segunda-feira, 27 de julho de 2009

Política externa forte dos EUA está de volta, diz Hillary

São Paulo, segunda-feira, 27 de julho de 2009






Política externa forte dos EUA está de volta, diz Hillary

Em entrevista a rede de TV americana, secretária de Estado defende histórico do presidente Obama em temas como Irã

Chefe da diplomacia afirma que ainda espera ver uma mulher eleita presidente no país, mas que não tem mais intenção de concorrer

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Com seis meses de governo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, fez um grande balanço de sua atuação no governo Barack Obama. Em entrevista à rede de TV NBC, Hillary deixou uma mensagem clara: a política externa forte americana está de volta.
"Esta foi minha mensagem quando fui para a Ásia: os EUA estão de volta, e nós estamos prontos para liderar", disse.
Na última semana, Hillary voltou ao noticiário sugerindo que o país pode armar os aliados na região do golfo Pérsico contra o Irã, caso ele persista com o programa nuclear. E foi alvo de críticas do governo da Coreia do Norte, que a classificou como "vulgar" e "pouco inteligente" após ela dizer que o país se comportava como uma criança em busca de atenção.
Hillary destacou como pontos principais nos primeiros seis meses o início do processo de retirada das tropas americanas do Iraque, a política de não proliferação nuclear, a criação de uma resposta conjunta com outras nações em relação às políticas adotadas pela Coreia do Norte e pelo Irã e o fortalecimento da relação com a Índia.
Segundo a secretária de Estado, a nova estratégia inclui a concentração de esforços em diversos assuntos importantes ao mesmo tempo.
"Nós estamos trabalhando em todos os lugares que podemos para deixar claro que os EUA não podem resolver todos os problemas do mundo sozinhos, mas o mundo não pode resolvê-los sem os EUA", disse.
Ela diz que os EUA querem negociar com a Coreia do Norte, mas que não pretendem recompensar meias medidas. "Eles se envolveram em uma série de ações de provocação nos últimos meses. O que nós, China, Rússia, Coreia do Sul e Japão e literalmente a unanimidade da comunidade internacional temos dito é que desta vez isso não vai funcionar." Para Hillary, Pyongyang representa uma ameaça para aliados como Japão e Coreia do Sul.
Ela comentou ainda sobre o "recomeço" das relações com a Rússia e a mudança de estratégia no Afeganistão.
Em relação ao Irã, disse que os EUA estão fazendo tudo que podem para evitar que o país desenvolva uma arma nuclear, mas não quis comentar se a proposta de armamento na região do golfo Pérsico, chamada de "guarda-chuva de defesa", seria necessariamente nuclear.
Questionada se não seria um contra-senso negociar com o governo do Irã, já que ele enfrenta críticas quanto a sua legitimidade, Hillary afirmou que na diplomacia não se escolhe com quem se negocia. Disse ainda que no passado os EUA já negociaram com governantes que não representavam a vontade do povo.

Mulher na Presidência
Hillary afirmou que ainda espera ver uma mulher eleita presidente nos EUA, mas disse que não tem mais intenção de concorrer. "Não tenho absolutamente nenhuma crença de que isso possa acontecer."
Ela se recusou a comentar as eventuais chances da republicana Sarah Palin, que deixou o cargo de governadora do Alasca, e disse que espera ver uma democrata eleita.
A secretária negou os rumores de ter sido ofuscada por Obama nos últimos meses. Disse ter uma troca aberta e justa na relação com o presidente e que deixou a eleição para trás. "Segui em frente, não sou alguém que vive focada no passado." Ela também apoiou a política interna do presidente, elogiando seu esforço para aprovar a reforma do sistema de saúde, e disse estar confiante na aprovação pelo Congresso.


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2707200906.htm

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