domingo, 5 de setembro de 2010

1949: Tumultos após concerto de Paul Robeson

Calendário Histórico
1949: Tumultos após concerto de Paul Robeson

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: A polícia praticamente nada fez para conter a ira dos manifestantesNo dia 4 de setembro de 1949, protestos interromperam a apresentação do ator e cantor negro Paul Robeson em Nova York.

O ator e cantor negro Paul Robeson transformou a canção Old Man River do musical Showboat num hino da esquerda contra a injustiça e a opressão. O mais famoso artista afro-americano dos Estados Unidos também foi um ativista político. Segundo o ator, poeta e roteirista Saul Williams, que fez o papel principal em Slam (1998), "Paul Robeson sempre seguia seu coração e conseguia atingir a alma das outras pessoas."

Na Conferência Mundial da Paz de 1948 em Paris, Robeson declarou que os negros norte-americanos não deveriam ir para a guerra por um governo que os oprimiu durante várias gerações. A reação da opinião pública dos EUA foi imediata, como lembra Ben Hersh, de Peekskill, uma pequena cidade no norte do Estado de Nova York:

"Na época, reinava um clima anticomunista em toda esta região, sobretudo entre os veteranos de guerra. O lema dos grupos de oposição em Peekskill era "Acorda Amerika!" E Peekskill acordou. Muitos moradores colaram adesivos com esse lema nas janelas e nos pára-brisas de seus automóveis."


Espetáculo adiado


No final de agosto de 1949, uma multidão incitada pela imprensa local impediu a realização de um concerto ao ar livre de Paul Robeson em Peekskill. Em seguida, um novo espetáculo foi marcado para 4 de setembro, desta vez sob rigorosas medidas de segurança. Paul Robeson Junior lembra que não foram só os sindicalistas que formaram um anel de proteção ao redor da arena do espetáculo:

"As forças de segurança eram compostas também por ex-combatentes do exército. Tudo fora organizado como numa operação militar, mas sem armas. Nem todos os grupos de veteranos pensavam como os direitistas e a plebe exaltada. De forma alguma."

O cantor e ativista Pete Seeger diz que o clima dominante em Peekskill, naquela noite de setembro, era de perseguição aos comunistas. Essa atmosfera tinha sido incitada na véspera do concerto de Paul Robeson por um editorial do jornal "Evening Star", bem como por um discurso do então secretário da Defesa Louis Johnson. Pete Seeger:

"Ninguém sabe exatamente como os ataques foram organizados. A Legião Americana e algumas outras organizações de veteranos estavam envolvidas, mas foi sobretudo o Ku Klux Klan que mobilizou atiradores de pedras. Eles haviam infiltrado representantes até na polícia. Estive com toda a minha família no concerto. Cantei três canções antes de Paul Robeson pisar no palco. Todos os vidros do nosso carro foram quebrados. Tenho certeza que tinha gente querendo matar Robeson. Antes do início do concerto, um franco-atirador foi descoberto numa árvore."


Tumulto após o concerto


Paul Robeson conseguiu apresentar-se diante de 25 mil pessoas, em 4 de setembro de 1949. Mas, após o espetáculo, a polícia permitiu que uma multidão branca atirasse pedras nos espectadores que voltavam para casa. Inúmeros carros foram danificados e centenas de pessoas saíram feridas nos tumultos. À saída do espetáculo, o público foi prensado por um túnel de ódio dos brancos que cercavam as ruas das cidade.

Os gritos de "Volta pra Rússia!" ou "Te manda, negro!" eram até inofensivos diante dos ataques violentos contra o público. A espectadora Ellen Perlo relembra: "Em ambos os lados das ruas, encontravam-se as mesmas pessoas que já nos haviam recebido com insultos. Só que agora, em vez de insultos, veio uma chuva de pedras. Tremíamos, com medo de tamanha barbárie."

Uma comissão de inquérito instituída pelo governador de Nova York transformou os agressores e a polícia em vítimas. Somente anos depois é que as autoridades admitiram ter observado passivamente os violentos distúrbios de Peekskill.



Michael Kleff (gh)


http://www.dw-world.de/dw/article/0,,319283,00.html?maca=bra-uol-all-1387-xml-uol

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Bolsa de estudos de pós-doutorado no valor mensal de R$ 3.300,00 por 2 anos.

Prezad@s,

Saudações.

Pedimos ampla divulgação do edital para seleção de bolsita PRODOC/CAPES no Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do
Instituto de Psicologia/USP.

O bolsista desenvolverá atividades de ensino e pesquisa no âmbito do Núcleo de Estudos e Prevenção da Aids (NEPAIDS/USP) e do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho sobre o tema "Pesquisa Psicossocial das Desigualdades: A discriminação racial".

Bolsa de estudos de pós-doutorado no valor mensal de R$ 3.300,00 por 2 anos.
Auxilio financeiro anual da CAPES para despesas de custeio vinculadas às atividades da bolsa de estudos no valor de R$12.000,00.

Maiores informações em anexo e no site: www.ip.usp.br/portal

Contamos com sua ajuda para garantir ampla divulgação e trazer para a seleção candidatos(as) de todo país.

Obrigado
Alessandro



http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/message/61643

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

CNE, enviar solicitação deconsultor para nos ajudar a organizar os primeiros passos da discussão até o mês de dezembro.



Colegas,

boa tarde!
A conselheira Rita Gomes e eu estamos tomando as iniciativas formais para o encaminhamento das questões étnico-raciais e indígenas no CNE.
Como todos sabem estou empenhada, na Câmara de Educação Básica, em dar encaminhamento ao processo de elaboração das diretrizes curriculares nacionais para educação escolar quilombola.Também estou rearticulando a comissão do Conselho Pleno para acompahamento da execução da Lei 10.639/03 pelos sistemas de ensino.
Conseguimos, no CNE, enviar solicitação deconsultor para nos ajudar a organizar os primeiros passos da discussão até o mês de dezembro.
Peço a ajuda de tod@s dando ampla divulgação dos processos em anexo em suas listas e àqueles que possuem perfil e interesse no tema, peço que se inscrevam. O prazo para inscrição é SOMENTE ATÉ 06 DE SETEMBRO.
Para mais informações leiam o anexo e entrem no site:
http://sgp.mec.gov.br/edital/tela-inicial
Há mais informações:
Os currículos deverão ser enviados do dia 29/08/2010 até o dia 06/09/2010, até as 12 horas (horário de Brasília), comprovação eletrônica de data e hora para o endereço
http://sgp.mec.gov.br
As informações também estão na página da UNESCO:
www.brasilia.unesco.org/vagasprojetos
Abraços,
Nilma

Programa Ações Afirmativas na UFMG
Faculdade de Educação - FaE /UFMG
Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha
Belo Horizonte/MG CEP: 31.210-901
Tel.: (31) 3409-6188
Horário de atendimento: segunda a sexta de 14 às 18 horas
Email: acoesafirmativas@...


http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/message/61583

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Documento referencial do I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda Não Conta”

Carta de Maceió “Conversas Negras de 2011 a 2014”

Documento referencial do I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda Não Conta”

De 24 a 26 de agosto de 2010, decorridos 122 anos da abolição inconclusa foi realizado em Maceió, AL, o I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda Não Conta”, um espaço de idéias, análises, reflexões sobre as temáticas e políticas referentes a contemporânea situação sócio-política, cultural e econômica da população negra brasileira.

O I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda Não Conta” teve como intento estabelecer conversas universalizantes e marcadas por uma lógica redistributivista, na perspectiva de buscar propostas que garantam o enfrentamento dos desafios impostos por todas as formas de discriminação, com ênfase na discriminação racial, sexismo e lesbofobia.

Temas estratégicos na contemporaneidade foram debatidos buscando um novo desenho das fronteiras cartográficas da afrodescendência investindo e construindo politicamente as perspectivas para 2011- Ano Internacional d@s Afrodescendentes”, instituído pela Assembléia Geral das Nações Unidas.

O I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda Não Conta” representou uma importante oportunidade de reunir lideranças, juntar

vozes do movimento negro nacional, representantes de instituições públicas, universitári@s,professor@s que tratam de questões para promoção da igualdade de gênero e raça refazendo passos da construção coletiva e a participação de sujeitos políticos em prol de uma causa comum:a igualdade de direitos constitucionais no contexto das diferenças étnico-regionais.

A realização do I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda Não Conta” pelo Projeto Raízes de Áfricas, como representação do movimento negro alagoano, na terra negra de Palmares, despertou uma postura favorável e pró-ativa da Câmara Municipal de Piracicaba/São Paulo que tendo como interlocutor o jornalista Martim Vieira Ferreira, enviou convite oficial para que a realização do II Ciclo aconteça em terras piracicabanas, como um projeto de formação e conversas continuadas e de permanente intercâmbio nacional.

E, recordando que a Constituição da segunda nação mais negra do planeta é reconhecida internacionalmente pela valorização à cidadania e aos diretos humanos;

Recordando, ainda, que a segunda nação mais negra do planeta é signatária de diversos tratados, convenções e pactos internacionais de defesa dos direitos humanos e de combate a todos os tipos de preconceito, discriminação e racismo, entre elas a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, ratificada pelo Brasil 1969, O Pacto internacional sobre direitos civis e políticos, ratificado pelo Brasil em 1992, Convenção Americana sobre Direitos Humanos, ratificada pelo Brasil em 1992, da Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância-Durban/África do Sul em 2001, e inúmeros resoluções nacionais, tais como Resoluções da II CONAPIR em 2009, da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em 2009, Resoluções contidas na sanção do Plano Nacional para Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação para as Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, Resoluções dos Encontros Nacionais das Mulheres Negras, Quilombolas, Juventude Negra, do Estatuto da Igualdade Racial em 2010, Resoluções da Assembléia do VI Congresso Brasileiro de Pesquisador@s Negr@s em 2010, e buscando dar continuidade as conversas negras fundamentadas em todos os pressupostos acima, nós, a plenária presente no encerramento no I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda Não Conta”, manifestamos a nossa disposição ao diálogo afirmando que é urgente e necessária a ratificação e cumprimento dos documentos citados.

Assim, reiterando o caráter dialógico do I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda Não Conta” e enfatizando que o direito à igualdade é um bem de todos, e, é compromisso do estado, deliberamos e recomendamos pelo:

1-Estabelecimento de mecanismos que subsidiem as políticas públicas para o enfrentamento ao racismo na segunda nação mais negra do planeta;

2-Real implementação do Plano Nacional para Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação para as Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana/Lei Federal nº 10.639:03 nas escolas brasileiras; uma exigência da LDB (Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional) alterada pelo artigo 26-A.

3- Definição de uma agenda comum entre a Política Etnicorracial e as de Direitos Humanos;

4- Definição de uma agenda comum entre as Secretarias que compõem o Ministério de Educação, para o desenvolvimento de práticas que divulguem e consolidem a Lei Federal n 10.639/03;

5-Ampla divulgação das resoluções do Estatuto da Igualdade Racial, recém sancionado pelo Presidente da República;

7- Desenvolvimento de um conjunto de políticas públicas que possibilitem programas de empreendedorismo sócio-étnico, qualificando e divulgando quadros de profissionais e territórios patrimoniais, como o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Palmares/AL;

6- Por uma política de cultura, comunicação e mídias igualitárias, e não discriminatórias.

Por estas e muitas tantas razões, a plenária presente no encerramento do I Ciclo registra por oportuno a necessidade da realização de audiências públicas com os candidat@s ao cargos da presidência da segunda nação mais negra do mundo, visando com isso a legitimação do discurso político de tratar as diferenças sem transformá-las em desigualdades sociais.

Assinam esta carta:

A plenária presente e

Projeto Raízes de Áfricas- Alagoas

Instituto Mídia Étnica- Salvador/Bahia

Assessoria Especial de Políticas da Igualdade Racial- Goiânia- Goiás

Coletivo de Entidades Negras- CEN/Pernambuco

Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Etnicorracial da Federação Nacional dos Jornalistas/CONAJIRA;

Rede de Desenvolvimento Humano- REDEH- Rio de Janeiro

Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial- COJIRA- Alagoas/Rio de Janeiro/Distrito Federal/São Paulo

Coletivo de Clubes Sociais Negros do Rio Grande do Sul- RS

Secretaria Municipal de Reparação- Salvador/Bahia

Câmara Municipal de Piracicaba- São Paulo

Por racismo em escola, Governo de SP é condenado

Governador Alberto Goldman

Governo tem de pagar indenização de R$ 20 mil a família de menino que recebeu tarefa racista

O descuido de uma professora da rede estadual de São Paulo na utilização de um texto com conteúdo racista em sala de aula levou o Tribunal de Justiça de São Paulo a condenar o governo do Estado a pagar uma indenização de R$ 20,4 mil por danos morais à família de um estudante. A sentença foi dada no dia 10 e cabe recurso. A Procuradoria-Geral do Estado informou que ainda não sabe se vai recorrer da decisão.
Em 2002, uma professora da 2.ª série do ensino fundamental da escola estadual Francisco de Assis, no Ipiranga, em São Paulo, passou uma atividade baseada no texto Uma Família Colorida, escrito por uma ex-aluna do colégio. Na redação, cada personagem era representado por uma cor. O “homem mau” da história, que tentava roubar as crianças da família, era negro.

Durante o julgamento, a secretaria alegou que não houve má-fé ou dolo na ação da professora, mas o juiz entendeu que ainda assim se configurou uma situação de racismo. “Todavia, a atividade aplicada não guarda compatibilidade com o princípio constitucional de repúdio ao racismo”, afirma a sentença.

Depois da atividade, o garoto, que é negro e na época tinha 7 anos, passou a apresentar problemas de relacionamento e queda na produtividade escolar. O menino, que não teve a identidade divulgada, acabou sendo transferido de colégio. Laudos técnicos apontam que ele desenvolveu um quadro de fobia em relação ao ambiente escolar.

Pena. A sentença, de um juiz da 5.ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, diz que houve dano moral por conta da situação de discriminação a que a criança e seus pais foram expostos. O valor fixado corresponde a 20 salários mínimos para o aluno e 10 salários mínimos para cada um dos pais. O pedido de danos materiais foi negado por falta de comprovação. A solicitação de recolhimento do livro que continha o texto foi desconsiderada, pois a rede não usa o material.
PARA LEMBRAR

Em 2007, uma pesquisa da Unesco mostrou que o racismo afeta o desempenho escolar de negros no Brasil. A média dos brancos no 3.º ano do ensino médio é 22,4 pontos mais alta que dos negros (na escala de 100 a 500 do Saeb). Mesmo quando se leva em consideração a classe social, as diferenças se mantêm. Na classe A, 10,3% dos brancos tiveram avaliação crítica e muito crítica no Saeb. Entre os negros, foram 23,4%.

Luciana Alvarez – O Estado de S.Paulo



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