sábado, 5 de fevereiro de 2011

Menina de 14 anos morre em Bangladesh ao receber 80 chibatadas


BBC
04/02/2011 10h14 - Atualizado em 04/02/2011 10h45

Menina de 14 anos morre em Bangladesh ao receber 80 chibatadas

Jovem punida por tribunal religioso por 'atos imorais' teria sido estuprada pelo primo, segundo mídia bengali.

Da BBC
Moradores protestaram contra sentença aplicada à jovem (Foto: Arquivo pessoal/BBC)Hena Begum (Foto: Arquivo pessoal/BBC)
Uma adolescente de 14 anos morreu após ter recebido 80 chibatadas em Bangladesh, como punição por ter tido um relacionamento com um primo que era casado.
A sentença tinha sido decretada por um tribunal religioso na cidade em que a jovem vivia, Shariatpur, no sudoeste do país, a 56 quilômetros da capital, Daca.
Hena Begum foi acusada de ter mantido uma relação sexual com seu primo de 40 anos de idade, que era casado. Ele também foi condenado a receber cem chibatadas, mas conseguiu fugir.
A adolescente desmaiou enquanto recebia as chibatadas e chegou a ser levada para um hospital local, mas não resistiu aos ferimentos, morrendo seis dias após ter sido internada.
O caso teve grande repercussão no país e provocou protestos de moradores de Shariatpur. Há relatos na mídia de Bangladesh de que Hena, na verdade, foi raptada e estuprada pelo primo.
O imã (clérigo muçulmano) Mofiz Uddin, responsável pela fatwah (sentença) contra Hena, e outras três pessoas foram presas. O caso está sendo investigado.
'Atos imorais'
Atraídos por gritos de socorro de Hena, moradores locais chegaram a acudir a adolescente. Mofiz Uddine também se dirigiu ao local, juntamente com professores da madrassa (escola de ensinamentos islâmicos) da região.
Os jornais bengalis informaram que em vez de tomar uma ação contra o autor do suposto estupro, os religiosos trancaram a jovem dentro de um quarto. No dia seguinte, o mesmo imã e representantes do Comitê da Sharia, o código de leis muçulmanas, acusaram Hena de ter cometido atos de ''sexualidade imoral'' fora do casamento.
Os religiosos disseram à polícia que Hena teria sido pega em flagrante quando mantinha relações sexuais com um morador do vilarejo.
Pessoas da família do primo casado também teriam espancado a adolescente, um dia antes da fatwa ter sido decretada.
Autoridades do vilarejo também exigiram que o pai da jovem pagasse uma multa equivalente a R$ 419.
Na quarta-feira, um grupo de moradores de Shariatpur foi às ruas em protesto contra a fatwa e contra os autores da sentença.
''Que tipo de justiça é essa? Minha filha foi espancada em nome da justiça. Se tivesse sido em um tribunal de verdade, minha filha jamais teria morrido'', afirmou Dorbesh Khan, o pai da adolescente.
Punições realizadas em nome da sharia (legislação sagrada islâmica) e decretos religiosos foram proibidos em Bangladesh, país secular, mas de maioria muçulmana, desde o ano passado.
Comitês que obedecem princípios religiosos vêm se tornando influentes em diferentes países com população de maioria islâmica, mesmo sendo ilegais em muitos deses países.
A sentença contra Hena Begum foi a segunda morte provocada por uma sentença ligada à sharia desde que a prática foi proibida pela Corte Suprema de Bangladesh.
Cerca de 90% dos 160 milhões de habitantes de Bangladesh são muçulmanos, dos quais a maior parte segue uma versão moderada do Islã.

Líder religioso é morto a tiros no Cosme Velho


Líder religioso é morto a tiros no Cosme Velho

Athos Moura e Ana Cláudia Costa

O Babalawó Rafael Zamora Dias foi assassinado quando estacionava o carro perto de casa / Foto: Fernando Quevedo
RIO - O presidente da Sociedade de Ifá e Cultura Afro-Cubana no Brasil, o babalawó e jornalista Rafael Zamora Diaz, de 51 anos, foi morto a tiros no final da noite desta terça-feira no Cosme Velho, na Zona Sul do Rio. Cubano, Diaz estava há 20 anos no Brasil. Segundo familiares, o motivo do crime pode ter sido passional.
De acordo com o delegado titular da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore, o crime foi uma execução mas também tem outras linhas de investigações. A polícia também quer colher informações sobre um homem que teria desavenças com o babalawó. A polícia agora vai analisar um dossiê entregue por familiares que apontam o motivo do assassinato do líder religioso.
Zamora foi baleado diversas vezes enquanto estacionava o seu carro, por volta das 22h, em uma praça da Rua Cosme Velho, esquina com a Ladeira dos Guararapes, onde ele morava com o filho. Ele morreu na hora, e o criminoso fugiu. O corpo dele será enterrado ainda nesta quarta, no cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita.
Presidente da Sociedade de Ifá e Cultura Afro-Cubana no Brasil, o babalawó e jornalista cubano Rafael Zamora, morto em Cosme Velho/ Foto: Marizilda Cruppe (Arquivo)
Clemente e Olga Zamora, irmãos da vítima, contaram que Zamora teve um relacionamento com uma mulher casada. Após descobrir o caso, há mais de um ano, o marido da amante teria começado a ameaçar o babalawó por telefone e pela internet. Os irmãos acreditam que o homem seja o autor do crime. O advogado da vítima chegou a elaborar um dossiê com todas ameaças e entregou para o Ministério Público, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O cubano Rafael Zamora foi cinegrafista de Fidel Castro, e estava radicado há quase 20 anos no Brasil. Ele era um dos poucos especialistas no Brasil do ifá, uma religião de origem africana, que surgiu no Egito, Nigéria e no Togo. Segundo seus seguidores, eles trabalham com forças da natureza. A religião possui muitas semelhanças com o candomblé.
Paralelamente aos estudos religiosos iniciados quando tinha apenas 7 anos, ele cursou engenharia eletrônica na antiga União Soviética e jornalismo em Cuba, onde acabou se tornando um dos mais destacados profissionais da televisão estatal, encarregado de acompanhar os passos do presidente Fidel Castro, no fim da década de 70. Zamora era ainda um admirador de Che Guevara.

Comentarista da Fox News chama Dilma de 'ex-comunista e ex-terrorista'


04/02/2011 19h06 - Atualizado em 04/02/2011 21h20

Comentarista da Fox News chama Dilma de 'ex-comunista e ex-terrorista'

Glenn Beck comparou 'PEC da Felicidade' com antiga constituição soviética.
Segundo ele, 'comunistas acham que as pessoas do Brasil são estúpidas'.

Do G1, em Brasília
O apresentador da Fox News Glenn Beck durante comentários sobre a presidente Dilma Rousseff (Foto: Reprodução/G1)O apresentador da Fox News Glenn Beck no
programa em que fez comentários sobre a
presidente Dilma Rousseff (Foto: Reprodução/G1)
O comentarista conservador Glenn Beck chamou a presidente Dilma Rousseff de "ex-comunista e ex-terrorista" em seu programa desta quinta-feira (3) na emissora Fox News, dos Estados Unidos.
A Secretaria de Imprensa da Presidência da República informou que não iria se manifestar sobre as declarações do apresentador norte-americano.
Beck fez a afirmação no contexto de um comentário sobre a atual crise política no Egito.
"Vocês lembram quando eu falei a vocês sobre o Brasil. Eles elegeram uma ex-comunista e ex-terrorista, que esteve na prisão por um tempo”, afirmou o comentarista.
Segundo Beck, “os comunistas acham que as pessoas do Brasil são estúpidas. Eles acabaram de anunciar e votar ontem [2] uma emenda sobre a busca da felicidade como objetivo a ser alcançado”.



A proposta de emenda constitucional apelidada de PEC da Felicidade, de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em novembro passado. Para alterar a Constituição, no entanto, tem de ser aprovada por três quintos dos senadores (49 votos) e três quintos dos deputados (308 votos) em duas votações em cada casa legislativa.
Beck disse que a busca da felicidade do projeto brasileiro foi inspirada pelo texto da declaração de independência dos Estados Unidos. “A mídia saudou como “democracia”. “Ohh, não é formidável? É praticamente Thomas Jefferson”, disse, em referência ao terceiro presidente norte-americano, autor de grande parte do texto da declaração.
O apresentador afirma que a ideia de felicidade expressa no projeto brasileiro poderia ser entendida como “a garantia de renda, moradia, empregos”, mas que esses mesmos objetivos estavam expressos na antiga constituição soviética.
"Você lê que a felicidade nessa nova emenda à Constituição significa a garantia de renda, moradia, empregos, uau! [...]. Eu li a constituição comunista soviética, que garante direitos a trabalho, descanso, lazer, proteção à saúde, cuidados aos idosos, aos doentes, moradia, educação, benefícios culturais. Quase como a busca pela felicidade, de uma forma distorcida", declarou.
Então, Beck passa a criticar a proposta brasileira, o comunismo e as manifestações no Egito pela queda do ditador Hosni Mubarak.

“Você vê o que eles fizeram. Ele estão pegando ideias horríveis do comunismo. Assistência não produz nada a não ser miséria, pobreza e o massacre de dezenas de milhões de pessoas, centenas de milhões globalmente, embaladas em democracia, república, Thomas Jefferson. Eles pensam que você é retardado. Isso não é uma revolução no Egito. Isso é uma revolução socialista islâmica no Egito. Não tem nada a ver com democracia”, afirmou.
Cristovam Buarque
Autor da PEC 19/10, que ficou conhecida como PEC da Felicidade, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou a forma como a proposta foi tratada pelo comentarista.
“Essa Fox é uma idiota completa. Quem olha com cuidado a proposta vê que não é nada disso”, afirmou o senador.
Buarque disse que se inspirou na Constituição Americana para elaborar a proposta que, segundo ele, prevê que saúde, educação e segurança sejam direitos sociais essenciais para a busca da felicidade.
“Para se ter felicidade, não basta apenas ter os direitos. Na visão capitalista estúpida da Fox, basta ter US$ 40 mil dólares por mês para ser feliz”, criticou o senador.
Diante das polêmicas, Buarque afirmou que está estudando a possibilidade de substituir a atual PEC que já está em tramitação no Senado – e que já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça – por outra, a fim de que o apelido de PEC da Felicidade seja modificado.
Segundo ele, a denominação foi algo que surgiu na mídia, e que acabou tornando a proposta como algo negativo.
“Acho que vamos ter de tirar essa PEC e começar de novo. Eu fico com uma imagem péssima se colocar a tal PEC da Felicidade na Constituição. Eu estou estudando substituir esta PEC por outra chamada PEC da Humanização dos Direitos Sociais”, disse.
O senador ainda afirmou que, enquanto o apelido da PEC se mantiver, ele fará o possível que não seja votada. “Eu vou fazer o possível para que não vá para a pauta do dia para evitar novos transtornos”, disse

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ministros do STF dizem aprovar indicação de Fux para tribunal


02/02/2011 13h24 - Atualizado em 02/02/2011 14h45

Ministros do STF dizem aprovar indicação de Fux para tribunal

Indicação de Luiz Fux pela presidente Dilma foi publicada no 'Diário Oficial'.
Antes da posse, novo integrante do STF será sabatinado pelo Senado.

Débora SantosDo G1, em Brasília

Luiz Fux, indicado para ministro do STF, em novembro, durante reunião da Comissão de Reforma do Código de Processo Civil

Luiz Fux, indicado para ministro do STF, em
novembro, durante reunião da Comissão de
Reforma do Código de Processo Civil (Foto:
José Cruz / Agência Brasil)

A indicação do nome do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luiz Fux, para ocupar a 11º cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF) agradou a integrantes da Corte. A vaga estava aberta desde agosto do ano passado, quando Eros Grau se aposentou.
No STF, Fux é visto como magistrado experiente, com passagem pelo Ministério Público e alguém que pode contribuir para o trabalho da Corte.
Para o vice-presidente do Supremo, ministro Ayres Britto, a nomeação do colega do STJ “clareia os horizontes”.
“Fux é um nome que todos nós recebemos com muito agrado. É, antes de tudo, um acadêmico, um pensador jurídico. Acho que não é exagero se dizer que isso é voz geral”, afirmou Britto. Para ele, com a formação completa, o STF poderá julgar "com fluidez" casos polêmicos – como a Lei da Ficha Limpa e a extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti.
“A Constituição concebeu os tribunais superiores em número ímpar para evitar impasses. São 11 cabeças, 11 experiências e 11 subjetividades se debruçando sobre uma causa. Esses seis meses de desfalque evidenciaram o risco e foram um aprendizado para todos”, declarou o vice-presidente do STF.
A escolha da presidente Dilma Rousseff, oficializada nesta quarta-feira (2), foi elogiada também pelos ministros Marco Aurélio Mello e Dias Toffoli.
“É um grande valor. A trajetória é marcante. Nos concursos empreendidos, sempre logrou primeira colocação. Juiz de carreira com formação técnica e humanística abrangente. Tem muito a somar no colegiado”, disse Mello.
“É um excelente nome. Juiz de carreira com dez anos no STJ. Sem dúvida, com a composição completa, será reduzida a carga de trabalho e ganha o jurisdicionado”, afirmou Toffoli.
OAB
Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, também ressaltou a experiência do indicado ao STF e lembrou o desafio de julgar os casos da Lei da Ficha Limpa.
“A OAB tem a expectativa de que Luiz Fux seja um ministro da nação, com compromisso com o STF e julgue todas as questões como sempre o fez, com independência, autonomia e zelando pela Constituição Federal, aí incluídos os processos que tratam da Ficha Limpa”, afirmou Cavalcante.
Antes de assumir a função, Fux será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que terá de aprovar a indicação. O nome também terá de ser submetido à votação no plenário da Casa, para então ser nomeado por Dilma para o cargo de ministro da mais alta Corte do país.
Ministros STF(Arte G1)