Depois da Bahia, o Rio de Janeiro pode ser o segundo estado brasileiro a ter terreiros de candomblé incluídos na lista de patrimônio imaterial histórico nacional. Trinta e dois centros onde a religião afrobrasileira é praticada há mais de 30 anos já foram mapeados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e dois deles já estão em processo de tombamento.
Os resultados do inventário que vem sendo feito pelo Iphan há quatro anos serão apresentados no 1º Fórum dos Terreiros de Candomblé do Rio de Janeiro, que será realizado nesta segunda-feira (5/4) e nesta terça-feira (6/4) na sede da Superintendência do instituto, no centro do Rio. No evento, serão discutidas ainda as medidas a serem adotadas para a preservação dos terreiros, que, segundo o superintendente do Iphan no Rio, Carlos Fernando Andrade, podem ser de ajuda financeira ou de realização de oficinas.
Andrade explicou que as religiões com matriz africana, como é o caso do candomblé, interessam ao Iphan para deixar registrado na memória do país esse tipo de expressão cultural, desde a manifestação de um orixá, as cantigas, suas comidas e suas formas de dançar. Por isso, disse ele, “nesse levantamento usamos uma metodologia que chamamos de Inventário Nacional de Referência Cultural e agora vamos trabalhar um plano de salvaguarda para a preservação dessa cultura”.
- Estamos tratando o candomblé como uma questão cultural e não religiosa. Assim, a noção de patrimônio imaterial passa pela questão dos saberes, das crenças, das festas, da mesma forma como trabalhamos a Festa do Divino, em Paraty, e a Congregação de São Benedito, em Angra dos Reis, ambas no sul do estado do Rio - acrescentou.
A museóloga Márcia Neto, responsável pela pesquisa no Iphan, reconhece que o trabalho está sendo feito por amostragem, já que existem centenas de terreiros de candomblé no estado. Segundo ela, o primeiro critério usado no mapeamento é o da antiguidade.
- Quanto mais antigo o terreiro, mais memória ele tem.
Os dois primeiros centros visitados foram os de Nitinha de Oxum, em Nova Iguaçu, e de Valdomiro de Xangô, em Duque de Caxias, ambos na Baixada Fluminense, onde as atividades começaram há quase 50 anos. O processo de tombamento está tramitando no Iphan e segundo a pesquisadora, ainda não há previsão de conclusão. Outros dois terreiros já visitados também entraram com pedido de tombamento.
- Qualquer zelador de santo, ou seja, o babalorixá (se for homem) ou ialorixá (se for mulher), pode pedir o tombamento imaterial da casa, que para nós do Iphan significa o resgate da cultura pelos saberes, rituais, danças, cantigas, indumentária e linguagem. Neste fórum vamos ouvir as comunidades dos terreiros para elaborarmos propostas de salvaguarda para conservação, preservação e registro desses locais - afirmou