Pajé poderá atender índios em hospital
Foi decisão do Ministério Público Federal, após entender que a medicina do homem branco é insuficiente para livrar os espíritos
RS - Em São Miguel das Missões, a união da medicina ocidental com as tradições indígenas se converterá em benefício a pacientes de uma comunidade especial. Por decisão do Ministério Público Federal (MPF), os 110 integrantes da aldeia Alvorecer ganharam o direito de receber atendimento médico e tratamento do líder espiritual nas dependências de um hospital.
Em fevereiro, o procurador da República em Santo Ângelo, Felipe Müller, recebeu a reivindicação para que os índios possam ser atendidos por médicos e também pelo pajé da tribo mbyá-guarani. Dois meses depois, foi celebrado acordo entre a Associação Hospitalar São Miguel Arcanjo e o cacique Ariel Ortega. Agora, uma estrutura física está à disposição da comunidade “Tekoa Koenjú” para que o profissional da saúde e o representante da comunidade trabalhem em harmonia.
O MPF entendeu que, segundo a crença indígena, a medicina do homem branco é insuficiente para livrar os espíritos. Mas no hospital, um ambiente onde o fumo é proibido (os guarani utilizam cachimbos nesses tratamentos) e onde deve predominar o silêncio, o tratamento pelas tradições indígenas ficava prejudicado. Agora, os índios têm uma sala privativa, com espaço para até três leitos e banheiro.
No local, após os médicos examinarem os índios e fazerem o tratamento necessário, se o pajé desejar, poderão ser feitos rituais de cura com cachimbo, orações e ervas. A ideia é que, com a união da medicina e da fé, o reestabelecimento do paciente ocorra de forma plena. – Já atendíamos os índios. Agora, terão um local separado para cultuar as tradições. No local, serão livres para exercer o ritual de cura que aprenderam com os antepassados – diz o diretor da associação, Inácio Müller.
A conquista foi recebida com alegria pelo cacique Ariel Ortega, já que os cerimoniais de cura próprios da cultura guarani não poderiam ser exercidos, não fosse a intermediação do MPF e acordo com o hospital. – Quando temos febre, gripe e outras doenças vamos ao hospital, mas o homem branco cuida do corpo, nós da alma – diz Ortega. Segundo o chefe da Secretaria da Saúde Indígena (Sesai) Jair Pereira Martins, não há precedentes de acordo semelhante.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Fernando Weber Matos, o apoio espiritual e emocional do povo indígena pode ser um complemento à medicina tradicional. No ano de 2009, um indiozinho doente chegou a São Paulo. Os pais, desesperados, decidiram chamar um pajé para salvar a vida de um menino em um ritual indígena de cura. Em um hospital público de São Paulo, o pajé, líder espiritual da tribo, rezou e cantou. Apático, o menino não queria comer e nem sair da cama. A família pediu, então, a ajuda de um pajé. Yawa Mi U foi trazido pelo projeto Xingu, da Universidade Federal de São Paulo, que há mais de 40 anos trabalha com índios
Fonte: Zero Hora
Imagens: Zero Hora e Vó Benedita
Em fevereiro, o procurador da República em Santo Ângelo, Felipe Müller, recebeu a reivindicação para que os índios possam ser atendidos por médicos e também pelo pajé da tribo mbyá-guarani. Dois meses depois, foi celebrado acordo entre a Associação Hospitalar São Miguel Arcanjo e o cacique Ariel Ortega. Agora, uma estrutura física está à disposição da comunidade “Tekoa Koenjú” para que o profissional da saúde e o representante da comunidade trabalhem em harmonia.
O MPF entendeu que, segundo a crença indígena, a medicina do homem branco é insuficiente para livrar os espíritos. Mas no hospital, um ambiente onde o fumo é proibido (os guarani utilizam cachimbos nesses tratamentos) e onde deve predominar o silêncio, o tratamento pelas tradições indígenas ficava prejudicado. Agora, os índios têm uma sala privativa, com espaço para até três leitos e banheiro.
No local, após os médicos examinarem os índios e fazerem o tratamento necessário, se o pajé desejar, poderão ser feitos rituais de cura com cachimbo, orações e ervas. A ideia é que, com a união da medicina e da fé, o reestabelecimento do paciente ocorra de forma plena. – Já atendíamos os índios. Agora, terão um local separado para cultuar as tradições. No local, serão livres para exercer o ritual de cura que aprenderam com os antepassados – diz o diretor da associação, Inácio Müller.
A conquista foi recebida com alegria pelo cacique Ariel Ortega, já que os cerimoniais de cura próprios da cultura guarani não poderiam ser exercidos, não fosse a intermediação do MPF e acordo com o hospital. – Quando temos febre, gripe e outras doenças vamos ao hospital, mas o homem branco cuida do corpo, nós da alma – diz Ortega. Segundo o chefe da Secretaria da Saúde Indígena (Sesai) Jair Pereira Martins, não há precedentes de acordo semelhante.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Fernando Weber Matos, o apoio espiritual e emocional do povo indígena pode ser um complemento à medicina tradicional. No ano de 2009, um indiozinho doente chegou a São Paulo. Os pais, desesperados, decidiram chamar um pajé para salvar a vida de um menino em um ritual indígena de cura. Em um hospital público de São Paulo, o pajé, líder espiritual da tribo, rezou e cantou. Apático, o menino não queria comer e nem sair da cama. A família pediu, então, a ajuda de um pajé. Yawa Mi U foi trazido pelo projeto Xingu, da Universidade Federal de São Paulo, que há mais de 40 anos trabalha com índios
Fonte: Zero Hora
Imagens: Zero Hora e Vó Benedita