segunda-feira, 6 de junho de 2011

Estado assina hoje decreto que cria cota em concursos

06.06.11 às 01h09


Estado assina hoje decreto que cria cota em concursos

Candidato que se autodeclarar negro ou índio terá direito à reserva de 20% das vagas

POR ALINE SALGADO
Rio - No tom das políticas afirmativas, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, assina hoje decreto que estabelece reserva de 20% das vagas em concursos públicos estaduais a candidatos que se autodeclararem negros ou indígenas. A medida se insere no conjunto de projetos a serem incentivados ao longo de 2011, instituído como ano estadual das populações afrodescendentes e das políticas de promoção da igualdade racial.

Nos cursinhos preparatórios, a ação afirmativa gerou surpresa entre candidatos, brancos e negros. A ausência de um debate amplo, com a participação da população e de deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), foi apontada com uma das falhas da iniciativa.

“Me sinto tolido como cidadão, por não ter tido a possibilidade de opinar sobre uma medida tão importante. Como candidato a concursos, continuarei estudando porque sei que a aprovação só dependerá da minha dedicação”, afirma Daniel Reis, de 32 anos, ex-aluno de Latim da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Colega de classe de Daniel, no curso preparatório Maxx, Jefferson Espíndola, 26 anos, teme que a lei de cotas esconda a importância de se investir mais na educação pública. “O meio de contornar a desigualdade racial deveria ser pautado na valorização salarial do professor em sala de aula”, diz o historiador. 

Análise social e econômica deveria entrar

Para o advogado especializado em concursos públicos, Sérgio Camargo, a reserva de vagas em seleções deveria incluir requisitos sócio-econômicos para impedir tentativas de fraude. 

“A medida pura, sem estar atrelada a um critério objetivo como a baixa eficiência econômica, corre o risco de se traduzir em um desequilíbrio racial, além de abrir brecha para uma enxurrada de ações na Justiça. O sistema de cotas seria completo se fossem adicionados à autodeclaração da raça a análise do Imposto de Renda dos últimos três anos e a exigência de que o candidato comprove que 50% de sua vida escolar foi em instituições públicas de ensino”, avalia.

Para ministra, Rio está na vanguarda da igualdade social

Mestre em Ciências Sociais, a atual ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Helena de Barros crê que a adoção de ações afirmativas na esfera estadual, aliada aos programas sociais desenvolvidos a partir das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), coloca o Rio na vanguarda dos movimentos rumo à igualdade racial. 

Para ela, o novo posicionamento do estado em relação aos concursos (terceiro depois do Paraná e Mato Grosso do Sul a adotar a reserva de vagas) mostra a necessidade de se modificar a situação social do negro no serviço público.

“Em se tratando de uma medida para o mercado de trabalho, a ideia é que se estabeleça esse tipo de ação afirmativa como um meio de modificar a situação social do negro nas repartições públicas”, afirma.

Para a ministra, hoje, há uma tendência no crescimento da presença dos negros nas ocupações terceirizadas e não efetivas. “Na medida em que o senso demográfico mostra que existe uma maioria negra na sociedade, não podemos deixar que haja espaços reservados às pessoas brancas. A composição racial do País deve estar representada em todas as esferas


domingo, 5 de junho de 2011

Pelo direito de aprender - cotas e programas derrubam mitos


05.06.11 às 00h37

Pelo direito de aprender

Cotas e programas de apoio derrubam mitos e levam educação e futuro a milhares de jovens. C e D já são maioria na universidade

POR ÉLCIO BRAGA
Rio - A resposta simples e desanimadora mudou destinos. Início de 1990, salão da Igreja da Matriz, em São João de Meriti: cem jovens negros e carentes falavam sobre a fé. Por curiosidade, frei David Raimundo dos Santos perguntou quantos queriam fazer faculdade. "Apenas dois irmãos confessaram a intenção, obrigados pela mãe, agraciada por bolsas na instituição em que trabalhava como servente", lembra. 

O episódio levou à criação da Educafro, influente entidade empenhada na democratização do acesso à faculdade pública. A ideia tornou o Rio mais justo e se espalhou pelo Brasil. Nos últimos cinco anos, mais negros entraram na universidade do que em todos os séculos anteriores somados.
Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Luana Castro: “Sem a cota, meu futuro seria incerto. Passei para Direito. Meu pai e minha mãe choraram muito” | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Multidão de carentes passou a enxergar brecha no muro da faculdade. Política de cotas, pré-vestibulares comunitários e Programa Universidade para Todos (ProUni), do Governo Federal, criaram novo cenário. As classes C e D se tornaram maioria na universidade: 72,4%. “Diziam que eu, merendeira, filha de lixeiro, não podia fazer faculdade”, conta Therezinha Mello, 71, formada há seis em Serviço Social. 

Contrários à ideia argumentavam que cotistas não conseguiriam acompanhar a turma. Pesquisa entre 2003 e 2006 mostrou desempenho do cotista superior em 29 dos 48 cursos na UERJ. "A minha grande alegria é que as cotas derrubaram a máscara das universidades públicas brasileiras", diz Frei David.

sábado, 4 de junho de 2011

'Marcha para Jesus' reúne milhares de evangélicos no Centro do Rio


04/06/2011 18h31 - Atualizado em 04/06/2011 21h54

'Marcha para Jesus' reúne milhares de evangélicos no Centro do Rio

Manifestação reuniu pelo menos 200 mil evangélicos nas ruas da capital.
Sete trios elétricos, com estilos musicais variados, participaram da festa.

Do G1 RJ
Milhares de pessoas de todas as idades participaram da edição carioca da Marcha para Jesus, realizada na tarde deste sábado (4) nas ruas do Rio de Janeiro. Segundo os organizadores do evento, que é formado por várias igrejas evangélicas, a marcha reuniu cerca de 200 mil fiéis.
Sete trios elétricos, com vários estilos musicais, percorreram as ruas do Centro da cidade e animaram os participantes.
Os fiéis começaram a se reunir na Central do Brasil por volta das 13h. A caminhada musical teve início às 14h, seguindo em direção à Cinelândia. A cantora gospel Fernanda Bruni foi uma das principais atrações.
A Marcha para Jesus tem como objetivo levar a palavra de Deus a todo o povo, segundo os organizadores.

ONU afirma que acesso à internet é um direito humano


03/06/2011 19h51 - Atualizado em 03/06/2011 19h51


ONU afirma que acesso à internet é um direito humano



Relatório pede que países não bloqueiem o acesso à rede.
'Acesso deve ser mantido mesmo em manifestações', diz comunicado.

Do G1, em São Paulo
A Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta sexta-feira (3) que o acesso à internet é um direito humano e que desconectar a população da web viola esta política.
O relatório criticou França e Reino Unido, que aprovaram leis para bloquear o acesso de pessoas que não cumprem acordos de direitos autorais na web, e também países que impedem o acesso às redes sociais para reduzir protestos da população contra governos.
"Enquanto bloquear ou filtrar o acesso de usuários à conteúdos específicos da web, alguns países tomam medidas para cortar o acesso por completo da rede", diz o comunicado. A ONU considera o corte ao acesso à internet, independentemente da justificativa e incluindo violação de direitos de propriedade intelectuais como motivo, "uma violação artigo 19, parágrafo 3 º, do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos".
A ONU pede para todos os países que mantenham o acesso à web em todos os momentos, inclusive durante períodos de instabilidade política, pedindo que os países revejam suas leis de direitos de propriedade intelectual para que não bloqueiem o acesso de usuários.
O comunicado da ONU foi publicado no mesmo dia em que uma empresa de vigilância da internet relatou que dois terços do acesso à internet da Síria se apagaram, o que seria uma resposta do governo do país para as manifestações da população.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

NOTA DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO - REEXAME DO PARECER 15/2010 - ivro Caçadas de Pedrinho de Monteiro Lobato

NOTA DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
REEXAME DO PARECER 15/2010
Em setembro de 2010, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de
Educação aprovou, por unanimidade, o parecer 15/2010 com orientações às políticas
públicas para uma educação antirracista, no qual se fez uma referencia ao livro
“Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato.
A reação de setores da sociedade levou a Câmara de Educação Básica a aprofundar as
bases do parecer, no sentido de ressaltar a importância da contextualização crítica do
autor e da obra literária, sobretudo nas novas edições de livros considerados clássicos,
produzidos em outro contexto no qual pouco se falava e se reconhecia a existência do
racismo e do preconceito racial.
O Conselho Nacional de Educação entende que, assim como é importante o contexto
histórico em que se produziu a obra literária, tão ou mais importante é o contexto
histórico em que se produz a leitura dessa obra.
Nos termos do voto da relatora, conselheira Nilma Lino Gomes : “É
responsabilidade dos sistemas de ensino e das escolas identificar a incidência de
estereótipos e preconceitos garantindo aos estudantes e a comunidade uma leitura
crítica destes de modo a se contrapor ao impacto do racismo na educação escolar. É
também dever do poder público garantir o direito à informação sobre os contextos
históricos, políticos e ideológicos de produção das obras literárias utilizadas nas
escolas, por meio da contextualização crítica destas e de seus autores.
Uma sociedade democrática deve proteger o direito de liberdade de expressão
e, nesse sentido, não cabe veto à circulação de nenhuma obra literária e artística.
Porém, essa mesma sociedade deve garantir o direito à não discriminação, nos
termos constitucionais e legais, e de acordo com os tratados internacionais
ratificados pelo Brasil.
Reconhecendo a qualidade ficcional da obra de Monteiro Lobato, em especial,
no livro Caçadas de Pedrinho e em outros similares, bem como o seu valor literário, é
necessário considerar que somos sujeitos da nossa própria época e responsáveis
pelos desdobramentos e efeitos das opções e orientações políticas, pedagógicas e
literárias assumidas no contexto em que vivemos. Nesse sentido, a literatura, em
sintonia com o mundo, não está fora dos conflitos, das hierarquias de poder e das
tensões sociais e raciais nas quais o trato à diversidade se realiza”.
Brasília, 01/06/2011.