domingo, 14 de junho de 2009

Não ao antissemitismo e à intolerância


São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009
TENDÊNCIAS/DEBATES JACK TERPINS
Apesar de os meios de comunicação não noticiarem, sabe-se de ocorrências esparsas de intolerância e discriminação
POUCO DEPOIS de o papa Bento 16 retornar de sua viagem ao Oriente Médio, com demorada estadia em Israel para reuniões com seus dirigentes e visita aos lugares santos, o secretário-geral do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, convidou para uma audiência especial em Roma o presidente do Congresso Mundial Judaico, Ronald Lauder, e a mim, presidente do Congresso Judaico Latino-Americano. Também participaram Eduardo Elsztain, o secretário-geral Michael Schneider, o presidente do Congresso Judaico Europeu, Moshé Kantor, o representante europeu na Santa Sé, Richard Pasquier, e Maran Stern.Considerando a condição de chefe de Estado do papa, a sua viagem pode ser considerada exitosa, porque cumpriu uma agenda diplomática e por sua tentativa de reparar desencontros de opinião e concepção a respeito de temas polêmicos.Um deles é a retomada de uma visão preconceituosa do catolicismo em relação aos judeus e que o Concílio Vaticano 2º, no papado de João Paulo 2º, havia sepultado.Outro, o perdão ao bispo Richard Williamson, excomungado por seu antissemitismo e pela versão negacionista do Holocausto de 6 milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial.Além disso, a questão da canonização do papa Pio 12, que, no período entreguerras, ainda como cardeal Eugênio Pacelli, fora núncio apostólico em Berlim e, depois, como secretário de Estado do Vaticano, mantinha relações cordiais com o já instalado regime nazista. É nesse ponto que o encontro em Roma assume um caráter especial.Provocado, o cardeal Bertone reafirmou o reconhecimento pela Igreja Católica da "natureza única do Holocausto" e de que, "nas instituições eclesiásticas, não há espaço para negacionistas como Williamson". Ele insistiu em que "as lideranças judaicas cooperem na pesquisa e investigação dos arquivos pessoais do papa Pio 12, principalmente aqueles do período 1939-1945".Quem coopera como representante da comunidade judaica na comissão da canonização de Pio 12 é o rabino ortodoxo David Rosen, membro da Conferência Mundial de Religiosos para a Paz e conselheiro para assuntos inter-religiosos do rabinato de Israel. A rigor, a questão da santificação de Pio 12 não toca diretamente aos judeus, mas, se a igreja quer ter relações de respeito mútuo com os judeus, convém transmitir nossos sentimentos e sugerir que sejam considerados.Como secretário-geral do Vaticano, as tarefas do cardeal Bertone avançam pela diplomacia e pelo relacionamento inter-religioso. Por essa razão, expus o ponto de vista da comunidade judaica em favor do empenho e da luta pela liberdade religiosa e pelo respeito inter-religioso em todo o mundo, de forma que a religião não seja usada como justificativa para o extremismo e o terror.Talvez, nessa linha, a intolerância no seu último grau tenha sido posta a serviço da mão sinistra do terror em eventos na Argentina nos anos 1990.Assim, foi importante a decisão da sua Suprema Corte de Justiça de reabrir o processo sobre o atentando que matou mais de 80 pessoas na sede da Amia, em julho de 1994, em Buenos Aires, como mais um passo para, afinal, esclarecer esse caso -possivelmente o único na América Latina em que razões políticas se juntaram a convicções religiosas radicais para matar o maior número de pessoas, de preferência judeus.No entanto, apesar de os meios de comunicação não noticiarem, talvez porque considerem um tema menor, sabe-se de ocorrências esparsas, como se fossem espasmos, de intolerância e discriminação, muitas delas travestidas de passeatas contra o Estado de Israel. É fato, porém, que as pessoas e as organizações nelas envolvidas não lhes dão o verdadeiro nome: são manifestações antissemitas.Conforta-nos, e de certo modo nos tranquiliza, o cuidado e a atenção de alguns governantes da América Latina. É o caso, por exemplo, do rigor da legislação brasileira e a reiterada posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a aplicará, não permitirá a importação de conflitos para o território brasileiro nem tolerará a intolerância, o racismo, a discriminação e o antissemitismo. E é assim que tem sido.
JACK LEON TERPINS , 60, engenheiro, é presidente do Congresso Judaico Latino-Americano e membro do Conselho do Congresso Mundial Judaico.

apresentação pública da pesquisa de mapeamento das casas de religiões de matriz africana do Rio de Janeiro

Caro(a)s,


Vimos convidar a todo(a)s a participarem da apresentação pública da pesquisade mapeamento das casas de religiões de matriz africana do Rio de Janeiro, queacontecerá na comunidade de Terreiro Ile Omiojuaro (Casa de Mãe Beata deIyemoja), no dia 14/06/2009 (domingo), às 15:00, cito à R. Francisco AntonioNascimento nº 42 – Miguel Couto, Nova Iguaçu, RJ, Tel: 2886-1432.


Informamos que a referida pesquisa consiste do cadastramento das casas detodas as tradições religiosas afro-brasileira, solicitado à PUC-RIO pelaslideranças religiosas de matriz africana em decorrência da invisibilização dosdados reais sobre a quantidade de comunidades religiosas existentes no Estado doRio de Janeiro, bem como onde estão localizadas.


Do Encontro das lideranças religiosas com a PUC-Rio, formou-se um ConselhoReligioso, com quatorze lideranças representativas do Candomblé e da Umbanda,onde conclui-se que a metodologia a ser adotada na referida pesquisa é acartografia social, que consiste do cadastramento através da auto-identificaçãodo pesquisado e o seu universo, já que os sujeitos de fato e de direito douniverso a ser pesquisado são os membros e lideranças das comunidades religiosasafro-brasileira.


Através desta pesquisa será possível apresentar dados concretos sobrequantidade e localização das casas, a fim de não mais limitar as informaçõesacerca das religiões de tradição afro-brasileira àquelas divulgadas pelos órgãospúblicos, que bem sabemos, são baseadas em dados estatísticos que não expressama realidade, visto que as religiões de matriz africana não constam do rol dereligiões dos formulários censitários, sendo enquadrada no campo "outros", o quecertamente contribui para a nossa invisibilidade sócio-política.


Dada a importância do evento convidamos a todo(a)s a se unirem nestaempreitada em busca de dignificação e valorização das religiões e dascomunidades religiosas de matriz africana, bem como da garantia dos direitosdemocráticos e do pleno exercício da cidadania brasileira.


O evento contará com a presença do excelentíssimo Sr. Ministro da SEPPIR(Secretaria especial de políticas de promoção da igualdade racial) Edson Santos,e membros da Coordenação Geral da Pesquisa junto à PUC-Rio.


Atenciosamente

Adailton Moreira Costa

Baba Egbé do Ile Omiojuaro

Coordenador de campo da pesquisa de mapeamento das casas de religiões dematriz africana do Rio de Janeiro

Cientista social – PUC-Rio