terça-feira, 21 de julho de 2009

Estudo mostra mais de 33 mil assassinatos de adolescentes até 2012

Estudo mostra mais de 33 mil assassinatos de adolescentes até 2012
Publicada em 21/07/2009 às 13h41m


BRASÍLIA - Um estudo sobre assassinatos de jovens de 12 a 18 anos - com base em projeções feitas a partir de 2006 - indica que 33.404 jovens nessa faixa etária serão mortos até o fim de 2012 nas 267 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.


Os homicídios foram responsáveis por 46% das mortes entre adolescentes (12 a 18) registradas em 2006. As armas de fogo são o principal instrumento para matar e os autores do estudo reforçam a necessidade de controle deste tipo de armamento.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Laboratório de Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Observatório de Favelas e Secretaria Especial de Direitos Humanos. (Leia também: Polícia do Rio soluciona apenas 15% dos homicídios, diz pesquisa)

- A restrição a armas de fogo é um imperativo, sobretudo no Sudeste - diz o pesquisador do Laboratório de Análises da Violência da Uerj Ignácio Cano.

" A restrição a armas de fogo é um imperativo, sobretudo no Sudeste "

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O estudo calcula o chamado índice de homicídios na adolescência, que registra o número de assassinatos para cada grupo de mil jovens de 12 a 18 anos. Com base no índice, o estudo faz uma projeção dos assassinatos contra jovens de 2006 a 2012, somando por base os dados coletados em 2006. Segundo os autores do estudo, o índice deveria ser inferior a um. Na média, dos 267 municípios analisados, o índice ficou em 2, 03. Já nas capitais subiu para 4,16.

A cidade de Maceió é a capital brasileira com a maior média de adolescentes assassinados; 6,03 jovens morrem em cada grupo de mil adolescentes com idade entre 12 e 18 anos. Em seguida, vêm Recife, com 6, e o Rio de Janeiro, com 4,92, o que aponta o risco de 3.423 jovens serem mortos até 2012. A capital fluminense aparece em 21º lugar.

A cidade de São Paulo, por sua vez, está em uma posição melhor no ranking, ocupando o 151º lugar, com índice 1,42, e 1.992 assassinatos projetados para o período.

Três cidades do RJ entre as 5 com maior índice
O município de Foz do Iguaçu (PR) tem o índice mais alto, com taxa de homicídio de 9,7 em 2006, o que representaria o assassinato de 446 jovens na cidade - de 12 aos 18 anos - no período de 2006 a 2012. Governador Valadares (MG) vem logo atrás com índice de 8,5 , seguido de Cariacica (ES) com 7,3.

Três municípios fluminenses estão entre as cinco cidades com o mais alto índice de homicídio de adolescentes: Duque de Caxias, Itaboraí e Cabo Frio.

Segundo o estudo, o risco de ser assassinato por arma de fogo é 3, 29 maior do que por outros meios. No Rio de Janeiro, essa taxa é quase o dobro: o risco de assassinato por arma é 6,2 vezes maior.

Para o representante adjunto do Unicef no Brasil, Manuel Buvinich, o assassinato de jovens põe a perder o esforço do país para reduzir a mortalidade infantil.

- Essas crianças que o país salvou começam a morrer aos 12 anos.

" Essas crianças que o país salvou começam a morrer aos 12 anos. "

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Segundo ele, o assassinato de jovens afeta 65% das crianças salvas pelo combate à mortalidade infantil desde o período da década de 1990 até hoje.


A subsecretária de Promoção dos Diretos da Criança e dos Adolescentes, Carmen Oliveira, disse que é preciso sensibilizar a opinião pública para o problema.

- Antes de ser um fora da lei esse adolescente foi abandonado pela lei - afirma.

Entre as causas dos homicídios, ela cita os problemas associados ao consumo de drogas, dívidas com traficantes, conflitos envolvendo meninas vítima de exploração sexual e brigas de gangues.


Negro tem 2,6 vezes mais risco de ser assassinado que branco
O estudo mostra também que o risco de ser assassinado não é o mesmo para toda população jovem. Rapazes têm risco 11,91 vezes maior de serem mostos do que moças. E negros têm risco 2,6 vezes maior do que brancos.

O estudo traz apenas comparativos por cor e gênero e não apresenta os índices de mortes entre jovens negros, brancos, do sexo masculino e feminino.

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