Deportações nos EUA atingem novo recorde com Obama
Governo do atual presidente já deportou quase 1,2 milhão de imigrantes e debate ganha relevância com proximidade das eleições
Foto: APAmpliar
Presidente Barack Obama faz discurso no Aeroporto Asheville, em Fletcher, Carolina do Norte
Os Estados Unidos deportaram 396.906 imigrantes ilegais no ano fiscal encerrado em 30 de setembro, o maior número já registrado, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Departamento de Segurança Interna.
De acordo com o governo americano, 55% dos deportados no ano fiscal de 2011 haviam sidocondenados por crimes (1.119 por homicídio, 5.848 por crimes sexuais, 44.653 por delitos relacionados a drogas e 35.927 por dirigir sob a influência de álcool ou drogas).
O número de deportações nos EUA vem crescendo gradualmente na última década e já havia sido recorde no ano anterior, quando 392.862 imigrantes ilegais foram forçados a deixar o país. A divulgação dos novos dados, porém, voltou a provocar críticas ao presidente Obama, que desde o início de seu governo vem registrando um número de deportações bem maior do que o de seu antecessor, o republicano George W. Bush.
"No total, esse governo já deportou quase 1,2 milhão de pessoas, deixando um rastro de devastação nas comunidades latinas pelo país", disse Joanne Lin, conselheira da organização de defesa dos direitos civis União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês).
A política do governo de dar prioridade à deportação de criminosos condenados também foi criticada por alguns republicanos, por supostamente indicar uma maior tolerância a imigrantes ilegais que não cometeram crimes.
Debate
O debate em torno da imigração ilegal vem ganhando novo destaque à medida que se aproximam as eleições presidenciais de 2012. Em 2008, Obama foi eleito com grande apoio da comunidade de origem latina, que representa cerca de um sexto da população americana.
No entanto, analistas afirmam que esse apoio pode ser perdido nas próximas eleições, em meio ao descontentamento com a demora do governo em implementar a prometida reforma nas leis de imigração do país, que acabou adiada por conta da crise econômica e diante da forte resistência do Partido Republicano.
Com uma população de 12 milhões de imigrantes ilegais nos EUA, Obama é criticado tanto por setores contrários à imigração ilegal quanto por aqueles que defendem os imigrantes. Os defensores cobram mais ação do governo para permitir a legalização dos imigrantes que já estão no país. Os opositores afirmam que a Casa Branca não age com o rigor necessário para impedir a entrada de novos ilegais.
Leis estaduais
Desde o ano passado, a insatisfação com a atuação do governo vem fazendo com que alguns Estados criem suas próprias leis de imigração – em desafio à legislação americana, que estabelece que as políticas de imigração são de responsabilidade federal.
Até agora, pelo menos sete Estados – Arizona, Alabama, Carolina do Sul, Geórgia, Utah e Indiana – já aprovaram leis de imigração. Todas foram contestadas na Justiça por entidades de defesa dos direitos civis e, em alguns casos, pelo próprio governo federal.
Com exceção da Carolina do Sul – onde ainda não há decisão sobre a ação judicial movida pela ACLU na semana passada –, todas também tiveram partes bloqueadas pela Justiça. Além dessas leis, projetos semelhantes chegaram a ser analisados em cerca de 20 Estados, mas não foram aprovados.
Segundo os críticos, as leis estaduais, consideradas muito rigorosas, dão margem à discriminação racial e poderiam prejudicar especialmente a população de origem hispânica, inclusive aqueles em situação legal no país.
Seus defensores, porém, dizem que os Estados precisam proteger suas fronteiras da entrada de imigrantes ilegais e que sua presença rouba empregos dos americanos, em um momento em que a taxa de desemprego no país ultrapassa 9%.
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