sexta-feira, 16 de abril de 2010

Manoel acusa Danilo de ato de racismo, e Atlético-PR vai à delegacia prestar queixa

15/04/10 - 22h51 - Atualizado em 16/04/10 - 01h48

Manoel acusa Danilo de ato de racismo, e Atlético-PR vai à delegacia prestar queixa
Zagueiro do Palmeiras deu cusparada no adversário, que reclama ter sido chamado de 'macaco.' Jogador do Furacão admite um pisão no adversário

Julyana Travaglia
São Paulo

A vitória do Palmeiras por 1 a 0 sobre o Atlético-PR, no jogo de ida pelas oitavas de final da Copa do Brasil, foi ofuscada pela confusão entre os zagueiros Manoel e Danilo. O primeiro, atleta do Furacão, deixou o Palestra Itália na noite desta quinta-feira acusando o alviverde de racismo, isso depois de os dois terem se estranhado e trocado agressões no primeiro tempo. Em uma disputa de bola, Manoel teria dado uma cabeçada em Danilo, que revidou cuspindo no rosto do adversário. Em seguida, teria sido chamado de "macaco" - poucos momentos antes, o atleta palmeirense se desentendeu com Manoel e o ofendeu com a frase "seu macado do c******", lance captado pela transmissão da partida. O jogador rubro-negro, por sua vez, admitiu na coletiva ter dado um pisão em Danilo num lance posterior.



Manoel e o diretor de futebol do Furacão, Ocimar Botelho, deixaram o estádio diretamente para o 23º Distrito Policial, no bairro das Perdizes, para registrar um boletim de ocorrência - chegaram às 22h30m e deixaram o local à 0h40m. De acordo com o clube paranaense, apenas o seu departamento jurídico se pronunciará sobre o caso - o atleta rubro-negro saiu pela porta dos fundos do DP, mas sem falar com a imprensa.



Danilo foi enquadrado no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal - "Injúria qualificada por racismo". A pena prevista varia de um a três anos de prisão. O jogador palmeirense não compareceu à delegacia. Segundo o delegado Percival Alcântara, situações como essa normalmente são resolvidas com um acordo, mas o clube paranense não admite essa hipótese. Bolicenho, confirmou a versão do seu jogador e disse que todas as medidas cabíveis serão tomadas.

- Ele não só cuspiu na cara do Manoel, com também o chamou de macaco. Esse rapaz sempre que joga contra o Atlético tem atitudes estranhas - disse o dirigente, lembrando que Danilo já vestiu a camisa do Furacão. - Vamos até as últimas consequências. É inadmissível uma coisa assim acontecer nos dias de hoje.



Assista a mais vídeos do SporTV



O defensor palmeirense deixou o campo dizendo que havia acontecido um "lance normal de jogo". O atleticano, por sua vez, afirmou primeiramente que a reação de Danilo - com Manoel caído no gramado após a cusparada - foi falar "levanta, seu macaco". Ou seja, teria sido ofendido duas vezes. Além da acusação, não negou ter pisado propositalmente no palmeirense.


- Ele cuspiu em mim e depois me chamou de macaco. Isso é a pior coisa que poderia fazer - disse Manoel, durante a entrevista pós-jogo, confirmando que depois acabou revidando com um pisão. - Sim, e não me arrependo do que fiz. Depois do que ele disse para mim, pisaria de novo.

Danilo deixou o estádio palmeirense sem falar com a imprensa. Savério Orlandi, diretor de futebol do Palmeiras, disse que conversou com o atleta nos vestiários, logo depois da partida. O dirigente afirmou que viu o lance da cusparada pelas imagens da TV e que, a partir desta sexta-feira, já começará a armar a defesa do camisa 23. Sobre as ofensas a Manoel, Orlandi afirmou que o zagueiro palmeirense, negou qualquer tipo de agressão verbal.

- Assisti ao lance na TV e acredito que o Paulo Schmitt (procurador geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva) pedirá as imagens (pela cusparada). Quanto ao racismo, conversei com o Danilo, e ele negou. Estão tentando criar um clima de animosidade para a próxima partida, sendo que a decisão da vaga ainda está aberta – explicou Orlandi.



Zago se esquiva de nova polêmica sobre racismo

O técnico Antônio Carlos Zago procurou evitar comentários sobre o caso. Em 2006, quando ainda jogava e defendia o Juventude, ele foi suspenso por ofensa de racismo contra o volante Jeovânio, do Grêmio. Na época, recebeu punição por um gesto que fez ao sair de campo, após ser expulso.

- Não sei o que aconteceu, então é difícil falar alguma coisa. Vamos ver amanhã (sexta-feira) o que pode ter acontecido e aí sim tomar uma posição. O mais importante foi a demonstração de empenho dos jogadores, em relação aos jogos passados, para conseguir a vitória – despistou Zago.



Racismo também na Argentina



Ainda nesta quinta, pelo Torneio Clausura argentino, o zagueiro colombiano Breyner Bonilla, do Boca Juniors, afirmou que o atacante Esteban Fuertes, do Colón, o ofendeu de forma racista durante a partida entre as duas equipes. Fuentes teria chamado Bonilla de "negro de m..." e "morto de fome". O colombiano, que faz dupla de zaga com o brasileiro Luiz Alberto, também negro, chegou a chorar ao relatar o problema em entrevista de TV

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/Copa_do_Brasil/0,,MUL1571175-9830,00-MANOEL+ACUSA+DANILO+DE+ATO+DE+RACISMO+E+ATLETICOPR+VAI+A+DELEGACIA+PRESTAR+.html

quinta-feira, 15 de abril de 2010

ABERTAS INSCRIÇÕES PARA PRÊMIO EMPREENDEDOR SOCIAL E PRÊMIO EMPREENDEDOR SOCIAL DE FUTURO 2010

ABERTAS INSCRIÇÕES PARA PRÊMIO EMPREENDEDOR SOCIAL
E PRÊMIO EMPREENDEDOR SOCIAL DE FUTURO 2010

Líderes sociais de todas as partes do país serão reconhecidos na 6ª edição do Prêmio Empreendedor Social, realizado pela Folha de S.Paulo e pela Fundação Schwab, e na 2ª edição do Prêmio Folha Empreendedor Social de Futuro, iniciativa exclusiva da Folha. As inscrições para ambos, gratuitas, começaram em 10 de março e vão até o próximo dia 15 de maio. Devem ser feitas somente pelo site (www.folha.com.br/empreendedorsocial).
O Prêmio Empreendedor Social destaca líderes sociais que atuam há pelo menos três anos, de maneira inovadora, sustentável e com forte impacto positivo na sociedade ou em áreas como ambiente, educação, infância e saúde. Podem concorrer líderes de cooperativas, empresas sociais, ONGs e Oscips, além de pessoas físicas que executem iniciativas pioneiras _como a criação de um produto ou serviço ou a aplicação diferenciada de tecnologias já conhecidas.
Esse prêmio é promovido todos os anos pela Fundação Schwab, em 14 países, incluindo o Brasil, e em mais seis regiões do planeta. No Brasil, desde 2005, a Folha de S.Paulo tornou-se a parceira na realização. Só em 2009 foram 251 candidatos, dez finalistas e dois ganhadores.
A outra modalidade, o Prêmio Folha Empreendedor Social de Futuro, reconhece e promove talentos sociais que atuam há, no mínimo, um ano e, no máximo, três anos, de forma inovadora, e que necessitem de mais visibilidade para atingir ou consolidar a sustentabilidade de sua iniciativa, bem como multiplicar seu impacto positivo. Podem se inscrever empreendedores de projetos jovens, mas com comprovado potencial em inovação, alcance e abrangência, multiplicação e eficácia social.
“Na edição 2010, os organizadores reafirmam seu papel de revelar e dar o merecido destaque aos empreendedores brasileiros que, com engenhosidade e persistência, inovam ao criar soluções para graves problemas do país”, afirma Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha de S.Paulo.

CALENDÁRIO 2010 DOS PRÊMIOS:
 Até 15 de maio (sábado): regulamento e formulário de inscrição exclusivamente pelo site www.folha.com.br/empreendedorsocial
 31 de maio a 15 de junho: semifinal
 16 de junho a 31 de agosto: auditoria fiscal e visita aos projetos
 Setembro a novembro: seleção dos finalistas, elaboração dos relatórios ao júri, avaliação final e eleição do vencedor
 Até dezembro: cerimônia de premiação em São Paulo (SP)
 Um dia após o evento de premiação: circulação de caderno especial da Folha de S.Paulo com perfil de todos os finalistas e vencedores.
INFORMAÇÕES E DÚVIDAS: empreendedorsocial@grupofolha.com.br


PREMIAÇÃO DO EMPREENDEDOR SOCIAL 2010
Para o vencedor:
1) Prêmio de “Empreendedor Social do Ano”, entregue pela Folha de S. Paulo e Fundação Schwab, em evento a ser realizado até dezembro de 2010, em São Paulo (SP), com a presença de lideranças políticas, empresariais, acadêmicas e da sociedade civil brasileira.
2) Publicação de perfil pela Folha de S.Paulo em um caderno especial de circulação nacional e no site da Folha Online, além de menções no site oficial do prêmio, que conferem visibilidade ao empreendedor.
3) Divulgação de seu nome e seu trabalho em mídia nacional.
4) Inclusão na rede de Empreendedores Sociais de Destaque da Fundação Schwab, acesso à rede mundial de empreendedores sociais, serviço de consultoria internacional gratuito e bolsas de estudo totais ou parciais para cursos de ensino executivo em instituições como Harvard Business School (EUA), Universidade Stanford (EUA) e Insead (França).
5) Convite para participar da reunião regional do Fórum Econômico Mundial para a América Latina.
6) Quatro sessões gratuitas de “coaching” (aconselhamento em gestão estratégica) da consultoria sitawi, organização que oferece capital e aconselhamento para impacto social.
7) Adesão gratuita para se tornar membro do The Hub, acesso ao Hub Event Place e acesso gratuito ao Hub Productions.
8) Dependendo do perfil, o vencedor poderá ainda fazer parte da Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça; da comunidade global de empreendedores sociais no Conselho da Agenda Global do Fórum Econômico Mundial; e da organização Jovens Líderes Globais do Fórum Econômico Mundial.
Para os finalistas:
1) Publicação de perfil pela Folha de S.Paulo em um caderno especial de circulação nacional e no site da Folha Online, além de menções no site oficial do prêmio, que conferem visibilidade ao empreendedor.
2) De acordo com suas características, o finalista poderá ser indicado para participar do Fórum dos Jovens Líderes Globais.
3) Possibilidade de obtenção de bolsas de estudos ofertadas por intermédio da Fundação Schwab em instituições de ensino de ponta em todo o mundo.
4) Adesão gratuita para se tornar membro do The Hub, acesso ao Hub Event Place e acesso gratuito ao Hub Productions.

PREMIAÇÃO DO PRÊMIO FOLHA EMPREENDEDOR SOCIAL DE FUTURO 2010
Para o vencedor:
1) Prêmio de “Empreendedor Social de Futuro”, entregue pela Folha de S. Paulo, em evento a ser realizado até dezembro de 2010, em São Paulo (SP), com a presença de lideranças políticas, empresariais, acadêmicas e da sociedade civil brasileira.
2) Publicação de perfil pela Folha de S.Paulo em um caderno especial de circulação nacional e no site da Folha Online, além de menções no site oficial do prêmio, que conferem visibilidade ao empreendedor.
3) Consultoria gratuita de gestão estratégica da sitawi, que oferece capital e aconselhamento para impacto social.
4) Uma bolsa de estudos no curso de pós-graduação em “Gestão de Projetos Sociais em Organizações do Terceiro Setor”, da PUC-SP.
5) Acesso gratuito a um dos ciclos de formação empreendedora realizados pela Artemisia Modelo de Negócios Sociais, organização internacional que trabalha para o desenvolvimento do campo de negócios sociais.
6) Adesão gratuita para se tornar membro do The Hub, acesso ao Hub Event Place e acesso gratuito ao Hub Productions.
Para os finalistas:
1) Certificação de finalista de “Empreendedor Social de Futuro”, entregue pela Folha de S. Paulo, em evento de premiação a ser realizado até dezembro de 2010, em São Paulo (SP), com a presença de lideranças políticas, empresariais, acadêmicas e da sociedade civil brasileira.
2) Acesso gratuito a um dos ciclos de formação empreendedora realizados pela Artemisia Modelo de Negócios Sociais, organização internacional que trabalha para o desenvolvimento do campo de negócios sociais.
3) Adesão gratuita para se tornar membro do The Hub, acesso ao Hub Event Place e acesso gratuito ao Hub Productions.

REALIZAÇÃO:

Há 24 anos o maior jornal em circulação do país (diária de 282.083 unidades e de 332.324 aos domingos, de acordo com o IVC, Instituto Verificador de Circulação), com 2,4 milhões de leitores em todo o Brasil (segundo Ibope Target Group Index Brasil - agosto de 2008 a setembro de 2009), a Folha de S.Paulo tem como objetivo principal dar visibilidade ao empreendedorismo social que busca a construção de uma sociedade sustentável e mais justa.


A Fundação Schwab é uma organização independente e neutra, sem fins lucrativos, criada em 1998, por Klaus Schwab, mentor do Fórum Econômico Mundial, e sua mulher, Hilde, com o propósito de promover o empreendedorismo social como elemento de estímulo para a inovação e o progresso na sociedade. Presente em todos os continentes, a organização já selecionou para a sua rede 172 líderes sociais em 47 países. Entre eles, 14 são brasileiros e seis eleitos em parceria com a Folha de S.Paulo. A fundação é supervisionada legalmente pelo governo federal da Suíça, sendo que sua sede fica em Genebra.

ASSESSORIA DE IMPRENSA:
P&B Comunicação - Talita Mochiute - empreendedorsocial@uol.com.br Tel.: (11) 6291-1985

PATROCÍNIO:

APOIADORES:
Apoio estratégico:

Apoio:

Divulgação:


LINKS ÚTEIS:
Site, regulamento e formulário de inscrição: http://www.folha.com.br/empreendedorsocial

Informações e dúvidas: empreendedorsocial@grupofolha.com.br

Siga os prêmios no Twitter: http://twitter.com/premioempsocial

Acompanhe os prêmios no Facebook: http://www.facebook.com/pages/Premio-Empreendedor-Social/322851266066

Fundação Schwab: http://www.schwabfoundseoy.org/brasil

Folha de S.Paulo: http://www.folha.com.br

Evento na Reitoria Discute a Transformação do CEAO em Unidade Univ

No próximo dia 20 de abril, às 14 horas, na Sala dos Conselhos, Palácio da Reitoria, ocorrerá o evento de lançamento do projeto de criação de uma nova unidade de ensino na Universidade Federal da Bahia, de caráter multidisciplinar, voltada para os estudos africanos, afro-brasileiros e orientais. Esta iniciativa surgiu a partir das experiências acumuladas ao longo dos cinqüenta anos de funcionamento do Centro de Estudos Afro-Orientais como órgão suplementar, vinculado à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e levando em conta o contexto atual marcado pelo crescimento da UFBa, que se traduz no aumento do número de matrículas, no surgimento de novos componentes curriculares, de novos cursos de graduação e pós-graduação e de novas unidades de ensino.

O objetivo principal do evento é propiciar a participação da comunidade universitária da UFBa, bem como de outras instituições parceiras do CEAO e da sociedade em geral, nas discussões sobre o projeto de criação desta nova unidade de ensino incorporando as sugestões e reflexões dos presentes.

CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@... - Site: www.ceao.ufba.br


______________________________________________________________________________
Programa Preparatório para a Promoção da Igualdade Étnico-racial na Educação
Centro de Estudos Afro-Orientais / Universidade Federal da Bahia
Largo Dois de Julho, Centro
40025-010 Salvador - Bahia - Brasil
tel.55-71-3283-5504 cel. 55-71-8898-8387
zelindabarros@...

"Negro incomoda quando sai do seu lugar"

29.4.07
"Negro incomoda quando sai do seu lugar"


O professor Carlos Antonio Costa Ribeiro, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, o Iuperj, jogou nova luz sobre uma velha encrenca nacional. Os negros não chegam ao andar de cima porque são negros ou porque são pobres?


Num artigo intitulado "Classe, raça e mobilidade social no Brasil", publicado no último número da revista "Dados", ele sustenta que os negros de Pindorama carregam dois fardos. Até o patamar dos 12 anos de escolaridade, prevalecem as desigualdades de classe. Daí para cima, pesa a barreira da cor: "A desigualdade de oportunidades está presente no topo da hierarquia de classe, mas não na base desta hierarquia. (...) A discriminação racial ocorre principalmente quando posições sociais valorizadas estão em jogo".

O texto é de Elio Gaspari na Folha de S. Paulo hoje (29). O estudo a que ele se refere pode ser conferido no site do Iuperj.

Presidente do STF condena uso de violência por movimentos sociais em audiência na CCJ do Senado

Notícias STF Imprimir Quarta-feira, 14 de Abril de 2010
Presidente do STF condena uso de violência por movimentos sociais em audiência na CCJ do Senado


O presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Gilmar Mendes, compareceu na manhã de hoje à Comissão de Constituição e Justiça do Senado para fazer um balanço de sua gestão de dois anos à frente do STF e do CNJ. O ministro falou sobre o processo de modernização do Poder Judiciário, a importância do Pacto Republicano na aprovação de matérias importantes para a Justiça brasileira, direito à propriedade e também sobre os avanços administrativos obtidos pelo Judiciário nos últimos 24 meses.

Em breve entrevista concedida à imprensa antes da audiência na CCJ, o ministro Gilmar Mendes respondeu a questões sobre progressão de pena para autores de crimes hediondos, invasão de terras, direito à propriedade e necessidade de ajustes na Justiça criminal.

Indagado sobre ações de invasão de terras desencadeadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra em áreas particulares no mês de abril, chamadas de "Abril Vermelho", o presidente do Supremo se reservou a não fazer juízo de valor sobre movimentos específicos, mas afirmou que todos os direitos fundamentais, inclusive o direito à propriedade, devem ser respeitados.

Mendes defende a atuação legítima de movimentos sociais, mas condena qualquer forma de violência. “Protestar sim, direito de manifestação sim, direito de reunião sim, mas sem violência”, disse. E foi categórico ao afirmar: “Não devemos tolerar violência, parta de quem partir”.

O ministro citou o grande esforço empreendido pelo Conselho Nacional de Justiça na criação do Fórum Fundiário, para discutir com maior rapidez processos relacionados a questões agrárias. Defendeu também a criação de cartórios agrários informatizados para dar segurança jurídica na titularização de imóveis rurais.

Falta de estrutura x inovações

Ao comentar os crimes na cidade goiana de Luziânia e o fato de o acusado dos assassinatos dos seis jovens ter sido beneficiado pela progressão de regime prisional, o presidente do Supremo disse que é muito difícil uma mudança no sistema de progressão, “porque segundo a leitura do Supremo Tribunal Federal, a legislação pode tornar mais difícil, mais gravosa a progressão de regime [prisional], mas não pode impedi-la”.

Segundo Gilmar Mendes, “o que nós tivemos nesse lamentável episódio de Luziânia foi uma lamentável falta de estrutura, de acompanhamento psicológico de pessoas muito provavelmente com profundos distúrbios psicológicos, profundos desvios como acontece nesses chamados crimes sexuais”, observou.

Nesse contexto o ministro voltou a defender o uso do monitoramento eletrônico para esses tipos de crimes e também para os chamados crimes de violência contra a família, em que a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) determina uma distância mínima em relação à pessoa que já sofreu violência. Mas, segundo o ministro, “não adianta simplesmente impor essa regra, se nós não temos mecanismos de acompanhamento para evitar que eles descumpram a regra que é imposta na sentença”.

Diante da falta de recursos e de estrutura para fazer esse acompanhamento, da falta de peritos para realizar exames criminológicos, de condições adequadas para o funcionamento das Varas de Execução Penal e o cumprimento dos 170 mil mandados de prisão em vigor no país, o presidente do STF defende um ajuste na Justiça Criminal brasileira.

Essa necessidade considerada urgente pelo ministro Gilmar Mendes, foi abertamente manifestada aos senadores durante a reunião na CCJ, ao ressaltar que 2010 foi eleito o ano da Justiça criminal pelo Conselho Nacional de Justiça. O ministro elencou uma série de medidas já adotadas pelo CNJ para melhorar essa condição da Justiça criminal. Entre essas medidas o ministro destacou os Mutirões Carcerários que já permitiram a análise de mais de 100 mil processos e a libertação de 20 mil pessoas que estavam presas indevidamente.

O ministro destacou as visitas que fez a cada um dos tribunais de Justiça do país para conhecer as demandas locais e defendeu a expansão do projeto Integrar na busca de soluções para a carência de recursos e estrutura. Entretanto, Mendes lembrou ações inovadoras na modernização do Poder Judiciário como o peticionamento eletrônico de processos no Supremo Tribunal Federal; o trabalho da TV Justiça brasileira que serviu de inspiração para o Judiciário da África do Sul, o incentivo cada vez maior às audiências públicas para debater temas de grande relevância junto com a sociedade e a presença cada vez maior dos ‘amigos da Corte’ (amicus curiae) nos julgamentos do STF.

Na avaliação de Gilmar Mendes o papel do CNJ é destacar a unidade nacional do Poder Judiciário, ao lembrar a primeira reunião realizada com todos os presidentes de tribunais do país em 2008, para a criação de um programa de ação comum – um plano estratégico. O ministro destacou o cumprimento da Meta 2 para julgar todos os processos que deram entrada até 31 de dezembro de 2005. “Esse plano estratégico mudou a face do Judiciário”, afirmou, ao anunciar a nova Meta 2 para o julgamento de recursos em tramitação desde 2006.

Gilmar Mendes também destacou como preocupante a questão da execução fiscal e o não pagamento de precatórios no Brasil e afirmou que o STF estuda mudanças na forma de tramitação de inquéritos na Corte, de forma a tornar mais célere esse trâmite.

Ao se confessar um apaixonado por futebol, o presidente do STF disse que nunca tentou influenciar na escalação da seleção [brasileira] e que sempre apenas discutiu questões institucionais relevantes. “Até gostaria que o Neimar fosse convocado, que o Ganso fosse convocado [do Santos], mas não dou palpite na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal, estou lidando como torcedor”, brincou.

Os senadores presentes à reunião destacaram os avanços na gestão do ministro Gilmar Mendes à frente do STF e do CNJ e a forma como se posicionou diante de temas polêmicos em discussão no país. Ao concluir sua explanação Mendes afirmou: “Estou falando com a autoridade de quem preside um órgão [CNJ] que tem cortado na carne. Tem afastado magistrados, tem apontado os problemas, publicizado as mazelas. Não se trata de alguém que está protegendo bandido ou protegendo quem comete falta, mas ao mesmo tempo sabe que respeito à lei é elementar tanto por parte do presidente da República, quanto pelo mais humilde dos cidadãos”. E concluiu: “O Judiciário sabe que o Judiciário sai maior desses dois anos de mandato”,.



AR//AM


http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=124204&tip=UN