quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Parreira revela que usará 'Invictus' na preparação da seleção da África do Sul Filme de Clint Eastwood conta como Nelson Mandela aproveitou o Mundial

22/02/10 - 21h35 - Atualizado em 22/02/10 - 21h51
Parreira revela que usará 'Invictus' na preparação da seleção da África do Sul
Filme de Clint Eastwood conta como Nelson Mandela aproveitou o Mundial de rugby de 1995, em casa, para unir negros e brancos
Rafael Pirrho
Especial para o GLOBOESPORTE.COM, em Joanesburgo, África do Sul


O sistema de segregação racial terminou de fato na África do Sul em 1994, com a eleição de Nelson Mandela, o primeiro presidente negro da história do país. Desde então, porém, foram raros os momentos em que os sul-africanos realmente se uniram em torno de uma única causa. Talvez a mais significativa delas tenha sido o Mundial de rugby de 1995, em casa, quando Mandela incentivou brancos e negros a torcerem juntos pela seleção. A história é contada no filme “Invictus”, de Clint Eastwood, inspirado no livro “Conquistando o Inimigo”, de John Carlin (confira o trailer no vídeo ao lado).

O técnico Carlos Alberto Parreira vê a Copa do Mundo de futebol como uma nova oportunidade para os sul-africanos vestirem uma só camisa. De novo a África do Sul jogará em casa, em busca do sucesso em campo e da união fora dele. Para Parreira, o Mundial de rugby de 15 anos atrás é o exemplo a ser seguido em 2010.

- Não tenha dúvidas de que em algum momento nós vamos usar o filme. Precisamos passar esse mesmo espírito para nossos jogadores, mostrar que haverá um país inteiro, com negros e brancos, a apoiá-los - adiantou.

A menos de quatro meses para o início da Copa, é difícil imaginar que o futebol sul-africano seja campeão mundial como fez o rugby. Mas para Parreira, passar de fase em um grupo com França, Uruguai e México já será uma façanha equivalente. Depois de chegar lá, "o céu é o limite", repete o treinador. Até porque, em 95, a equipe de rugby também começou o Mundial desacreditada, como lembra Chester Williams, o único jogador não-branco daquela seleção.

- Nós perdemos vários amistosos durante nossa preparação, realmente não achava que pudéssemos ganhar o Mundial. Mas aquela foi uma prova de que a torcida no estádio e a corrente por todo o país podem fazer um milagre. Se não fosse isso acho que não teríamos sido campeões - conta Williams ao GLOBOESPORTE.COM.

A união de todos os sul-africanos em torno do rugby, em 95, foi significativa porque durante o Apartheid a modalidade era vista como um símbolo da repressão branca. Agora é a vez do futebol, o esporte que é paixão dos negros, contar com o apoio de todo o país.

- Estou na campanha para que a África do Sul inteira apoie nossos garotos do futebol, assim como fizeram conosco em 95. Essa Copa pode ajudar a unir o país novamente - espera Williams, que é considerado coloured (nome dado aos sul-africanos nascidos da mistura de etnias diferentes).

Ele diz isso porque sabe que aquele Mundial representou muito mais do que apenas uma vitória do rugby. Foi o retrato de um país possível, em que negros e brancos deixaram os ressentimentos de lado para jogarem juntos. Uma união que, para Williams, só foi possível graças ao exemplo de Nelson Mandela - o maior ícone negro pediu ao seu povo que abraçasse o rugby, o esporte dos brancos.

- A imagem de Mandela entrando no estádio na final do Mundial com o casaco e o boné da seleção de rugby ainda é muito forte na minha cabeça. Aquele foi um momento incrível, quando realmente vimos que tínhamos que ganhar. Por ele e por nosso país - relembra Williams.

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