terça-feira, 16 de novembro de 2010

'Foi por preconceito', diz mulher de brasileiro morto em Portugal


16/11/2010 10h11 - Atualizado em 16/11/2010 10h28

'Foi por preconceito', diz mulher de brasileiro morto em Portugal

Andressa Valéria viu o companheiro morrer ao ser atacado na rua.
Rondoniense Luciano Correia foi morto na madrugada de domingo.

Giovana SanchezDo G1, em São Paulo
"Eu não me conformo que meu marido morreu por preconceito e tenha que ser enterrado num país preconceituoso", desabafou a brasileira Andressa Valéria, de 26 anos, ao telefone. Cansada e emocionada, a manicure paranaense contou em entrevista ao G1 como viu o companheiro, o rondoniense Luciano Correia, ser ofendido - e depois morto - por um homem aparentemente embriagado na madrugada de domingo na cidade de Caldas da Rainha, oeste de Portugal.
"Estávamos voltando de um barzinho, 3h30 da madrugada, caminhando na rua com dois amigos, e ele parou para fazer xixi. Passou esse homem de aproximadamente 40 anos, aparentemente embriagado, e começou a falar 'Brasileiro de m... vai pra sua terra, porco de m...' e o Luciano disse: 'Vou mesmo. Estamos fartos de vocês, desse preconceito, de trabalhar e não receber'. Eu segurei ele pelo casaco, vi o homem tirando o canivete, e me coloquei entre os dois dizendo que estava grávida. Não estou grávida, mas eu falei para ele não fazer nada. Aí o homem foi para o lado dos meninos, o Luciano correu para lá e eu fui buscar ajuda em um café. Foi quando um dos meninos veio me avisar que o homem tinha furado o Luciano."
jornal português 'Correio da Manhã' noticiou a morte do brasileirojornal português 'Correio da Manhã' noticiou a morte do brasileiro (Foto: Reprodução/Correio da manhã )
O casal, que vivia junto apesar de não ser casado no papel, estava vendendo os pertences e planejava voltar para o Brasil ainda neste ano. "As condições estão muito difíceis em Portugal, não queríamos mais nada aqui, o país está em crise", conta Andressa. A paranaense diz que essa não foi a primeira vez que sofreu preconceito. "Uma vez entrei no banco e fui ofendida, me chamaram de puta brasileira. [...] Foi por preconceito. O homem não matou ele porque ele estava fazendo xixi, foi por preconceito, entende? Tem muitos portugueses bons aqui, muitas pessoas boas. Mas tem muito preconceito também."
Andressa agora pede ajuda para levar o corpo de Luciano Correia de volta ao Brasil. "Os brasileiros daqui estão ajudando com o que podem. Eu queria fazer um apelo por ajuda para enterrar meu marido no Brasil. E avisar para quem está fora do Brasil que faça um seguro de vida porque se algo acontece você não tem como obter ajuda."


Mulher é indiciada sob suspeita de injúria em voo do Peru para o Brasil


16/11/2010 00h21 - Atualizado em 16/11/2010 00h30

Mulher é indiciada sob suspeita de injúria em voo do Peru para o Brasil

Segundo delegada, dançarinas dizem ter sido chamadas de 'pretas pobres'.
Suspeita nega as acusações, afirma a Polícia Federal.

Roney DomingosDo G1 SP
Uma passageira do voo 8067 da TAM foi indiciada pela Polícia Federal por injúria qualificada na noite desta segunda-feira (15) após uma suposta ofensa contra dançarinas do grupo "Capital do Axé" durante a viagem entre Lima, no Peru, e o Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Segundo a delegada Samira de Oliveira Bueres, diante da falta de testemunhas, a suposta agressora foi indiciada por portaria (quando não é possível lavrar o flagrante). "Não poderia fazer o flagrante sem testemunha e as moças não poderiam ser testemunhas umas das outras", afirmou. A suposta agressora foi liberada, mas terá de responder ao inquérito instaurado para apurar o caso. O crime é previsto no artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal, que determina uma pena de três anos de reclusão.
A delegada diz que as três dançarinas contaram ter sido agredidas verbalmente em inglês e depois em português. "Elas falaram que inicialmente as agressões foram em inglês e que estranharam porque os outros passageiros riram, mas elas não sabiam do que se tratava. A mulher estava dizendo que elas estavam se roçando nos outros passageiros, se prostituindo e que são pretas pobres."
Ainda de acordo com a delegada, a suspeita de agressão - uma médica brasileira - é branca, loira e de olhos azuis. "Ela declarou inocência e disse apenas que queria silêncio, que queria dormir", afirmou.
A assessoria de imprensa da TAM diz que houve uma discussão entre passageiras durante o voo e que houve pedido para que a Polícia Federal fosse mobilizada à espera do voo 8067, que pousou em Cumbica por volta das 19h30.
Segundo Igor Cavalcanti de Souza Silva, também integrante do grupo Capital do Axé, as três dançarinas entraram no avião e se sentaram em uma das últimas fileiras de bancos.

Segundo ele, uma senhora branca e de baixa estatura sentada à frente delas se incomodou com a presença das dançarinas e cogitou mudar de lugar. Ele conta que as agressões verbais, inicialmente em inglês e logo em seguida em português, começaram assim que o avião decolou.
"Ela chamou as meninas de macacas, de negras pobres e de prostitutas", diz Souza. Ele conta que assim que soube do ocorrido, avisou a comissária de bordo, que mobilizou a Polícia Federal em solo. Souza afirma que durante o depoimento à Polícia Federal as dançarinas choraram muito e ficaram nervosas. "A agressora diz que não fez nada, que estava dormindo", diz ele.
Uma biomédica que também estava no voo e que pediu para que seu nome não fosse revelado afirmou ao G1 que esperava para ir ao toalete quando presenciou uma conversa entre a comissária de bordo e a passageira apontada como agressora.
"Ela dizia: essas vagabundas ficam fazendo bagunça, vêm de Salvador para dar em cima dos machos", disse a passageira. Ainda de acordo com ela, as dançarinas agredidas reagiram.
"'Vagabunda você vai ver quando a gente descer. Isso não vai ficar assim', elas afirmaram", disse. Após a discussão, a mulher foi para uma das primeiras fileiras de bancos e as dançarinas permaneceram na última fileira.
Segundo a biomédica, policiais federais abordaram a passageira no terminal de desembarque e a conduziram até a delegacia do aeroporto

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Artista intriga franceses pintando véus em cartazes publicitários - Atuando na capital mundial da moda desde 2006, 'Pricess Hijab' não revela seu sexo ou religião.


BBC
15/11/2010 06h38 - Atualizado em 15/11/2010 08h15

Artista intriga franceses pintando véus em cartazes publicitários

Atuando na capital mundial da moda desde 2006, 'Pricess Hijab' não revela seu sexo ou religião.

Uma artista grafiteira intriga os parisienses desde 2006, pintando, às escondidas, véus sobre personagens de painéis publicitários no metrô da capital francesa.
Com uma caneta preta, a artista, conhecida como Princess Hijab (princesa Hijab - um dos véus do mundo islâmico) cobre o rosto e parte do corpo de modelos femininos e masculinos em anúncios, deixando apenas os olhos a vista.
'Eu me aproprio de símbolos, no caso, a publicidade e o véu. Com isso, construo a minha alegoria. É um pouco como um ritual, uma performance urbana', explica a artista, em entrevista à BBC Brasil.
'No início, eu ficava esperando para ver a reação das pessoas. Algumas se chocavam, outras se espantavam ou ficavam intrigadas com aquilo', conta a artista de rua.
'Eu me aproprio de símbolos, no caso, a publicidade e o véu. Com isso, construo a minha alegoria. É um pouco como um ritual, uma performance urbana', explica a artista'Eu me aproprio de símbolos, no caso, a publicidade e o véu. Com isso, construo a minha alegoria. É um pouco como um ritual, uma performance urbana', explica a artista (Foto: Princess Hijab)
Sexo?
Princess Hijab cultiva um certo mistério sobre sua identidade e recusa-se, inclusive, a dizer se é homem ou mulher.
No encontro com a reportagem da BBC Brasil, ela vestia um casaco de moletom e cobria a cabeça um capuz, escondendo o rosto por trás de longas mechas de cabelo comprados em salões de beleza afros da capital.
Sua voz é feminina, mas as mãos e os braços pouco delicados aumentam as dúvidas sobre seu sexo, que ela prefere não revelar.
A artista explica que a ideia de 'niqabizar' (niqab é o véu que deixa apenas os olhos de fora) modelos em anúncios no metrô surgiu em 2006, quando trabalhava com moda. 'Eu já fazia roupas que cobriam todo o corpo. Era um pouco como uma burca, mas bem colada ao corpo', conta.
Princess Hijab recusa-se, inclusive a dizer se é homem ou mulherPrincess Hijab recusa-se, inclusive, a dizer se é
homem ou mulher (Foto: Princess Hijab)
'Paris é a capital da moda. É um ato forte fazer isso aqui', resume Princess Hijab.
Islamismo
O véu islâmico foi protagonista de um grande debate no país que resultou na sua proibição. Para vários políticos franceses, o uso do véu contraria princípios 'republicanos' e os valores de laicidade do país.
A proibição, em setembro deste ano, do uso do véu islâmico cobrindo todo o rosto em lugares públicos do país, causou protestos em parte da comunidade muçulmana e tem sido utilizada por militantes islâmicos como motivo de ameaças de atos extremistas contra o território francês.
Princess Hijab admite que seu trabalho 'causou um pouco de incômodo no início e poucas pessoas queriam falar dele'.
Ela prefere se manter à margem do debate e se recusa, inclusive, a responder se é muçulmana.
'Eu me posiciono como artista. Nunca pretendi ser a bandeira de uma comunidade', conclui.
Com uma caneta preta, a artista Princess Hijab cobre o rosto e parte do corpo de modelos femininos e masculinos em anúncios, deixando apenas os olhos a vistaCom uma caneta preta, a artista Princess Hijab cobre o rosto e parte do corpo de modelos femininos e masculinos em anúncios, deixando apenas os olhos a vista (Foto: Princess Hijab)

http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/11/artista-intriga-franceses-pintando-veus-em-cartazes-publicitarios.html

domingo, 14 de novembro de 2010

PM diz que agressores de jovem na Avenida Paulista são skinheads

14/11/2010 09h44 - Atualizado em 14/11/2010 10h43

PM diz que agressores de jovem na Avenida Paulista são skinheads


Rapaz foi espancado até desmaiar na manhã deste domingo.
De acordo com a polícia, vítima, que foi internada, é homossexual.

Do G1 SPOs cinco jovens que espancaram um rapaz na manhã deste domingo (14) na Avenida Paulista, na região dos Jardins, em São Paulo, fazem parte de um grupo de skinheads. A informação é da assessoria de imprensa da Polícia Militar. Ainda segundo a PM, testemunhas disseram que a vítima é homossexual.

A agressão ocorreu por volta das 7h na altura do número 700 da Avenida Paulista. A vítima foi encontrada desmaiada e foi conduzida pelo Resgate do Corpo de Bombeiros para o pronto-socorro do Hospital Vergueiro.
Os cinco suspeitos são menores de idade. Eles foram detidos por policiais militares do 11º Batalhão pouco após a agressão e levados para o 5º Distrito Policial, na Aclimação.
Os skinheads são conhecidos por  ações de violência contra negros, nordestinos e homossexuais.

sábado, 13 de novembro de 2010

Incra identifica comunidades quilombolas no Rio e se prepara para disputa com Igreja Católica

10:02
05/11/2010

Incra identifica comunidades quilombolas no Rio e se prepara para disputa com Igreja Católica

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio de Janeiro reconheceu como remanescente de quilombo a comunidade da Pedra do Sal, na zona portuária - alvo do maior projeto de revitalização da cidade -, e estabeleceu os limites para a emissão do título de posse.

A portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio da última quarta-feira (3). No documento, também consta a identificação das comunidades de Cabral, com 50 famílias, no sul fluminense, e Sacopã, com 13, na zona sul da capital.

Instalada em uma região por onde devem ter desembarcado cerca de 1 milhão de africanos escravizados, atual cenário de um dos maiores projetos de revitalização da cidade do Rio para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, as 25 famílias da comunidade Pedra do Sal disputam a posse de suas casas com a Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (VOT) e devem enfrentar um processo complicado até a emissão do título de posse.

Elaborado com base em laudos antropológicos, o documento do Incra declara que as famílias da Pedra do Sal são donas de uma área de 3.534 metros quadrados onde estão imóveis da Venerável Ordem Terceira, ligada à igreja Católica. A instituição alega ter herdado, de dom João VI, os terrenos, onde atualmente desenvolve projetos sociais, mas, segundo o Incra, não há documentos que comprovem essa doação. Procurada, a instituição não respondeu à Agência Brasil.

O superintende do instituto no Rio, Gustavo Souto, explica que as informações levantadas indicam que a área onde estão as famílias da Pedra do Sal pertencem à União. Segundo ele, com a publicação do relatório, a VOT terá 90 dias para contestar os dados e deve procurar a Justiça, assim como já fez anteriormente, na tentativa de barrar a regularização fundiária da comunidade.

A comunidade de Sacopã (Família Pinto), localizada na Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul, também deve enfrentar um processo contra os vizinhos, antes de conseguir o título de posse do terreno, assegurado pela Constituição às comunidades remanescentes de quilombo. Segundo o superintendente, "os moradores do bairro, um dos mais nobres da capital,  já demonstram nos argumentos preconceito infundado contra os vizinhos quilombolas".

"Se ninguém contestar nada, se não houver um processo judicial longo, fora do controle do Incra, os títulos das três comunidades saem no próximo ano. Mas o mais provável são contestações contra Sacopã e Pedra do Sal. Já Cabral, em Paraty, deve trilhar um caminho mais simples", afirmou o superintendente. 

Mesmo diante de mais uma disputa, os remanescente da Pedra estão confiantes, pois a VOT perdeu na Justiça outros processos contra a comunidade. "Passamos apertos, com desocupações forçadas e ameaças até a finalização do relatório [do Incra]. O fato de ele ter sido publicado é uma grande vitória", declarou o presidente da Associação de Moradores, Damião Braga.

Conhecida como Pequena África, a zona portuária do Rio é marcada por elementos da cultura afro-brasileira. Além do quilombo, abriga um antigo cemitério de escravos e o monumento à Pedra do Sal. No local, os estivadores, negros recém-libertados, descarregavam o sal e se reuniam em rodas de samba. Ali surgiram nomes como  Donga, Pixinguinha, João da Baiana e Heitor dos Prazeres.

Atualmente, no Largo da Pedra do Sal, sambistas se encontram duas vezes por semana.

Edição: Graça Adjuto