terça-feira, 5 de maio de 2009

CULTURA NEGRA LATINO-AMERICANA É DESTAQUE EM MOSTRA DE CINEMA

Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas IIestará em cartaz na CAIXA Cultural RJ de 12 a 17 de maio. Entrada franca.

Retratar uma América latina negra - suas especificidades e riquezas culturais - num mosaico composto pela exibição de longas, médias e curtas-metragens; debates, palestras, mesas-redondas e a presença de cineastas, pesquisadores, produtores e artistas de países como Chile, Venezuela e Brasil.
Essa é a proposta da Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas II que ocupará de 12 a 17 de maio de 2009 duas salas da CAIXA Cultural RJ (Avenida Almirante Barroso, 25, Centro) e também no Instituto Cervantes. Entrada franca.
A Mostra foi idealizada pela produtora peruana Rocío Salazar, que vive no Brasil há 13 anos e tem no currículo a produção de três documentários afro-peruanos.
Rocío criou no país o Encontros Latino-Americanos – projeto através do qual busca fomentar o intercâmbio de todas as manifestações artísticas latino-americanas. “A partir da minha experiência na produção desses documentários, percebi um leque de possibilidades muito interessante. Existe uma rica produção cultural nos países de raízes negras da América Latina focada nas questões afrodescendentes, mas ainda pouco difundida.
Precisamos romper com essa barreira, abrir o diálogo e interagir profissionalmente para que esse intercâmbio cultural aconteça com mais freqüência” explica Rocío.Oro Negro (Chile), Negro Ché (Argentina) e O Pecado da Intolerância (inédito de Joel Zito) são alguns dos filmes que integram a MostraA Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas II estará reunindo 20 produções (7 filmes de película e 13 vídeos) a maioria documentários - alguns deles inéditos - oriundos de países como Peru, Equador, Chile, Bolívia, Argentina e Brasil, em exibição entre os 12 e 17 de maio nas salas de cinema da CAIXA Cultural assim divididos: Sala 1 (filmes) às 14h e 17h e Sala 2 (vídeos) às 16h e 19h.
Um dos destaques é o chileno Oro Negro que narra como vivem os descendentes de africanos que foram levados ao Chile como escravos e o desafio para serem reconhecidos em um país que está começando a tomar consciência de sua interculturalidade.Outro filme que intrega a mostra – Negro Ché - mostra a organização de um reencontro na velha Casa Suíça (Argentina), onde a comunidade afroargentina se reunia, e a luta que hoje em dia travam para sobreviver ao isolamento e assimilação que se pretende para esse grupo social naquele país.
Joel Zito Araujo exibirá na mostra o inédito O Pecado da Intolerância – filme que não passou pelo circuito comercial e que faz parte de uma série de vídeos que o cineasta dirigiu para o CEERT – Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades como parte de uma campanha contra a intolerância religiosa no Brasil.
Outra obra que estará em exibição na mostra é Abolição, filme emblemático de Zózimo Bulbul. O longa, que será exibido no dia 14 de maio, marcou (na época de sua produção) o centenário da Abolição da Escravatura no Brasil, descrevendo várias situações enfrentadas pelos afrodescedentes brasileiros até hoje. Após a exibição do filme, Zózimo Bulbul participará de um debate com o público.Palestras e debates reúnem Jesús Garcia - Ministro Venezuelano, Pedro Lapera, Jeferson De e Hernani Heffner
Também na CAIXA Cultural, as palestras e mesas de debates – nos dias 13, 14 e 15 de maio - terão como convidados pesquisadores, produtores e cineastas com trabalhos voltados à questão dos afrodescendentes na América Latina.
Abrindo a programação, no dia 12 na sala de Cinema 1, Pedro Lapera conduz o debate Um Olhar Sobre as Relações Raciais em Quanto Vale ou é Por Quilo? - título do estudo de Pedro sobre o filme Quanto vale ou é por quilo? de Sérgio Bianchi. Esse estudo foi publicado pela SOCINE – Sociedade de Estudos de Cinema.
Entre as mesas-redondas, destaque para o bate-papo que reúne o atual Ministro Conselheiro da Missão da Embaixada da República Bolivariana (Venezuela) em Angola, Jesús García – que juntamente com Joel Zito Araújo e uma mãe de santo brasileira – debatendo o tema Cultura Negra – a afirmação de suas expressões entre a diversidade e a intolerância.
Outros temas em debate são O Negro nas Narrativas Audiovisuais Contemporâneas reunindo nomes como Antonio Molina (Cuba), Jéferson De, Hernani Heffner, Guilherme Coelho e Tales Moreira; e Afro-descendentes na América Latina: Identidade e Identificação reunindo Pedro Amaral, Maria Cristina Prates e Claudia Serrano.No Instituto Cervantes, atores hispânicos fazem inédita leitura dramatizada da obra de Antonio Callado
No dia 15 de maio, como parte integrante da Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas II, haverá no Instituto Cervantes a exibição do filme Oro Negro de Bruno Serrano, seguido de debate e a leitura dramatizada da obra de Antônio Callado, Pedro Mico.
O texto teatral, que está sendo traduzido para espanhol, será interpretado pelos atores hispânicos Carolina Virguez (Colômbia),Rosana Reátegui (Peru), Alvaro Pilares (Peru) , Edison Mego (Peru) e Miguel Angel Zamorano (Espanha) – este ultimo, também diretor da leitura.“A versão em espanhol de “Pedro Mico” é inédita no Rio e sua leitura ressalta a aproximação dessa peça brasileiríssima e a língua hispânica” comenta Rocío Salazar.
Quem apóia essa iniciativa A Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-americanas II está sendo patrocinado pela CAIXA Cultural e conta ainda com apoiadores e parceiros institucionais, como o Instituto Cervantes, Casa de Criação, Restaurante Intihuasi, Hotel Payssandú, Secretaria Estadual de Educação do Governo do Rio de Janeiro, CTAv, Cinemateca do museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Centro Cultural Afro-equatoriano, Casa da América Latina, TV Comunitária do Rio de Janeiro, ITV – Instituto Tocando em Você, Lidador, Apeerj – Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro, Terra Firme Digital, entre outros.
SERVIÇO Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas IIMostra de filmes e debates enfocando a produção audiovisual latino-americana dedicada a cultura afro-descendente. Países participantes: Peru, Equador, Chile, Bolívia, Argentina e Brasil. Período: de 12 a 17 de maio em horários diversosCAIXA Cultural RJAvenida Almirante Barroso, 25 – Centro. Sala de vídeo e cinemaInformações: (21) 2544-4080 / 1099 /7666Capacidade: sala de cinema - 85 pessoas e sala de vídeo - 83 pessoas.
Instituto CervantesExibição do filme Oro Negro, debate e leitura dramatizada da obra Pedro Mico, de Antônio CalladoRua do Carmo, 27 – Centro. Informações: 3231-6566
TODA A PROGRAMAÇÃO TEM ENTRADA FRANCA
Informações para a imprensaTarget Assessoria de ComunicaçãoMárcia Vilella / Hayla Leite – target@target.inf.brTels.: 21 2284 2475 /8158 9692 /8884 1337
Serviço: CAIXA CULTURAL RIO DE JANEIRO 12 a 17 de maio Av. Almirante Barroso, 25 - Centro Próximo à Estação Carioca do Metrô
INSTITUTO CERVANTES 15 de maio. Rua do Carmo, 27, 2o andar - CentroTel: 3231-6567
Sexta-feira, 24 de Abril de 2009

GUANTÁNAMO

Justiça dos EUA ordena soltura de preso da base

DA ASSOCIATED PRESS
Um juiz federal dos EUA ordenou ontem a libertação de um prisioneiro iemenita da base militar de Guantánamo, em Cuba, preso há sete anos.Segundo o juiz Gladys Kessler, o governo americano deve tomar os passos diplomáticos para encontrar um país que receba Alla Ali bin Ali Ahmed, que foi detido no Paquistão.Kessler deu prazo até o dia 15 de junho para os EUA informarem a condição de Ahmed. Há outros presos na mesma situação.Após assumir, o presidente Barack Obama ordenou o fechamento da base até janeiro de 2010. Os EUA procuram agora países que aceitem receber os presos que correm risco de perseguição em seus países de origem.Na Câmara dos Representantes (Deputados), democratas rejeitaram ontem pedido de US$ 50 milhões do também democrata Obama para realocar os presos da base, símbolo da "guerra ao terror" de George W. Bush.Eles temem que suspeitos, muitos dos quais sem acusações formais, sejam levados para os EUA.

São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009. Folha de São Paulo. Mundo

Ações afirmativas

TARGINO DE ARAÚJO FILHO e PETRONILHA BEATRIZ GONÇALVES E SILVA

Como se vê na UFSCar, o compromisso social não impede a excelência acadêmica; ao contrário, incentiva avanços


EM SEUS 39 anos de existência, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem estabelecido metas com vistas a orientar seus talentos e suas potencialidades para a construção de qualidade acadêmica aliada a compromisso social.Esse compromisso social que a instituição se atribui tem feito com que integrantes seus, oriundos de grupos que a sociedade historicamente marginaliza, busquem compreender e apoiar demandas e iniciativas de movimentos e ações sociais.Como universidade pública, a UFSCar busca ter representada a diversidade social e étnico-racial da sociedade, e não apenas atender grupos que detêm historicamente o poder econômico, usufruem dos instrumentos mais sofisticados para se educarem, selecionam as informações a serem divulgadas pelos meios de comunicação e criam estratégias para excluir cidadãos que não pertencem a seus grupos. Dessa forma, tais grupos mantêm desigualdades e emperram iniciativas para que todos sejam iguais em direitos.Em dezembro de 2006, os conselhos Universitário e de Ensino, Pesquisa e Extensão aprovaram o Programa de Ações Afirmativas (PAA) da UFSCar. A aprovação ocorreu após debates e estudos pela comunidade acadêmica, iniciados em 2005.O PAA operacionaliza o previsto no Plano de Desenvolvimento Institucional da UFSCar, com a finalidade de promover o acesso ao ensino superior de grupos que têm sofrido perdas provocadas por discriminações, marginalização, desigualdades.Ao adotar o ingresso por reserva de vagas para egressos do ensino médio público e, dentre estes, para negros (pretos e pardos) e indígenas, a UFSCar busca coerência com sua missão de instituição pública.A reserva de vagas para negros, que vem causando tanta indignação da parte de alguns, foi adotada pela UFSCar com a finalidade de corrigir desigualdades que têm mantido os negros marginalizados dos direitos devidos a todos os cidadãos, entre eles o de educação em todos os níveis de ensino.E por que reparação? Estudos divulgados a partir de 2001, notadamente pelo Ipea, mostram constante defasagem de escolaridade, ao longo dos séculos 20 e 21, entre homens e mulheres negros e brancos, com acentuada desvantagem para os negros. Além disso, no século 20, coube principalmente às famílias negras e ao movimento negro criar oportunidades de educação para suas crianças, adolescentes, jovens e adultos.Julgamentos precipitados, relações étnico-raciais muito tensas, atitudes geradas por racismo e falsa convivência cordial impedem medidas para a real democratização da educação.É importante salientar que se classificar preto ou pardo, no Brasil, é escolha política, uma vez que ser, parecer e dizer-se branco pode trazer reconhecimento, acolhimento fácil em muitas instâncias da sociedade.Diante desse quadro, a portaria que dispõe sobre a implantação do ingresso por reserva de vagas na UFSCar institui como forma de identificação de cor/raça (preto ou pardo) a autoidentificação. No caso de contestação, solicita-se ao candidato que apresente documento próprio, dotado de fé pública, que faça alusão à sua cor/raça preta ou parda, ou que apresente documento de um de seus ascendentes diretos (pai ou mãe) em que conste ser, ele, preto ou pardo.Cabe esclarecer que raça, na categoria cor/raça, não se refere, é claro, a um conceito biológico -este, aliás, desde há muito superado. Está se referindo à construção social de raça que, por meio de atitudes agressivas, desqualifica pessoas negras. Mas também se refere à afirmação do pertencimento étnico-racial que permite às pessoas negras enfrentar as consequências do racismo.É bom lembrar que, no cotidiano, o termo raça é utilizado para indicar características físicas -entre outras, cor da pele, tipo de cabelo, feições do rosto. A utilização estereotipada do termo influencia, interfere e até mesmo determina o lugar social dos sujeitos no Brasil.É importante, para concluir, destacar que, ao final do primeiro ano de implantação da reserva de vagas na UFSCar, constatou-se, por meio de análises estatísticas rigorosas, que o rendimento acadêmico dos ingressantes pela reserva de vagas foi igual ao dos demais estudantes -e em três cursos o rendimento foi superior.Como se vê, o compromisso social não impede a excelência acadêmica; ao contrário, incentiva avanços.

TARGINO DE ARAÚJO FILHO é docente do Departamento de Engenharia de Produção e reitor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Foi pró-reitor de extensão da universidade (1997 a 2004).

PETRONILHA BEATRIZ GONÇALVES E SILVA é professora titular de ensino-aprendizagem - relações étnico-raciais da UFSCar, pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e coordenadora do grupo gestor do Programa de Ações Afirmativas da universidade.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

TENDÊNCIAS/DEBATES. São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009. Folha de São Paulo.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0505200908.htm

Filme de Spike Lee responde ao racismo de Clint Eastwood

da Folha Online

Baseado no romance homônimo de James McBride, também encarregado pela elaboração do roteiro, chegou às telas do Brasil no último fim de semana o longa-metragem "Milagre em Santa Anna", do cineasta Spike Lee. Trata-se de um épico que narra a história de quatro soldados, membros de uma divisão do Exército americano formada apenas por negros, que passam por situação delicada depois que um deles arrisca sua vida para salvar uma criança italiana.
A produção é uma resposta do cineasta ao patriotismo de Clint Eastwood em suas obras sobre a Segunda Guerra Mundial. Em junho de 2008, Lee havia criticado Eastwood por ele não ter usado um único ator negro em "A Conquista da Honra" e "Cartas de Iwo Jima".

Com a produção, Lee continua mostrando as injustiças raciais na telona, como já fez em "Faça a Coisa Certa" (1989), "Malcom X" (1992), "Todos a Bordo" (1996) e "A Hora do Show" (2000).


veja trailer:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u557471.shtml

Terça-feira, 05 de maio de 2009 . Folha On Line. Videocasts

Fé sem os limites da religião

Assim como o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, muitos cariocas também ‘flexibilizam’ suas crenças

POR NATALIA VON KORSCH , RIO DE JANEIRO
Rio - Em busca do conforto proporcionado pela religião, vale tudo: de tocar tambor a se curvar às leis do Corão, até conciliar a Torá ao livro de Kardec. Num país onde 73,6% dos brasileiros ainda se declaram católicos, o sincretismo é cada vez mais comum. No início do ano, o presidente do Tribunal de Justiça (TJ), Luiz Zveiter, provocou polêmica ao mandar tirar o crucifixo do plenário e definir sua religiosidade: “Sou maçom, judeu e kardecista”. O Rio tem centros espíritas frequentados por judeus, assim como uma sinagoga messiânica onde a palavra de Jesus é propagada por novos evangélicos que mantêm a fé na Torá. “Sou judeu por tradição, mas nunca frequentei sinagoga. Meu pai, minha mãe e meu irmão são kardecistas, apesar de judeus. Nasci do ventre de mãe judia e de pai judeu, não é questão de escolha”, diz Zveiter. No gabinete, ele mantém imagens do seu guia espiritual e de um rabino. Na mesa, copo d’água cheio contra energias negativas. Segundo ele, além do berço, o que o faz judeu é guardar as tradições e praticar o bem: “Eu me considero mais judeu do que muitos judeus”. Fundadora da Sinagoga Judaico-Messiânica, no Humaitá, a pedagoga Ângela Mizhari Homfani também não se considera menos judia, apesar da fé no Evangelho: “A gente não muda de religião, apenas se completa. Celebramos todas as datas judaicas, mas cremos na Palavra de Jesus”.Trajetória familiar liberalZveiter diz que seu perfil religioso se explica pela própria trajetória familiar. “Nunca frequentei sinagoga, mas me considero mais judeu que muitos judeus. Não é questão de escolha. Quando fiz 13 anos, idade em que pela tradição o jovem comemora sua entrada no mundo adulto, não comemorei”, lembra. Ele, então, recebeu carta do pai que dizia: “Não praticamos a religião dos nossos ancestrais, o que não nos impede de ser judeus’”.Triplicou o número de não-católicos, diz IBGESegundo o IBGE, o número de brasileiros que declaram não praticar a fé católica triplicou em seis décadas. Em 1940, apenas 5% diziam ter outra ou nenhuma religião. Hoje, 15,4% declaram-se evangélicos e 1,4% kardecistas, entre outros.O pastor da Igreja Presbiteriana de Jacarepaguá Marcos Amaral, 47, é filho de umbandista e único membro da família evangélico. Por isso, defende a eterna busca pela fé: “A gente desaguou numa sociedade desalmada, sem espírito. E essa é a solução para o novo século, a retomada do sacro, onde o homem vai reencontrar seu equilíbrio. Qualquer experiência religiosa que colabore para isso é válida”. Ex-católica, ex-evangélica, ex-kardecista e atualmente umbandista, a recepcionista Cristiane Carvalho, 45, encontrou-se com o pastor Marcos em sua igreja, numa prova de que, religião à parte, a fé ainda move montanhas. “Religião é uma busca. Se eu quiser, vou continuar mudando até morrer”, garante.

02.05.09 às 22h29. O Dia. Rio
http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2009/5/fe_sem_os_limites_da_religiao_9854.html