Cinema
por LUÍS FILIPE RODRIGUES, com The Times29 Abril 2009
'The Princess and the Frog' estreia-se em Novembro nos EUA. Há um ano o filme foi acusado de ser demasiado preconceituoso. Agora, está a ser criticado por o príncipe encantado não ser também um afro-americano.
Barack Obama, o primeiro presidente afro-americano na história dos EUA, foi eleito em Novembro do ano passado. Dentro de alguns meses, em Novembro de 2009, estrear-se-á nos cinemas a primeira princesa negra da história da Disney. E se a chegada dos Obamas à Casa Branca foi muito aplaudida, o mesmo não está a ocorrer com o filme The Princess and the Frog, que tem sido criticado desde que foi anunciado há já alguns anos.
A mais recente controvérsia? Tiana, a princesa afro-americana interpretada por Anika Noni Rose, não se apaixonará por um príncipe negro, mas antes por um latino. James Collier, do blogue anti-racista Acting White foi um dos primeiros a criticar esta decisão. "Talvez a Disney não queria que as futuras mães da América branca tenham contacto tão cedo com a ideia de um pretendente negro", escreveu, apesar dos estúdios norte-americanos estarem a promover uma relação inter-racial.
Apesar de ainda não se saberem muitos detalhes sobre a história, esta não é sequer a primeira controvérsia em torno do filme. Há perto de um ano, por exemplo, o jornal britânico The Independent garantia que o guião original tinha sido rejeito por ser demasiado preconceituoso. Além da acção decorrer em Nova Orleães, a protagonista começou por se chamar Maddy, um nome muito próximo do Mammy com que os americanos se dirigiam às suas escravas. Por outro lado, num primeiro momento a princesa foi uma empregrada doméstica. Agora é uma empresária do sector da restauração.
Contudo, estas não são as únicas críticas apontadas a esta animação. É que para alguns comentadores, a Disney está a aproveitar-se da actual obamania para colocar uma primeira princesa negra nos grandes ecrãs. De facto, a personagem de Tiana vai estrear-se nos cinemas apenas um ano após a eleição do mais recente inquilino da Casa Branca, e sete décadas depois do aparecimento da Branca de Neve, a primeira princesa da Disney. No entanto, o projecto começou desenvolvido a meio desta década, quando George W. Bush era o presidente dos EUA.
Mas se é verdade que as eleições de 2008 não influenciaram esta história, a Disney acredita que a obamania pode ter um efeito positivo nas bilheteiras. As duas últimas princesas da Disney, Pocahontas (1995) e Mulan (1998), também pertenciam a minorias e renderam mais de 300 milhões de dólares (cerca de 230 milhões de euros). De acordo com o The Times, a Disney espera agora bater estes recordes.