Cotas raciais
Fui hoje à Uerj e lá o clima era de união para manter as cotas. Falei para uma plateia de cotistas e não cotistas e o clima geral era de susto pela decião da Justiça. A Uerj tentará reverter a liminar que suspendeu as cotas raciais. O DCE disse que concorda com a direção e a luta a favor das cotas.
A Uerj foi a primeira escola a adotar o sistema. Hoje, segundo professores com quem conversei, eles estão orgulhosos do desempenho dos cotistas e vão fazer uma ampla pesquisa para saber o resultado da política no mercado de trabalho. Eu fui lá para abrir a V Amostra de Estágios.
O que eu vi hoje lá foi uma platéia cheia da bela diversidade do Brasil: pretos, brancos, pardos, meninos, meninas, moradores de áreas diferentes do Rio, juntos, integrados, debatendo sobre riscos e oportunidades do mercado de trabalho. Uma prova viva de que conviver juntos no mesmo espaço, em pé de igualdade é o melhor remédio contra as desigualdades raciais brasileira.
A liminar, explicou o reitor, Ricardo Vieiralves de Castro, suspendeu a aplicação de uma lei que tem oito anos e às vésperas do vestibular. Se não for cassada prejudicará os estudantes que se inscreveram pelo sistema de cotas. E uma medida liminar, como se sabe não pode provocar prejuizos irreversiveis.
Sei que este assunto é polêmico, mas tenho há anos a mesma posição favorável às cotas. Já escrevi muito sobre o assunto, não vou repetir os argumentos. Já ouvi e li muitos argumentos contrários. Não me convenceram. As cotas sozinhas não vão resolver as desigualdades racias, mas são uma das armas para nos ajudar a superar o problema. Não, não acho que elas vão "implantar" o racismo no Brasil, não se implanta o que já existe. E estou convencida - fiquei hoje ainda mais - que a convivência de pessoas diversas, de áreas diferentes da cidade e da sociedade, com histórias diversas cria uma chance de menos distância social no Brasil. Na universidade que estudei só havia brancos. A que vi hoje era mais bonita, tinha mais a cara do Brasil.
As empresas modernas sabem que os times mistos são mais eficientes, que a diversidade no quadro de funcionários aumenta a capacidade de resposta da empresa aos desafios. A Uerj está fazendo a parte dela, que o mercado de trabalha entenda os novos tempos e suas chances.
Enviado por Míriam Leitão - 26.5.2009, 16h40m
1 comentários:
Prezado Luiz Fernando,
A informação prestada pela reitoria da UERJ de que a Lei de Cotas tem mais de oito anos é uma falácia, como tantas outras que se divulga na mídia.
A Lei 4.151 - comentada no post - é de dezembro de 2003. Ocorre que com a sanção e publicação da Lei 5.346, de dezembro de 2008 aquela norma está TOTALMENTE REVOGADA. Há determinação expressa em um dos seus artigos.
Assim, a "nova lei de cotas" ainda é uma criança, longe de completar seu 1º ano de vida.
Comungo da sua idéia de que é salutar perceber que pessoas de todas as classes e cores estejam frequentando o mesmo ambiente, mas não concordo, lamento, com os argumentos e fundamentações.
Tenho amparo nas questões levantadas pela comunidade científica, que, ao contrário da comunidade política, tem total respaldo e autoridade em afirmar que a questão de etnia não pode ser definida pelo critério da cor da pele; a questão é genética.
Assim, como explicar a carga genética predominantemente BRANCA/EUROPÉIA de pessoas queridas, como Neguinho da Beija Flor e Daiane dos Santos?
Deve-se investir no ENSINO DE QUALIDADE. Essa lei, assim como todas as que criam algum tipo de cota por cor de pele, se mostra extremamente "nazista" e irresponsável, gerando instabilidade social e uma tremenda insegurança jurídica.
Obrigado por me permitir usar o espaço.
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