segunda-feira, 12 de julho de 2010

Lula comete gafes e cria saia-justa para citar diversidade racial da seleção brasileira

15h31
09Jul
Lula comete gafes e cria saia-justa para citar diversidade racial da seleção brasileira
por Thiago Arantes, de Johanesburgo (África do Sul), para o ESPN.com.br

Era para ser apenas um elogio à diversidade racial da seleção brasileira. Mas o trecho do discurso em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou falar da miscigenação do país virou uma coletânea de piadas, que acabou incluíndo gafes, erros de informação e frases politicamente incorretas, que provocaram risos, mas também constrangimento em parte da plateia.

"Você olha para a seleção da Alemanha e só vê alemães, com exceção do Cacau, que é brasileiro", disse Lula, no início do discurso. "Você olha para o Japão e só vê japonês. Tem até um brasileiro, o Paulo Tanaka, que outro dia marcou um gol contra e um a favor, mas é japonês também", disse Lula. Acontece que a seleção alemã nunca foi tão internacional - tem jogadores de Gana, Polônia, descedentes de turcos e tunisianos. E o brasileiro que joga pelo Japão é Marcos Túlio Tanaka.
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Inspirado e na base do improviso, Lula continuou. "A Coreia do Sul e a Coreia do Norte... é tudo igual. A diferença é que uma é mais feliz que a outra", disse, antes de fazer um comentário maldoso sobre o choro do atacante Jong Tae-se, durante o hino nacional antes da partida contra o Brasil. "Acho que o rapaz chorou porque estava com medo de voltar para casa", afirmou o presidente.

Ao falar sobre a predominância de brancos nas seleções europeias, Lula escorregou mais uma vez. "Estava vendo um jogo da Itália. A Itália jogou com a Sérvia? Acho que foi Itália e Croácia. Não tinha um negro em campo, nem no banco de reservas", disse. Os italianos jogaram contra a Eslováquia - a seleção croata nem se classificou para o Mundial.

Toda a série de exemplos precedeu uma constatação do presidente. "A seleção brasileira tem gente de todo jeito. O Brasil tem uma mistura de negros e índios, que gerou caras bonitos como eu."

Apesar dos erros de informação e das frases fora do script, Lula foi muito aplaudido por todos os presentes no auditório do Sandton Convention Center, em Johanesburgo. Um jornalista inglês, empolgado com o carisma e a oratória do presidente, perguntava a colegas brasileiros durante o discurso: "Ele é sempre assim?"

http://espnbrasil.terra.com.br/copadomundofifa/noticia/134721_LULA+COMETE+GAFES+E+CRIA+SAIA+JUSTA+PARA+CITAR+DIVERSIDADE+RACIAL+DA+SELECAO+BRASILEIRA

MPE entra com ação contra Serra e religiosos por antecipar campanha Serra teria feito propaganda irregular em evento em Santa Catarina.

12/07/2010 12h15 - Atualizado em 12/07/2010 12h26

MPE entra com ação contra Serra e religiosos por antecipar campanha
Serra teria feito propaganda irregular em evento em Santa Catarina.
Propaganda eleitoral está liberada por lei desde 6 de julho.

Débora Santos
Do G1, em Brasília

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PSDB rebate manifesto de centrais sindicais contra José Serra Serra reafirma no CE promessa de ampliar Bolsa Família O Ministério Público Eleitoral (MPE) protocolou neste fim de semana no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) novo pedido de multa ao candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, e aos religiosos Cesino Bernardino, Reuel Bernardino e José Lima Damasceno por supostamente antecipar campanha.

A propaganda irregular teria sido feita no dia 1º de maio, em Camboriú (SC), durante o 28º Congresso Internacional de Missões dos Gideões Missionários. De acordo com o MPE, pastores do grupo religioso teriam se referido a Serra como próximo presidente da República.

O MPE pede multa máxima de R$ 25 mil a todos os envolvidos. Seguno a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, o candidato tucano teria exposto a ao política em evento aberto, que teria contado com teles espalhados pela cidade e um público estimado em 180 mil pessoas.

Na ação, que será analisada pelo ministro do TSE Joelson Dias, o MPE afirma ainda que a propaganda irregular se caracteriza pela "induvidosa intenção de revelar ao eleitorado o cargo político que se almeja". Por lei, a propaganda eleitoral está liberada desde 6 de julho.
~

http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/noticia/2010/07/mpe-entra-com-ao-contra-serra-e-religiosos-por-antecipar-campanha.html

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lula nega que ações afirmativas realcem diferenças raciais

Sábado, 3 de julho de 2010
Lula nega que ações afirmativas realcem diferenças raciais


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu as iniciativas de seu governo para os afrodescendentes, negando que as políticas de ações afirmativas, como a instituição de cotas para negros em universidades e a demarcação de terras quilombolas, realcem as diferenças raciais no país, ameaçando a harmonia racial.

“Não é verdade, não é verdade. O preconceito está aí, está em cada esquina, está em cada rua, está em cada casa. Não adianta tratar essas coisas com mentiras”, afirmou o presidente em entrevista à TV Brasil Internacional, um dia antes de embarcar para uma viagem a seis países da África.

Lula citou a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial como conquistas importantes para a consolidação das políticas afirmativas.

O presidente lembrou também a aprovação da obrigatoriedade do ensino das culturas afro-brasileira e africana nas escolas. “Tudo isso é extremamente importante para o futuro do país, para a construção da nova consciência cidadã que precisamos ter.”

Na entrevista, Lula destacou ainda o fato de ter sido aprovada pela Câmara da Universidade Luso-Afro-Brasileira a implantação dessa instituição de ensino em Redenção, no Ceará. A intenção é formar recursos humanos para desenvolver a integração entre o Brasil e os demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os africanos

“Nós queremos uma universidade com 10 mil alunos, 5 mil brasileiros e 5 mil africanos, com parte do currículo africana, parte do currículo brasileira, ou seja, tudo afro-brasileiro, com professores dos dois continentes”, detalhou Lula.

A entrevista do presidente à TV Brasil Internacional será exibida a partir de sábado (2) nos 49 países africanos para os quais o canal é transmitido, coincidindo com o início de sua viagem ao continente. O primeiro país visitado será Cabo Verde. Em seguida, o presidente irá à Guiné Equatorial, ao Quênia, à Tanzânia, a Zâmbia e à África do Sul.

Da Agência Brasil


http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/message/60124

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Federação de candomblé de SP fica surpresa com denúncias sobre pedofilia e maus-tratos em terreiros

Federação de candomblé de SP fica surpresa com denúncias sobre pedofilia e maus-tratos em terreiros
Plantão | Publicada em 07/07/2010 às 17h44m

Marcelle Ribeiro - O Globo

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SÃO PAULO - O presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de São Paulo (Fucesp), Pai Salum, ficou surpreso com as denúncias de que uma menina de 10 anos de idade foi encontrada com cortes pelo corpo e a cabeça raspada em um terreiro de candomblé em Várzea Paulista, a 62 km da capital paulista, e de que abusos de menores de idade supostamente aconteceriam em outros dois templos da cidade. A menina ainda teria ficado 14 dias em um templo, e foi orientada a não sair do local, o que, segundo o Ministério Público, pode configurar cárcere privado. Segundo o presidente da Fucesp, não são comuns os casos em que os participantes da religião sofrem cortes com punhais em rituais.

- Nunca soube de rituais em que crianças têm a cabeça raspada. Só se isso for uma ritual exclusivo dessa pessoa. E não se usa mais fazer marcações pelo corpo com punhais. Isso é uma coisa antiga e não se pode fazer com uma criança. A federação não recomenda esse tipo de coisa - afirmou Pai Salum.

Segundo o presidente da Fucesp, há participantes do candomblé adultos que raspam a cabeça, mas isso é cada vez mais raro. Sobre o fato de terem sido encontrados dvds, revistas pornográficas e camisinhas em dois templos de Várzea Paulista, Pai Salum disse que trata-se de "coisa de louco". Ele informou que os isolamentos de praticantes do candomblé podem ser feitos em alguns casos, mas com adultos e com duração máxima de uma semana.

Pai Salum teme que a imagem do candomblé fique prejudicada com as denúncias e admite que não é possível ter um controle do que acontece em todos os terreiros.

- Se isso começar a surgir, vai ficar ruim para nós. Mas a religião é livre, cada um faz o que quer. Nós recomendamos não fazer certas coisas.

A Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de São Paulo (Fucesp) representa cerca de dois mil templos de candomblé e umbanda do estado.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ex-ministra Matilde diz não vê sentido em Estatuto sem cotas

Ex-ministra Matilde diz não vê sentido em Estatuto sem cotas
Por: Redação - Fonte: Afropress - 5/7/2010

S. Paulo - Dois anos, quatro meses e dez dias depois de deixar o cargo, na primeira entrevista em que falou abertamente de sua exoneração da SEPPIR e da gestão do seu sucessor, o deputado Edson Santos, a ex-ministra Matilde Ribeiro manifestou desaprovação ao acordo que resultou na aprovação do Estatuto da Igualdade Racial pelo Senado.

“Todo projeto tem uma alma. O centro do Estatuto são as ações afirmativas para a população negra. Da forma como foi agora, esse centro foi comprometido. O esqueleto se mantém, mas não faz sentido a aprovação do Estatuto sem as cotas, assim como não faz sentido o Estatuto sem uma visão que fortaleça essa construção da política da igualdade racial, que ainda não é vista pela sociedade brasileira como importante”, afirmou.

Para a ex-ministra, que faz questão de ressalvar que não está alinhada com os movimentos que pregam o veto e evita críticas direta a direção da SEPPIR, que conduziu o processo de negociação com o senador Demóstenes Torres, do DEM, de Goiás “faltou análise estratégica, faltou análise política”.

“Olhando de fora, a impressão é de que o momento estratégico era até novembro do ano passado. Em não tendo sido votado até novembro, devia ter sido feita uma avaliação de deixar as coisas e retomar lá na frente em outra conjuntura”, acrescenta.

Segundo a ex-ministra que, no final deste mês completa 50 anos, “o conteúdo do Estatuto tinha de ser mais contundente”. “Se tivesse nesse papel de negociação não forçaria para que ele fosse votado nesse momento”, insiste.

Na entrevista, que concedeu ao editor de Afropress, jornalista Dojival Vieira, Matilde conversou por quase duas horas na sede da Viração (ONG que publica a revista "Viração", feita por jovens da periferia e da Febem e apoiada pela Unesco e pelo Unicef, na Rua Augusta), sobre a sua exoneração do cargo acusada de gastos excessivos no cartão corporativo, o que ela chama de uma “chapoletada”; da SEPPIR, do Governo Lula e do papel político que acabou de assumir.

Ela foi convidada na semana passada pela direção do PT paulista a assumir uma das suplências – a 2ª – do empresário e apresentador Netinho de Paula, candidato ao Senado pelo PC do B na coligação com o Partido. Observou ter recebido o convite com surpresa “porque não estava esperando esse tipo de retorno”. “Embora não estivesse pleiteando é hora de voltar”, acrescentou.

Leia, na íntegra, a entrevista da ex-ministra a Afropress.

Afropress - Ministra qual é a sua avaliação sobre o acordo feito pela SEPPIR para aprovar o Estatuto da Igualdade Racial, no Senado?

Matilde Ribeiro - Todo projeto tem uma alma. O centro do Estatuto são as ações afirmativas para a população negra. Da forma como foi agora, esse centro foi comprometido. O esqueleto se mantém, mas não faz sentido a aprovação do Estatuto sem as cotas, assim como não faz sentido o Estatuto sem uma visão que fortaleça essa construção da política da igualdade racial, que ainda não é vista pela sociedade brasileira como importante.

O momento em que foi votado não foi dos melhores. O presidente Lula não precisava de nenhum marco legal. Foi esse Governo que criou a SEPPIR, a política para os quilombolas, ou seja: apresentou proposição de mudanças fundamentais na política da igualdade racial. Era melhor aguardar um pouco mais e garantir negociações que não tirassem a essência do Estatuto.

O conteúdo do Estatuto tinha de ser mais contundente. Se tivesse nesse papel de negociação não forçaria para que ele fosse votado nesse momento.

Faltou análise estratégica, faltou análise política. Olhando de fora, a impressão é de que o momento estratégico era até novembro do ano passado. Em não tendo sido votado até novembro, devia ter sido feita uma avaliação de deixar as coisas e retomar lá na frente em outra conjuntura.

Afropress - Mas, a SEPPIR alega ter promovido reuniões em que ouviu entidades negras a respeito do acordo e da aprovação?

Matilde - Não adianta fazer uma avaliação chamando para uma reunião com 20, 30 pessoas. Talvez fosse o caso de se fazer uma audiência pública no formato que o STF promoveu para as cotase, no caso do Estatuto. Todo o debate feito acabou desgastando, agora tudo foi apressado demais.

Afropress - Faltou visão, então, de quem negociou?

Matilde - Tenho dificuldade de dizer isso. O próprio senador Paim teria dito que não tinha mais como manter os mesmos interesses naquele momento. Em relação ao ex-ministro Edson , todo o político quer deixar uma grande marca. A minha dúvida é se essa é uma grande marca. O contexto para o Brasil não era favorável.

Não existem leis completas. Dialogar e ter como principal interlocutor o DEM.. Não faz parte das minhas opções políticas. O que vejo é o seguinte: está feito, será sancionado e temos de tomar como lição e procurar construir anteparos a isso.

Por isso temos de estar atentos a política de quilombos, ampliar o diálogo com quem toma decisões na política. Outra coisa: não é hora de mexer com esse negócio [a votação da ADI dos quilombos] no Supremo Tribunal Federal.

Duas coisas considero fundamentais na agenda política: a manutenção do alerta em relação as cotas e a questão quilombola. A política de quilombos tem de ter respaldo na sociedade. As condições exigem respostas contundentes por parte do Governo.

O Estatuto está em baixa, mas é só uma peça do jogo. Isso não começou aqui, mas também não termina aqui.


Afropress - Se convidada, a senhora estará na cerimônia que deve acontecer no Planalto para a sanção do Estatuto pelo Presidente Lula?

Matilde - Não faço questão de estar lá. Faço questão de continuar discutindo o rumo da política da igualdade racial no Brasil. É um evento na história que pode ser revertido com uma avaliação do processo. Uma vez que chegou a esse ponto e não tem uma movimentação de peso para mudar o rumo, o sancionamento vai acontecer. Cabe a quem tem visão crítica, entender que isso aconteceu e não entregar o jogo.

Não me neguei a participar de nenhum momento estratégico, de dialogar com o PT, com o Movimento Negro. Mantive uma relação muito próxima em relação a CONAQ. Me coloco como colaboradora. Eu tomei a decisão de não fazer enfrentamentos. Mas, não faço questão de estar lá.

Afropress - Como é que foi e é a sua relação política com o seu sucessor, o ministro Edson Santos?

Matilde - Em relação ao ministro Edson, ele nunca foi meu concorrente, meu rival. Fiquei muito na torcida de tudo dar certo, embora sofrendo o impacto da "chapoletada".

Afropress - A senhora não esteve na II Conferência de Promoção da igualdade Racial, realizada em Brasília, em junho do ano passado...

Matilde - Não fui convidada.

Afropress - Passados mais de dois anos, a senhora pode explicar melhor sua saída do Governo?

Matilde - Não tenho dúvida nenhuma de que minha saída do Governo foi o resultado de uma afronta ao Governo Lula e a construção da política de igualdade racial. Não foi um recado, foi uma “chapoletada”. A questão mais concreta foi a com a BBC [a entrevista em que ela disse que quem foi açoitado a vida inteira não tinha obrigação de gostar de quem o açoitou].

Uma resposta talvez infeliz da minha parte levantou uma onda de questionamentos. Tudo porque eu disse que quem tinha a lembrança do açoite, não tinha porque ter boas lembranças de quem o escravizou.

A situação no Brasil não está resolvida. Existem escravizados e escravocratas.

O Alexandre Garcia [jornalista da Rede Globo] chegou a dizer que eu não tinha condições de ser ministra. Essa situação me custou uma situação muito difícil, fui alvo de questionamento na Procuradoria da República, por parte da senadora Kátia Abreu, questionando se a afirmação não configurava prática de racismo. Ou seja: estava se criando a possibilidade de uso contra mim, de uma Lei criada para definir que racismo é crime.

Estou citando esse fato para dizer que já era alvo do interesse midiático, não por mim, mas por quanto a questão racial incomoda. Não era a mim, era ao presidente Lula, o destinatário desse tipo de questionamento.

Afropress - A senhora já se queixou em público de não ter tido apoio do Movimento Negro...

Matilde - Pelas minhas escolhas políticas acabei ficando sem apoio. O Movimento Negro não agiu a contento. A defesa foi pequena. Eu saí em acordo com o Presidente Lula.

Afropress - A senhora guardou alguma mágoa, do presidente por tê-la exonerado?

Matilde - Tenho uma admiração muito grande pelo Presidente Lula, pela condução que está sendo dada, com todas as contradições, tem um investimento em mudança. Meu acordo com o Presidente Lula foi de ser colaboradora, tendo por alvo a SEPPIR. Sou uma pessoa extremamente comprometida com a condução dessa política.

Afropress - Como a senhora enfrentou, de repente, o furacão da sua exoneração do Governo acusada de extrapolar gastos com dinheiro público?

Matilde - Minha vida pessoal foi virada de cabeça prá baixo. Não nasci em berço de ouro. Ainda machuca muito o fato de ter saído do governo com um ataque público de uma coisa que não fiz. Minha família, minhas irmãs [ela tem seis irmãs, duas do casamento do seu pai, Manoel, já falecido, com dona Cida, a quem considera sua segunda mãe] sofreram muito, até mais do que eu. A Cida, que todas temos como nossa segunda mãe, me ligava dizendo que a vizinha tinha vindo na casa dela dizendo que eu estava sendo acusada de roubar dinheiro do governo. Essa mágoa ficou e vai ficar pelo resto da vida. Então adotei uma postura recuada,não quer dizer deixar de agir politicamente.

Afropress - Qual o balanço que a senhora faz da política de igualdade racial nos dois Governos Lula?

Matilde - São oito anos de governo. Toda a construção da política de igualdade racial trouxe avanços sem precedentes no Brasil. As mudanças são favoráveis, mas é muito difícil construir. O Estatuto é um exemplo.

Afropress - Como recebeu a indicação para ocupar uma suplência na chapa com Netinho para o Senado?

Matilde - Me surpreendeu porque não estava esperando esse tipo de retorno. Mas, embora não estivesse pleiteando é hora de voltar para um papel mais visível na campanha. Tive convites explícitos para ir para outros partidos. O PC do B, por exemplo, me convidou de maneira muito enfática. Mas, meu DNA é petista. É uma chamada que vale a pena responder. Buscar condições mais visíveis. A disputa não será fácil. O jogo é prá valer e não é um amistoso.

O Netinho não se tornou candidato a senador com toda essa inserção à toa. Acompanho a vida do Netinho, desde a época do Negritude. Ele está num momento de maturidade política importante. O histórico do Netinho é muito próximo do meu. Temos de apostar.

Afropress - Qual na sua opinião deve ser o papel do Movimento Negro no atual momento do país?

Matilde - Fazer política concreta, dar significado à política da igualdade racial. Não são só leis, não são só propostas. Mas ter um pensamento estratégico de colocar propostas em desenvolvimento, sem guetizá-las. É preciso que tenhamos uma estrutura institucional que nos favoreça, respeitando processos organizativos para tomada de decisões, mas tendo um lugar decisório.

Afropress - A senhor deixou amigos na SEPPIR

Matilde - Sim, deixei sim. Sempre mantive diálogo como Martvs [Chagas, Secretário de Ações Afirmativas], com o Flavio Jorge [liderança negra de S. Paulo, atualmente na Fundação Perseu Abramo, do PT].

Afropress - A senhora nunca fala da sua vida pessoal

Matilde - Já fui casada duas vezes. Estou separada há mais de 10 anos. Não sei se casarei de novo. Filhos, agora só adotando. Sou muito dedicada a minha família. Vou ao supermercado de chinelo havaiana.

http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=2273