terça-feira, 22 de julho de 2008

Crivella diz que não adianta pedir votos na Zona Sul

RIO - Em 16 dias de campanha, o candidato a prefeito do Rio Marcelo Crivella (PRB) foi apenas uma vez à Zona Sul, onde está concentrado seu índice de rejeição, para pedir votos. Durante visita nesta segunda-feira à Saara, local de comércio popular no Centro da cidade, Crivella tentou explicar por que tem problemas para atrair o eleitorado da região. - Sei que na Zona Sul tenho rejeição. As pessoas dizem que o Crivella mistura política com religião, que vai acabar com o carnaval, perseguir homossexual, fechar terreiro de macumba. Mas eu sou homem de tolerância, da paz. Essa é minha vocação - disse, em entrevista para a Rádio Saara.

" As pessoas dizem que o Crivella mistura política com religião, que vai acabar com o carnaval, perseguir homossexual, mas eu sou homem da paz "

Para o candidato, é difícil conversar com os moradores da região, que não param na rua para falar com políticos.

- Essas caminhadas na Zona Sul não têm resposta. As pessoas têm um comportamento diferente das de outras partes da cidade, que gostam de parar na rua para conversar. Na Zona Sul não é assim.

Mulher organiza reuniões para reduzir rejeição

A Zona Sul tem 14,8% dos eleitores da cidade. Os outros candidatos têm agendas repletas de caminhadas pelo Aterro do Flamengo e pela orla da cidade. Crivella prefere centralizar seus esforços eleitorais nas zonas Norte e Oeste. O senador disse que faz campanha na Zona Sul com reuniões domiciliares, embora não afaste a possibilidade de marcar caminhadas pela área. Segundo ele, desde agosto do ano passado já foram promovidos cerca de 130 encontros. Sua esposa, Jane, também organiza encontros particulares, na tentativa de diminuir a rejeição.

De acordo com a última pesquisa do Ibope, Crivella perde para todos os adversários em projeções de segundo turno nos cenários com eleitores que ganham mais de cinco salários mínimos ou que tenham nível superior, estes concentrados principalmente na Zona Sul. Sua rejeição é a maior entre todos os candidatos (29%).

O candidato também passou pelo camelódromo da Uruguaiana, um dos maiores da cidade, onde cumprimentou os camelôs. Disse que não combaterá o comércio ilegal com uso de força, embora não o considere o melhor caminho para gerar emprego.

- Nós precisamos entender que o Rio tem hoje 25% de subemprego. Acho que a informalidade não é o caminho ideal, mas não é com violência que se combate - disse Crivella, depois de parar numa pastelaria para comer pastel com guaraná.

No início da noite, Crivella pegou o metrô do Largo da Carioca até a Pavuna. Estava tão lotado que não havia espaço para se mexer, o que deixou o candidato impressionado:

- Que horror! Parece até Maracanã! O (Sérgio) Cabral é que tinha de vir aqui ver isso.

Candidatos miram na rejeição de Crivella

De olho na rejeição de Crivella, todos os candidatos brigam por uma vaga no segundo turno. A avaliação é do cientista político Luiz Werneck Vianna, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Segundo Vianna, ainda não é possível saber o que vai acontecer com 32% dos eleitores do Rio que hoje se dizem dispostos a anular ou votar em branco:

- O índice de 32% é uma parte do iceberg que ainda está oculta. Não dá para fazer especulações. Agora, os jogadores e atores dessa disputa fazem cálculos com o que podem ver - analisa Vianna. Para o especialista, os candidatos agirão de acordo com a percepção de quem tem chances de chegar ao segundo turno. Para ele, o ataque de Solange a Paes, usando a segurança pública, é um exemplo:

- A Solange identifica nele um candidato perigoso, com chances de chegar ao segundo turno. Ele tem a máquina do governo estadual a seu favor, e o Sérgio Cabral como padrinho - diz.

Na avaliação de Vianna, a partir de agora, alguns candidatos vão começar a usar as informações que têm contra os adversários.

Fonte: O Globo. Jornalistas: Flávio Tabak e Ludmilla de Lima

Data: Publicada em 21/07/2008 às 22:49h

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