segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Antônio Candeia é homenageado no GRANES Quilombo


Grêmio Recreativo Escola de Samba de Arte Negra
Escola que ele idealizou e criou

No próximo sábado, dia 22, músicos, cantores e compositores se reúnem para homenagear o Antônio Candeia Filho, que faria 74 anos. Defensor intransigente das raízes da nossa cultura e descontente com a deturpação das escolas de samba e a infiltração de falsos valores, Candeia foi o mentor da fundação do GRANES Quilombo, onde vai acontecer o encontro de bambas da antiga e da nova geração, para cantar músicas do grande mestres e de outros bambas da antiga e da nova geração.

Participam da roda de samba, sob o comando do grupo Uto Tombo do Quilombo: Delcio Carvalho, Tantinho da Mangueira, Waldir Cinqüenta e Nove, Bira da Vila, Ivan Milanez, Elaine Machado, Chico Balanço, Abraão Valério da Portela, Edinho Oliveira e o Samba do Buraco do Galo, Maciel e Wilson Bombeiro, da Velha Guarda da Beija Flor. Também todo o elenco do espetáculo "É samba na veia é Candeia".
Evento: Tributo a Candeia
Dia: 22 de agosto (próximo sábado)
Horário: a partir das 13:00h.
Local: Quadra do GRANES Quilombo - Rua Ouseley, 810 - Fazenda Botafogo
Em frente a estação do metrô Acari/Fazenda Botafogo
ENTRADA FRANCA - ESTACIONAMENTO ABERTO
AGRADECEMOS A DIVULGAÇÃO
Atenciosamente,Cély Leal55 21 2548.448255 21 2236.057955 21 9326.1776

Mulheres negras não têm espaço nas políticas públicas do país

15 de Agosto de 2009 - 09:37
Agência Brasil
A ausência da mulher negra nas estruturas de poder da sociedade brasileira foi uma das críticas feitas ontem (13) pela diretora do Instituto da Mulher Negra de São Paulo - Géledes, Sueli Carneiro, durante a abertura do 1º Seminário Nacional de Empoderamento das Mulheres Negras, realizado em Brasília. De acordo com Sueli Carneiro, a situação das mulheres negras nas políticas públicas desafia a democratização racial no país. “As mulheres negras estão ausentes de todas as estruturas de poder da sociedade. Elas são absolutamente minoritárias em espaço de decisões. É uma condição de subordinação e de subalternação social que precisa ter as causas e as razões discutidas”, disse. Entre os espaços sociais em que as negras são expostas ao preconceito, Sueli afirmou que o mercado de trabalho é o que gera a maior exclusão em decorrência dos padrões estéticos exigidos. “A discriminação no mercado de trabalho gera a exclusão de oportunidades para as mulheres negras. Existe uma ideologia poderosa operando no mercado de trabalho, que procura pelo fator estético hegemônico e que autoritariamente exclui as pessoas que não estão dentro do padrão seguido pelos grupos dominantes do país”, afirmou. O seminário vai reunir, até sábado (15), as mulheres negras vinculadas a partidos políticos e militantes das várias articulações nacionais do movimento social para a discussão de diversos temas, tais como: comunicação e políticas de promoção de igualdade racial, organização partidária e mecanismos de empoderamento. Os ministros das secretarias especiais de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, e de Políticas para Mulheres, Nilcéa Freire também estiveram na cerimônia de abertura do seminário.

Ação afirmativa: curso treina para concursos públicos


Euzeni Daltro A Tarde
A partir desta segunda, 17, até a próxima quinta (20), homens e mulheres negros e negras com idade mínima de 18 anos, baixa renda, egressos do 3º ano do ensino médio ou equivalente da rede pública do Estado podem se inscrever para o curso gratuito preparatório para concursos públicos, com 200 vagas.
Trata-se de uma iniciativa do Projeto Integrado de Ação Afirmativa: Formação para Concursos Públicos e Qualificação Socioprofissional, parceria da Secretaria do Trabalho, Renda e Esporte (Setre) do Estado com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb). As inscrições podem ser feitas apenas pela internet, em www.selecao.uneb.br/afirmativo. Quem preferir pode ir à unidade do Serviço de Intermediação para o Trabalho (SineBahia) – Av. ACM, nº 3.359, Ed. Torres do Iguatemi, em frente ao Hiper Bompreço – onde a inscrição também é feita pela internet. Na ficha de inscrição, os candidatos devem se autodeclarar negros.A seleção ocorrerá em duas etapas. A primeira fase é de análise de documentos. A segunda, uma prova objetiva a ser feita em 20 de setembro, com 20 questões de língua portuguesa, 10 de matemática e 10 de conhecimentos gerais. OPORTUNIDADE – “Em janeiro do ano passado, a Setre convidou a Uneb a integrar o projeto, uma vez que a universidade é pioneira no sistema de cotas no Brasil. O projeto coloca o negro como protagonista de sua história. A grande população negra de Salvador terá acesso a um novo projeto de vida”, afirma Márcia Purificação, coordenadora do projeto. O curso terá carga horária de 340h e as aulas serão ministradas por docentes da Uneb e professores de outras instituições. Segundo a coordenadora do curso, a Uneb é responsável pela concepção, metodologia e operacionalização do projeto. As aulas serão ministradas na modalidade presencial e a distância em quatro pontos da capital (Av. ACM, Calçada, Carmo e Pituba) e em Lauro de Freitas. “A formação é profissional, com disciplinas voltadas a concursos para a área administrativa, e social, para que o cursista adquira habilidades e competências visando à inserção no mercado”, acrescenta. BOLSA PARA INSCRIÇÃO – De acordo com a pró-reitora de extensão da Uneb, Adriana Mármore, o curso dará, também, acompanhamento e inscrição em concurso para candidatos que apresentarem aproveitamento e frequência satisfatórios. A pessoa escolhe um concurso e o projeto, por meio de bolsa, financia a inscrição. "Um adulto que teve educação básica de melhor qualidade tem mais chances de passar. Este projeto foi definido principalmente porque a gente sabe que as políticas de ações afirmativas geralmente não abrangem aprovação em concursos públicos”, afirma a pró-reitora.
Inscrições e edital www. selecao.uneb.br/afirmativo

grupos de racistas e de extrema-direita se multiplicam nos EUA

12/08 - 16:11 - AFP

As milícias de extrema-direita se multiplicam nos Estados Unidos depois de uma década em declive, em reação à eleição do primeiro presidente negro da história do país, revela nesta quarta-feira um estudo do Southern Poverty Law Center (SPLC), uma associação reconhecida por seus trabalhos sobre a extrema-direita. Com uma ideologia racista, violentamente antigovernamental e oposta à imigração, os grupos de extrema-direita americana que prosperaram durante os anos 90 e deixaram um rastro de ataques terroristas mortais, estão em nídio desenvolvimento, afirma a pesquisa."Trata-se do crescimento mais importante a que assistimos há 10 ou 12 anos", indicou um oficial da polícia citado no estudo intitulado "A segunda onda: o retorno das milícias"."Só falta uma faísca. É apenas uma questão de tempo que cheguem as ameaças e violências", afirma a fonte.Segundo dados do SPLC publicados em fevereiro passado, o número de grupos racistas aumentou 54% entre 2000 e 2008, passando de 602 a 926.O estudo faz uma relação direta entre a eleição de Barack Obama e os números de assassinatos de policiais este ano.Segundo o informe, o fato de o "governo federal - uma entidade que todos os movimentos radicais veem como seu principal inimigo - esteja encabeçado por um negro" provocou um grande ressentimento entre os defensores da supremacia branca.ao/sj/cn

Superinterpretação?

Quinta, 13 de agosto de 2009, 08h18 Atualizada às 08h25
Sírio Possenti
De Campinas (SP)
Estava viajando e não tomei conhecimento do episódio ao vivo. Li pela primeira vez sobre ele na coluna de Bárbara Gancia na Folha de 31/07/2009. Ela contou que "na madrugada do último sábado, o integrante do "CQC" (Danilo Gentili) usou os 140 caracteres do Twitter para enviar a seguinte mensagem: 'Agora no TeleCine King Kong, um macaco q depois q vai p/cidade e fica famoso pega 1 loira. Quem ele acha q é? Jogador de futebol?'".
Vi que houve desdobramentos. A piada foi considerada racista, uma associação militante fez uma representação junto ao Ministério Público, que acertadamente arquivou o processo, houve alguns protestos, cartas de leitores expressando posições etc. Acho que o debate mais detalhado ocorreu entre Gentili e Hélio de la Peña, da turma Casseta e Planeta. Tudo isso pode ser lido no Google.
A tarefa que me imponho, aqui, consiste em tentar ler o texto de Gentili, considerado racista por alguns. Em resumo, achou-se que ele qualificou negros de macacos. Minha questão, portanto, é esta.
O que diz o texto? Simula que anuncia ou conta a seus "seguidores" (não esqueçamos que o suporte impõe textos de poucos caracteres, e que, para uma piada, isso, em geral, não deveria ser problema) que há um filme em cartaz. Trata da história de um macaco que vai para a cidade, fica famoso e "pega" uma loira. Esse é o resumo da história.
Segue-se um comentário, em forma de pergunta(s): Quem esse macaco pensa que é (para pegar uma loira)? Ele pensa que é um jogador de futebol (e não um simples macaco)?
O que está entre parêntese, na minha leitura, a meu ver, é o que todo mundo lê nesse texto, apesar de estar "apagado". Assim, creio que se pode dividir o texto de Gentili em duas partes: a que fornece a sinopse do filme e as duas perguntas, comentários indiretos. Na primeira, obviamente não há nada de racismo. Não sei qual a mensagem das diversas versões de King Kong (a sinopse é obviamente de um filme como esses), mas certamente não são filmes racistas (mesmo que fossem lidos como estranhamento da "paixão" do gorila exatamente por loiras... e não por morenas ou negras ou asiáticas).
Para encontrar racismo no texto, ele deve ser procurado na segunda parte, nas perguntas, ou em alguma conexão delas com a primeira parte. Mas o que pode haver de racismo em "ele pensa que é jogador de futebol para pegar uma loira depois de ficar famoso"? O que o texto diz, mais ou menos indiretamente, é que jogadores de futebol, por serem famosos, têm "acesso" a mulheres, ou mais acesso a elas do que outros homens ou do que eles mesmos antes de serem famosos. Loiras, aqui, não quer dizer necessariamente 'loiras' - elas apenas representam mulheres, por questões que requereriam explicação mais longa. Mas pense nas ditas piadas de loiras.
Não há nada de racismo em perguntar se um macaco que fica famoso pensa que é um jogador de futebol para ter um comportamento similar ao destes "artistas". A única possibilidade de encontrar racismo nesse texto é considerar que jogador de futebol é necessariamente negro e, em seguida, encontrar uma relação entre o macaco que adota o comportamento do jogador (negro?) e o próprio jogador.
Ora, essa relação não está no texto. Nem mesmo em seus implícitos ou "metonímias" (loira por mulher, jogador por jogador negro).
Ou seja, achar racismo no texto é resultado de uma superinterpretação, de uma associação que só é possível porque os ânimos estão acirrados e qualquer faísca acende a fogueira. Mas há tanto racismo aqui quanto em expressões como "período negro" da história, ou seja, nenhum. Assim como não há machismo em history (que alguns acham que há por causa da presença de his na palavra)...
Agora, a questão do humor. Ou duas questões sobre humor. A primeira: por que o texto de Gentili seria engraçado? Se nos faz rir, o que é que ele tem que provoca o riso? Dizer que jogadores pegam loiras porque ficam famosos? Dizer que loiras (mulheres) saem com jogadores só porque são famosos?
Se eu risse, talvez fosse mais pela segunda opção do que pela primeira: ela contém uma causa de riso que os clássicos mencionam desde sempre: um rebaixamento. Aqui, haveria um rebaixamento das mulheres, das quais frequentemente se diz que, ao contrário dos homens, só "saem" por amor - há até livros que dizem que mulheres amam, enquanto homens fazem sexo etc. Mas nem sei se essa afirmação implica atualmente algo negativo em relação às mulheres. Na outra opção, não há nada. E certamente não há grande sacada no texto de Gentili, nada que cause a tal admiratio, que talvez seja a razão mais sofisticada para o riso humano. Em resumo: nem racismo, nem graça.
Que o texto tenha causado tanto protesto indica apenas que a sociedade está, em certos casos, muito atenta a qualquer deslize. Somos muito mais sensíveis ao comportamento politicamente correto do que a outras questões (a corrupção, por exemplo). Acho mesmo que há exageros, no caso. Mas, principalmente, péssimas análises.
Sírio Possenti é professor associado do Departamento de Linguística da Unicamp e autor de Por que (não) ensinar gramática na escola, Os humores da língua, Os limites do discurso e Questões para analistas de discurso.
Fale com Sírio Possenti: siriopossenti@terra.com.br