terça-feira, 22 de junho de 2010

Luxemburgo investiga email xenófobo contra 100 mil portugueses

Luxemburgo investiga email xenófobo contra 100 mil portugueses

por Cláudia Garcia, Publicado em 18 de Junho de 2010
Governo luxemburguês abriu um inquérito para investigar email "insultuoso" dirigido aos 100 mil emigrantes portugueses
Um email "xenófobo" e "racista" dirigido aos portugueses, entre outras nacionalidades, está a circular no Luxemburgo. A mensagem original partiu da Alemanha e pode ter ligação a um grupo neonazi. Mas só recentemente é que o conteúdo chegou ao Luxemburgo, quando "foram acrescentadas algumas frases relacionadas com Portugal" e o nome do país, todo ele escrito em caixa alta. A mensagem partiu de um membro da polícia de trânsito Grand-Ducale, foi assinada e, posteriormente, "reencaminhada para várias pessoas", explicou ao i o deputado do partido Os Verdes Camille Gira que já apresentou um requerimento ao Ministério do Interior.

"Mais de mil portugueses já receberam o email e muitos outros já sabem do que se passa", diz José Campinho, director de informação de uma agência de comunicação no Luxemburgo e responsável pela difusão da notícia no site news352. Inês Henrique Diaz, 32 anos, consultora fiscal noLuxemburgo já leu o email e considera o conteúdo "um ataque a outros países e ao seu povo". Apesar de não se sentir visada no "estereótipo" traçado no email, frisou que não é a primeira vez que sente discriminação, principalmente da polícia. No entanto, acredita que há um esforço "do governo para evitar a exclusão dos portugueses".

O email sugere ironicamente que os luxemburgueses "partam ilegalmente" para o "Paquistão, Afeganistão, Iraque, Nigéria, Turquia ou Portugal". E que façam o mesmo que os emigrantes fazem, segundo o email, no Luxemburgo: "Exija que todos os formulários, pedidos e outros documentos sejam traduzidos para a sua língua. Peça imediata e incondicionalmente uma carta de condução, uma autorização de residência e tudo o que lhe vier à cabeça." A mensagem, que está a chocar a comunidade emigrante, deixou o cônsul indignado. "Não estou a dizer que deve haver discriminação contra esses países, mas incluir Portugal no grupo de nigerianos, paquistaneses e afegãos...", defende José Rosa. Porém, não pensa tomar qualquer atitude no imediato.

Camille Gira recebeu o email, com remetente anónimo, e agiu na hora. Na terça-feira, 15 de Junho, apresentou um requerimento no Parlamento, dirigido ao ministro do Interior, Jean-Marie Halsdorf. "Será que o ministro considera tolerável a circulação desta mensagem? E que dimensão será dada a este caso?", questionou. O Ministério do Interior, que tutela a Grand-Ducale, respondeu com a abertura de um inquérito. Também o Ministério Público está a par da situação, assim como do nome do "membro da direcção da polícia" que fez circular a mensagem.

O embaixador português, Manuel Pessanha Viegas, já reagiu e garantiu a José Campinho que na próxima semana vai enviar uma nota às autoridades oficiais do Ministério dos Negócios Estrangeiros luxemburgueses, chamando atenção para os "termos completamente inaceitáveis do email". A mensagem acusa os emigrantes de não fazerem qualquer esforço para se integrarem, nem para falar o idioma. No final, o recado é o habitual: "Se estiver de acordo com este email reencaminhe--o." Quem não concordar deve fazer as malas e "viajar" para aqueles países.

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