sexta-feira, 20 de maio de 2011

Governo federal também age contra ato de racismo

Governo federal também age contra ato de racismo

Secretaria da Igualdade Racial manda investigar empresa de recursos humanos paulista

Rio - A Secretaria Especial de Políticas de Promoção  da Igualdade Racial (Seppir), do governo federal, vai acionar o Ministério Público do Trabalho paulista para que a empresade recursos humanos Resilar seja investigada por discriminação racial. Conforme O DIA denunciou na quarta-feira, a agência — especializada em empregados domésticos — dava aos clientes a opção de escolher um candidato pela cor da pele: a empresa tinha em seu site um cadastro com o campo “cútis”, removido depois que a reportagem foi publicada.
A Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena da Secretaria de Justiça de São Paulo também agiu ontem: foi aberto processo administrativo para investigar aagência, que poderá ser obrigada a pagar multa a ser definida. Pela manhã, dois assessores da deputada estadual Leci Brandão (PC do B-SP) estiveram no prédio da Vila Mariana, onde fica a sede da Resilar, mas não conseguiram falar com nenhum responsável pela empresa. Manuel Júlio Vieira e Eliane Aparecida Dias chegaram por volta das 11h30 e foram recebidos pela secretária, que informou que a dona da agência, identificada apenas como Íris, estaria a caminho.
Após cerca de 20 minutos, a funcionária avisou que Íris não apareceria, seguindo orientação de seus advogados. O DIA tentou contato com os defensores, mas ninguém retornou as ligações.
No plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, Leci fez pronunciamento sobre o episódio: “Quero destacar episódio em que uma empresa usou o critério da cor da pele para apresentar candidatos a empregadores. Nosso mandato repudia veementemente qualquer ato de discriminação”, discursou a parlamentar.
E-ministro da Igualdade Racial, o deputado federal Edson Santos (PT-RJ) enviou ao Ministério da Justiça, à Procuradoria Geral da República, à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República denúncia contra a Resilar.
Informação sobre cor só para estatísticas
Para a ministra da Seppir, Luiza Bairros, o episódio prejudica os esforços da secretaria pela diversidade racial. Segundo ela, a prática de indagar a cor do candidato a emprego é antiga, mas antes vinha disfarçada sob a expressão “boa aparência” dos anúncios. A secretaria reivindica que a informação sobre a cor da pele conste nos registros de órgãos públicos e empresas privadas, como política de ação afirmativa. “Com esse dado, podemos mensurar o acesso das minorias aos serviços públicos e às oportunidades de emprego, por exemplo. Mesmo essa empresa poderia usar esses dados para avaliar quantos negros conseguiram empregos”, explicou a ministra.
Reportagem de Alessandro Ferreira e Daniel Carmona

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