domingo, 16 de agosto de 2009

Alberto Guerreiro Ramos


Sociologia
Alberto Guerreiro Ramos (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 13 de setembro de 1915 - Los Angeles (EUA), 1982) foi uma figura de grande relevo da ciência social no Brasil. Em 1956, Pitirim A. Sorokin, analisando a situação da sociologia na segunda metade do século, inclui Guerreiro Ramos entre os autores eminentes que contribuíram para o progresso da disciplina. Foi deputado federal pelo Rio de Janeiro e membro da delegação do Brasil junto à ONU. É autor de dez livros e de numerosos artigos, muitos dos quais têm sido disseminados em inglês, francês, espanhol e japonês.

Trajetória Intelectual
Em 1942 diplomou-se em ciências pela Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, no então Distrito Federal, bacharelando-se um ano depois pela Faculdade de Direito da mesma cidade. Alberto Guerreiro Ramos foi Professor Visitante da Universidade Federal de Santa Catarina, professor da Escola Brasileira de Administração Pública da FGV e dos cursos de sociologia e problemas econômicos e sociais do Brasil promovidos pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), e no (EBAP), no Rio de Janeiro, em 1957, onde influenciou diretamente Rui Mauro Marini em sua formação intelectual.
Guerreiro Ramos pronunciou conferências em Pequim, Belgrado e na Academia de Ciências da União Soviética. Em 1955, foi conferencista visitante da Universidade de Paris. Nos anos de 1972 e 1973 foi "visiting fellow" da Yale University e professor visitante da Wesleyan University.
Guerreiro Ramos deixou o país em 1966, radicando-se nos Estados Unidos, onde passou a lecionar na Universidade do Sul da Califórnia.
Jornalista, colaborou em O Imparcial, da Bahia, O Diário, de Belo Horizonte, e Última Hora, O Jornal e Diário de Notícias, do Rio de Janeiro.
A Universidade de Toronto publicou em 1981 a edição inglesa de sua mais recente obra A nova ciência das Organizações, uma reconceituação da riqueza das nações.

Trajetória política
Durante o segundo governo presidente Getúlio Vargas o assessorou e em seguida atuou como diretor do departamento de sociologia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Ingressou na política partidária em 1960, quando se filiou ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), a cujo diretório nacional pertenceu. Na eleição de outubro de 1962 candidatou-se a deputado federal pelo Estado da Guanabara, na legenda da Aliança Socialista Trabalhista', formada pelo PTB e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), obtendo apenas a segunda suplência. Ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados de agosto de 1963 a abril de 1964, quando teve seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº 1.

Guerreiro Ramos defendeu o intervencionismo econômico, o monopólio estatal do petróleo, a nacionalização da indústria farmacêutica e dos depósitos bancários. Defensor das reformas, considerou necessária a reforma constitucional. Para promover a reforma agrária defendia o pagamento das desapropriações em títulos da dívida pública. Defendeu também as reformas eleitoral (voto para os analfabetos e soldados e elegibilidade de todos os eleitores), bancária e administrativa.Também foi Secretário do Grupo Executivo de Amparo à Pequena e Média Indústrias do BNDE, assessor da Secretaria de Educação da Bahia, técnico de administração do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), assim como do Departamento Nacional da Criança. Atuou também como delegado do Brasil junto à Organização das Nações Unidas.


Bibliografia
RAMOS, Alberto Guerreiro. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1989 RAMOS, Alberto Guerreiro. Administração e Contexto Brasileiro - Esboço de uma Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1983 RAMOS, Alberto Guerreiro. Sociologia e a Teoria das Organizações - Um Estudo Supra Partidário. Santos: Editora Leopoldianum, 1983 RAMOS, Alberto Guerreiro. Administração e Estratégia do Desenvolvimento - Elementos de uma Sociologia Especial da Administração. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1966 RAMOS, Alberto Guerreiro. A Redução Sociológica - Introdução ao Estudo da Razão Sociológica. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro Ltda, 1965 RAMOS, Alberto Guerreiro. Introdução Crítica à Sociologia Brasileira. Rio de Janeiro: Editorial Andes Ltda, 1957

Terreiro de umbanda bane fumo de ritual

Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

Templo tomou decisão mesmo sendo permitido o uso de charutos em rituais religiosos feitos em ambientes fechadosA proibição vale para o salão fechado, de acesso público, onde acontecem as festas e o atendimento aos filhos de santo e seus consulentes
Terreiro de umbanda localizado na zona sul de São Paulo; a entrada em vigor da lei antifumo fez o templo deixar de usar cigarro e o charuto durante os rituais
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao menos no terreiro de umbanda Guaracy, no Jardim Ipê, zona sul de São Paulo, o santo da lei antifumo é forte. Mesmo permitido pela nova legislação, que abre exceção para templos religiosos em que o fumo ou a fumaça façam parte do ritual, os caboclos, boiadeiros, marinheiros, pretos velhos e demais entidades daquela crença aboliram o charuto, o cachimbo e a cigarrilha das rodas de jira.A proibição, que começou na sexta-feira 7, mesmo dia em que a lei antifumo entrou em vigor em todo o Estado, diz o babalorixá Carlos Buby, 59, ele próprio um fumante desde os 14 anos, foi referendada pelos guias espirituais do templo e motivada para que o terreiro umbandista "se afinasse com a lei dos homens".Por lá, confirmam os vizinhos, o batuque nunca passa das 22h para respeitar também a lei do silêncio. O banimento do fumo no terreiro Guaracy segue à risca a nova lei. A proibição vale para o salão fechado, de acesso público, onde ocorrem as festas e o atendimento aos filhos de santo e aos consulentes. No quintal de terra batida, ao ar livre, no sítio onde é feita boa parte das oferendas, as entidades fumam charutos livremente nos rituais.A exceção é para Exu, que pode fumar o charuto em ambientes fechados, explica o pai de santo Buby, porque o contato com essa entidade é fechado ao público e exclusivo para os iniciados na religião umbandista."É nesse momento que a cabocla deveria estar fumando o charuto e está de mãos vazias", diz Ana Paula da Costa, seguidora do templo Guaracy."Não sabíamos como iria acontecer porque as entidades trabalham com a fumaça, mas os caboclos trazem segurança. É uma novidade. Antes, o gosto do charuto ficava até o dia seguinte, agora não sinto mais", afirma a médium Sílvia Dias, que na última quinta-feira recebia a cabocla Potira, pela primeira vez sem o rolo de fumo."Imagine 15 médiuns fumando charuto nesse espaço pequeno com outras 150 pessoas. A proibição não pesou em nada nos trabalhos da umbanda. Agora, as grávidas e crianças podem participar", diz o babalaô Carlos Buby.Para o professor titular aposentado de sociologia da USP Reginaldo Prandi, autor de mais de 20 livros sobre religiões afro-brasileiras, a decisão do terreiro Guaracy é minoritária e não é representativa da umbanda em geral. Para ele, a mudança é positiva e faz parte da transformação das religiões, que antes ditavam tendências e agora são pautadas pelo comportamento coletivo.Prandi diz que a fumaça dos charutos é uma herança indígena usada nos rituais de cura para canalizar energia e fluidos na limpeza espiritual. Agora, explica o professor aposentado da USP, os guias podem usar as mãos, como nos passes dos médiuns kardecistas. Presidente da Federação Brasileira de Umbanda, que reúne 5.325 terreiros no país, Manoel Alves de Souza diz que a abolição dos charutos no templo Guaracy após a lei antifumo "faz parte da evolução da religião".

Médici e Nixon planejaram derrubar Allende


São Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

Documento dos EUA revela que, em reunião com americano dois anos antes do golpe, brasileiro disse "estar trabalhando" para derrubar chilenoRelato da conversa mostra que foram tratados também temas como a instabilidade boliviana, a volta de Cuba à OEA e o Tratado de Itaipu FABIANO MAISONNAVE DE CARACAS
Em conversa com o colega americano Richard Nixon, o presidente Emílio Médici afirmou que "estava trabalhando" para derrubar o governo do socialista chileno Salvador Allende, revelam documentos liberados pelo Departamento de Estado dos EUA e compilados pelo instituto de pesquisa não governamental Arquivo Nacional de Segurança, aos quais a Folha teve acesso. O encontro ocorreu no Salão Oval da Casa Branca, às 10h de 9 de dezembro de 1971. Do lado brasileiro, só Médici estava presente, deixando o Itamaraty de fora. Sem falar inglês, precisou da ajuda do general Vernon Walters, que tinha forte ligação com o Brasil -era o adido militar americano no golpe de 1964.O outro participante foi o assessor de Segurança Nacional e futuro secretário de Estado Henry Kissinger, relator do encontro, revelado quase 38 anos depois. "É fantástico ver que Médici tenha mantido conversas no mais alto nível sem se fazer acompanhar por ninguém", diz o pesquisador Matias Spektor. "A Casa Branca e o Médici acreditavam que o Itamaraty estava tentando frustrar a visita presidencial. Os diplomatas brasileiros não gostavam da ideia de tanta proximidade entre os presidentes." A visita de Médici ocorreu num momento em que o Brasil começava a ter uma política externa mais ativa, enquanto os EUA, embora preocupados com o avanço esquerdista na América Latina, estavam atolados na Guerra do Vietnã. Anticomunistas convictos, os presidentes conversaram sobre ações para derrubar os regimes esquerdistas de Chile e Cuba e "evitar novos Castros e Allendes", como define Nixon. Médici, quase dois anos antes do golpe de setembro de 1973 liderado pelo general Augusto Pinochet, prevê que Allende seria derrubado "pelas mesmas razões" que João Goulart. A conversa também aborda a instabilidade boliviana. Médici diz que convenceu o ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1954-1989) a vender a energia da futura usina de Itaipu aos bolivianos, sob o argumento de que, "se a Bolívia não fosse ajudada, sem dúvida se tornaria comunista". O pré-acordo nunca foi levado adiante. Em outro momento, eles mostram preocupação com as gestões do Peru para a volta de Cuba à OEA (Organização dos Estados Americanos). É quando ocorre a única intervenção de Walters, que diz que o presidente esquerdista peruano, Juan Velasco Alvarado (1968-1975) tinha um filho com uma ex-miss "muito de esquerda em suas opiniões e associações políticas" e que isso lhe seria um problema caso saísse a público. Para continuar falando sobre esses temas, Nixon propõe a criação de um "canal" de comunicação fora dos meios diplomáticos e diz que seu homem de confiança seria Kissinger. Médici concorda e diz que confiava no seu chanceler, Mário Gibson Barbosa, que tinha um "arquivo especial em que todos os itens eram manuscritos (...) de forma que nem os datilógrafos tinham conhecimento deles". Na avaliação do ex-embaixador do Brasil nos EUA Roberto Abdenur, a conversa "não chega a ser uma surpresa". "O que os dois fizeram foi selar, no mais alto nível político, e em termos de organizada colaboração, algo em que ambos os lados já de há muito se vinham empenhando." Leia documentos da visita
www.nsarchive.org

sábado, 15 de agosto de 2009

Censura judicial da mídia


São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009
WALTER CENEVIVA
Nas democracias, a ação para proteger direitos individuais e coletivos não deve ofender a liberdade informativa
A IDEIA de um direito absoluto contraria o limite de seu exercício em face do direito dos demais. Nem o direito à vida é absoluto para a lei, embora todos os outros direitos dele decorram.Tanto não é que a Constituição afirma, na cabeça do artigo 5º, a inviolabilidade do direito à vida, a ponto de proibir a pena de morte. Proibição limitada, contudo, pelo inciso 47 desse mesmo artigo 5º, onde é admitida sua aplicação em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, inciso 19 da Carta.O artigo 5º afirma inviolável a liberdade de manifestação do pensamento, sob a ressalva de que o manifestante seja identificado, ante a vedação do anonimato. No artigo 220 da Constituição, vê-se que a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação são livres, observado o disposto na mesma Carta.Os limites a serem respeitados acabaram gerando consequências nefastas quando serviram para justificar limitações muito além das ressalvas referidas, afrontando a interpretação adequada da liberdade fundamental. Foi o que ocorreu, há pouco, com a violação da liberdade do jornal "O Estado de S. Paulo".Nas ditaduras, a censura da comunicação social decorre do arbítrio dos detentores do poder. Compreendeu, nos períodos do obscurantismo, a ação direta de censores dentro das redações dos veículos de comunicação.No regime democrático, a liberdade não acolhe a ofensa de direitos individuais e coletivos, mas determina que a ação judicial para protegê-los não ofenda a liberdade informativa e de crítica, elemento fundante de defesa da sociedade.Assim, o direito constitucional aceita que o Judiciário possa punir quem se exceda na manifestação do pensamento, mas não permite que o veículo jornalístico seja proibido, por antecipação, de transmitir notícia, informação ou crítica a respeito de quem quer que seja, pessoa determinada ou não, ocupante ou não de cargo público.Vedar publicação futura referente a qualquer pessoa supostamente ameaçada por matéria que órgão de comunicação pretenda divulgar viola princípio básico da Carta Magna, ofende a essência jurídica da comunicação livre, do veículo e da comunidade.Nesses casos, a decisão do juiz, para ser correta, vem marcada pela compreensão do direito-dever de informar -em paralelo com o direito do povo de ser informado por todos os meios técnicos disponíveis.É o fio de navalha entre os interesses individuais e coletivos da comunicação, de modo a preservar estes, quando confrontados. Fora dessa perspectiva, tem-se o Judiciário posto à serviço da censura e do obscurantismo.O caso da censura recente ao jornal o "O Estado de S. Paulo" foi mais grave quando se soube das relações familiares do magistrado com pessoas envolvidas ou parentes delas. Justificou que a suspeição fosse invocada. Suspeição é a condição em que se encontra o juiz quando sua imparcialidade possa ser posta em dúvida no julgamento de causa, incidente ou ato em que intervenha.Os fatos dos quais se pode extrair a suspeição, não são, em geral, claros por si mesmos, mas objeto de dúvida razoável. Quando concorre o direito sobre o qual se suporte o Estado democrático de Direito, o reconhecimento da suspeição há de pender para o bem coletivo.

Obama diz que reforma de saúde diminuirá controle das seguradoras

5/08/2009 - 08h18



da Efe, em Washington

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou neste sábado que a reforma do sistema de saúde do país acabará com o controle exercido pelas empresas seguradoras.

No discurso que faz todos os sábados, o líder acrescentou que, por causa dessa reforma, as seguradoras já não poderão recusar cobertura ou cancelar apólices de doentes.
As empresas de seguro também serão proibidas de negar cobertura por causa do histórico médico de um paciente, de cancelar a apólice de uma pessoa que adoeça ou de reduzir os serviços quando esses forem mais necessários, prometeu.
"As companhias de seguro já não poderão impor limites arbitrários na cobertura que recebem em um certo ano ou no decorrer da vida, e imporemos um limite ao valor cobrado em despesas próprias, porque ninguém nos EUA deve ir à falência simplesmente porque adoeceu", criticou.
O presidente, que intensificou sua campanha para atrair apoio popular ao plano, disse que através da reforma as seguradoras deverão pagar exames de rotina e de atendimento preventivo, como mamografias e colonoscopias.
"Não há razão para não salvar vidas ou economizar dinheiro com a detecção adiantada de doenças como o câncer de mama e de próstata", disse.
Obama admitiu que existe ceticismo e que teve uma dura tarefa em seus esforços pela resistência colocada por "interesses particulares que se beneficiam do status quo [e] usam sua influência e aliados políticos para amedrontar e enganar o povo".
"Aqueles que obstaculizam o caminho da reforma estão dispostos a dizer praticamente qualquer coisa para assustá-los sobre o custo de agir. Mas não dizem muito sobre o custo de não agir", afirmou.
Segundo o presidente americano, se não for feito nada para reformar o sistema esse se tornará cada vez mais caro e impossível de se sustentar.
Calcula-se que, nos Estados Unidos, quase 50 milhões de pessoas não tenham seguro de nenhum tipo, e a reforma procura conseguir que esse grupo tenha acesso garantido ao atendimento médico.
Republicanos
Em discurso que também faz aos sábados, o senador republicano Orrin Hatch disse que o partido concorda com que o sistema deva ser reformado.
Porém, afirmou que a reforma representaria um gasto enorme de US$ 2,5 trilhões que "não tem sentido, especialmente em um momento em que a despesa e a dívida estão se multiplicando a uma velocidade alarmante".