segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ataques a ciganos crescem em meio à turbulência econômica

TISZALOK, Hungria - Jeno Koka era um trabalhador dedicado e avô amoroso que recentemente estava a caminho de seu trabalho em uma fábrica química quando foi morto a tiros diante da porta de sua casa. Para seu assassino, ele não passava de um cigano, e parece que isso foi motivo suficiente para que fosse morto. O preconceito contra os rom -conhecidos amplamente como ciganos e que há muito tempo estão entre os grupos minoritários mais oprimidos da Europa- vem aumentando e assumindo a forma de uma onda de violência. Pelo menos sete rom foram mortos na Hungria nos últimos 12 meses, e líderes rom contabilizam cerca de 30 ataques com coquetéis Molotov contra casas de ciganos, em vários casos acompanhados por saraivadas de balas. Mas a polícia vem focando sua atenção em três ataques fatais ocorridos desde novembro, que afirma estarem interligados. Em função da precisão com que as vítimas foram mortas, as autoridades dizem que os ataques podem ter sido lançados por policiais ou militares. Além da morte da Jeno Koka, 54, houve os assassinatos de um homem e de uma mulher rom a tiros depois de sua casa ter sido incendiada em novembro passado em Nagycsecs, nordeste da Hungria. E, em fevereiro, um homem rom e seu filho de quatro anos foram mortos a tiros quando tentavam escapar de um incêndio em sua casa em Tatarszentgyorgy, uma pequena cidade ao sul de Budapeste. Em entrevista ao jornal "Nepszabadsag", em 24 de abril, o chefe nacional de polícia da Hungria, Jozsef Bencze, disse que os responsáveis pelos crimes, que se acredita formarem um grupo de quatro ou mais homens na casa dos 40 anos, vêm matando "com confiança excessiva". A rádio húngara informou que a contrainteligência militar húngara está auxiliando na investigação, e Bencze revelou que os suspeitos incluem veteranos das guerras dos Bálcãs e membros húngaros da Legião Estrangeira francesa. Especialistas em questões rom descrevem um ambiente cada vez mais agressivo em relação aos ciganos na Hungria e em outras partes da Europa central e oriental, onde partidos de extrema direita cujos líderes jogam com os velhos estereótipos dos rom como pequenos criminosos e do ônus que supostamente impõem aos sistemas de bem-estar social, num período de turbulência econômica e política crescente. Autoridades e especialistas temem que os ataques só se intensifiquem à medida que o desemprego aumentar. "Vale lembrar que o Holocausto não começou com as câmaras de gás", disse Lajos Korozs, secretário-sênior de Estado do Ministério de Assuntos Sociais e do Trabalho. Na República Tcheca, onde manifestantes radicais de direita entraram em choque com a polícia quando tentaram fazer uma marcha passando por bairros de rom, uma menina pequena e seus pais sofreram queimaduras graves após agressores lançarem coquetéis Molotov contra a casa deles na cidade de Vitkov, em abril. E policiais na Eslováquia foram captados em vídeo recentemente atormentando seis rapazes rom que tinham prendido, forçando-os a tirar a roupa e a bater e beijar uns aos outros. Mas em nenhum lugar a violência atingiu os níveis a que chegou na Hungria, espalhando medo e intimidação por uma população rom de 600 mil pessoas. Viktoria Mohacsi, deputada rom no Parlamento Europeu, disse que a polícia -que ainda se nega a citar explicitamente a questão étnica como motivação nas agressões- hesita em reconhecer o aumento da violência dirigida contra a comunidade cigana. "No início, disseram que eram agiotas ou que eram rom que estavam matando outros rom", disse Mohacsi. Michael Stewart, coordenador da Rede de Pesquisas sobre os Rom, ativa em toda a Europa, explicou: "Nos últimos cinco anos, as atitudes em relação aos rom em muitas partes da Europa oriental endureceram, e novos extremistas começaram a explorar a questão dos rom de maneira que não ousavam fazer antes ou que não era divulgada até agora". O partido de extrema direita Jobbik aproveitou o que seus líderes dizem ser a "criminalidade dos ciganos" para avançar nas pesquisas, chegando a quase o limiar mínimo de 5% para conseguir vagas no Parlamento húngaro na eleição do próximo ano, pela primeira vez. Adversários acusam a Guarda Húngara, o grupo paramilitar associado ao partido, de promover passeatas e reuniões públicas para incitar o sentimento popular contrário aos rom e intimidar a população cigana. "Estamos vivendo no medo. Todos os rom estão", disse Csaba Csorba, 48, que teve um filho e um neto mortos a tiros de espingarda pouco após a meia-noite no ataque de fevereiro. As mortes abalaram os rom de Tiszalok. "Isso prova que não importa se somos pessoas boas ou más", refletiu Agnes Koka, 32, sobrinha e afilhada de Jeno Koka. "Importa apenas o fato de sermos ciganos."
Por NICHOLAS KULISH; São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009 . folha de São Paulo e The New York Times.

Reitores de universidades federais defendem cota para alunos locais

Com a criação do novo Enem, reitores de universidades federais querem criar cotas regionais para evitar que as faculdades sejam "invadidas" por alunos de outros Estados, já que os candidatos poderão concorrer em várias instituições fazendo uma única prova. A proposta deverá ser discutida pela Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior.
O objetivo, segundo o presidente da entidade e reitor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Amaro Pessoa Lins, é fortalecer o ensino regional e manter o cenário atual, no qual a maioria dos matriculados é oriunda do ensino médio do próprio Estado.
"Há uma grande diferença entre o ensino nas diversas regiões do país. Não é justo, principalmente nos cursos com demanda alta, como medicina, termos estudantes concorrendo no mesmo nível", diz Lins. "Somos uma universidade no meio do sertão. Se você coloca em situação de igualdade o [nosso] estudante com um paulista ou do Sul, isso poderá ser um problema", diz o reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, José Weber, que defende a reserva de vagas.
Sem salvaguardas, os reitores acreditam que haverá distorções, já que o aluno escolherá a universidade sabendo sua nota do Enem. Isso permitirá que ele opte por uma federal de outro Estado se achar que não terá chance em uma mais disputada de seu local de origem.
Os dados do Enem 2008 mostram que esse temor é procedente. Na prova deste ano, os alunos do Sudeste obtiveram o melhor desempenho: 51,21 pontos, em escala de zero a cem, na nota que une a prova objetiva e a redação. Em segundo lugar ficou o Sul, com 50,86.Norte e Nordeste tiveram média cinco pontos menor -45,89 e 46,2, respectivamente. A comparação tem ressalvas, já que as notas médias não mostram nem os melhores alunos do interior do Norte e Nordeste nem os piores das capitais do Sul e Sudeste. De toda forma, são indicadores do nível educacional de cada localidade.
Reitor da UFBA, Naomar de Almeida Filho, é uma das poucas vozes dissonantes. "A mobilidade que se está esperando irá contribuir com o desenvolvimento regional", afirma.
AFONSO BENITES e PABLO SOLANO, da Agência Folha. 01/05/2009 - 11h00

Judeus e homossexuais protestam contra vinda de presidente do Irã

Manifestação reuniu cerca de 400 pessoas na região central de SP.Mahmoud Ahmadinejad deve chegar ao Brasil na quarta-feira (6).
A iminente visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, marcada para a próxima quarta-feira (6) em Brasília, continua causando protestos. Integrantes da comunidade judaica, em conjunto com líderes de movimentos homossexuais, promoveram neste domingo (3) pela manhã, na Praça dos Arcos, região central de São Paulo, uma manifestação contra a vinda do polêmico dirigente do Oriente Médio
Cerca de 400 pessoas, segundo cálculos da Polícia Militar, estiveram presentes no protesto iniciado às 11h e que durou cerca de 1h30. Líderes judeus e homossexuais discursaram contra Ahmadinejad, afirmando que a vinda dele é um desserviço para o Brasil, além de ser uma afronta às duas comunidades e a qualquer cidadão brasileiro.
“É inacreditável que o Brasil tenha convidado uma pessoa tão preconceituosa e sem escrúpulos para vir para cá, em nome de acordos comerciais”, afirmou Michel Fried. “O
que vai mudar para nós, fazer ou não negócios com o Irã?”

Outro que não se conformava com o convite era José Marcelo. “Estou aqui porque repudio qualquer forma de preconceito e terrorismo. Levá-lo para Brasília é ainda mais grave que chamar o traficante Fernandinho Beira-Mar para fazer negócios”, afirmou. “O Lula errou feio, espero que ainda dê tempo para desconvidá-lo”.
Denis Freire de Almeida Do G1, em São Paulo . 03/05/09 - 13h58 - Atualizado em 03/05/09 - 22h18

domingo, 3 de maio de 2009

Presos suspeitos de matar casal em Curitiba

As investigações mostram que o crime foi motivado pela disputa num grupo de neonazistas.
Em Curitiba, a polícia apresentou, neste sábado, seis acusados de envolvimento no assassinato de um casal de namorados. As investigações mostram que o crime foi motivado pela disputa num grupo de neonazistas. São todos jovens de classe média e com formação universitária. Um deles, soldado do exército, foi preso dentro do quartel em Curitiba. Também houve prisões em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Na casa dos acusados foi encontrado material que segundo a polícia faz apologia ao nazismo. As investigações começaram, depois do assassinato de um casal na região de Curitiba, que teria sido motivado por uma disputa pela liderança do movimento no Paraná. Bernardo Deyrel pedroso, de 24 anos e Renata Waeschter Ferreira, de 21 anos, foram mortos a tiros na saída de uma festa, no dia 21 de abril. As imagens feitas por um integrante do grupo mostram a festa, uma comemoração pelo aniversário do ditador nazista, Adolf Hitler. As investigações apontam que a arma do crime foi trazida da argentina. A polícia afirma que o administrador de empresas, Ricardo Barlolo, preso em São Paulo, é o mandante do assassinato dos dois estudantes. Ele negou. Para a polícia, Ricardo encomendou o crime para acabar com a formação de uma facção paralela do grupo no Paraná.
02/05/09 - 21h52 - Atualizado em 02/05/09 - 21h5. GLOBO.COM

Afrocentricidade

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de Elisa Larkin Nascimento (org.). Trad. Carlos Alberto Medeiros e Elisa L. Nascimento. Selo Negro (r. Itapicuru, 613, 7º andar, CEP 05006-000, São Paulo, SP, tel. 0/ xx/ 11/ 3872-3322).O quarto livro da coleção Sankofa discute a abordagem historiográfica do ponto de vista africano e mostra suas aplicações teóricas em temas como identidade da mulher negra e o papel histórico dos descendentes de escravos fugidos.