escola pública. Pensava que não entraria na faculdade porque não tinha dinheiro para cursos de pré-vestibular. Consegui vaga em um cursinho comunitário quando saiu a lei das cotas. Entrei na universidade pelo sistema. Hoje, tenho um bom emprego, moro na Zona Sul e não dependo mais de ações afirmativas. Fui a única negra aprovada no concurso e pretendo melhorar cada vez mais o meu potencial", planeja.
Já a professora Cláudia, contratada pela Uerj pelo regime dan CLT, recebe hoje cerca de R$ 1 mil por mês. A cifra é o dobro do que costumava ganhar antes do diploma. Diante da possibilidade de suspensão da reserva de vagas, ela lamenta que o desempenho dos cotistas não seja uma referência para a decisão. "Quando entrei (na faculdade) bateu um frio na barriga, eu falava e escrevia errado. Mas recebi apoio, estudei, hoje sou professora. Foi uma conquista", ressalta.
Mais de 70% das vagas para cotistas ainda ficam ociosasEm 2009, apenas 1.388 estudantes entraram pela reserva de vagas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O número corresponde a 28% do total de cotas e acirra o debate em torno do sistema. Para o advogado Renato Ferreira, pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj (LPP), o problema é consequência da implantação da segunda nota de corte no exame de ingresso, ocorrida há dois anos.
A decisão elevou a nota mínima para a entrada na instituição, o que atingiu diretamente os alunos das escolas públicas. "Também falta incentivo para que esses estudantes se valham da reserva de vagas. Muitos nem sabem como ter acesso ao sistema e o estado não se preocupa em divulgar a política", afirma.
Médias superioresDe acordo com a rede de pré-vestibulares comunitários Educafro, fundada por Frei David Santos, o Coeficiente de Rendimento Médio entre negros cotistas e alunos não cotistas foi de 6,41 contra 6,37, respectivamente. O levantamento, realizado entre 2003 e 2007, mostrou que quem ingressou pela reserva de vagas conseguiu se equiparar aos outros estudantes durante a faculdade, apesar de tirarem notas 40% menores no vestibular. "O Tribunal de Justiça não avaliou o desempenho dos alunos antes de suspender as cotas. Se os desembargadores quiserem um Brasil mais justo, terão de rever a decisão", disse Frei David.
Levantamento preliminar do Pro-Informar, programa de apoio aos cotistas da Uerj, mostra que dos, 14.854 não-cotistas, 16,2% tendem a se formar na instituição. Entre os 3.215 cotistas negros, o percentual dos que devem receber o diploma é de 43%.
Já a professora Cláudia, contratada pela Uerj pelo regime dan CLT, recebe hoje cerca de R$ 1 mil por mês. A cifra é o dobro do que costumava ganhar antes do diploma. Diante da possibilidade de suspensão da reserva de vagas, ela lamenta que o desempenho dos cotistas não seja uma referência para a decisão. "Quando entrei (na faculdade) bateu um frio na barriga, eu falava e escrevia errado. Mas recebi apoio, estudei, hoje sou professora. Foi uma conquista", ressalta.
01 de junho de 2009 • 16h02 • atualizado às 18h03
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Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica tem foco na pele negra

03/06/2009 15:05

Convidados internacionais prestigiam o XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, que pela primeira vez tem um destaque para a pele do afro-descendente UBERLÂNDIA (ABN NEWS) - Além dos 1500 dermatologistas brasileiros, especialistas dos Estados Unidos, Alemanha e Bélgica marcarão presença no XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica (CBCD), que neste ano destaca a cirurgia dermatológica e tratamentos cosméticos em afrodescendentes. Os convidados internacionais participarão de painéis de discussão, simpósios, encontros e fóruns de debate, nos quais apresentarão casos clínicos, responderão a perguntas e interagirão com os participantes. Será uma excelente oportunidade para troca de idéias e atualização profissional. O cirurgião e dermatologista cosmético Eliot Batlle, de Washington, EUA, é um dos principais especialistas em cirurgia a laser do mundo e autoridade em terapias do gênero para peles negras. No CBCD, ele mostrará ao público sua abordagem integrada na terapia cosmética - que combina o uso de produtos tópicos associados a modernas terapêuticas dermatológicas como laser para estrias e flacidez cutânea localizada. Expert em pele afrodescendente, Dra. Valerie Callender é diretora médica do Callender Skin and Laser Center, nos EUA. Autora de seis capítulos em livros especializados e de inúmeros artigos acadêmicos, ela trará ao CBCD todo o seu conhecimento em anatomia e fisiologia da pele negra. Além de novidades no crescente mercado de dermocosméticos capilares, sua palestra terá como tema as inovações no tratamento da pseudo-foliculite de couro cabeludo, uma patologia muito comum e de difícil tratamento, que acomete mais freqüentemente os afrodescendentes e pode causar quelóides na região da nuca.Outro destaque do exterior é o Dr. Arash Kimyai-Asadi, do DermSurgery Associates - centro norte-americano especializado em cirurgia dermatológica e laser de última geração. Especialista em cirurgia de câncer de pele e reconstrução facial após a remoção de tumores cutâneos, ele trará valiosas recomendações para o preparo pré-cirúrgico, e integrará um fórum sobre quando a cirurgia micrográfica de Mohs e as técnicas de reconstrução devem ser indicadas aos tumores da região nasal. A cirurgia micrográfica de Mohs é uma técnica que remove e examina os tumores cutâneos milimetricamente durante o ato cirúrgico, aumentando o índice de cura e diminuindo as cicatrizes.Já o Dr. Eckhart Haneke, da Alemanha, concentrará suas apresentações nas condutas relacionadas ao melanoma cutâneo e ao melanoma de localização ungueal, e nas novas técnicas de reconstituição da asa nasal. Dr. Bertrand Richert, da Bélgica, apresentará as inovações em cirurgia de unhas e tratamento cirúrgico dos tumores de localização sub-ungueal.
O XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica ocorre de 10 a 14 de junho de 2009, em Uberlândia, MG. As inscrições estão abertas até o dia 15 de maio. Informações: www.scbd.org.br/uberlandia2009.

O cardápio foi igualdade e direitos...

André Costa

05 Jun 2009 - 01h22min
Participei de um almoço-reunião com o governador Cid Gomes, o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos e o deputado estadual Dedé Teixeira, autor da Proposta de Emenda à Constituição do Ceará – PEC 004/2008, em tramitação na Assembleia Legislativa do Ceará, que estabelece cotas sociais e raciais nas universidades públicas do Ceará. Há dois anos, a OAB-CE também apresentou ao Parlamento Estadual PECs fixando reserva de vagas para alunos da escola pública, negros e indígenas na Uece, na UVA e na Urca e para as pessoas negras no serviço público estadual. Diversos assuntos sobre os direitos da população negra e da promoção da igualdade racial no Ceará foram tratados: 1) a implantação da Unilab - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira em Redenção; 2) a fixação de cotas sociais e cotas raciais nas universidades públicas federais e estaduais; 3) a situação das Comunidades Quilombolas no Ceará; 4) a aplicação da Lei Federal 10.639/2003, “que estabelece a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira na Rede Pública e Privada”; 5) a participação de pessoas negras na publicidade oficial do Estado; 6) a efetivação da Lei Estadual que prevê a realização da Semana da Consciência Negra no Ceará naquela que recair o dia 20 de Novembro; 7) a criação da Assessoria Especial e do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial semelhantes ao Governo Federal; 8) a criação do Núcleo das Vítimas de Racismo na Defensoria Pública do Ceará. Essa conversa marca o início do diálogo entre os poderes públicos e a sociedade civil sobre racismo, igualdade e direitos na atual gestão do Executivo estadual, cujo resultado dependerá da articulação, da pressão e da audácia do Movimento Negro cearense e das pessoas que lutam contra as desigualdades raciais.

André Costa - Advogado e presidente da Comissão de Combate à Discriminação Racial e de Defesa das Minorias da OAB-CE andrecosta.adv@gmail.com

http://www.opovo.com.br/opovo/opiniao/882951.html

Para 'Economist', má qualidade da educação 'freia' desenvolvimento do Brasil



Para revista, Brasil deveria investir mais em educação básica
Um artigo na edição mais recente da revista britânica The Economist traça um panorama da situação da educação no Brasil e afirma que a má qualidade das escolas, "talvez mais do que qualquer outra coisa", é o que "freia" o desenvolvimento do país.
Citando os maus resultados do Brasil no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), realizado a cada três anos pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a revista afirma que, apesar dos grandes investimentos e progressos em setores como política e economia, em termos de educação, o país está "bem abaixo de muitos outros países em desenvolvimento".
A publicação compara a situação brasileira à da Coreia do Sul, que apresenta bons resultados no Pisa.
"Até a década de 1970, a Coreia do Sul era praticamente tão próspera quanto o Brasil, mas, ajudada por seu sistema escolar superior, ela saltou à frente e agora tem uma renda per capita cerca de quatro vezes maior".
Sindicatos
Para a revista, entre os principais motivos para a má qualidade da educação no país está o fato de muitos professores faltarem por diversas vezes às aulas e os altos índices de repetência, que estimulam a evasão escolar.
Na opinião da Economist, o governo precisa investir mais na educação básica. "Assim como a Índia, o Brasil gasta muito com suas universidades ao invés de (gastar) com a alfabetização de crianças".
A publicação afirma ainda que o Brasil precisa de professores mais qualificados. "Muitos têm três ou quatro empregos diferentes e reclamam que as condições (de trabalho) são intimidadoras e os pagamentos baixos".
Afirmando que, apesar da situação, os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva conseguiram avanços - embora vagarosos - no setor, a revista afirma que os sindicatos de professores "representam um grande obstáculo para melhorias".
"Quase qualquer coisa que atrapalhe sua paz causa greves", afirma a publicação britânica, dizendo que o sindicato dos professores do Estado de São Paulo, por exemplo, se opôs "a uma proposta que obrigava os novos professores a fazerem testes para assegurar que são qualificados".
A Economist defende que a receita para melhorar a educação no país seria "continuar reformando o sistema escolar, enfrentar os sindicatos dos professores e gastar mais em educação básica".
"A conquista do mundo - mesmo a amigável e sem confrontos que o Brasil busca - não virá para um país onde 45% dos chefes de famílias pobres têm menos de um ano de escolaridade", diz a publicação.

Mundo islâmico cobra ação além das palavras


São Paulo, sexta-feira, 05 de junho de 2009
Hamas e Irã destacaram "mudança de tom" em relação a governo anterior; Hizbollah diz que região "não quer lições" Governo de Israel afirma que segurança continua à frente de esforços pela paz; para colonos, "Hussein priorizou mentiras árabes"
DA REDAÇÃO
As reações ao discurso de Barack Obama, ontem, evidenciaram as divisões e diferentes expectativas no Oriente Médio. No mundo islâmico, alguns enxergaram como vazia a retórica do presidente dos EUA; outros pediram que as palavras de Obama se convertam em ações. Em Israel, as respostas variaram do apoio -ainda que limitado- às críticas.O governo israelense expressou em comunicado "sua esperança de que esse importante discurso no Cairo leve a um novo período de reconciliação entre o mundo árabe e muçulmano e Israel". Sem citar explicitamente o novo pedido de Obama pelo congelamento nos assentamentos judeus na Cisjordânia, ponto chave para a eventual criação de um Estado palestino, disse que "Israel (...) fará todos os esforços para expandir o círculo da paz enquanto protege seus interesses, especialmente sua segurança nacional".E, enquanto o presidente israelense, Shimon Peres, elogiou a "sabedoria e coragem" da oratória do norte-americano, colonos judeus na Cisjordânia declararam que "Hussein Obama deu prioridade às mentiras árabes" e que é "ingênuo e fora da realidade".O deputado de ultradireita Michael Ben-Ari foi além: "O ódio [de Obama] pelo povo de Israel o levou a fazer um perigoso discurso que expôs sua tendência pró-islâmica".Palavras versus açõesNa outra extremidade de interesses na região, o grupo palestino radical Hamas, que controla a faixa de Gaza, destacou a "mudança de tom de Obama" em relação a seu antecessor, George W. Bush, mas pediu "a tradução de seus [de Obama] desejos e visões em ações".O Irã seguiu a mesma linha. O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, disse que a mensagem obamista "não é o suficiente" e que os EUA devem dar "passos práticos".Mais crítico, o Hizbollah -misto de milícia e partido político que tem 14 assentos no Parlamento libanês- disse que a fala de Obama não revela "mudança real na política e na postura dos EUA na região". "O mundo árabe não precisa de lições, mas de atos reais, a começar pela causa palestina", disse Hassan Fadlallah, deputado do grupo xiita. No Iraque, o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr -cujas milícias lutaram contra as tropas americanas- expressou ceticismo quanto à mudança na política americana "de controle e globalização".Reações moderadasEntre as reações mais moderadas, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (que se reuniu com Obama há poucos dias e que tem o apoio da Casa Branca), disse por meio de seu porta-voz que as referências aos palestinos no discurso são um "importante passo para um recomeço". A Liga Árabe, conjunto de 22 nações, também qualificou o discurso de "uma nova visão da proximidade entre muçulmanos e o Ocidente".A Irmandade Muçulmana, grupo de oposição banido mas tolerado no Egito, fez uma análise do discurso: "[Obama] tinha dois objetivos principais: melhorar a imagem dos EUA e isolar a Al Qaeda. Foi bem-sucedido em 70% ou 80%. Mas se ele não for adiante com ações, será desastroso. As pessoas estão enxergando suas palavras como promessas".No Ocidente, o Parlamento Europeu e a ONU elogiaram a fala de Obama. Mas alguns grupos de direitos humanos cobraram mais ênfase do presidente.Com agências internacionais e o "New York Times